Discurso durante a 170ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Conferência realizada na Associação Comercial, em Maceió/AL, com o ex-Presidente Fernando Henrique Cardoso. Ações desenvolvidas pelo Governo Fernando Henrique Cardoso em Alagoas. Paralisação de obras iniciadas no governo passado.

Autor
Teotonio Vilela Filho (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/AL)
Nome completo: Teotonio Brandão Vilela Filho
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
PRESIDENTE DA REPUBLICA, ATUAÇÃO.:
  • Conferência realizada na Associação Comercial, em Maceió/AL, com o ex-Presidente Fernando Henrique Cardoso. Ações desenvolvidas pelo Governo Fernando Henrique Cardoso em Alagoas. Paralisação de obras iniciadas no governo passado.
Publicação
Publicação no DSF de 01/10/2005 - Página 33584
Assunto
Outros > PRESIDENTE DA REPUBLICA, ATUAÇÃO.
Indexação
  • REGISTRO, EFICACIA, CONFERENCIA, FERNANDO HENRIQUE CARDOSO, EX PRESIDENTE DA REPUBLICA, ASSOCIAÇÃO COMERCIAL, CAPITAL DE ESTADO, ESTADO DE ALAGOAS (AL).
  • ELOGIO, GESTÃO, FERNANDO HENRIQUE CARDOSO, PRESIDENCIA DA REPUBLICA, FAVORECIMENTO, POPULAÇÃO, MUNICIPIOS, ESTADO DE ALAGOAS (AL), COMPARAÇÃO, NEGLIGENCIA, FALTA, IDONEIDADE, ATUAÇÃO, GOVERNO FEDERAL, ATUALIDADE, PARALISAÇÃO, PROJETO, IMPORTANCIA, AMBITO ESTADUAL.

O SR. TEOTONIO VILELA FILHO (PSDB - AL. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, o Presidente Fernando Henrique foi a Alagoas na última sexta-feira para uma conferência em Maceió sobre sua visão de Brasil e de mundo. E não deu para quem quis: quase 400 cadeiras extras, dois telões, mas não foram suficientes. Muita gente não conseguiu ver, nem ouvir, e muito menos entrar no prédio da Associação Comercial de Maceió para ouvi-lo.

            Alagoas, de alguma forma, fez justiça a Fernando Henrique, que foi ao mesmo tempo o mais alagoano de todos os presidentes da República e o mais operoso de todos os governadores de Alagoas.

            Que outro presidente investiu em Alagoas mais de R$1 bilhão a preços históricos? Qual outro governador terá um saldo tão expressivo de obras estruturantes em todas as regiões do Estado? Quem mais fez adutoras? Quem mais fez saneamento? Quem iniciou projetos tão vitais como o de revitalização das lagoas? Quem iniciou a concretização de sonhos tão antigos quanto o canal do sertão? Quem iniciou a expansão e a internacionalização do aeroporto inaugurado na semana passada?

Presidente alagoano, governador operoso, Fernando Henrique foi também o mais eficiente e presente de todos os prefeitos de algumas das nossas maiores cidades, como Arapiraca, por exemplo. Que outro levou água a 100% da área urbana de Arapiraca? Que há 10 anos tinha somente 10% de água encanada, e Fernando Henrique colocou água na sede e em praticamente todos os povoados rurais. Que outro fez lá o maior Programa Bolsa-Escola do Brasil? Que outro fez tantas e tantas ações em Arapiraca e lá no agreste das Alagoas?

Quantas perguntas mais se poderiam fazer para uma mesma resposta: nenhum Presidente da República até hoje dispensou mais atenções a Alagoas que o paulistano carioca ou o carioca paulistano Fernando Henrique Cardoso.

Quem iniciou a revitalização do baixo São Francisco, criando em Penedo, por exemplo, importante pólo de piscicultura e rizicultura? Quem fez as adutoras do Sertão e do Agreste? Quem comandou o maior projeto de engenharia ambiental de todo o nordeste, beneficiando 90 municípios alagoanos? Fernando Henrique, Fernando Henrique, Fernando Henrique.

Em Pão de Açúcar, um município lá do sertão das Alagoas, há água encanada e tratada com cloro e flúor na sede do município e em todos os povoados rurais. Obra de Fernando Henrique. Começou a barragem para o abastecimento de Palmeira dos Índios. Obra de Fernando Henrique. Começaram tantas outras obras e, encerrado o governo, todas tiveram o mesmo destino: pararam. À exceção do aeroporto, cujas obras continuaram com os recursos da Infraero, todas as outras obras, em Alagoas, iniciadas no Governo Fernando Henrique pararam. O canteiro de obras virou cemitério de obras. Parou tudo.

O governador-presidente ou o presidente-governador foi decisivo para a reversão de índices sociais cruéis, que então se registravam nos Municípios de Teotônio Vilela e São José da Tapera, por exemplo. Quem não lembra que o próprio Fernando Henrique foi a São José da Tapera lançar o programa nacional da bolsa-alimentação? Foi um símbolo para o Brasil. E hoje se percebe, com muita clareza, que essa viagem foi também uma prova irrefutável de que o compromisso com uma região não depende de certidão de nascimento, mas de sensibilidade política e compromisso social.

            Depois de Fernando Henrique, Alagoas já viveu secas e enchentes. Os prefeitos decretaram estado de calamidade, mas antes de vê-los referendados pelo Governo Federal, já têm de trocar a razão da emergência, que ora é seca, ora é enchente. Só não muda a postura do Governo Federal: nada faz, nada providencia, nada libera. E na chefia do governo, além de nordestino, há um retirante, um retirante de seca que não tem dado a menor importância para as agruras dos sertanejos alagoanos.

O próprio Governador Ronaldo Lessa, presente à conferência, fez questão de testemunhar, de público, o quanto a gestão FHC ajudara sua administração. E o Governador Ronaldo Lessa era de oposição ao Presidente Fernando Henrique. Foi mais de R$1 bilhão em investimentos em obras e projetos estruturantes, praticamente todos paralisados pela incompetência que o sucedeu.

A razão maior da fantástica afluência à conferência de Fernando Henrique em Maceió, no entanto, foi menos sua ação administrativa em Alagoas e muito mais sua postura política no exercício da Presidência e fora dela.

Fernando Henrique já teria seu nome na história somente pela implantação e consolidação do Plano Real, pela estabilização da moeda e da economia e pelo controle da inflação, sem se falar na universalização do ensino fundamental e do fantástico esforço de transferência de renda e inclusão social, representado por programas como o Bolsa-Escola, por exemplo.

Na Presidência, ele deixou uma preciosíssima lição de como manter a máquina do Estado longe da eleição. Ele foi o Presidente da Lei de Responsabilidade Fiscal, que até quiseram revogar. Foi o líder que, mesmo partidário, não usou a máquina do Governo para fazer seu sucessor.

Resuma-se em poucos itens: mesmo agressivamente atacado pela Oposição de então, comandou o processo de transição mais civilizado de nossa história. Como raro, deixou o Governo e sua estrutura à margem do processo eleitoral, o que os tempos atuais mostram que não é pouca coisa. Combatido como nunca em todos os pilares de sua política econômica e social, viu seu opositores adotarem os mesmos programas, apenas com outros nomes. A diferença é a reconhecida ineficiência que marca a execução de alguns programas. Não pareça cinismo, Sr. Presidente, ou deboche registrar que, de original mesmo, o atual Governo só tem as malas de dinheiro e as cuecas de dólares...

Fernando Henrique deu ao Brasil um rumo que nem seus críticos mais duros conseguiram modificar.

Uma segunda grande lição ele vem repetindo ao País nos últimos meses, quando a Administração que o sucedeu patina num lodaçal que parece não ter limites. Quando estava na Oposição, o PT tinha duas ocupações favoritas: a primeira era denunciar todo mundo por qualquer coisa, em qualquer circunstância, utilizando-se até de expedientes escusos, como o uso de documentos fiscais e bancários sigilosos. A segunda grande ocupação do Partido dos Trabalhadores era pedir a deposição do Presidente.

Nunca se viu tanta lama como ocorreu agora. Mas a Oposição, liderada por Fernando Henrique, jamais gritou “Fora, Lula”. Ao contrário, tem administrado a crise com exemplar responsabilidade.

Na conferência em Maceió, Fernando Henrique falou do Brasil e do futuro, sem travos, sem ranços, absolutamente desarmado, como sempre o foi. Mais ainda, falou sem quaisquer críticas a seu sucessor, por mais fácil que seja falar mal do atual Governo. Não surpreende que tantos alagoanos de Maceió tenham disputado um lugar para ouvir Fernando Henrique. Ele é diferente. Nem precisa dizer, todo mundo sabe.

Muito obrigado.

Era o que tinha a dizer, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 01/10/2005 - Página 33584