Discurso durante a 178ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Homenagem prestada hoje no Senado Federal aos professores e às crianças.

Autor
Leomar Quintanilha (PC DO B - Partido Comunista do Brasil/TO)
Nome completo: Leomar de Melo Quintanilha
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM. EDUCAÇÃO.:
  • Homenagem prestada hoje no Senado Federal aos professores e às crianças.
Publicação
Publicação no DSF de 12/10/2005 - Página 34870
Assunto
Outros > HOMENAGEM. EDUCAÇÃO.
Indexação
  • HOMENAGEM, DIA, PROFESSOR, ELOGIO, EXERCICIO PROFISSIONAL, COMPROMISSO, EDUCAÇÃO, CIDADANIA, GRAVIDADE, DEFASAGEM, REMUNERAÇÃO.
  • NECESSIDADE, MELHORIA, QUALIDADE, ENSINO, VALORIZAÇÃO, PROFESSOR.
  • HOMENAGEM, DIA, CRIANÇA.

O SR. LEOMAR QUINTANILHA (PC do B - TO. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, o Senado Federal prestou hoje justa homenagem aos professores brasileiros, em comemoração à passagem do Dia do Professor, que ocorrerá no próximo dia 15, e também à criança, pela seu dia comemorativo, que se dará amanhã, dia 12 de outubro.

Com relação aos professores, Sr. Presidente, entendo que, quando fazemos com competência tudo que pretendemos fazer na vida, efetivamente, obtemos um resultado bom e satisfatório. Mas, seguramente, quando acrescentamos um ingrediente chamado sentimento à competência, quando colocamos sentimento e paixão naquilo que, com competência, podemos realizar, alcançamos um resultado mais eficaz, mais agradável. É dessa forma que vejo a ação do professor.

O professor, via de regra, coloca não só seu conhecimento, sua competência, mas sobretudo sua alma, sua paixão nessa atividade. Digo isso porque, nos mais longínquos rincões brasileiros, em que a estrutura econômica dos Municípios não permite uma estruturação melhor do sistema educacional, vemos o professor disposto, sem faltar um dia, entusiasmado com o seu compromisso, querendo dar uma contribuição ao desenvolvimento individual dos seus alunos e, por conseguinte, ao desenvolvimento do seu País, transferindo o seu conhecimento para uma plêiade de crianças e de jovens. E, na grande maioria das vezes, meu caro Presidente, o professor não tem uma remuneração compatível com a importância das suas funções, não tem um pagamento compatível com o verdadeiro significado que a educação representa para uma sociedade.

Vemos, no Brasil, uma distorção muito grande em razão do enfrentamento das inúmeras crises com as quais nos deparamos no dia-a-dia: a crise econômica, a crise social, a crise ética, a crise moral. Seguramente, todas essas crises têm suas raízes na educação, ou, melhor explicando, a falta dessa educação nos níveis e na intensidade desejada por tantos quantos entendem que a sua autonomia, a sua independência só será conferida exatamente quando o cidadão alcançar um grau de conhecimento suficiente para lhe permitir o exercício pleno da cidadania, para lhe permitir discernir o bem do mal, para lhe permitir buscar, com seus próprios esforços, com sua força, com sua competência o encaminhamento para sua vida, a busca de construir sua família, a busca de construir seu patrimônio, contribuindo, conseqüentemente, para a construção da sua comunidade, do seu Estado e do seu País.

É, sem sombra de dúvida, inestimável o trabalho e a contribuição que o professor dá nesse processo de desenvolvimento social. E as distorções que hoje encontramos, Sr. Presidente, não são culpa do professor. O professor não é culpado por não termos hoje um ensino de qualidade suficiente para dotar nossas novas gerações do grau de conhecimento suficiente e necessário para permitir-lhes a competitividade, não só na sua localidade, mas em todo o território nacional. O professor é vítima do sistema, na sua grande maioria. Como podemos exigir algo do professor, com um salário aviltado, amiudado, incompatível, que mal lhe permite, às vezes, ter condições dignas de sobrevivência? Muitas vezes o professor brasileiro tem de se dedicar a outra atividade paralela para buscar o complemento do seu recurso para cuidar de si próprio e de sua família. Se, para as necessidades básicas, o professor tem de desviar sua atenção, imaginem como ele não fica na sua necessidade permanente de reciclagem, de treinamento, de estudo, de aperfeiçoamento, para que ele possa oferecer às novas gerações o grau de conhecimento que requer uma sociedade que se propõe e que pretende ser uma sociedade evoluída.

O conhecimento viaja na velocidade da luz, e, se não dermos ao professor a possibilidade de reciclar-se e treinar-se permanentemente, tornando-o motivado para essa ação, efetivamente o trabalho que a educação poderá oferecer à sociedade para o seu desenvolvimento ficará mitigado, comprometido, reduzido.

Sonho, Sr. Presidente, ainda ver no Brasil, de norte a sul, de leste a oeste, o professor ser tratado como um profissional de primeira grandeza, de primeira categoria, como o é nos países desenvolvidos. Sonho ver o professor ter o respeito e a admiração que a sociedade lhe deve pela importância do seu trabalho, pelo significado do seu trabalho na construção de uma sociedade livre, autônoma e que possa discernir o caminho correto a ser percorrido para alcançar níveis de prosperidade e de bem-estar social. Nós ainda haveremos de ver isso. Nós ainda haveremos de ver no Brasil, em todos os seus níveis - no nível federal, no nível estadual e no nível municipal -, essa consideração, esse respeito que o professor brasileiro merece.

Portanto, quando o Senado Federal presta uma homenagem modesta, porém justa, num reconhecimento do significado, da importância da participação do professor na construção dessa sociedade com a qual todos nós sonhamos, eu quero, em nome do meu Partido, o PCdoB, e do meu Estado do Tocantins, somar-me a todos aqueles que vieram trazer a sua reverência e manifestar o seu respeito e a sua admiração pelo professor brasileiro, comprometendo-nos a trabalhar com mais afinco, com mais interesse, com mais denodo para que o professor possa alcançar as condições adequadas e justas de trabalho e estar em condições de oferecer às nossas novas gerações, esperança do Brasil, sustentáculo de uma nação, os meios adequados e necessários para a construção dessa sociedade próspera com a qual todos nós sonhamos.

Sr. Presidente, era esse registro que eu queria fazer, ainda que breve, dirigindo-me aos professores brasileiros, que, mesmo em condições adversas, mesmo sem ter os meios adequados, mas apaixonados pela causa, dedicam-se, ainda, à formação das nossas crianças e dos nossos jovens.

            Homenageio minha mãe, professora do ensino fundamental por mais de trinta anos, que tinha a responsabilidade muito grande de transferir conhecimento aos seus alunos, que obrigou minhas quatro irmãs a cursarem o Normal, a serem normalistas antes de encontrar uma opção profissional para suas vidas, mas entendendo que o magistério era uma atividade importante. Ela se dedicou por inteiro e estimulou minhas irmãs a que o fizessem também, a fim de que cada uma delas desse sua parcela de contribuição, assim como ela deu e a grande maioria dos professores brasileiros tem dado nas capitais, nas grandes cidades e sobretudo nas pequenas cidades de infra-estrutura rural, para a formação e qualificação de nossas novas gerações, sobre os ombros de quem pesarão nos próximos dias a responsabilidade de conduzir o País para o caminho da prosperidade e da felicidade.

            Era o que eu gostaria de dizer a respeito dos professores.

            Nestes poucos minutos que me restam, gostaria de registrar também minha homenagem à criança brasileira, principal beneficiária da ação profícua dos professores e a quem todos nós devemos, por sua dependência e pelo que ela significa para o País, o grande tesouro que cada família e a sociedade tem, a fim de que possamos realmente nos empenhar e oferecer a essas crianças, às novas gerações, um País mais justo, um País mais fraterno, um País que lhes assegure dignidade, respeito e o conforto de uma vida melhor.

            Era o que eu gostaria de registrar, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 12/10/2005 - Página 34870