Discurso durante a 182ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Esclarecimentos sobre a decisão de candidatura própria para presidência da República pelo PMDB.

Autor
Pedro Simon (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/RS)
Nome completo: Pedro Jorge Simon
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA PARTIDARIA. ELEIÇÕES.:
  • Esclarecimentos sobre a decisão de candidatura própria para presidência da República pelo PMDB.
Aparteantes
Eduardo Suplicy, Ramez Tebet.
Publicação
Publicação no DSF de 19/10/2005 - Página 35372
Assunto
Outros > POLITICA PARTIDARIA. ELEIÇÕES.
Indexação
  • INFORMAÇÃO, REUNIÃO, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DO MOVIMENTO DEMOCRATICO BRASILEIRO (PMDB), DECISÃO, APRESENTAÇÃO, CANDIDATO, ELEIÇÃO, PRESIDENTE DA REPUBLICA, CRIAÇÃO, COMISSÃO, ESTUDO, DISTRIBUIÇÃO, DOCUMENTO, DEBATE, PROPOSTA, PROGRAMA DE GOVERNO, ELOGIO, PARTICIPAÇÃO, ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL (RS).
  • ANUNCIO, CANDIDATURA, PRESIDENCIA DA REPUBLICA, ANALISE PREVIA, ANTHONY GAROTINHO, GERMANO RIGOTTO, JARBAS VASCONCELOS, GOVERNADOR, ESTADO DO RIO DE JANEIRO (RJ), ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL (RS), ESTADO DE PERNAMBUCO (PE), POSSIBILIDADE, PARTICIPAÇÃO, ITAMAR FRANCO, EX PRESIDENTE DA REPUBLICA.
  • SAUDAÇÃO, REFORÇO, VALORIZAÇÃO, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DO MOVIMENTO DEMOCRATICO BRASILEIRO (PMDB), ANALISE, POLITICA PARTIDARIA, COLIGAÇÃO, POLITICA NACIONAL, TENTATIVA, APOIO, GOVERNO FEDERAL, MANUTENÇÃO, INDEPENDENCIA.
  • ANALISE, CRITICA, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT), NEGLIGENCIA, ETICA, ATUAÇÃO, FRUSTRAÇÃO, ELEITOR.

O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, em Porto Alegre, neste final de semana, ocorreu uma reunião muito importante do meu Partido. O Partido do Movimento Democrático Brasileiro houve por bem acatar uma decisão da sua Convenção no sentido de ter candidatura própria à Presidência da República. Esse candidato será escolhido por meio de uma votação prévia, a ser realizada em todo o Brasil, no dia 13 de março do próximo ano.

Para fazer um debate mais amplo e mais completo da matéria, designamos uma comissão do Partido para fazer um estudo, tendo à frente uma equipe do maior gabarito, estando o Professor Lessa em primeiro lugar, que elaborou um documento intitulado “Pré-Programa de Governo para Mudar o Brasil”. Esse documento, elaborado após longo estudo e debate, está sendo distribuído no Brasil inteiro. E todas as entidades partidárias - diretório nacional, estadual, municipal, Senadores, Deputados Federais, Deputados Estaduais, Governadores, Secretários de Estado - estão coordenando um debate para apresentação de propostas de emenda ao programa, que vão ser discutidas.

Em Porto Alegre, foi muito bonito. Primeiro, na Faculdade de Economia, durante um dia inteiro, reunimo-nos - estudantes, professores, intelectuais, lideranças partidárias -, apresentando uma série de propostas e de estudos, que será uma proposta do PMDB do Rio Grande do Sul para ser discutida junto com o documento do Professor Lessa. De noite foi uma reunião, um verdadeiro show com representantes: lá estava o Garotinho, lá estava o Governador do Paraná, o Governador de Santa Catarina; lá estava o Presidente Nacional do Partido; lá estava o nosso candidato e Governador Germano Rigotto.

Fizemos um profundo e imenso debate sobre esta matéria. Reuniões como essa o PMDB já realizou aqui em Brasília, já realizou no Paraná, onde o Governador Requião fez uma reunião espetacular com centenas de milhares de pessoas; realizou em Santa Catarina, onde o Governador Luiz Henrique também fez uma reunião extraordinária; realizou em São Paulo, onde o governador Quércia fez um seminário de grandes proporções, e será realizado até março do ano que vem em todas as capitais do nosso País.

Amanhã, às onze horas, o Governador Garotinho vai registrar a sua candidatura para a prévia. Será o primeiro candidato que oficializará a candidatura como candidato do PMDB à prévia do Governo do Estado. O Governador do Rio Grande do Sul, Germano Rigotto, já está em campanha, já determinou a oficialização da sua candidatura e será o segundo candidato certo nas eleições da prévia do PMDB. Está absolutamente garantido que o Governador Jarbas Vasconcelos é uma terceira figura a representar o Partido na prévia que teremos para a escolha do candidato do PMDB à Presidência da República.

É certa a participação do ex-Presidente Itamar Franco nas próximas eleições. Não se sabe se será à Presidência da República. Há um movimento muito grande no PMDB para que S. Exª volte e seja novamente nosso candidato à Presidência da República, ou ao Senado ou ao Governo de Minas Gerais. Acho isso um momento importante na vida do PMDB.

Eu, Sr. Presidente, tenho debatido intensamente, com muita mágoa e tristeza, os rumos que o meu Partido tomou nos últimos tempos. Um Partido com a nossa história, com a nossa biografia, um Partido dedicado, como foi, à construção da democracia neste País, um Partido com a história identificada com o nosso povo e com a nossa gente, com páginas memoráveis dedicadas à política brasileira, não podia viver momentos como viveu nos últimos tempos, praticamente relegado a um partido de segunda linha, um partido de linha auxiliar, sem a importância e o significado que merece. Foi assim nas eleições passadas.

Eu próprio tinha um movimento apoiando a minha candidatura à Presidência da República. Percorri o Brasil inteiro. O outro candidato era o Presidente Itamar Franco, também candidato a disputar a prévia no PMDB. Percorremos o Brasil inteiro. Na hora da convenção, o Partido já tinha feito um acordo fechando a Vice-Presidência, com a candidatura de José Serra à Presidência.

Na anterior eleição, nós concorremos praticamente sem candidato. Agora, houve um movimento crescente no PMDB, que defendeu a tese de que deveríamos dar força para o PT. Sempre defendemos a governabilidade. Sempre defendemos, no PMDB, que não deveríamos nos engrossar ao PFL, ao PSDB, ao PT, para fechar na Oposição, porque se isso acontecesse e o Governo do PT ficasse com minoria na Câmara e no Senado, seria muito difícil o Governo do Lula ir adiante.

Por isso, defendíamos dar apoio à governabilidade, mas não participar do Governo, fomos contrários a participar do Governo. Realizamos uma convenção e, por imensa maioria, decidiu-se não participar do Governo. Mesmo assim, o PMDB participa do Governo. Mas, a essa altura dos acontecimentos, a participação é mais uma participação pessoal. Digamos assim que o Presidente Lula convidou e as pessoas aceitaram e estão hoje no Ministério, honrando os cargos e merecendo respeito. Mas não houve convenção do PMDB indicando; não houve reunião da Executiva Nacional do PMDB, nem do Diretório Nacional, nem da Bancada do PMDB aqui, no Senado Federal, nem da Bancada do PMDB na Câmara dos Deputados. Mas chegamos a uma convivência pacífica. Lá estão Ministros que honram os quadros do PMDB e, embora não representando oficialmente o Partido, estão desempenhando o seu papel. Mesmo assim, fica claro e esclarecido que o PMDB tem um compromisso com a sua candidatura, com uma candidatura própria à Presidência da República no ano que vem.

Este trabalho que estamos fazendo já tem um programa definido. Nós nos reunimos todo final de semana, ao mesmo tempo, no “Fala PMDB”, em algum lugar do Brasil ou em vários lugares, em várias cidades de vários Estados do Brasil, Este trabalho tem exatamente por finalidade apresentarmos uma proposta que seja concreta e objetiva e que tenha o cheiro do povo brasileiro, no sentido de analisar e debater o que pretendemos para o nosso País.

Acho que é o melhor que poderíamos fazer, e não ficar nesta tese de “quanto pior, melhor”, ficar nesta briga entre PT, PSDB e PFL, com o PT querendo mostrar que tudo que possa ter acontecido de errado não é tão errado quanto o que aconteceu no Governo Fernando Henrique, e o PSDB querendo mostrar os erros e os equívocos cometidos no Governo do PT. Acho que, em parte, isso faz parte da nossa obrigação de criticar. Mas não podemos ficar apenas nisso. Temos obrigação de apresentar alguma proposta, alguma idéia do que queremos, do que pretendemos.

Eu não nego que a melancolia que acolheu o povo brasileiro com o Governo do PT foi muito grande. Eu não nego que a expectativa foi tão intensa que o tamanho da diferença entre o que se esperava e o que aconteceu serviu para aumentar a tristeza e a mágoa profunda que a sociedade brasileira tem hoje com a representação do PT.

Acho que coisas boas o Presidente Lula poderá fazer até o final do seu governo. Acho que alterações poderão ser efetuadas. Acho difícil, hoje, que o Governo do PT, do Presidente Lula, consiga corresponder à expectativa que o povo tinha dele.

Ainda quando estourou a crise, quando a crise veio à tona, achávamos que o Presidente Lula e que o próprio Presidente do Partido, Tarso Genro, poderiam tomar providências enérgicas, duras e radicais no sentido de refazer o Governo - como dizia o Sr. Ministro Tarso Genro, refundar o PT - e que algo concreto e objetivo fosse feito para que o próprio PT eliminasse o que de errado tivesse no seu Governo e que fatos novos viessem a acontecer.

O fato novo, na minha opinião, foi a eleição do novo Presidente da Câmara dos Deputados. A eleição do novo Presidente da Câmara dos Deputados foi feita ao estilo em que o PT vem governando. Lá estiveram um milhão de emendas liberadas para a votação. Convidado pelo Presidente Lula, lá esteve com ele o candidato do PTB a Presidente no primeiro turno, para apoiá-lo no segundo. Lá esteve com ele o Presidente do PP, com a garantia de um novo Ministério. Lá esteve com ele a representação do PL, com garantia de apoio no segundo turno. Foi o que aconteceu, exatamente o que aconteceu. O PT, na votação do segundo turno, na vitória do Presidente da Câmara dos Deputados, foi o mesmo PT da eleição do ex-Presidente da Câmara dos Deputados, que renunciou, e o mesmo PT do mensalão a que estamos assistindo.

Por isso, acho que o PMDB, desligando-se apenas da crítica pela crítica e tentando apresentar uma proposta que seja concreta e objetiva, está fazendo um grande papel e está buscando ocupar um espaço, que é esse espaço vazio da angústia da sociedade brasileira, principalmente da mocidade. A mocidade votou - mas votou tranqüila - no PT, com uma expectativa imensa na candidatura Lula, mas hoje se queda, viúva, inerte, perguntando o que fazer e para onde caminhar. Pois eu acho que é exatamente olhar para frente, discutir propostas novas, discutir saída para a crise.

E a campanha do ano que vem não pode ter dois pólos: o PSDB e o PFL mostrando erros, os crimes, os fatos graves, os fracassos, as irresponsabilidades, as promessas não cumpridas do PT, o que é verdade, absoluta verdade; e o PT, na sua campanha, trazendo à tona os oito anos de governo do Sr. Fernando Henrique, revendo o que foram as privatizações, o escândalo da privatização da Vale do Rio Doce por US$3 bilhões; o que foi a votação da emenda da reeleição e a que preço ela foi votada na Câmara dos Deputados, falando das privatizações e dos bilhões recebidos das privatizações e perguntando onde foi parar aquele dinheiro. E tudo é verdade.

Não será nessa discussão de quem é o pior, de quem começou primeiro, que nós vamos encontrar uma proposta para o Brasil.

O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - V. Exª me permite, Senador Pedro Simon?

O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - Com o maior prazer, concederei.

Por isso eu acho, Sr. Presidente, que no momento em que o PMDB se propõe a reunir todos os seus quadros, que se propõe a fazer palestras e seminários em todas as universidades - eu mesmo tenho sido convidado e tenho procurado aceitá-las - com propostas para o nosso País, eu acho que é por aí que devemos caminhar.

Concedo um aparte a V. Exª, com o maior prazer, Senador Eduardo Suplicy.

O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - Senador Pedro Simon, V. Exª fala da trajetória de seu Partido, que, muitas vezes, se irmanou com o Partido dos Trabalhadores. São muitos aqueles do PMDB que, no Ministério do Presidente Lula, estão colaborando e dando o melhor de seus esforços. E V. Exª faz uma análise dos grandes valores de seu Partido que cogitam serem candidatos à Presidência da República. E fala como começa o seu Partido e as lideranças, como V. Exª, a percorrerem o País e a colocarem em debate quais seriam as principais proposições que devem ser levadas adiante. Quero cumprimentar o seu Partido por essa iniciativa que considero importante. É possível que venha o PMDB, novamente, a definir uma aliança com o Presidente Lula, senão no primeiro, mas no segundo turno, dependendo de como vai evoluir. Mas há uma coisa que considero importante e que gostaria de aqui registrar: salvo engano meu, foi o PMDB, no Rio Grande do Sul, quem, pela primeira vez, na história brasileira, definiu o seu candidato a governador, por meio de prévia, com a participação de todos os filiados. E, para a escolha do candidato à Presidência da República, foi o Partido dos Trabalhadores o primeiro que realizou uma prévia com essa finalidade. Em 17 de março de 2002, dois candidatos se apresentaram, o Presidente Luiz Inácio Lula da Silva e eu próprio. Cerca de 172 mil filiados no Brasil inteiro compareceram, e o Presidente Lula teve uma definição fortíssima, com 84,4% dos votos, enquanto eu tive 15,6% dos votos. Mas tenho certeza de que essa prévia contribuiu, e muito, para que se fortalecesse a legitimidade da então candidatura do Presidente Lula. Caso o PMDB venha realizar essa prática em âmbito nacional, quero registrar que considero muito saudável, considero inclusive que V. Exª, ao lado dos nomes que citou como possíveis pré-candidatos, também seria obviamente um dos que mais respeito granjeia em toda a opinião pública brasileira, entre o povo brasileiro e entre seus colegas aqui. Mas eu gostaria de lhe perguntar, Senador Pedro Simon: caso se realize a prévia pelo PMDB, será por todos os filiados do PMDB nacionalmente? E quantos são hoje os filiados do PMDB? Agradeço se V. Exª puder me dar essas duas informações.

O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - Essa é uma discussão que, ao que sei, não está definitiva. O certo, Presidente Renan Calheiros, é que participarão da prévia do diretório municipal de vereadores para cima. Não sei se a decisão será no sentido de que votarão todos os filiados. Esta decisão, pelo que sei, não foi tomada ainda. A decisão é de que membros do diretório municipal para cima participarão da escolha. Se participarão ou não os filiados do PMDB, todos, até olho com simpatia, embora não considere isso da maior importância no momento em que todos os partidos terão um percentual igual, que é a sua participação política, os seus vereadores, os seus membros do diretório municipal, membros do diretório estadual, delegados municipais, delegados estaduais. Mas a decisão de que serão todos os filiados do Partido, honestamente até agora, não.

Agradeço a V. Exª. Realmente foi bonito o seu gesto. Embora com a antipatia do comando partidário, embora sabendo que não ganharia, porque havia uma candidatura natural que, durante três pleitos, havia se preparado, V. Exª achou, e na minha opinião acertadamente, que a sua candidatura na prévia daria uma sustentação democrática, um sentido participativo de conjunto. E foi o que aconteceu. V. Exª valorizou a prévia, valorizou o pleito e a candidatura Lula.

Penso que estamos neste caminho, um caminho que me parece realmente importante e correto. A essa altura, há uma unanimidade no Partido no sentido de que vamos ter prévia, independentemente dos pensamentos de A, B ou C, de gostar ou não do Presidente do Partido, independentemente dos que preferem o Garotinho ou o Rigotto, o Itamar ou o Jarbas Vasconcelos, dos que preferem o Senador Renan Calheiros.

Os números variam muito, mas o que é muito bacana e bonito é que, ainda ontem, na sexta-feira, no Rio Grande do Sul, o Garotinho fez questão de dizer que era candidato, mas, se ganhasse o Germano Rigotto, ele faria questão de votar nele. Outro dia, no Paraná, o Governador Requião dizia absolutamente a mesma coisa. Há um sentido de entendimento de se selecionar um nome, mas o nome terá o apoio total.

O PMDB está caminhando, sem dissidência, sem rompimento. Não estamos querendo romper com ninguém. O Senador Renan Calheiros explica muito bem que estaremos dando, até o final, a governabilidade ao Governo do Presidente Lula. O MDB não faltará com essa governabilidade. Tudo aquilo que for bom para ser votado nesta Casa terá o nosso voto, o nosso apoio, mas isso não impede que tenhamos o nosso candidato na hora oportuna.

Concedo o aparte ao Senador Ramez Tebet.

O Sr. Ramez Tebet (PMDB - MS) - Senador Pedro Simon, V. Exª parece ser o primeiro Senador do nosso Partido a falar das prévias decididas pela Comissão Executiva Nacional em duas reuniões, por unanimidade. Eu tive a felicidade de participar das duas. Mas eu quero ressaltar o que V. Exª acabou de falar: essa harmonia, esse espírito democrático que está reinando no PMDB no sentido da aceitação das candidaturas. Isso vai oxigenar o Partido. V. Exª faz bem em ocupar a tribuna. Na sua biografia, que é tão grande, só está faltando que V. Exª se inscreva nas prévias, porque vai valorizá-las. V. Exª é fortíssimo candidato.

O Sr. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - Retribuo a V. Exª, que, mais do que eu, fortaleceria essas prévias. E V. Exª tem prioridade e teria o nosso apoio com muito carinho e muito respeito.

            Mas eu fico feliz em ver o Presidente Renan na Presidência, agora. Digo, na presença de V. Exª, Presidente Renan, que o Partido vive um momento importante. Eu sou uma pessoa com absoluta independência e, na minha longa vida política, acho que tenho o direito de ter uma posição própria. Mas ressalto que V. Exª, na condução dessa questão, tem o meu respeito. Eu acho que V. Exª, o Presidente Sarney, o nosso ilustre Presidente Nacional do Partido, o Senador Suassuna, nós estamos em um momento - diz muito bem V. Exª, querido Tebet - muito feliz. Repare V. Exª em que posição interessante e importante está o MDB nesta Casa.

(Interrupção do som.)

O Sr. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - Somos o maior Partido. Somos o maior Partido da Câmara, somos o maior Partido em número de governadores, em número de prefeitos, em número de deputados federais, estaduais e de vereadores. Somos o Partido que tem mais história e mais biografia. Temos mais compromissos com a história brasileira. Vivemos um momento de ostracismo de que não é digno o MDB. Vivemos uma fase em que não trilhamos o caminho que deveríamos.

Hoje, olho o plenário da Câmara e do Senado. As CPIs estão funcionando por causa do PSDB, do PFL. Mas, basicamente, porque o MDB concordou. Se o MDB tivesse ficado em uma posição de, juntamente com a maioria, com o PT, não concordar, não havia CPI. Viveríamos, nessa hora em que estamos vivendo, com esses fatos gravíssimos, sem a CPI. Lá na CPI temos um Relator brilhante, que é o bravo companheiro Garibaldi Alves Filho, temos um Presidente brilhante, que é o Presidente da Comissão do Mensalão, temos relatores, presidentes, membros. Nossa atitude tem sido de independência. O PT tem que ser ouvido? Vamos ouvi-lo. Envolve o Governo antigo do PSDB, que tem que ser ouvido? Vamos ouvi-lo. Não somos contra o PT, nem contra o PSDB; nem a favor do PT, nem a favor do PSDB. Somos a favor da busca da verdade.

O Governo do PT, no que tange ao MDB, não se pode queixar jamais de que lhe tenha faltado sinceridade, simpatia e apoio. Lamentavelmente, não o apoio para os equívocos que têm acontecido. E se preparando para o futuro, para a eleição do ano que vem. Não estamos nos preparando para ver o que tem de errado no PT, ou o que teve de errado no PSDB. Estamos nos preparando para apresentar nossa proposta e ver no meio desse contexto geral, desde o Governo Sarney, passando pelo Itamar, pelos oitos anos do Fernando Henrique e pelo próprio Presidente Lula, o nosso meio-campo. Por isso começamos o nosso programa com humildade, apresentando uma proposta de um governo voltado para a sociedade brasileira.

Acho que temos condições, Sr. Presidente. Se o MDB, como o maior Partido, traçar a linha, temos condições de fazer com que a eleição do ano que vem não seja uma guerra entre PT e PSDB, para cada um dizer do outro o que fez de pior: não, eu fiz isso, mas você fez aquilo.

Tivemos um exemplo disso na eleição passada, no Rio Grande do Sul, em que dois candidatos - um estava com 43% e o outro estava com 38% - passaram o tempo todo se digladiando, e o nosso Rigotto, que começou com 1,5%, terminou se elegendo governador com uma plataforma, com uma bandeira de dignidade, de seriedade e de respeitabilidade.

            Acho que o MDB, no momento em que apresentar uma candidatura nesse sentido, pensando no Brasil, poderá inclusive dar a linha do discurso da campanha, a linha da trajetória da campanha, e sem querer poderá influenciar no PT, no PSDB, no PFL, para que as tristezas, as mágoas, os ressentimentos, as coisas ruins sejam analisadas, mas que elas não sejam o topo da nossa campanha do ano que vem, mas, pelo contrário, apesar das mágoas, tristezas, desgostos, que tenhamos coragem e dignidade de tocar adiante como o nosso Partido está fazendo.

            Felicito V. Exª, o Presidente do meu Partido, o Líder Ney Suassuna, o Senador José Sarney, os candidatos Garotinho, Rigotto, Jarbas Vasconcelos, o Presidente Itamar, os homens que estão se colocando à disposição para essa grande caminhada que teremos pela frente.

            Muito obrigado, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 19/10/2005 - Página 35372