Discurso durante a 184ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Comemoração do Dia do Aviador e do Dia da Força Aérea Brasileira.

Autor
Aelton Freitas (PL - Partido Liberal/MG)
Nome completo: Aelton José de Freitas
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM. FORÇAS ARMADAS.:
  • Comemoração do Dia do Aviador e do Dia da Força Aérea Brasileira.
Publicação
Publicação no DSF de 21/10/2005 - Página 35656
Assunto
Outros > HOMENAGEM. FORÇAS ARMADAS.
Indexação
  • COMEMORAÇÃO, DIA NACIONAL, AVIADOR, FORÇA AEREA BRASILEIRA (FAB), COMENTARIO, ORIGEM, ESCOLHA, DATA, HOMENAGEM, SANTOS DUMONT (MG), CRIADOR, AERONAVE, PIONEIRO, VOO, PAIS ESTRANGEIRO, FRANÇA.
  • HISTORIA, VIDA PUBLICA, PERSONAGEM ILUSTRE, IMPORTANCIA, EMPENHO, FORÇAS ARMADAS, AERONAUTICA, DESENVOLVIMENTO, EVOLUÇÃO, AVIAÇÃO, BRASIL.

O SR. AELTON FREITAS (Bloco/PL - MG. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Senador Renan Calheiros; Srªs e Srs. Senadores; Sr. Tenente Brigadeiro Luiz Carlos da Silva Bueno, Comandante da Aeronáutica; Exmo. Sr. Tenente-Brigadeiro Sérgio Pedro Bambini, Chefe do Estado-Maior da Aeronáutica; Sr. Tenente-Brigadeiro Juniti Saito, Chefe do Estado-Maior do Exército; Sr. Vice-Almirante Newton Cardoso, representante do Comandante da Marinha; senhores das Forças Armadas; população brasileira que nos acompanha pela TV Senado e pela Rádio Senado; senhoras e senhores, requeri que a sessão ordinária deste dia 20 de outubro fosse dedicada à celebração do Dia do Aviador e do Dia da Força Aérea Brasileira, que ocorre em 23 de outubro.

            Essa data foi escolhida porque, há 99 anos, em 1906, o inventor mineiro Alberto Santos Dumont, às 16 horas e 45 minutos, registrou um dos mais brilhantes feitos da história da humanidade. Perante uma audiência de centenas de pessoas e de juízes da comissão do Aeroclube de Paris, com o aeroplano 14 Bis, realizou o primeiro vôo registrado de um aparelho mais pesado do que o ar.

Santos Dumont lutou com as maiores dificuldades para conseguir a completa obediência do aeroplano. Como ele mesmo descreveu: “Era o mesmo que tentar arremessar uma flecha com a cauda para frente”. Em seu primeiro vôo, após sessenta metros, perdeu a direção e caiu.

Em 12 de novembro seguinte, Santos Dumont conseguiu ainda mais. Primeiro um vôo de 82 metros e depois outro, de 220 metros. Definitivamente, o homem havia ganhado o domínio do ar.

A aventura de Santos Dumont não começara ali. Teve início muito tempo antes, quando Alberto, filho do engenheiro Henrique Dumont e de dona Francisca, observava os feitos do pai engenheiro, ou quando, aos doze anos, guiava locomotivas e se divertia com as máquinas de beneficiamento de café da fazenda da família.

Aos quinze anos de idade foi definitivamente arrebatado pelo fascínio dos céus quando presenciou, na cidade de São Paulo, pela primeira vez, um balão esférico. Dois anos depois, um acidente deixou Henrique Dumont paraplégico. O chefe dos Dumont vendeu suas fazendas e posses e rumou com a família para a França.

Alberto encontrou em Paris o que havia de mais moderno em termos científicos. O pai sabia que o destino do filho estava ali. Ademais, Henrique sabia que o seu estado era grave e que os recursos médicos da época eram insuficientes. Dividiu as suas posses entre os sete filhos e emancipou Alberto, o caçula.

Além disso, aconselhou o filho a estudar as matérias técnicas que lhe permitissem uma formação na mecânica e na engenharia. Depois de um longo período de aprendizagem, Alberto Santos Dumont realizou, em 1898, o primeiro de seus muitos feitos: construiu o menor balão esférico até então. Batizou-o, em homenagem a sua terra natal, de “Brasil”.

Santos Dumont partiu, então, para uma iniciativa muito mais ousada: ser capaz de conduzir o rumo de um balão, ao contrário do que ocorria até então. Revolucionou, novamente, o mundo da aeronáutica. Construiu um balão em formato cilíndrico, com a ponta afinada, e o equipou com um motor movido a combustão interna. Para evitar riscos de incêndio, dirigiu para baixo o escapamento do motor.

O “Número 1”, como ficou conhecido o balão, foi um sucesso. Depois, Santos Dumont construiu uma incrível série de outros balões que também fizeram história e ganharam prêmios, bateram recordes e inovaram a indústria aeronáutica.

Apesar disso, o balonismo, por mais aperfeiçoado que fosse, tinha limites claros. Isso era do conhecimento não apenas de Santos Dumont, mas de dezenas de inventores e cientistas do início do século XX. O grande sonho era construir um equipamento voador mais pesado do que o ar.

Muitos tentaram. Era o grande desejo daquele tempo. Inclusive dos famosos irmãos Wright, que alegavam ter feito vôos, mas não apresentaram provas de seus feitos até 1908, bem depois de Santos Dumont tê-lo feito.

Santos Dumont estava realmente preocupado com o conhecimento científico. Seguiu as regras propostas por inúmeros concursos aeronáuticos e, naquela tarde de outono francês de 1906, conseguiu, finalmente, realizar o sonho do homem de conquistar os céus.

Três anos depois, em 1909, Santos Dumont apresentou sua nova criação aeronáutica, o Demoiselle, um aparelho delicado e de fácil pilotagem.

Apesar de se mostrar um imenso sucesso, o Demoiselle nunca rendeu lucros para seu inventor. Santos Dumont, ao contrário dos outros, não requereu patentes de seus inventos e deixou que fossem copiados e utilizados por quem desejasse realizar o sonho de voar.

O avião, criado com o objetivo de ser a realização de um sonho, apesar das grandes facilidades que nos trouxe, acabou sendo, e ainda é, também um instrumento de morte e destruição.

Por outro lado, felizmente, muitos dos anseios de Santos Dumont acabaram por se transformar em realidade. Podemos verdadeiramente dizer que o seu legado transformou, para o bem, a face do mundo. Muito desse lado positivo deveu-se à ação de brasileiros.

Já em 1914, produzia-se o primeiro avião brasileiro. Era o primórdio de uma indústria que evoluiria muito nos anos seguintes. Nesse mesmo ano, em que estourou a Primeira Guerra Mundial, o Exército e a Marinha criaram as suas Escolas de Aviação.

Apesar dos males da guerra, o conflito de 1914 trouxe avanços para a indústria aeronáutica. Além disso, deixou, como legado positivo, milhares de pilotos habilitados. Tanto no resto do mundo quanto no Brasil, isso se refletiu, a partir da década de 1920, no início da aviação comercial, com o transporte de carga e de passageiros.

Em 1927, por exemplo, nascia a S.A. Empresa de Viação Aérea Rio-Grandense, mais conhecida como Varig.

No Brasil, a década se mostrava promissora. Inúmeras iniciativas industriais visavam a desenvolver e construir aviões legitimamente nacionais. Era uma época de ousados pioneiros, como o carioca Henrique Lage, que criou a Fábrica Brasileira de Aviões. Em São Paulo, a Companhia Aeronáutica Paulista, a CAP, iniciou, em 1942, a construção do famoso CAP-4, mais conhecido como Paulistinha - até a partida era na hélice! -, cujos exemplares ainda hoje voam pelos céus brasileiros.

No ano anterior, 1941, a guerra na Europa, na qual o Brasil acabou por se ver envolvido, levou à criação da FAB - Força Aérea Brasileira, cujos primeiros combates se deram nos céus italianos, em 1944. Naquele cenário de batalha, os pilotos brasileiros demonstraram bravura e habilidade notáveis. Inúmeros alvos importantes foram destruídos e muitas foram as baixas sofridas pelo Eixo.

Em 1945, o Governo Federal criou o Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA) e o Centro Técnico de Aeronáutica (CTA), ambos em São José dos Campos, interior de São Paulo.

Os técnicos formados nessas instituições foram a base para a indústria aeronáutica que o País veria nascer nas décadas seguintes. Foram desenvolvidos desde aviões de treinamento, como os fabricados pela Neiva, do interior paulista, mais precisamente em Botucatu, até avançados equipamentos produzidos a partir de 1969, pela Embraer. Inicialmente uma indústria estatal, foi a ponta de lança da moderna indústria aeronáutica brasileira, tendo exportado, até hoje, aproximadamente quinze bilhões de reais em aviões.

Privatizada em 1994, conseguiu se manter na liderança no seu segmento de aviões regionais e tem se mostrado como uma das líderes mundiais do setor.

Boa parte desse desenvolvimento foi devido à ação da Força Aérea Brasileira, que, em fins dos anos sessenta, percebeu a importância de o País ter uma indústria competitiva na área.

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, senhores representantes das Forças Armadas do País, em especial da Aeronáutica, rendo neste momento as minhas homenagens aos milhares de brasileiros que há quase um século têm honrado o Brasil com seus feitos. Se no início tivemos as ações quase solitárias de Santos Dumont, hoje há milhares de brasileiros envolvidos na atividade aeronáutica, seja na construção ou manutenção, seja na aviação comercial, seja na aviação militar. Todos eles, de uma forma ou de outra, são motivo de orgulho para o nosso País pela disposição, vontade e determinação que têm dedicado ao engrandecimento do Brasil e merecem, e muito, esta singela homenagem do Senado Federal!

Quero, em tempo, Sr. Presidente e senhores representantes das Forças Armas, pedir um minuto para cumprimentar os líderes da minha região, o Triângulo Mineiro, que se encontram presentes, em especial um militar, o Vereador Tenente Lúcio, Presidente da Câmara Municipal de Uberlândia, bem como os Vereadores da maravilhosa cidade de Conquista, nas pessoas do Presidente da Câmara, Sílvio Canassa, e de seu Vice-Presidente, o Vereador Mauro Donizeti - Conquista é uma cidade muito progressista do Triângulo Mineiro -, que são defensores legítimos e fãs das Forças Armadas, em especial da Aeronáutica.

Agradeço às Forças Armadas, que já nos renderam todo tipo de homenagem que um político pode ambicionar. Tenho sido companheiro - e serei sempre - das Forças Armadas aqui no Senado e quero - tenho certeza de que falo em nome da Casa - colocar-me à disposição dos senhores e das senhoras para sempre defender os interesses das Forças Armadas do Brasil.

Muito obrigado, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 21/10/2005 - Página 35656