Discurso durante a 172ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Homenagem póstuma ao talento da violeira Helena Meirelles.

Autor
Ramez Tebet (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/MS)
Nome completo: Ramez Tebet
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Homenagem póstuma ao talento da violeira Helena Meirelles.
Publicação
Publicação no DSF de 05/10/2005 - Página 33940
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM POSTUMA, MUSICO, ESTADO DO MATO GROSSO DO SUL (MS), ELOGIO, VIDA, IMPORTANCIA, CULTURA, REGIÃO.

O SR. RAMEZ TEBET (PMDB - MS. Para uma comunicação Inadiável. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, até agora, esta sessão do Senado da República tem sido uma sessão de humanismo. Os oradores que passaram por esta tribuna abordam a transposição do São Francisco, abordam o gesto do Frei Luiz e pedem a Deus que tudo corra bem. Venho a esta tribuna, Sr. Presidente, porque quero prestar uma homenagem a um talento de Mato Grosso do Sul, que, vamos falar a verdade, não é muito conhecido. Ela apenas passou a ser conhecida depois de sexagenária e - interessante, vejam como é nosso País e como é mesmo meu Estado de Mato Grosso do Sul - primeiro internacionalmente para depois ser conhecida em meu Mato Grosso do Sul e no Brasil por meio de alguns programas que a trouxeram, programas de televisão, de rádio.

Vim aqui prestar uma homenagem póstuma ao talento de Helena Meirelles, que fez ouvir os sons vindos lá do Pantanal de Mato Grosso e de Mato Grosso do Sul. Nesse sentido, ela deu uma grande contribuição à música e à cultura brasileira. De Mato Grosso do Sul, os talentos artísticos conhecidos são notáveis: Paulo Simões, Almir Sater, Tetê Espíndola, Ney Matogrosso, Aracy Balabanian e tantos outros que pontificam nacionalmente. Mas Helena Meirelles é filha da pobreza, é filha da luta, é filha de sua obstinação, é filha de quem não compreendia sua vocação de querer cantar a vida. Seu próprio pai não compreendia que ela tocasse seu violão, que ela se expressasse através daquela que é a mais forte forma de eloqüência, que é a música. Chegou a ameaçá-la, dizendo: “Minha filha, eu lhe corto as mãos se você ficar tocando essa viola”. Ela disse: “Mas, e o toco? Vou continuar tocando com o toco”, tamanha era sua obstinação, Senador Romeu Tuma. Parece que é preciso morrer para se prestar uma homenagem!

Na semana passada, o meu Estado ficou em prantos, um enterro concorrido, porque faleceu aquela que mostrou para o Brasil a música do nosso pantanal, que foi a primeira-dama da música da viola brasileira, Helena Meirelles. É preciso deixar registrado nos Anais desta Casa.

Não seria exagero eu afirmar aqui que sua trajetória significou uma vanguarda de construção da identidade sul-mato-grossense. Ela garantiu a voz, as legítimas manifestações, as manifestações que vêm do coração, da nossa cultura, do nosso meio ambiente, do ambiente da fronteira, com influências até no Paraguai, na Argentina e na Bolívia.

Sr. Presidente, soa a campainha, e eu queria falar mais da vida dessa mulher. Sabe por quê? Porque as agruras que essa mulher enfrentou tocam o coração da gente. Essa mulher freqüentou salões que pessoas de menor de idade não freqüentam. Era filha da miséria, era filha da pobreza. E, depois, freqüentou os palcos de algumas emissoras de televisão, onde falou no nosso Mato Grosso do Sul. Então, como não iria eu, representante do Estado, falar dela, falar que ela morreu e até fazer um apelo, Sr. Presidente, nesses últimos dois minutos, chamando à responsabilidade os homens públicos de Mato Grosso do Sul, a minha mesmo e a de tantos outros, para que homenageiem em vida essas pessoas, para que reconheçam os nossos talentos, que incentivem a cultura, que incentivem a arte, principalmente quando ela vem das pessoas mais humildes e mais necessitadas, de quem não faz disso uma profissão - porque ela era uma amadora da música, da viola.

Portanto, vim a esta tribuna para saudá-la e para fazer um apelo ao governo do Estado de Mato Grosso do Sul: vamos, de uma forma ou de outra, reconhecer que precisamos valorizar mais a cultura do nosso Estado, que está carente, Sr. Presidente e Srs. Senadores.

            Estava amarrada dentro de mim, Sr. Presidente, a vontade de comparecer a esta tribuna para dizer a muitos e a quantos não a conheceram, não a ouviram, não ouviram os acordes do seu violão que tenho convicção pela fé, tenho convicção por aquilo em que acredito, que Helena Meirelles está, sem dúvida alguma, no seu descanso cantando para o Deus criador. Em vida, isso foi, tenho certeza, o seu último desejo, isto é...

(Interrupção do som)

O SR. RAMEZ TEBET (PMDB - MS) - ...tocar para o Criador, tocar para o Pai de todos nós.

Que ela descanse em paz, Sr. Presidente, Srs. Senadores.

Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 05/10/2005 - Página 33940