Discurso durante a 185ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Considerações a respeito do estudo "BRASIL - o estado de uma nação: uma análise ampla e objetiva dos principais problemas e desafios do País", publicado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA).

Autor
Romero Jucá (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/RR)
Nome completo: Romero Jucá Filho
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA SOCIO ECONOMICA.:
  • Considerações a respeito do estudo "BRASIL - o estado de uma nação: uma análise ampla e objetiva dos principais problemas e desafios do País", publicado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA).
Publicação
Publicação no DSF de 22/10/2005 - Página 35905
Assunto
Outros > POLITICA SOCIO ECONOMICA.
Indexação
  • COMENTARIO, PUBLICAÇÃO, INSTITUTO DE PESQUISA ECONOMICA APLICADA (IPEA), ESTUDO, PROBLEMAS BRASILEIROS, CRITICA, ANALISE, ALTERNATIVA, POLITICA SOCIO ECONOMICA, PRIORIDADE, DEBATE, INCLUSÃO, DESENVOLVIMENTO SOCIAL, SAUDAÇÃO, QUALIDADE, TRABALHO.
  • ELOGIO, ESTUDO, JUVENTUDE, BRASIL.

 

O SR. ROMERO JUCÁ (PMDB - RR. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) publicou recentemente um dos mais importantes estudos dos últimos anos sobre a economia e os problemas sociais do Brasil.

Trata-se de “BRASIL - o estado de uma nação: uma análise ampla e objetiva dos principais problemas e desafios do País”.

Certamente, havia uma demanda nacional por um trabalho dessa magnitude, pois o que temos visto são estudos pontuais, não abrangentes e particulares de diversos tópicos de nossa complexa problemática social e econômica.

“BRASIL - o estado de uma nação” representa uma espécie de “volta às origens” do IPEA, como entidade encarregada de cumprir a missão de criticar, repensar e propor alternativas para o processo de desenvolvimento econômico e social do nosso País.

Não estamos reduzindo o valor de outros estudos e publicações do IPEA, mas é importante destacar o imenso valor de um trabalho que examina nosso problemas e desafios com grandes oculares, de uma maneira ampla, com objetivos de longo prazo, sem desprezar os elementos conjunturais.

O Estado da Nação Brasileira, neste ano em que o Brasil completa 20 anos de sua redemocratização, “retrata o País em suas mais diversas dimensões” e procura aumentar nosso autoconhecimento como povo e nação e organizar os debates, os desafios e as oportunidades nas áreas de desenvolvimento econômico, social, cultural, político e institucional.

O tema central, foco principal das discussões, das análises, é: desenvolvimento e inclusão social hoje e no futuro.

Desenvolvimento social e econômico e inclusão social representam as maiores aspirações e necessidades do Brasil neste início de Terceiro Milênio, pois descurar de qualquer dessas prioridades representa a falência futura de nosso País como nação moderna e a negação de tudo aquilo que estabelecemos como meta suprema de nossa Constituição.

Instituir um Estado democrático, destinado a assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia social” são objetivos definidos em nossa Constituição que somente se concretizarão quando conseguirmos estabelecer mecanismos e políticas de desenvolvimento e inclusão social.

“BRASIL - o estado de uma nação” representa a busca desses mecanismos, desse conhecimento, dos métodos, das políticas e dos programas necessários para deixarmos de ser um país potencialmente rico e imensamente injusto.

Estabilidade e crescimento; Inovação e competitividade; Pobreza e exclusão social; Cidadania e participação; Território e nação; Amazônia: desenvolvimento e soberania; O Estado e a Federação; e Juventude no Brasil formam os oito capítulos em que se subdividem os estudos e pesquisas realizados por uma equipe multidisciplinar e competente para diagnosticar e propor cursos de ação para transformar os anseios de nosso povo em mais justiça, mais igualdade, mais democracia, mais desenvolvimento e mais inclusão social.

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, a importância, a abrangência, a complexidade e a dimensão deste trabalho do IPEA certamente requerem mais reflexão e maior tempo de análise e exame do conjunto dessa importante pesquisa.

O tempo de que disponho, certamente, não me permite analisar, com o grau de profundidade que o trabalho merece, a imensa gama de variáveis que são consideradas em todos os temas abordados.

Voltarei a esta Tribuna para analisar alguns dos relevantes temas estudados em “BRASIL - o estado de uma nação”, pois o assunto não se esgota, tanto pelo seu dinamismo como pelo caráter estrutural e de longo prazo de diversos vetores analisados e pesquisados.

Neste momento, gostaria de enfatizar apenas um dos muitos temas estudados por essa equipe comandada pelo Ministro Paulo Bernardo e por Glauco Arbix, presidente do IPEA, com a dedicação de Fernando Rezende e Paulo Tafner e um grande grupo de economistas, sociólogos, pesquisadores e cientistas sociais.

Ressalto a importância do capítulo referente à nossa Juventude, pois, ainda que todos os outros temas e assuntos mereçam elevado grau de prioridade, nenhum consegue rivalizar com o mais importante fator de nosso desenvolvimento atual e futuro: o papel da Juventude.

Se o Brasil perseverar no atual estado de coisas em que a prioridade para a juventude não passa de boas intenções, não há dúvida de que a profecia de Stephan Sweig, “Brasil, país do futuro”, continuará a ser mera figura de retórica.

Pior do que a não realização dessa profecia, estaremos legando aos pósteros um país dividido, um país dilacerado, um país injusto e um país derrotado, por incompetência de suas elites dirigentes.

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, o Brasil possui quase 35 milhões de jovens, entre 15 e 24 anos, o que representa quase 20% do total de nossa população.

São esses 35 milhões de jovens que irão definir o futuro do Brasil e tentar responder à célebre questão: que País é este?

Atualmente, muitos desses 35 milhões de jovens são vítimas de heranças trágicas, como a pobreza e a indigência de suas famílias, pela grande desigualdade de renda e da riqueza, pela falta de educação de qualidade, pela ausência de serviços adequados de habitação, saúde pública, transporte, saneamento básico e segurança pública, pela falta de oportunidades de trabalho.

Certamente, o Brasil ainda não está oferecendo aos jovens tudo aquilo que eles necessitam, merecem e podemos ofertar, como oportunidades adequadas de educação e condições de progresso individual e coletivo.

A violência é a causa maior de mortalidade entre os jovens de 10 a 29 anos.

Não podemos admitir que homicídios continuem a dizimar nossa juventude e tornar o Brasil um país numa espécie de guerra civil não declarada.

            É para nossa juventude que dedico este meu pronunciamento, com um apelo para que todos nós que temos responsabilidade política adotemos as medidas urgentes de salvação de nossa juventude, pois sem ela o Brasil não subsiste como nação nem como país civilizado.

Aos técnicos e dirigentes do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) deixo os meus cumprimentos pela excelência do trabalho realizado, com a sugestão de sua permanente atualização, para que possamos retirar lições e importantes ensinamentos no campo das políticas públicas e de desenvolvimento e inclusão social.

Muito obrigado.

 

 


Este texto não substitui o publicado no DSF de 22/10/2005 - Página 35905