Discurso durante a 186ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Gravidade das acusações que pesam contra o Senador Geraldo Mesquita Júnior, que reincide no ataque à honra do Governador do Acre e a diversos políticos daquele Estado.

Autor
Tião Viana (PT - Partido dos Trabalhadores/AC)
Nome completo: Sebastião Afonso Viana Macedo Neves
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ATUAÇÃO PARLAMENTAR.:
  • Gravidade das acusações que pesam contra o Senador Geraldo Mesquita Júnior, que reincide no ataque à honra do Governador do Acre e a diversos políticos daquele Estado.
Publicação
Publicação no DSF de 25/10/2005 - Página 36021
Assunto
Outros > ATUAÇÃO PARLAMENTAR.
Indexação
  • PROTESTO, CONDUTA, GERALDO MESQUITA JUNIOR, SENADOR, ACUSAÇÃO, HONRA, DIGNIDADE, ORADOR, GOVERNADOR, ESTADO DO ACRE (AC), MINISTRO DE ESTADO, MINISTERIO DO MEIO AMBIENTE (MMA), CRITICA, GOVERNO FEDERAL.
  • REGISTRO, APOIO, ORADOR, GOVERNADOR, ESTADO DO ACRE (AC), CANDIDATURA, GERALDO MESQUITA JUNIOR, SENADOR, CRITICA, FALTA, RESPONSABILIDADE, ETICA, EXERCICIO, MANDATO.
  • REGISTRO, GRAVIDADE, DENUNCIA, JORNALISTA, COMPROMETIMENTO, GERALDO MESQUITA JUNIOR, SENADOR, COMENTARIO, HELOISA HELENA, CONGRESSISTA, ENCAMINHAMENTO, SITUAÇÃO, COMISSÃO DE ETICA, SENADO.

O SR. TIÃO VIANA (Bloco/PT - AC. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Srª Presidenta, Srªs e Srs. Senadores, acabamos de ouvir as explicações do Senador que me antecedeu sobre denúncia de ilicitude, praticada por ele, de apropriação indevida de recursos públicos dados aos seus servidores.

Ouvi, com atenção, o seu pronunciamento. Inicialmente, foi uma explicação voltada para o fato em si e, posteriormente, houve a reiteração daquilo que faz seguidamente no plenário do Senado Federal e por onde passa: acusações à honra e à dignidade do Governo do Estado do Acre. Eu disse a meus amigos, colegas Senadores, que sempre me indagavam sobre esses acontecimentos: “Ouvirei por cem vezes. A partir daí, a paciência ter-se-á exaurido e será hora de uma resposta sincera e à altura das responsabilidades éticas que também devo ter no exercício do meu mandato.”.

Hoje, por coincidência, li o livro Pentateuco, a história da formação dos povos cristãos, do Velho Testamento, e que é parte do pensamento religioso da Torá, onde estão expressos os cinco primeiros livros da vida cristã. Diz ele: “Aquilo que queres que façam a ti, faças também aos outros.”.

Infelizmente, o orador que me antecedeu apresenta uma confusão psicológica. Ele diz que é perseguido e acusado, mas, em toda oportunidade que tem, viajando pelos quatro cantos do Estado do Acre, agride a minha honra e dignidade, as do Governador Jorge Viana, da Ministra Marina Silva e dos Partidos que ajudaram a elegê-lo. Fico muito surpreso com isso, porque não saiu da minha boca o testemunho que corria no plenário do Senado Federal de que ele dizia que só estava aqui porque nós o tínhamos ajudado e feito sua eleição. De repente, iniciou-se um processo de ódio progressivo.

Por quantas vezes testemunhei, Srª Presidente, naquele Estado, o seu choro copioso de eterna gratidão, dizendo que só queria uma oportunidade na vida para poder retribuir a confiança e o respeito que a Frente Popular estava-lhe dando. Dizia que nem merecia aquilo e que só queria uma oportunidade. Pensava que nunca ia ganhar a eleição, mas tinha o dever de ser eternamente grato, porque esse era o projeto com que sonhava e no qual acreditava, para o bem do desenvolvimento socioeconômico do Estado do Acre. Em seguida, começou um processo gradativo de tensionamento, de discordância e de ataques ao Governo do Estado e, mais ainda, ao Presidente Lula.

Ele, hoje, é o grande inquiridor na CPI dos Bingos, onde uma pessoa não pode olhar para o lado que a acusação feita ao Governo é violentíssima, com adjetivações e predicados os mais diversos. A palavra “imundos” é corriqueira no seu vocabulário contra a honra e a dignidade deste Governo.

Ele dizia que queria apenas ter a chance de ser um chofer do projeto do Presidente Lula; que deitava no chão para o Presidente da República passar enquanto estivesse vivo. De repente, tudo foi virado, o mundo ficou de cabeça para baixo aos seus olhos e na sua interpretação. Agora, acusado por um jornal legitimado na vida da notícia brasileira, ele, mais uma vez, além de acusar o jornalista, acusa o Governo como seu algoz.

Todo o povo do Acre é testemunha das agressões diárias e permanentes, do violento ataque à honra do Governo por parte do Senador que me antecedeu. Aí, fico indagando: por que isso? O mal maior que fizemos a essa pessoa foi a sua eleição. Ele chegou a dizer que o mandato não lhe pertencia; que o colocava à disposição; que precisava de ajuda porque não estava bem no exercício do mandato e que queria a minha ajuda e a do Governador. De repente, transforma-se nisso.

Na última eleição, Srª Presidente, o Senador que me antecedeu procurou um Líder da Casa e disse-lhe: “Vou provar ao Senador Tião Viana e ao Governador Jorge Viana que lhes sou leal e que não sou o traidor que pensam que sou.”. Mas continuou no ódio e na agressão, e, agora, num caso especificamente seu, de denúncia contra ele e a dignidade do seu mandato, transfere a responsabilidade para nós, mais uma vez.

Não dá para entender esse tipo de comportamento, que se desvia da coerência, da lógica, do entendimento da realidade e agride gratuitamente pessoas que não merecem. Não foi de mim que saiu a declaração sobre as lições de vida que ele estava tendo durante a campanha - dentro dos aviões e dos carros -, sobre o que era um debate político feito com dignidade, sem agressão, respeitando um projeto de desenvolvimento, sentado ao lado de pessoas que S. Exª julgava de bem, da Igreja, do movimento católico do meu Estado, do movimento cristão do meu Estado. O respeito era absoluto.

Srª Presidente, o Senador foi chefe de gabinete do Governador por vários anos e, mesmo assim, não consegue apresentar uma prova daquela convivência. Como é que depois que sai, agora de longe, fica toda semana tentando montar dossiê de fatos atuais para enviar ao Ministério Público, contra a dignidade do Governador? Conviveu anos, defendendo e dizendo que aquilo era o mais importante. E nós o tratamos com a mão estendida do respeito e da coerência. Então, vai entender esse tipo de atitude.

Só registro ao Plenário do Senado Federal que a Senadora Heloísa Helena teve a responsabilidade política de encaminhar o caso à Comissão de Ética. O caso é mais grave do que o que foi dito aqui. Será devidamente apurado e as responsabilidades serão colocadas a quem de direito. É um caso grave, muito mais grave do que o que foi dito aqui, e as responsabilidades serão colocadas a quem de direito.

Era o que tinha a dizer. Só espero que haja um entendimento por parte do Senador que me antecedeu, a partir de hoje, depois de pelo menos cem ataques feitos gratuitamente ao Governador e à Ministra Marina. Esta, como única resposta, quando perguntaram o que iria fazer com tanto ataque, respondeu que dava a outra face. Os ataques a ela se deram, por exemplo, até no mercado público, onde se ouvia: “esse pessoal do PT não deixa derrubar uma árvore”, e na tribuna desta Casa o Senador dizia que se tratava de um projeto de devastação e perda da nacionalidade ecológica.

O Sr. Sibá Machado (Bloco/PT - AC) - Senador Tião Viana.

O SR. TIÃO VIANA (Bloco/PT - AC) - Então, a Ministra Marina, quando perguntada sobre o iria dizer desses ataques, disse: dou a outra face. É esse procedimento que temos tido. Agora, infelizmente, o limite da compreensão não tem sido suficiente para que o Senador que me antecedeu tenha divergências. Suponhamos que S. Exª tenha se decepcionado com o nosso projeto, não acreditando mais, tendo mudado seu enfoque sobre desenvolvimento sustentável e ética na política, mas poderia ter preservado o respeito e a dignidade das pessoas e dito que agora o curso do debate nacional e do projeto é diferente. Agora, acusações levianas, desprovidas de ética, de responsabilidade moral não cabem mais.

Já ouvi as vezes que tinha de ouvir e agora darei as respostas - e tenho todas as respostas que são necessárias para o Senador que me antecedeu. Estou apenas começando, alertando que os fatos justificados aqui não são bem assim e o fato é muito grave, conforme me expressou o jornalista.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 25/10/2005 - Página 36021