O SR. FLEXA RIBEIRO (PSDB - PA. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente Senador Eduardo Azeredo, Srs. telespectadores da TV Senado, ouvintes da Rádio Senado, meus irmãos e minhas irmãs do Pará, subo hoje a esta tribuna de uma forma emocionada, para fazer um pronunciamento sobre a maior demonstração de fé do povo paraense, de sua devoção à Virgem de Nazaré.

No próximo domingo, dia nove, acontece em Belém o Círio de Nossa Senhora de Nazaré, como disse, a maior procissão católica do mundo.

Não sei se os nobres colegas sabem, mas a crença em Nossa Senhora não é um privilégio dos paraenses. O culto à Santa é herança dos nossos irmãos portugueses. Das terras lusitanas é que vêm as primeiras notícias de devoção à Maria Santíssima.

No Pará, historiadores contam que o culto a Nossa Senhora começou pelo Município de Vigia, antes mesmo da chegada dos padres jesuítas naquele Município, por volta de 1697. Em mais de 300 anos de veneração, fé, esperança e devoção em Nossa Senhora, várias cidades do Estado também escolheram a Santa como padroeira de seus filhos. Além de Belém e Vigia, os Municípios paraenses de Bragança, Cametá, Marabá, Mãe do Rio, Macapazinho - distrito do Município de Castanhal -, São Miguel do Guamá, Soure e São João de Pirabas realizam romarias em homenagem a Nossa Senhora de Nazaré.

Sem dúvida nenhuma, o Círio de Belém é o que atrai o maior número de pessoas. São mais de 1,5 milhão de pessoas no trajeto entre a Catedral da Sé e a Basílica de Nossa Senhora de Nazaré.

O Círio é para nós, paraenses, muito mais que uma festa religiosa. É o nosso Natal também. As pessoas se cumprimentam dizendo “Feliz Círio” como, em dezembro, dizem “Feliz Natal”.

Mas como falar de Círio sem falar no caboclo Plácido, que foi quem descobriu a imagem às margens de um igarapé. Todo paraense já ouviu falar nele e sabe um pouco de sua história junto à da Nossa Senhora.

Gostaria de transmitir a todos os telespectadores da TV Senado um pouco dessa história. Plácido levou a imagem de Nossa Senhora várias vezes para casa, mas, misteriosamente, ela retornava para o local no qual havia sido encontrada. Por isso, Plácido resolveu construir uma pequena capela no local, que passou a ser procurada por devotos, acreditando em graças da Santa.

Durante a procissão do Círio, o que vemos são verdadeiras manifestações de amor ao próximo e de solidariedade. São pessoas erguendo as mãos para oferecer um copo de água aos peregrinos, pessoas se espremendo na corda, que é, depois da berlinda, o maior símbolo dessa devoção, dessa procissão do Círio de Nazaré. O que para muitos pode parecer sinônimo de sacrifício é apenas o símbolo da fé do povo paraense. Os fiéis seguram a corda, descalços, às vezes até sangrando nas mãos e nos pés, na luta para garantir um lugar. Já outros carregam miniaturas de casas e outros objetos de cera, agradecendo a graça alcançada.

Além do mais, não podemos esquecer que o Círio de Nazaré é mais do que uma festa religiosa, é, antes de tudo, a mais genuína imagem da cultura paraense.

Durante o Círio, podemos ver vendedores de brinquedos de miriti - uma madeira que tem a textura do isopor de tão leve que é -, fitinhas penduradas ao vento, além de eventos que deixam Belém colorida e festiva.

Após a procissão no domingo, a multidão de pessoas some assim que a imagem de Nossa Senhora de Nazaré chega ao destino. As famílias, após a procissão, reúnem-se para festejar juntas, como os brasileiros e pessoas no mundo inteiro fazem no Natal.

Posso dizer que o paraense é um povo abençoado, que tem a dupla sorte de se reencontrar com suas famílias, tanto no Natal quanto no Círio, em tempos difíceis de estreitamento dos laços de convivência, quando a vida moderna não nos permite usufruir prazeres tão agradáveis e valores tão importantes.

A cada ano, aumenta o número de fiéis que acompanha a procissão. No ano passado, a procissão do Círio de Nossa Senhora de Nazaré terminou quase às cinco horas da tarde, um recorde de dez horas de procissão.

Pela grandeza do Círio de Nazaré, gostaria que todos os meus nobres colegas, Senadoras e Senadores, pudessem estar conosco no domingo, em Belém, para participarem dessa festa. Eu, como legítimo representante do povo paraense, ficaria extremamente feliz de poder mostrar a todos o quanto é bela a nossa festa. Não é fácil se manter viva uma manifestação popular como o Círio de Nazaré que, em 2005, completa 212 anos.

Peço, neste instante, que a Virgem de Nazaré abençoe todos os paraenses, todas as famílias, todos os lares, todos aqueles que devotam a Nossa Senhora o seu sentimento de amor e de fé e toda a Nação brasileira, neste momento político tão conturbado em que vivemos. Que a Padroeira dos paraenses ilumine o Congresso Nacional, todos os Senadores, Deputados Federais e Estaduais, todos aqueles que têm a responsabilidade de legislar em benefício do povo brasileiro, ilumine e abençoe os nossos executivos do Estado, da Nação, para que, pelas suas bênçãos, possamos construir um futuro melhor, mais feliz para todos os brasileiros.

Concluo, Sr. Presidente, com um pequeno trecho de um hino símbolo do Círio de Nazaré, que homenageia a nossa santa padroeira:

Ó Virgem Mãe amorosa

Fonte de amor e de fé

Dai-nos a bênção bondosa

Senhora de Nazaré.

E ao encerrar...

O Sr. Mão Santa (PMDB - PI) - Senador Flexa Ribeiro, e o significado de Círio?

O SR. FLEXA RIBEIRO (PSDB - PA) - Círio, Senador Mão Santa, é a luz, é uma vela que é levada na trasladação, que ilumina a procissão, que antecede a procissão do Círio no domingo. Ela é realizada no sábado à noite. Daí o nome da procissão de Círio de Nossa Senhora de Nazaré.

V. Exª, como católico praticante e leitor constante da Bíblia, que cita aqui diversos trechos, tenho certeza absoluta...

O Sr. Mão Santa (PMDB - PI) - A luz, significado da vida!

O SR. FLEXA RIBEIRO (PSDB - PA) - A vida! E a benção de Nossa Senhora que atinge a todos nós.

Além do Círio, que é uma demonstração da fé católica, a cidade de Belém, nessa época, nos dias que antecedem o domingo, ou seja, de hoje até domingo, e depois, por mais quinze dias, se enche de turistas, de devotos, que chegam a Belém e permanecem em festa ao longo de todo esse tempo.

Aproveito para saudar o Grupo Liberal, as Organizações Rômulo Maiorana, do nosso Estado, que hoje abrem o salão Arte Pará, que compõe também o conjunto de eventos do Círio de Nazaré. Trata-se de uma demonstração da cultura local que, eu diria, está, hoje, em nível nacional e até internacional, que prestigia o artista local, o artista brasileiro, sob a promoção das Organizações Rômulo Maiorana.

Neste instante, aproveito para parabenizar a Srª Lucidéa Maiorana, Presidente das Organizações Rômulo Maiorana, ao Sr. Rômulo Maiorana Júnior, Diretor-Executivo, e a toda a Diretoria, pela abertura do Arte Pará, com certeza mais um evento que eleva o nome do Estado em nível nacional e internacional.

Concluo, Sr. Presidente, como disse, desejando a todos os paraenses, a todas as famílias do meu querido Estado do Pará, que sejam abençoadas pela Virgem de Nazaré, e que todos nós tenhamos, no próximo domingo, um feliz Círio.