Discurso durante a 174ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Irritação do Presidente Lula com a CPI dos Bingos. Considerações sobre a postura do Presidente da República em relação à transposição das águas do rio São Francisco, a propósito da greve de fome do Bispo Luiz Flávio Cappio. (como Líder)

Autor
Antonio Carlos Magalhães (PFL - Partido da Frente Liberal/BA)
Nome completo: Antonio Carlos Peixoto de Magalhães
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), BINGO. DESENVOLVIMENTO REGIONAL.:
  • Irritação do Presidente Lula com a CPI dos Bingos. Considerações sobre a postura do Presidente da República em relação à transposição das águas do rio São Francisco, a propósito da greve de fome do Bispo Luiz Flávio Cappio. (como Líder)
Publicação
Publicação no DSF de 07/10/2005 - Página 34309
Assunto
Outros > COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), BINGO. DESENVOLVIMENTO REGIONAL.
Indexação
  • COMENTARIO, DEPOIMENTO, COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), BINGO, IRMÃO, EX PREFEITO, MUNICIPIO, SANTO ANDRE (SP), ESTADO DE SÃO PAULO (SP), ACUSAÇÃO, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT), CHEFE, GABINETE, PRESIDENCIA DA REPUBLICA, VINCULAÇÃO, CORRUPÇÃO, GOVERNO FEDERAL, DEFESA, NECESSIDADE, ACAREAÇÃO.
  • SOLIDARIEDADE, BISPO, ESTADO DA BAHIA (BA), GREVE, FOME, PROTESTO, PROJETO, TRANSPOSIÇÃO, RIO SÃO FRANCISCO, DEFESA, ATENDIMENTO, PRESIDENTE DA REPUBLICA, REIVINDICAÇÃO, AUTORIDADE RELIGIOSA.

O SR. ANTONIO CARLOS MAGALHÃES (PFL - BA. Pela Liderança do PFL. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, se alguém tinha dúvida, dúvida não mais existe. Compreende-se inteiramente a irritação do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva com a atitude da CPI que V. Exª preside, com alta capacidade, grande senso político e, ao mesmo tempo, isenção.

Hoje, tomou-se o depoimento do irmão do Prefeito Celso Daniel - o segundo. O primeiro irmão já havia dito tudo em relação a esse bárbaro crime ocorrido no município de Santo André; crime que o PT procurou ocultar por todo o tempo, antes, entretanto, querendo culpar a falta de policiamento do Governo de São Paulo. Acontecia talvez o segundo, porque logo depois houve o de Campinas - e aí aumentaram as críticas do PT.

Hoje, ninguém mais pode ter dúvida. Os depoimentos atestaram que o Sr. Gilberto Carvalho, figura que respeito, embora não conheça, muito querido de alguns, foi também partícipe não do crime, mas de alguns que se beneficiaram com os recursos do PT. O próprio depoente confessou que o seu irmão, realmente, passava recursos mensais para o PT, que iam direto para a sede do Partido.

Ora, Sr. Presidente, negou-se tanto; o Presidente irritou-se tanto com o fato de o seu secretário estar envolvido nesse assunto, mas ele foi designado, segundo a família, pelo próprio Presidente Lula, porque o Sr. Gilberto Carvalho não tem nada com Santo André. Para colocar-se o Sr. Gilberto Carvalho como inimputável, só depois de exame médico. Ninguém pode dizer que ele não tem culpa do muito do que aconteceu e que ele não transportou várias quantias no seu automóvel Corsa, sendo que uma delas de R$1,2 milhão, para a sede do Partido dos Trabalhadores.

A acareação se faz necessária. Nós andamos certos pedindo a acareação, mas, se V. Exª quisesse, não precisava realizá-la, tão claro ficou esse assunto. Como membro da CPI, defendi V. Exª - que, aliás, não precisa de defesa, dada a sua atuação. E o Relator é essa figura cândida, porém eficiente, o Senador Garibaldi Alves Filho. Desse modo, já formamos o consenso sobre esse assunto de Santo André, tema que era intocável, mas, que graças à CPI que V. Exª preside, passou a ser desvendado em todo o País. Tudo vai aparecer, e não vai demorar. Ou melhor, tudo já apareceu. Vamos, agora, fazer a junção dos fatos para que as coisas fiquem mais claras.

Esse, o primeiro ponto do meu pronunciamento.

O segundo, Sr. Presidente, diz respeito à atitude do Presidente da República, que não posso dizer qual foi, porque não sei o resultado da conversa do Ministro Jacques Wagner com o Bispo Luiz Flávio Cappio, Bispo de Barra, que está em Cabrobó, que está dando sua vida para que não morra o São Francisco. O Bispo já declarou que só cede ao apelo do Presidente ou de quem quer que seja se Sua Excelência lhe der um documento dizendo que não vai haver mais a transposição das águas do São Francisco.

Ontem, evidentemente, o Senador José Maranhão trouxe depoimentos contrários de bispos de sua terra, mas é evidente que quem sacrifica sua vida por uma causa está acima do julgamento de qualquer outro bispo, a não ser do Santo Padre. O Presidente da CNBB também já havia dado declarações bem claras a favor do Bispo de Barra, em minha terra, e que se encontra hoje em Cabrobó, Pernambuco, bem em frente a Ibó, em Salvador.

Portanto, espero que o Presidente tenha um mínimo de razão, um mínimo de consciência, um mínimo de coração para fazer o que é certo, que é a não transposição, salvando a vida de muitos brasileiros que vão acompanhar a atitude do Bispo de Barra.

Louvo neste instante a atitude desse eminente prelado que se sacrifica por uma causa, coisa difícil na vida pública brasileira, mas foi-se encontrar nesse Bispo uma razão de ser para desvendar, inclusive, os erros de um projeto malfeito e condenado pela Justiça brasileira - ainda ontem, foi condenado por uma vara da Fazenda Pública por afronta à Constituição no seu art. 49.

Portanto, Sr. Presidente, em vez de atacar o Presidente Lula, salvo quando quer defender o Sr. Gilberto Carvalho, venho dizer que, se ele der um passo à frente - não é um passo atrás -, terminando com a transposição do São Francisco, vai merecer de muitos brasileiros o aplauso. Se não der, vai ser responsável por muitas vidas e, sobretudo, vai ajudar aos empreiteiros que fazem o mensalão no Brasil.

Muito obrigado a V. Exª.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 07/10/2005 - Página 34309