O SR. JOSÉ JORGE (PFL - PE. Como Líder. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, vou falar sobre o mesmo tema abordado pelos oradores que me antecederam.

As principais manchetes de hoje dos jornais são:

O Globo: Negociação com partidos do mensalão elege Aldo - veja bem, Senador José Agripino, negociação com partidos do mensalão elege Aldo;

Folha de S.Paulo: ‘Rolo compressor’ de Lula elege Aldo;

O Estado de S. Paulo: Governo abre o cofre e elege Aldo por 15 votos;

            Jornal do Brasil: Governo vence e fica refém das barganhas no varejo;

Correio Braziliense: Lula elege Aldo, mas no sufoco;

Jornal do Commercio de Pernambuco: Governo sai vitorioso e elege Aldo Rebelo para presidência da Câmara;

Diário de Pernambuco - mesma manchete: Governo elege Aldo no sufoco.

A vitória do Deputado Aldo Rebelo, por apenas 15 votos, está-se mostrando uma verdadeira “vitória de Pirro”, dada a fragilidade que o resultado mostrou sobre a base aliada governista. Bastava que oito Deputados Federais mudassem o voto, para que o candidato que garantiria a independência da Câmara fosse eleito.

As manchetes da imprensa registram as graves interferências do Poder Executivo sobre o Legislativo e sinalizam que o Governo está fazendo os preparativos para instalar uma grande pizzaria nas dependências da Câmara dos Deputados.

Talvez não seja coincidência que a diferença favorável ao candidato do Palácio do Planalto seja exatamente o número dos que estão sob ameaça de cassação devido ao escândalo do “mensalão”. São quinze que estão sob ameaça; quinze foi o número de votos que Aldo Rebelo teve amais do que Thomaz Nonô.

A imprensa destacou a alegria desses acusados depois de proclamado o resultado, fazendo reforçar as notícias que circularam nos bastidores de que haveria um acordo do Governo com os cassáveis, dando claras indicações de que a “cassação subiu no muro...”

Em que pese a opção de parcela da Câmara pelo Deputado Aldo Rebelo, não há como negar que, por ter sido Líder do Governo e Ministro da Coordenação Política, no período do “mensalão”, sendo testemunha de defesa de José Dirceu no Conselho de Ética, qualquer decisão que o novo Presidente vier a tomar poderá ser motivo de contestação alegando-se falta de isenção.

Quando afirmei que a vitória de Aldo Rebelo seria de Pirro, queria dizer que, a partir de agora, o Governo ficou refém dos “mensaleiros”, daqueles parlamentares e partidos que vivem da exploração das necessidades do Poder Executivo.

O Governo do Presidente Lula, que teria oferecido ministérios e até verbas para os partidos, vai pagar um alto preço se quiser continuar contando com o apoio desses aliados oportunistas.

O “mensalão” é apenas o que já veio a público de um sistema de troca de favores que macula a credibilidade do Executivo diante da população brasileira.

O que ficou claro, depois da eleição na Câmara, é que a crise continua em plena efervescência, já que as causas dos escândalos até então revelados, não foram combatidas, ao contrário, uma vez mais o Governo Lula fica devendo favores a partidos fisiológicos.

Ao concluir, gostaria de elogiar a maneira democrática e isenta como o Deputado José Thomaz Nonô conduziu o processo eleitoral e destacar a sua expressiva votação, o que mostra que a candidatura veio ao encontro do desejo de expressiva parcela da Câmara dos Deputados, que deseja manter a independência do Poder Legislativo, em meio à sanha controladora do Executivo Federal.*

Eu gostaria só de ler, para, de certa maneira, dar um pouco mais de detalhes do que estou dizendo sobre uma ligação que houve entre os Deputados Eduardo Campos e Renildo Calheiros, Líder do PCdoB, que cumprimentava com raro entusiasmo o Deputado José Janene, Líder do PT e um dos acusados do mensalão: “Você foi um gigante, Janene, um gigante”, disse Eduardo Campos, Presidente Nacional do PSB e ex-Ministro da Ciência e Tecnologia do Governo Lula. “Se não fosse você, não sei, não”, emendou Calheiros. Não custa repetir, Janene foi acusado pelo Deputado Roberto Jefferson de ser um dos operadores do mensalão e, até hoje, tinha como certa sua cassação. Depois de ontem, ninguém sabe o que vai acontecer.

Portanto, Sr. Presidente, na realidade, penso que, de ontem para hoje, o clima mudou. Para todos que me perguntavam se haveria ou não as cassações, diria, sim, que haveria; hoje, digo que não acredito mais. Creio que o Dr. Aldo Rebelo, com a Presidência da Câmara na mão, pelos compromissos que tem com o Governo e pela forma como conduziu sua eleição, com o apoio de todas essas pessoas para ser eleito, tudo fará para que ninguém seja cassado e para que tudo termine em pizza.

Eu gostaria de comunicar à Casa que às 17 horas será assinado um protocolo no Palácio do Planalto, entre o Governo da Venezuela e o Governo brasileiro, para construção de uma refinaria de petróleo em Pernambuco, no porto de Suape. A refinaria é uma luta antiga dos pernambucanos, nossa e de muitos outros, do Governador Jarbas Vasconcelos, do Senador Marco Maciel, do Senador Sérgio Guerra, de toda a Bancada de Pernambuco. Portanto, hoje é um dia muito importante para nós, pernambucanos, pois é um grande investimento. Assim, eu gostaria de me congratular com todos.

Obrigado.