A SRª HELOÍSA HELENA (P-SOL - AL. Para uma comunicação inadiável. Sem revisão da oradora.) - Primeiramente, Sr. Presidente, desejo agradecer ao Senador Romeu Tuma por me ceder o tempo para que eu possa fazer uma comunicação que, de fato, é de interesse não apenas do P-SOL, mas também da Senadora Iris de Araújo, da Senadora Patrícia Saboya, da Senadora Lúcia Vânia, da Deputada Kátia Abreu, da Deputada Luiza Erundina, da Deputada Juíza Denise Frossard. Sei que a matéria é do interesse direto de todas as mulheres e dos homens de bem e de paz espalhados por este País que têm uma preocupação com o problema muito grave do câncer de mama.

Inclusive, nós três tivemos oportunidade, agora, de estar em uma atividade realizada na Câmara, coordenada pela Deputada Kátia Abreu, e com a participação de várias organizações de mulheres, com um caráter suprapartidário, tratando da necessidade de todos os Parlamentares de todos os Partidos disponibilizarem, em uma de suas emendas individuais, R$150 mil para que os municípios brasileiros possam adquirir um mamógrafo.

Sei que o Senador Tião Viana já falou sobre isso aqui, em relação ao Acre, assim como o Senador Geraldo Mesquita. Vários Parlamentares já o fizeram. Vários Parlamentares aqui são médicos, e na Mesa mesmo temos dois. Nós, mulheres, sabemos que há algo muito além do diagnóstico, do tratamento. Entendemos muito bem como isso mexe conosco, mutilando não apenas nosso corpo, mas também a nossa alma, o nosso coração, as nossas relações emocionais, familiares e sociais.

A mulher se defronta especialmente com o problema da ausência de condições objetivas no serviço público de saúde para garantir-lhe o direito do acesso a um exame de eficácia técnica de qualidade na precisão do diagnóstico e com a mais absoluta gratuidade.

Os organismos fazem questão de enfatizar a necessidade do auto-exame de mama, muito importante, mas quando a mulher detecta o nódulo, o tumor, isso significa que o problema já existe há mais de dez anos. Portanto, a chance de mutilação da mulher apenas no momento em que detecta o problema pelo auto-exame é muito maior. É por isso que, certamente, todas as Senadoras e Deputadas estaremos envidando esforços no sentido de alterar essa situação. É um trabalho que eu e as Senadoras Iris de Araújo e Patrícia Saboya Gomes faremos junto com cada um dos Senadores desta Casa a fim de que disponibilizem uma ou duas das suas emendas individuais para que, pelo menos, um Município dos seus respectivos Estados possa ter um mamógrafo.

Os mais importantes estudos da área de mastologia publicados mostram uma gravidade a mais no processo: tem uma predisposição genética muito maior de desenvolver a doença a mulher que tem caso de câncer de mama na família. Ela tem 80% a mais de predisposição do que outra mulher que não tenha caso de câncer de mama na família.

Então, é essencial que cada município brasileiro tenha um instrumental técnico de alta tecnologia para garantir eficácia no diagnóstico com a antecipação necessária para evitar tantas mulheres mutiladas no corpo, na alma e no coração, o que a mastectomia causa. Quanto mais cedo a detecção da tumoração, maior a possibilidade de que o tumor seja retirado sem que seja necessário fazer uma mastectomia total.

Estão de parabéns todos os Partidos que assinaram esta carta. Assinam o PFL, o PDT, o PMDB, o PPS, o PSDB, o PV, o PSB da Senadora Patrícia Saboya, o P-Sol, Tenho certeza de que esta é uma luta absolutamente suprapartidária.

A Senadora Iris e a Senadora Patrícia e todas as Senadoras e Deputadas sabem da importância do que estou dizendo. A Senadora Lúcia Vânia, que já falou sobre essa questão várias vezes, empenha-se na Comissão de Assuntos Sociais e sempre se empenhou no sentido de que nós possamos fazer isso. As quatro Senadoras que estão aqui já estão absolutamente comprometidas com a causa, assim como a Senadora Ideli, a Senadora Serys, a Senadora Ana Júlia, a Senadora Maria do Carmo. Todas as Senadoras já vão se empenhar para conseguirmos esse objetivo. O nosso empenho agora é garantir que todos os Senadores disponibilizem algumas das suas emendas individuais para que os municípios e os seus Estados possam ter um mamógrafo, oferecendo, portanto, tratamento e diagnóstico precoces, causando menos mutilação ao corpo, à alma e ao coração de milhões de mulheres espalhadas pelo Brasil. O Senador Romeu Tuma já disse que vai disponibilizar uma de suas emendas para a causa.

            Há as filhas da pobreza, mas há, também, como dizia a Senadora Iris, as filhas da ignorância, pois às vezes ficamos tão preocupadas com os nossos filhos, com os nossos trabalhos, com a nossa vida quotidiana...

(Interrupção do som.)

A SRª HELOÍSA HELENA (P-SOL - AL) - ... que é um ser humano comum, que às vezes adoece e, de repente, já se depara com a mutilação. Imaginem o que é o significado disso em milhões de mulheres brasileiras que não têm acesso às informações, que não têm acesso ao serviço de saúde e que, de repente, já se deparam com um problema gravíssimo como esse, que - volto a repetir - marca o corpo, a alma, o coração, as relações emocionais e a vida em sociedade de uma mulher que passa por esse problema tão sério. Algumas ainda têm sorte, porque outras têm de se submeter à quimioterapia ou à radioterapia, um problema gravíssimo, pois são circunstâncias absolutamente adversas na vida das mulheres brasileiras.

Portanto, aqui, em nome das quatro Senadoras e, tenho certeza, de todas as Senadoras da Casa, deixo nosso apelo para que todos os Senadores disponibilizem, no mínimo, R$150 mil, que, infelizmente, é o preço de um mamógrafo.

Claro que esperamos, todos nós, que o Governo execute, disponibilize os recursos depois que eles estiverem no Orçamento, porque sabemos que são duas lutas: para sensibilizar para que entrem no Orçamento e, depois, para sensibilizar a fim de que sejam liberados não apenas para os apaniguados da estrutura palaciana, mas que possam ser liberados conforme o diagnóstico de dor, de sofrimento e de mutilação de muitas mulheres brasileiras.

Era só, Sr. Presidente.