Discurso durante a 176ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Críticas às declarações do Presidente Lula contra as oposições ao seu Governo. Anúncio de que o PFL entrará com representação junto ao Ministério Público, para a promoção de investigações das ações do Sr. Vavá, irmão do Presidente Lula. (como Líder)

Autor
José Agripino (PFL - Partido da Frente Liberal/RN)
Nome completo: José Agripino Maia
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
PRESIDENTE DA REPUBLICA, ATUAÇÃO.:
  • Críticas às declarações do Presidente Lula contra as oposições ao seu Governo. Anúncio de que o PFL entrará com representação junto ao Ministério Público, para a promoção de investigações das ações do Sr. Vavá, irmão do Presidente Lula. (como Líder)
Publicação
Publicação no DSF de 11/10/2005 - Página 34720
Assunto
Outros > PRESIDENTE DA REPUBLICA, ATUAÇÃO.
Indexação
  • ESCLARECIMENTOS, ATUAÇÃO, BANCADA, CONGRESSO NACIONAL, OPOSIÇÃO, GOVERNO FEDERAL, RESPOSTA, CRITICA, AUTORIA, PRESIDENTE DA REPUBLICA.
  • APRESENTAÇÃO, DETALHAMENTO, IRREGULARIDADE, GOVERNO FEDERAL, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT), AUSENCIA, PUNIÇÃO, RESPONSAVEL.
  • ANUNCIO, DECISÃO, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DA FRENTE LIBERAL (PFL), APRESENTAÇÃO, MINISTERIO PUBLICO, REPRESENTAÇÃO, INVESTIGAÇÃO, DENUNCIA, TRAFICO DE INFLUENCIA, IRMÃO, PRESIDENTE DA REPUBLICA.

O SR. JOSÉ AGRIPINO (PFL - RN. Como Líder. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, eu estava ouvindo o Senador José Jorge e abrindo, no computador, uma página na Internet, o portal noticioso da UOL. Em uma das notícias, diz-se: “Lula reclama de ‘urucubaca’ de quem torce contra”. E se dava a versão de que o Presidente, certamente, estava-se referindo à Oposição, pelo fato de a Oposição estar exercendo o papel de criticar o Governo, de cobrar providências, de sugerir mudanças de rumos, como se este Governo fosse perfeito e acabado e não convivesse com a improbidade.

Sr. Presidente, diz o Presidente que algumas pessoas torcem contra o Brasil. Parece que Sua Excelência não acordou para a realidade do Brasil. Pelo contrário, nós torcemos é a favor do Brasil. Eu acho que Sua Excelência não acompanha o que acontece aqui no Senado.

V. Exª lembra até que horas trabalhamos na quarta-feira? Até às dez da noite. Para votarmos o quê? Para votarmos a MP nº 252, a chamada MP do Bem, que traz coisas positivas ao País, que ajuda o Governo a governar, que joga o País para frente. Se a Oposição quisesse jogar contra o País, votaria contra, não faria o acordo que fez e não daria ao Governo a MP nº 252 aprovada, com melhorias que introduzimos, na quarta-feira, às 22h.

De tudo o que o Governo pede e que é bom para o Brasil, temos votado a favor. Então, o Presidente não tem o direito, Senador Heráclito Fortes, de chegar a Niterói e de falar em urucubaca da Oposição, de dizer que estamos torcendo contra o Brasil. Estamos votando tudo que é importante para o Brasil. Votamos, sim! Mas, quando não é interessante ao Brasil, a crítica tem de ser feita, as providências têm de ser adotadas.

Não sei se o Presidente está-se referindo à reação dos brasileiros a essa última pérola do seu irmão Vavá, que não conheço, não sei quem é. Pouco importa quem seja, mas importa muito que o irmão do Presidente da República faça tráfico de influência, que o irmão do Presidente da República passe para o País que, neste Governo, o público e o privado são confundidos e que a Oposição faz cara de paisagem, que a Oposição não cumpre o seu papel, não vigia, não denuncia, não cobra. Chega! Chega, Sr. Presidente! Chega! Chega por quê?

            Senador Marco Maciel, V. Exª se lembra de que, no ano passado ou atrasado, nos áureos tempos do PT, no pique do sapato alto, fizeram nos jardins do Palácio da Alvorada uma estrela vermelha, símbolo do PT.

(O Sr. Presidente faz soar a campainha.)

O SR. JOSÉ AGRIPINO (PFL - RN ) - V. Exª, que já foi Vice-Presidente da República, sabe que o Palácio da Alvorada é um símbolo de poder e é patrimônio da República. Ninguém pode mexer naquelas coisas. Não se podem introduzir coisas pessoais, privadas, em algo que é patrimônio público. A estrela do PT, eles botem no frontão da sede do Partido, botem onde eles quiserem! O Palácio da Alvorada não é patrimônio privado do PT! Mas começaram por aí.

Logo depois, não sei se V. Exª se lembra - e nós protestamos, mas o Governo não adotou providência nenhuma; nós protestamos, e o Governo fez cara de bom mercador -, veio aquele caso dos amigos dos filhos de Lula, que vieram de São Paulo passar umas férias prolongadas, em avião da FAB - vieram num jato da FAB -, e foram distribuídas fotografias na Internet do passeio...

(Interrupção do som.)

O SR. PRESIDENTE (Mão Santa. PMDB - PI) - Dou mais dois minutos para V. Exª.

O SR. JOSÉ AGRIPINO (PFL - RN) - Fotografias na Internet, Sr. Presidente, dos amigos do filho do Presidente passeando numa lancha da Marinha, queimando combustível pago pelo contribuinte no lago Paranoá, em Brasília.

Reclamamos. Eu, pessoalmente, fiz um requerimento de informação, e, quatro meses depois, deram a resposta de que o avião era da FAB, sim senhor, e que a lancha era da Marinha, mas não tomaram providência alguma.

Não ouvi, Senador Marco Maciel, nenhuma palavra do Presidente, que é tão loquaz, que fala tanto aos brasileiros, uma única palavra que V. Exª ou eu daríamos se fossem nossos filhos que tivessem adotado uma postura daquela. Sei que V. Exª, como eu, teria aplicado uma reprimenda pública para que aquele exemplo não fosse entendido como um fato normal. Eu não vi.

Senador José Jorge, já tem alguma providência tomada com relação aos cartões corporativos? Falam cobras e lagartos, contas pagas, Deus sabe de quem, com os cartões de crédito. Não vieram com explicação alguma sobre que cartões de crédito pagaram conta de quem. E falam em familiares do Presidente.

Mais uma: o filho do Presidente, o Fábio, vendeu 35% de uma empresa que não sei quanto vale - R$5 mil, R$10 mil, R$15 mil, R$20 mil -, por R$5 milhões, Senadora Heloisa Helena, a uma concessionária de serviço público, que depende do Governo. Vendeu por R$5 milhões, e o Presidente disse que não tem nada a ver com a vida do filho, não. V. Exª diz isso do seu filho? Nem eu. Coisa com filho meu, tomo providências; se ele está errado, tomo, e tomo publicamente, porque sou homem público e aquilo que digo faz opinião. Ele não disse nada. Disse que não tinha nada a ver com a atitude do filho, mas o filho vendeu a empresa.

(Interrupção do som.)

O SR. PRESIDENTE (Mão Santa. PMDB - PI) - Concedemos mais dois minutos pela grandeza da liderança de V. Exª.

O SR. JOSÉ AGRIPINO (PFL - RN) - Vou concluir, Sr. Presidente. Não deu uma palavra sobre o caso. Tráfico de influência, é claro! Comprar por R$5 milhões 35% de uma empresa que não vale R$10 mil, para quê? Para estar perto do Presidente, para fazer algum tráfico de influência em alguma hora. E não houve nenhuma providência.

A última: o Presidente, pessoalmente, tomou um empréstimo no Partido dos Trabalhadores de R$29 mil. E o empréstimo, dizem, é pago pelo Sr. Paulo Okamoto. O Presidente disse que não tem empréstimo algum. O Senador Aloizio Mercadante diz que não foi empréstimo, foi adiantamento de viagem; e não há explicação alguma que convença o Brasil.

De repente, vem Vavá, cujo mérito é, na sua empresa de consultoria, ter uma bruta de uma fotografia: ele, o Presidente e a secretária, para demonstrar na entrada da consultoria que ali se vende prestígio, ali se manda, ali dá para fazer tráfico de influência, tanto que o consultório duplicou de tamanho em um ano.

Sr. Presidente, o que me move a vir falar sobre isso e externar a minha revolta é que até agora as explicações que o PT dá é que é caixa dois. O dinheiro de Marcos Valério, Genoíno e José Dirceu é de caixa dois, para cumprir compromisso de campanha eleitoral, para - nem admite - comprar hora de jatinho, não; para comprar Land Rover, não; para comprar partido político, não; para comprar obediência de parlamentar, não. Quero saber o que ele vai dizer com relação a essas coisas que chegam dentro da casa do Presidente.

Está passando para a sociedade que este Governo está na hora de acabar. Todo dia há uma novidade, uma novidade ruim. E o Presidente falando em urucubaca!

(Interrupção do som.)

O SR. PRESIDENTE (Mão Santa. PMDB - PI) - Mais um minuto, antes que o Governo acabe, para V. Exª acabar o pronunciamento.

O SR. JOSÉ AGRIPINO (PFL - RN) - Sr. Presidente, estou anunciando que me reuni agora com o Presidente do PFL, com o Líder da Minoria, com o Líder Rodrigo Maia, e tomamos uma posição de partido: vamos entrar com uma representação no Ministério Público. Num primeiro momento, vamos entrar - num primeiro momento! -, porque chega, chega de tanta impunidade, chega de tanto exemplo ruim ser dado. Tudo isso é decorrência de Waldomiro Diniz e Rogério Buratti, que não foram punidos e agora está o Sr. Vavá fazendo tráfico de influência. Chega! Este País está afundando cada vez mais. Estamos entrando, no Ministério Público, com uma representação de investigação das ações do Sr. Vavá, para que aquele tráfico de influência, pelo menos, seja freado, para que este País tenha dignidade mínima, para que o Presidente da República reflita dez vezes antes de fazer uma reunião no Palácio do Planalto com...

(Interrupção do som.)

O SR. PRESIDENTE (Mão Santa. PMDB - PI) - Senador José Agripino, concedo mais um minuto para V. Exª salvaguardar também a memória do Vavá da Copa do Mundo de 1958, que nos fez vencer.

O SR. JOSÉ AGRIPINO (PFL - RN) - Isso, Sr. Presidente. Para que o Presidente tenha um momento de reflexão. Ao fazer as reuniões com os cassáveis no Palácio do Planalto, que tenha um mínimo de decência com a sociedade brasileira, que deve ter ficado indignada ao ouvi-lo dizer que aqueles que estavam ali, os amigões dele, tinham cometido um pecadinho, mas não eram corruptos, não. Como que estimulando: sejam candidatos de novo que o papaizão aqui vai dar cobertura a vocês!

As urnas vão se encarregar daqueles que vão ser cassados e, antes que seja tarde, nós estamos aqui cuidando da decência e da probidade da vida do nosso País.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 11/10/2005 - Página 34720