O SR. DEMÓSTENES TORRES (PFL - GO. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, primeiramente agradeço ao nosso querido Senador Ney Suassuna pela gentileza de ter feito essa permuta comigo.

Em segundo lugar, não quis apartear o Senador Arthur Virgílio Neto, porque S. Exª fazia e fez um discurso muito bonito. Mas é evidente que o Presidente Lula está sofrendo do mal de Alzheimer: perda de memória recente. Ele só se lembra dos fatos antigos, ele só tem memória antiga, da época da metalurgia, da época em que ele era líder sindical. Então, na visão do Presidente - e eu já estou quase concordando - o Brasil não está precisando de uma CPI, e sim de um geriatra. Quem sabe ele não se consegue lembrar desses fatos recentes e dos amigos Delúbio, Silvinho e Marcos Valério?

Sr. Presidente, o Governo do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez uma grande obra em Brasília, um galinheiro no quintal do Palácio da Alvorada. Mas, se depender da eficiência de sua equipe, o mandatário vai ter problemas em casa, porque, depois de cortar as verbas da Secretaria de Defesa Agropecuária, seu aviário pode ser contaminado pela doença do frango, que já está assombrando a Europa. O que assusta no Brasil, além dos cadáveres mantidos nos armários de Santo André, é a febre aftosa. Como bem analisou o empresário Antônio Ermírio de Moraes em sua coluna do último domingo na Folha de S.Paulo, “o caso da febre aftosa encontrada em Mato Grosso do Sul teve um efeito devastador na imagem do Brasil”. Antônio Ermírio cita o presidente da Sociedade Rural Brasileira, João Sampaio Filho, que “protestou ao ver que, em 2005, o Ministério da Agricultura foi obrigado a reduzir de R$135 milhões para R$37 milhões os recursos para defesa sanitária”. Antônio Ermírio avalia o corte como “gravíssimo, pois, já em 2004, o Ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, havia eleito para 2005 a erradicação da febre aftosa como prioridade número um da sua pasta, o que dependeria de recursos e da realização de concurso para técnicos em inspeção sanitária, o que não aconteceu”.

Aliás, quero dizer o seguinte: não entendo por que o Ministro Roberto Rodrigues permanece no cargo! Homem honrado, homem decente, faz as críticas que têm de fazer, mas se apegou ao cargo, porque está sendo humilhado pelo Presidente da República! É líder, sim, da classe ruralista, tem a confiança da classe ruralista, mas não tem dinheiro sequer para impedir que a febre aftosa tome conta do Brasil.

Para passar por esse vexame, Sr. Ministro Roberto Rodrigues, renuncie, peça demissão! O senhor não é obrigado a tolerar o que está acontecendo, a passar pela história como o homem que deu prejuízo à classe que o senhor defende. Que apego ao cargo é esse, Sr. Ministro Roberto Rodrigues? Por que o senhor fica sentado aí?

O homem tem que perder o apego ao cargo, não tem que ficar onde se encontra, para ser apenas Ministro. Mais competente que o senhor, o Presidente da República não vai encontrar. Mas ele o humilhou, desmoralizou-o.

Já cansamos de fazer dezenas de reuniões no Brasil afora. No meu Estado, foram várias vezes. Estive lá para prestigiar V. Exª, para dizer que ia cobrar recursos. E o que isso adiantou? Sensibilizou o Ministro Palocci? O Presidente, por acaso, se sentiu confortável em lhe repassar mais alguns trocados? E está aí. Quantos bilhões o Brasil pagou no ano passado de juros? E tinha que pagar, porque a política econômica era essa.

Mas será possível que não tínhamos R$137 milhões para impedir que a febre aftosa tomasse conta do País, de uma parte do rebanho do País e levasse à cessação da importação de carne por países outros?

É um vexame, Senador Ney Suassuna. Desculpe-me, sei que V. Exª é um homem de Governo, mas está indignado com essa situação.

Brilhante, como de praxe, Antônio Ermírio concluiu na Folha de S.Paulo qual a conseqüência de mais esse erro do Governo: “Derrubamos a imagem do Brasil no mercado internacional. As importações foram suspensas. Mais de 3 bilhões de dólares serão perdidos e milhares de empregos vão ser destruídos.

Essa é a conseqüência de uma irresponsabilidade. Serão vários anos para reconquistar essa confiança.

Pergunto às senhoras e aos senhores: o que temos de fazer?

Concedo a palavra à Senadora Lúcia Vânia.

A Srª Lúcia Vânia (PSDB - GO) - Senador Demóstenes Torres, quero parabenizá-lo pelo pronunciamento. A indignação de V. Exª é a indignação do povo goiano. Tenho certeza de que os produtores que o ouvem neste momento estão reafirmando suas palavras. Existe realmente no Estado de Goiás uma preocupação enorme em relação à aftosa, e não é só uma preocupação do nosso Estado, mas, hoje, de todo o Brasil. Na condição de membro da Comissão de Agricultura e Reforma Agrária assisti, várias vezes, à indignação do Senador Sérgio Guerra, cobrando o não-contingenciamento do Orçamento na área de defesa animal e vegetal. No entanto, todo o nosso barulho, todo o nosso movimento não foi ouvido. Já está quase que provado que a incidência da aftosa no Mato Grosso do Sul não se deve apenas à vacina, mas também à fiscalização. É uma fronteira extremamente grande. Naturalmente não tendo dinheiro, não tendo os aparatos necessários, inclusive pagamento de pessoal, é impossível se fazer uma fiscalização efetiva e eficiente naquela região. Portanto, parabenizo V. Exª. Quero apenas abrir parêntese para dizer que, como V. Exª, eu reconheço no Ministro Roberto Rodrigues o representante, um dos melhores que nós já tivemos no Ministério da Agricultura. Mas a situação hoje é realmente muito grave. E acredito que ele esteja profundamente desconfortável no cargo que hoje ocupa.

O SR. DEMÓSTENES TORRES (PFL - GO) - Agradeço a V. Exª, Senadora Lúcia Vânia, por esse brilhante aparte.

E quero dizer o seguinte: o que ainda me causou mais indignação foi o Presidente da República fazer piada com isso. Perguntado sobre o que ele estava achando, ele disse que estava preocupado com a gripe do frango na Europa. Ora, o Presidente da República que vá fazer pilhéria com quem bem entender, mas não com o povo brasileiro, não com quem mora aqui... Não com a classe produtora brasileira! Será possível, Senador Antonio Carlos, que o Presidente da República realmente esteja preocupado com a gripe do frango? Só se aconteceu alguma coisa a mais naquele aerolula - mais que as folganças tradicionais -, para o Presidente descer, completamente embriagado pelos ares do aerolula e fazer um discurso dessa monta.

Ouço V. Exª, Senador Antonio Carlos Magalhães.

O Sr. Antonio Carlos Magalhães (PFL - BA) - V. Exª faz um brilhante discurso, que merece nosso aplauso. Mas quando ele se preocupa com a gripe, não é a do frango nem a febre aftosa. Ele só se preocupa com a gripe de Delúbio, porque essa dói mais nele.

O SR. DEMÓSTENES TORRES (PFL - GO) - Com certeza. V. Exª tem razão. Nesse caso, inclusive, quando o Delúbio espirra o nosso Presidente fica doente. Por isso, o Delúbio tem de ficar absolutamente quieto, tranqüilo, são e, se possível, não deve ser nem internado, deve ficar na sua fazenda, lamentavelmente, no nosso Estado de Goiás.

Então, imagino que os nossos produtores rurais estejam vivendo - aliás, tenho certeza, por estar convivendo com todos - um verdadeiro inferno astral. Por exemplo, a Federação de Agricultura do Estado de Goiás, que congrega 1.860 associações de produtores rurais, representando 236 mil integrantes, dentro de módulos rurais distintos, de pequena ou grande monta, estão todos absolutamente desesperados.

(Interrupção do som.)

O SR. DEMÓSTENES TORRES (PFL - GO) - Sei que meu tempo já se encerrou, Sr. Presidente. Mas gostaria de convidar o Presidente da República para fazer um passeio pelas rodovias do Estado de Goiás, para ver os buracos que há. Ontem, estive em uma cidade chamada Hidrolândia. Um advogado chamado Jurandir Pereira, Secretário de Administração da cidade, dizia que várias crianças são vítimas porque não há duplicação da BR-153. Uma delas foi um menino de cinco anos de idade chamado Lucas, que teria sido atropelado naquele dia e que teria sofrido traumatismo craniano. V. Exª imagine que, enquanto não há urgência por parte do Governo de concluir a obra, os filhos de algumas famílias sofrem traumatismo craniano. Enquanto isso, o filho do Presidente ganha, de uma tele, R$ 5 milhões de presente. É algo extraordinário!

O Brasil está verdadeiramente internado em uma UTI. E nós só poderemos sair dessa situação com a destituição do Presidente da República, a qual dar-se-á não por golpe, mas pelo voto popular. Está provado, o Presidente da República é absolutamente incompetente e precisamos ter uma vacina, sim, no Brasil, mas uma vacina anti-Lula. Precisamos ficar livres de Sua Excelência e do seu Governo.

Muito obrigado.

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DOCUMENTO A QUE SE REFERE O SR. SENADOR DEMÓSTENES TORRES EM SEU PRONUNCIAMENTO.

(Inserido nos termos do art. 210, inciso I e § 2º, do Regimento Interno.)

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Matéria referida:

“Irresponsabilidade: o drama da febre aftosa”.