Discurso durante a 170ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Centenário de nascimento de Amaral Peixoto. Registro de matéria intitulada "Ex-tesoureira de prefeitura petista é presa", publicada no jornal O Estado de S.Paulo, edição de 21 do corrente.

Autor
Flexa Ribeiro (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/PA)
Nome completo: Fernando de Souza Flexa Ribeiro
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM. ESTADO DE SÃO PAULO (SP), GOVERNO MUNICIPAL.:
  • Centenário de nascimento de Amaral Peixoto. Registro de matéria intitulada "Ex-tesoureira de prefeitura petista é presa", publicada no jornal O Estado de S.Paulo, edição de 21 do corrente.
Publicação
Publicação no DSF de 01/10/2005 - Página 33638
Assunto
Outros > HOMENAGEM. ESTADO DE SÃO PAULO (SP), GOVERNO MUNICIPAL.
Indexação
  • HOMENAGEM, CENTENARIO, NASCIMENTO, AMARAL PEIXOTO, EX SENADOR, ELOGIO, VIDA PUBLICA, CAPACIDADE, LIDERANÇA, NEGOCIAÇÃO, POLITICA, IDONEIDADE, CONDUTA, CONTRIBUIÇÃO, FATO, IMPORTANCIA, HISTORIA, BRASIL, COLABORAÇÃO, REDEMOCRATIZAÇÃO, PAIS, POSTERIORIDADE, PERIODO, ESTADO NOVO.
  • COMENTARIO, TRANSCRIÇÃO, ANAIS DO SENADO, ARTIGO DE IMPRENSA, JORNAL, O ESTADO DE S.PAULO, PRISÃO, SECRETARIO MUNICIPAL, PREFEITURA, MUNICIPIO, MAUA (SP), ESTADO DE SÃO PAULO (SP), PERIODO, GESTÃO, PREFEITO, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT).

O SR. FLEXA RIBEIRO (PSDB - PA. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Senadores, não prescindo dos conselhos de Vossa Excelência. Sempre os recebi no passado. Quero recebê-los no presente. Quando me sentir deles carente, irei a sua casa, como sempre o fiz, para receber do seu senso político, da sua ponderação, da sua lucidez, a palavra tranqüilizadora, a sua palavra iluminada.

Essa afirmação do Senador Tancredo Neves, em aparte ao brilhante discurso de despedida do Senador Amaral Peixoto, do Senado Federal, no dia 10 de março de 1983, conseguiu, em poucas palavras, definir a essência e a síntese de um homem extraordinário, com visão de estrategista político e administrador, com grande capacidade de liderança, com qualidade como prudência, competência, paciência e experiência.

O Comandante Ernani do Amaral Peixoto, profeta da política, neste ano do Centenário do seu nascimento, deveria ser não apenas lido, mas ouvido e seguido.

Vivemos em tempos de insensatez, em tempos de idolatria, de falsos profetas, falsos líderes, subprodutos da farsa, do engodo, da mentira, da corrupção e do uso inescrupuloso das técnicas de manipulação da propaganda.

Nem todos conseguem ler os sinais dos tempos, poucos têm o dom de ouvir os profetas, muitos olham mas não vêem, escutam mas não ouvem nem entendem, pois são cegos de espírito.

Vivemos em tempos de grande cegueira no campo da política, no campo da ética, no campo da racionalidade. As mentes parecem embotadas e entorpecidas, sem conseguir ver a luz e os caminhos.

Os faraós modernos também morrerão afogados no Mar Vermelho com todos os seus homens, com todos os seus carros e todos seus exércitos.

Não parece coincidência o ano de 2005 ser o ano do centenário de nascimento de Amaral Peixoto, pois ele, com seu temperamento fino, educado, perspicaz, estrategista, com sua experiência e visão crítica, olho clínico e amor ao Brasil, parece ter escolhido 2005 para nos dar lição de política, de sabedoria e de prudência.

Amaral Peixoto parece nos dizer: quem tem ouvidos para ouvir, ouça! Amaral Peixoto parece nos dizer que os políticos sem a ética não passa de um bando de malfeitores e salteadores.

O Comandante Amaral Peixoto parece dizer aos políticos de hoje que o Brasil merece um melhor tratamento, o Brasil de Getúlio Vargas, de Juscelino Kubitschek, o Brasil de Tancredo Neves, de Ulysses Guimarães, esse Brasil está chorando por causa de tantos falsos líderes, subprodutos do marketing político-eleitoral.

O Presidente Juscelino Kubitschek costumava dizer que “o Brasil não sabe o homem público que possui em Amaral Peixoto”. O Comandante não era homem de marketing, de enganações nem de bravatas.

Seu caráter firme, sua personalidade marcante e segura, que não se desviava para a direita nem para a esquerda, deixava transparecer a modéstia e a humildade verdadeiras.

A estrela política de Amaral Peixoto continuou brilhando por mais quatro décadas, após a morte do Presidente Vargas, demonstrando que seu valor pessoal ultrapassava, em muito, a simples condição de genro daquele presidente.

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, os longos anos de vida política de Amaral Peixoto nos levariam a analisar, a refletir e a retirar muitas e muitas lições e doutos ensinamentos de sua rica atuação como homem público, como protagonista e testemunha privilegiada dos mais importantes acontecimentos políticos do século XX.

Não é fácil resumir uma vida que recebeu educação dos jesuítas, passou pelo movimento tenentista, pelos tempos de ajudante-de-ordens de Getúlio Vargas, como Interventor Federal no Rio de Janeiro, como destacado adversário do fascismo e do comunismo.

Amaral Peixoto nunca se deixou contaminar por nenhum desses dois flagelos da humanidade: nunca se deixou enganar pelos efeitos pestilenciais dessas falsas doutrinas.

“Não sou reacionário nem conservador. Sou um homem de centro, e a tendência do centro é caminhar para a esquerda”, dizia Amaral Peixoto.

Não teria tempo para falar do papel desempenhado por Amaral Peixoto na construção do novo sistema partidário que se organizou com a redemocratização do País, após o Estado Novo.

Amaral Peixoto atuou ao lado de figuras de grande importância na vida política nacional, como Agamenon Magalhães, Nereu Ramos, Benedito Valadares e Fernando Costa, e presidiu o Partido Social Democrático (PSD), de 1951 até sua extinção por força do regime autoritário, em outubro de 1965.

Amaral Peixoto, como grande negociador político e herdeiro espiritual das habilidades de Vargas, deu grande colaboração para conferir estabilidade à frágil democracia brasileira que se instaurou no após-Guerra. Defendeu a aliança PSD-PTB, idealizada por Vargas para o pacto de transição que tornaria viável a passagem, sem grandes traumas, de uma sociedade predominantemente rural para uma sociedade industrializada e urbana.

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, muito ainda poderia e muito ainda teria a dizer sobre a personalidade ímpar de Amaral Peixoto.

Gostaria de encerrar estas minhas palavras citando o trecho final da entrevista de Amaral Peixoto concedida à cientista política Aspásia Camargo.

O senhor sempre pareceu um homem realista, pragmático. Apesar das enormes dificuldades, o senhor tem alguma esperança de que o Brasil dê certo?

“Tenho muita! Posso avaliar a transformação do Brasil através da minha vida. Durante os últimos 50 anos o Brasil mudou muito, e não só nos grandes centros. Nas cidades do interior você encontra a mesma transformação: estradas, energia elétrica, água ... Apesar de nossas falhas. Temos avançado bastante.

“Nesses 50 anos de vida pública tenho visto no Brasil enormes possibilidades, gente muita dedicada e muito capaz. É preciso aproveitar essa gente. Talvez o que falte mesmo seja organizar finalmente os partidos políticos, para se poder organizar o país. Eu costumo dizer que os políticos estiveram de castigo durante 20 anos, mas infelizmente nem todos aprenderam a lição ...”.

Nada mais atual. Nada mais profético.

Faço votos para que os homens de bem deste País sejam capazes de abrir os olhos, as mentes e os corações para entender o momento grave por que passa o Brasil, para que possamos, com a verdade, com mais verdade e ainda com verdade, combater a corrupção e colocar nossa Pátria no caminho do desenvolvimento econômico e social.

Vamos ouvir Amaral Peixoto. Vamos fazer aquela que deveria ser a Primeira das Reformas: a Reforma Política.

            Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, ocupo a tribuna neste momento para comentar a matéria intitulada “ex-tesoureira de prefeitura petista é presa”, publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo, em sua edição de 21 de setembro de 2005.

            A matéria destaca a decretação da prisão de Valdirene Dardin Albuquerque, ex-diretora do Tesouro da prefeitura de Mauá-São Paulo, durante a gestão Osvaldo Dias (PT). Valdirene foi acusada de desvio de R$ 230 mil dos cofres públicos entre 2003 e 2004 para proveito próprio.

            Concluindo, Sr. Presidente, requeiro que a referida matéria passe a integrar os Anais do Senado Federal.

 

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DOCUMENTO A QUE SE REFERE O SR. SENADOR FLEXA RIBEIRO EM SEU PRONUNCIAMENTO.

(Inserido nos termos do art. 210, inciso I e § 2º, do Regimento Interno.)

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Matéria referida:

“Ex-tesoureira de prefeitura petista é presa”.

 


Este texto não substitui o publicado no DSF de 01/10/2005 - Página 33638