Discurso durante a 177ª Sessão Especial, no Senado Federal

Comemoração ao "Dia do Professor" e ao "Dia da Criança".

Autor
Ramez Tebet (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/MS)
Nome completo: Ramez Tebet
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
EDUCAÇÃO. HOMENAGEM. MOVIMENTO TRABALHISTA.:
  • Comemoração ao "Dia do Professor" e ao "Dia da Criança".
Publicação
Publicação no DSF de 12/10/2005 - Página 34772
Assunto
Outros > EDUCAÇÃO. HOMENAGEM. MOVIMENTO TRABALHISTA.
Indexação
  • APOIO, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DO MOVIMENTO DEMOCRATICO BRASILEIRO (PMDB), MANIFESTO, SENADOR, DEFESA, EDUCAÇÃO, COMENTARIO, DESIGUALDADE REGIONAL, SETOR, CONCLAMAÇÃO, DESTINAÇÃO, RECURSOS ORÇAMENTARIOS, APLICAÇÃO, PLANO NACIONAL.
  • HOMENAGEM, DIA, CRIANÇA, PROFESSOR.
  • APREENSÃO, GREVE, PROFESSOR UNIVERSITARIO.

O SR. RAMEZ TEBET (PMDB - MS. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Sr. Embaixador da Unesco, Senhores que compõem a Mesa, Srªs e Srs. Senadores, crianças, professores que aqui se encontram, ontem, o Líder de nosso Partido, ele sim um educador, pediu-me que o substituísse nesta honrosa tarefa de, em nome do PMDB, afirmar que nosso Partido está realmente integrado no Manifesto que o Senado da República lança ao País.

Fico feliz. Mas o Líder de meu Partido, quando me fez o convite, que aceitei com muita satisfação e alegria, com certeza, nem S. Exª sabe que eu também tenho a ventura de vir do magistério. Não com a maestria do Senador Cristovam Buarque, que já foi Reitor da Universidade de Brasília e cuja competência é reconhecida por todos; não com o brilho e o talento do Senador Aloizio Mercadante, que, a par de realizar neste Senado da República um grande trabalho patriótico, fala como grande economista e como grande professor. Mas eu também venho do magistério. Não venho do magistério da Unicamp, nem da Universidade de Brasília, mas venho do magistério do Senado da República, da Federação, e falo, portanto, como um homem do Centro-Oeste.

O Brasil é tudo isto: o Brasil é a Pátria da taxa de crescimento de São Paulo, do Rio de Janeiro e do Distrito Federal, mas é a Pátria também do Norte, do Nordeste e do Centro-Oeste, onde estão talvez as crianças mais pobres e mais necessitadas, onde estão os professores que recebem salário mais reduzido do que tantos quantos pertencem a essas grandes unidades da Federação.

Eu também preparei aulas, eu me preparei para dar aulas, porque sou professor improvisado. Nunca participei de uma faculdade do magistério. Eu não tenho título. Procurei vencer minhas limitações para ajudar a cidade onde nasci, para ajudar o então Estado de Mato Grosso, e também o Estado de Mato Grosso do Sul, onde não existiam sequer o curso ginasial e o curso colegial, e onde aqueles que talvez fossem predestinados ou tivessem um pouco mais de sorte, auxiliados por seus pais, como fui, podiam concluir o então curso primário no interior, em sua cidade, e depois tinham que sair.

E, se falei em curso primário, hão de me permitir lembrar que todos nós tivemos nosso primeiro professor, nossa primeira professora. Em efeméride, comemoramos hoje o Dia dos Professores. Não posso, portanto, esquecer a figura de um baiano que chegou à minha cidade com sua esposa e criou ali uma escola primária, uma escola de ensino fundamental, para usar a linguagem de hoje, exemplo em Mato Grosso. Refiro-me, e tomara que meus conterrâneos estejam me ouvindo para também reverenciarem sua memória, de João Marciano Pinto, inesquecível mestre, cuja fama ganhou nome além das fronteiras de meu Estado.

Senhoras e Senhores, é preciso cuidar de nossas crianças! Este Manifesto, cujos idealizadores nesta Casa são os Senadores Aloizio Mercadante e José Jorge, não pode ficar na retórica. Há de se constituir seu balizamento para nossa atuação nesta Casa. Aliás, percebo que o Senado da República não mais procura apenas fiscalizar e fazer leis. Sr. Presidente Renan Calheiros, V. Exª, na Presidência desta Casa, tem reconhecido isso e nos conferido atribuições a fim de movimentar o País. E ninguém movimenta o País se não movimentarmos a educação, se não abandonarmos o discurso e partirmos para a prática.

Votamos nesta Casa o Fundep. Ao elaborar o Orçamento, devemos alocar recursos para que o Fundep se torne uma realidade concreta. Do contrário, permanecerá no papel, não seguirá em benefício de nossas crianças, pois os Municípios estão sem recursos. O Fundep exigirá, por parte dos Municípios, por exemplo, a construção de novas salas de aula, priorizando a educação. Portanto, é preciso destinar recursos, alocar recursos, para que leis tão bem elaboradas por esta Casa possam ser realmente aplicadas.

Digo isso diante de um Brasil que precisa fazer muito. A educação caminhou muito, é verdade. Se compararmos nosso País com outros mais desenvolvidos, Sr. Presidente, Srs. Professores, Senadores que me ouvem, verificaremos que o Brasil avançou menos que outros Países que disputam conosco o mercado emergente.

Formulo sinceros votos. Abraço as crianças do País. O PMDB as abraça. O PMDB tem em seu programa a vontade de trabalhar pela justiça social, como mencionou em seu discurso o Presidente Renan Calheiros. Trabalhar pela justiça social é trabalhar pela educação. E não existe educação - e agora eu me dirijo aos mestres - sem a valorização dos professores. Valorizar os professores, fazer com que os professores não sejam aqueles a que se referiu o Senador José Jorge na compreensão da realidade educacional do nosso País; que o magistério não seja um “bico”, mas um sacerdócio bem remunerado, de dedicação à causa educacional como instrumento no crescimento e na formação daquelas crianças que nós estamos cantando e que são depositárias da esperança de um Brasil melhor. É preciso reconhecer o trabalho dos professores pagando-lhes melhor.

E, por falar nisso, manifesto um temor. Há acontecimentos na sociedade brasileira que, parece, estão se tornando banais, como a greve de professores. Universidades, escolas, com mais de 60 dias sem aula, e nós, políticos, às vezes, demoramos a saber que isso está acontecendo. E pergunto: será a banalização? É muito ruim que isso esteja acontecendo, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores. Nós temos responsabilidade. O Senado está acordando. Nós precisamos acordar efetivamente para realizar o trabalho que todos esperam de nós: formar um Brasil cada vez melhor, partindo efetivamente da educação de nossas crianças.

São duas efemérides que se juntam, uma próxima da outra: 12 de outubro e 15 de outubro, como a marcar indelevelmente essa integração, a que chamo de amor, amor dos professores às nossas crianças, dos professores que são os verdadeiros pais das nossas crianças.

Vamos todos, unidos, lutar para que o Manifesto lançado pelo Senado da República se torne realidade e possamos nos orgulhar de ter uma Pátria cada vez melhor, mais forte e com mais justiça social.

Sr. Presidente, trouxe um discurso para ser lido, mas falei com o meu coração. Fui professor do 2º grau, fui professor também de faculdades, porque ajudei a criá-las no meu Estado, e até hoje não consigo me afastar. Cada convite que recebo, como o que recebi para falar recentemente aos universitários de Aquidauana e também, nesta sexta-feira última, aos alunos da Universidade de Araraquara, significa um grande alento para a minha vida pública e a convicção de que estamos avançando, mas precisamos avançar ainda mais. Não há outro caminho. Vou repetir aqui o que todos dizem: não há outro caminho a não ser o da educação.

Esse é o compromisso do PMDB, Sr. Presidente, e falo em nome da Liderança do meu Partido, com alegria e satisfação, não refletindo tudo, mas pelo menos manifestando aquilo que é obvio: vamos ajudar as crianças do nosso Brasil!

Muito obrigado. (Palmas.)


Este texto não substitui o publicado no DSF de 12/10/2005 - Página 34772