Discurso durante a 187ª Sessão Especial, no Senado Federal

Reverência a memória de sua Santidade o Papa João Paulo II.

Autor
Pedro Simon (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/RS)
Nome completo: Pedro Jorge Simon
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Reverência a memória de sua Santidade o Papa João Paulo II.
Publicação
Publicação no DSF de 26/10/2005 - Página 36082
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM POSTUMA, JOÃO PAULO II, PAPA, REGISTRO, BIOGRAFIA, ELOGIO, VIDA PUBLICA, CONTRIBUIÇÃO, IGREJA CATOLICA, POLITICA INTERNACIONAL, DEFESA, PAZ, MORAL, DIREITOS HUMANOS.

O SR. PEDRO SIMON (PDMB - RS. Pronuncia o seguinte discurso. Com revisão do orador.) - Sr, Presidente, Senador Renan Calheiros, Eminentíssimo Sr. Cardeal D. José Freire Falcão, Eminentíssimo Sr. Dom Eugênio Sales, Arcebispo Emérito do Rio de Janeiro, Reverendíssimo Sr. Arcebispo Dom Lorenzo Baldisseri, Núncio Apostólico, representante do Santo Padre no Brasil e Decano do Corpo Diplomático, Reverendíssimo Sr. Dom Odilo Pedro, Secretário-Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, Reverendíssimo Sr. Dom João Braz de Aviz, Arcebispo de Brasília, Reverendíssimo Sr. Dom Heitor Sales, Arcebispo Emérito de Natal, Excelentíssimo Sr. Pawel Kulka Kulpiowski, Embaixador da República da Polônia, Excelentíssimo Sr. Fouad El-Khoury, Embaixador da República Libanesa, Excelentíssimo Sr. Ali Diab, Embaixador da República Árabe da Síria, Excelentíssimo Sr. Manuel Estuardo Roldan Barillas, Embaixador da República da Guatemala, Reverendíssimo Sr. Dom Eugênio Sales, Arcebispo Emérito do Rio de Janeiro, Reverendíssimo Monsenhor José Leite Nogueira, da Nunciatura Apostólica, Ilustríssimo Sr. Robson Lopes, Presidente da Sociedade São Vicente de Paula, ilustríssimos representantes das Embaixadas, Srªs. e Srs. Senadores, Srªs e Srs. Deputados, a sessão de hoje é verdadeiramente especial. Estamos reunidos aqui para prestar homenagem à memória de um dos homens mais fascinantes do nosso tempo, o Papa João Paulo II.

O polonês Karol Wojtyla, nascido no dia 18 de maio de 1920, na pequena cidade de Wadowice, faleceu em 2 de abril de 2005, em Roma, na Itália, após um longo calvário.

Pessoalmente, acredito que o Papa optou por passar seus últimos dias recolhido a seu apartamento, no Vaticano, porque não queria ficar indo aos hospitais. Buscou evitar que os médicos pudessem prolongar artificialmente sua vida.

Foi uma extensa e frutífera trajetória. Foi a mais rica existência humana que se pode imaginar. Aliás, ele costumava a dizer que a fé sem obras é nula. Independentemente de crença religiosa ou posicionamento ideológico, a figura carismática do Papa João Paulo II chamou para si a atenção dos quatro cantos do mundo.

Sua simplicidade, sua solidariedade para com os oprimidos, a firmeza de suas convicções e até mesmo o sofrimento físico nos últimos dias de vida fizeram com que granjeasse o respeito de todos. Suas últimas imagens, a de um homem de inquebrantável vontade que não se deixava abater pela doença, ficaram gravadas para sempre em todos os corações e mentes dos habitantes deste planeta.

Eu gostaria, inicialmente, de forma bastante breve, de destacar aqueles que me parecem ser os pontos fundamentais na atuação do Papa João Paulo II.

            Sem dúvida, um dos aspectos mais luminosos do seu pontificado foi a sua atuação diplomática, muitas vezes silenciosa, de grande eficácia. Sem contar com forças armadas, sem derramamento de sangue, ele conseguiu algo que se considerava impossível: a reunificação da Europa. Hoje não se vê mais qualquer possibilidade de conflagração generalizada naquele continente.

Um outro aspecto que merece encômios é a imensa obra literária que ele nos legou. Deixou-nos um conjunto gigantesco de documentos doutrinários que abrange todos os âmbitos da cultura e que analisa todos os temas polêmicos da atualidade.

Outro ponto culminante de sua atuação foi o empenho que mostrou no sentido de aprofundar o ecumenismo. Na Encíclica Ut Unum Sint, ele nos aponta o caminho do ecumenismo como algo de que não se pode fugir. A declaração conjunta católico-luterana sobre a justificação por fé e graça é uma das realizações mais impressionantes neste campo.

Outro legado igualmente importante foi o da universalização da presença da Igreja. Com sua peregrinação pelos cinco continentes, João Paulo II deu grande visibilidade à Igreja Católica. Falando em mais de cem idiomas, ele deixou claro que nenhuma problemática humana lhe era desconhecida. Suas Exortações Apostólicas desenham um panorama completo da situação e das tarefas mais prementes em cada continente.

Do mesmo modo, destaco as canonizações e as beatificações realizadas por João Paulo II, que superam o conjunto dos papas que o antecederam. Em artigo de jornal, diz o Padre Jesus Hortal: “Foram 482 canonizações feitas por ele, contra 302 promovidas por todos os seus predecessores; e 1.338 beatificações. O modelo de santidade proposto à veneração dos fiéis não ficou restrito aos povos católicos da velha Europa, nem aos sacerdotes e religiosos, mas se estendeu a todos os povos, a todas as idades e a todas as condições sociais. O Papa Wojtyla, com o reconhecimento de tantos que foram atingidos pela graça de Deus, demonstrou que literalmente vivemos no meio de santos”.

Srªs Senadoras, Srs. Senadores, ao nascer, o futuro papa recebeu o nome do pai, Karol Wojtyla, oficial reformado do exército polonês, católico, de hábitos reservados. Sua mãe, Emilia, era uma dona-de-casa de saúde frágil, melancólica, que não se conformava com a morte de uma filha, recém-nascida, em 1914.

A infância e a juventude de Karol foram marcadas pela tragédia familiar. Em 1929, pouco antes de completar o nono aniversário, ele perdeu a mãe, vítima de doença. Seu irmão mais velho morreria dois anos depois, com escarlatina. A morte do pai ocorreu semanas antes que completasse 22 anos.

Quando ficou sozinho, sem parentes, já era universitário em Cracóvia e sonhava com uma carreia artística. Participava de encenação de peças teatrais e escrevia poemas. Embora demonstrasse profunda devoção religiosa, não pretendia ser sacerdote. Julgava que serviria melhor à Igreja atuando como leigo católico.

Sua vocação sacerdotal iria surgir logo depois da invasão da Polônia pelas tropas de Adolf Hitler, quando a Igreja Católica começou a ser perseguida. Os nazistas fecharam os seminários e assassinaram padres e freiras. Mesmo assim, a Igreja continuou a formar sacerdotes em seminários clandestinos. Karol Wojtyla, que trabalhava durante o dia como operário numa fábrica de soda cáustica, freqüentava um desses seminários à noite.

Ordenado padre em princípio de novembro de 1946, Karol Wojtyla demonstrou de imediato sua grande capacidade intelectual, fato que chamou a atenção do Arcebispo de Cracóvia Adam Stefan, que se tornou seu protetor.

Sua carreira na Igreja foi meteórica. Aos 38 anos tornou-se bispo e foi nomeado auxiliar na Arquidiocese de Cracóvia. Em 1963, ascendeu ao cargo de arcebispo na mesma cidade. Sua atuação foi marcante em vários aspectos, notadamente no que se referia ao trabalho de conscientização dos jovens e dos operários. Enfrentando o regime comunista, jamais recuou do trabalho dedicado à integração dos leigos nas tarefas pastorais; à promoção do apostolado juvenil e vocacional; à construção de templos, e à formação religiosa dos operários. Rapidamente, o arcebispo de Cracóvia tornou-se uma referência religiosa e política no seu país.

Karol Woytila começa a surgir para o mundo durante o Concílio Vaticano II, convocado pelo Papa João XXIII, que se realizou entre 1962 e 1965. Aos 45 anos, teve naquele Sínodo intensa participação, particularmente nas comissões encarregadas de elaborar a Constituição Dogmática sobre a Igreja Lumen Gentium e a Constituição Conciliar Gaudium et Spes.

O grupo a que pertencia Karol Woytila conseguiu se impor nos debates no Vaticano II com a proposta de uma nova visão moral e religiosa, que pregava a abertura imediata do diálogo com as outras religiões, condição essencial para redefinir os rumos da Igreja Católica e adaptá-los à nova realidade social global. No final, o Concílio acatou a bandeira do ecumenismo e do diálogo entre as religiões; inovou as práticas litúrgicas, com a abolição do latim nas missas, e pavimentou o terreno para que os episcopados nacionais ganhassem bem maior autonomia.

Já como papa, na homilia de 25 de janeiro de 1985, João Paulo II assim se pronunciou: “Para mim, que tive a graça especial de participar e colaborar ativamente em seu desenvolvimento, o Vaticano II foi sempre, e é de modo particular nestes anos de meu pontificado, o ponto de referência constante de toda a minha ação pastoral, com o compromisso responsável de traduzir suas diretrizes em aplicação concreta e fiel, em cada Igreja e em toda a Igreja. Devemos recorrer incessantemente a essa fonte”.

Srs. Parlamentares, Srs. Convidados, em 1978, depois da morte de Paulo VI, e após o brevíssimo pontificado de João Paulo I, chegou ao trono de São Pedro um dos mais carismáticos líderes da milenar e história da Igreja Católica.

Em 16 de outubro daquele ano, o Cardeal polonês Karol Wojtyla foi eleito papa, quebrando uma tradição de quase quinhentos anos de escolher pontífices de origem italiana.

Em 22 de outubro de 1978, aconteceu sua investidura com o nome de João Paulo II.

Ao ser entronizado no principal posto da Igreja Católica, disse em seu discurso: “Não temam! Abram as portas para Cristo! Abram as fronteiras de Estados, de sistemas políticos e econômicos, dos amplos domínios da cultura e da civilização!”.

O Papa João Paulo II foi antes de tudo um humanista, preocupado com a vida, com a fé, com a felicidade e com a liberdade do homem. Por isso, sempre repetia em suas pregações que se sentia atingido por qualquer ameaça contra o homem, contra o homem, contra a família e contra a Nação. Costumava dizer igualmente que o respeito à vida era fundamento de qualquer outro direito, inclusive o da liberdade.

Sobre a violência, lembrava sempre que a simples ausência da guerra não significava a conquista da paz verdadeira. Para ele, a paz só se efetiva em sua totalidade quando vem acompanhada de igualdade, verdade, justiça e solidariedade. Em sua opinião, a Igreja tinha entre seus deveres mais importantes o engajamento a favor da justiça e da paz. Tinha a firme convicção de que os jovens em todo o mundo reuniam todas a possibilidades para promover esses valores. Dizia o papa que, ao se preparar um homem novo para assumir as grandes responsabilidades sociais, estava aberto o caminho da fraternidade. Assim, a preparação da juventude foi ponto central do seu pontificado.

João Paulo II reconhecia que as nações desenvolvidas têm compromisso moral, histórico e de civilização com os habitantes em países em desenvolvimento da América Latina, da Ásia e da África, cujas riquezas foram pilhadas pelos colonizadores, cujas populações foram dizimadas ou simplesmente escravizadas. Entendia que o mundo ocidental, que havia construído seu progresso com as matérias-primas tiradas dos povos dominados, deveria ajudar as nações em desenvolvimento a superarem os horrores das guerras, da fome, das doenças e das tragédias climática.

            Em sua defesa intransigente da paz, da justiça, da liberdade e da fraternidade, João Paulo II foi um advogado dos pobres, dos oprimidos, dos explorados, dos perseguidos pelos regimes autoritários e dos deserdados. Sua autoridade moral contra a indiferença e a arrogância e suas atitudes em favor da dignidade do homem já teriam sido suficientes para elevá-lo ao mais alto degrau da grandeza. Mas João Paulo II era ainda maior na fé, na obediência ao Cristo, na sua coragem ao enfrentar serenamente os inúmeros contratempos da vida, na sua imensa tolerância e na sua extraordinária cultura.

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, distintos convidados, em muitas etapas de sua vida, João Paulo II despertou a consciência do mundo contra o arbítrio, contra a violência e praticou o perdão com toda a força do seu coração. Um desses momentos que mexeu com a sua vida e com a sua consciência foi durante os anos terríveis do nazismo.

Em 1939, no instante em que os alemães começaram a bombardear a cidade polonesa de Wawel, o sacerdote Karol ajudava a missa na catedral da cidade. Daí para frente, as cenas de violência que se seguiram contra a população indefesa, o desrespeito aos direitos mais elementares dos seres humanos e os gritos de sofrimento e de dor que ecoavam do Gueto de Varsóvia, aguçaram sua repulsa ao regime de Adolf Hitler.

Em 1998, inconformado com a omissão de sua Igreja frente ao Holocausto, João Paulo II pediu perdão aos judeus e afirmou que faltou aos cristãos resistência, determinação e coragem espiritual para enfrentar o massacre nazista.

Igualmente doloroso e ao mesmo tempo chocante foi o encontro que teve com a morte em 1981, no dia 13 de maio daquele ano, em plena Praça de São Pedro, repleta de fiéis, enquanto abençoava a todos do alto de um carro aberto, o Papa João Paulo II foi atingido por um tiro vindo da multidão, disparado por um turco. Levado às pressas ao hospital, foi submetido a duas delicadas cirurgias. O pistoleiro foi preso em flagrante e levado à prisão. Dois anos depois, sem ódio, sem rancor, o Papa surpreendeu o mundo ao visitar o autor do atentado em sua cela. Conversaram longamente e, ao final, o criminoso recebeu o perdão. Antes disso, em nenhum momento conhecido da história da Igreja Católica existia qualquer registro da ida de um Pontífice a uma cela de prisão para conversar com um detento.

O Papa João Paulo II sempre foi um defensor das liberdades democráticas e crítico dos governos autoritários em todo o mundo. Segundo o próprio Mikahil Gorbachov, ex-Presidente da antiga União Soviética, João Paulo II teve papel decisivo na queda do Muro de Berlim, na vitória do Sindicato Solidariedade contra o regime comunista da Polônia e na virada radical que aconteceu no resto da Europa Oriental.

Usando seu carisma, sua respeitabilidade e sua imensa capacidade de convencimento, João Paulo II prestou um grande serviço à humanidade ao evitar derramamento de sangue no ocaso do comunismo na Europa Oriental.

Sr. Presidente, desde os primórdios da Igreja Católica, o Papa é chefe espiritual e político. Depois que o Primado de Roma foi estabelecido, no século IV, e o catolicismo ganhou um centro de decisão e de poder, os Papas viram as suas atribuições serem ampliadas. Dessa maneira, como os reis e os príncipes de antigamente, os Papas, desde aquele momento até os dias de hoje, passaram a fazer alianças políticas estratégicas e a contar com territórios e soldados. Aliás, o Vaticano e a Guarda Suíça são os maiores exemplos do símbolo desse poder. Em suma, acabam exercendo funções políticas; uns mais, outros menos. João Paulo II foi, sem dúvida nenhuma, também um grande articulador político. No entanto, o centro mesmo de seu pontificado foi a defesa da integridade da Igreja Católica.

Certos pensadores julgam, por contraditório, que possa parecer que os argumentos morais da tradição dogmática da Igreja Católica foram os eixos que permitiram a João Paulo II mudar o foco da questão católica em nível mundial. Vitorioso no embate contra o comunismo, pôde continuar proferindo um discurso transformador e crítico do sistema capitalista.

Assim, em 1993, em visita que fez à Universidade de Riga, na Letônia, surpreendeu todos os presentes ao afirmar que, depois da derrocada histórica do comunismo, tinha grandes dúvidas sobre a validade do capitalismo como instrumento capaz de resolver os problemas materiais mais imediatos dos homens. Em seguida, não hesitou em dizer que as sementes da verdade presentes no programa socialista não deveriam ser destruídas e muito menos esquecidas. Com aquelas declarações surpreendentes, João Paulo II fez alusão ao desemprego, ao amparo dos pobres e ao enorme abismo que insistia em aumentar entre o mundo habitado pelos ricos e o resto, onde vegetava uma imensa maioria de despossuídos.

Convém destacar que, em quase todos os seus pronunciamentos sobre o bem-estar dos homens, João Paulo II nunca esqueceu de manifestar a sua indignação a respeito das disparidades econômicas e sociais existentes entre o Norte e o Sul. Todavia, ao mesmo tempo, não hesitava na defesa intransigente de princípios morais que julgava intocáveis. O Papa enalteceu a civilização da vida e do amor, o valor da família e a importância do matrimônio entre o homem e a mulher, segundo os preceitos defendidos pela Igreja.

Senhoras e senhores Senadores, João Paulo II foi um Papa viajante, um verdadeiro peregrino, que falava muitos idiomas e que dominava como ninguém os meios de comunicação. Aliás, dizem que sua excepcional capacidade de se comunicar fora adquirida na juventude, quando ele atuara num grupo de teatro amador. Por isso, muitos o chamavam carinhosamente de Papa da Mídia e Papa do Jato.

Durante todo o seu pontificado e praticamente até bem perto de sua morte, viajou o mundo inteiro e deu quase trinta voltas ao redor da Terra. Em 26 anos e meio como Papa, João Paulo II saiu 104 vezes da Itália. Só no Brasil, esteve em três ocasiões: 1980, 1991 e 1997. No total, visitou 129 países e percorreu mais de 1 milhão e 200 mil quilômetros. Durante o seu Papado foram quase mil encontros com governantes. Nos países em que chegava, fazia questão de beijar o solo e falar a língua dos habitantes.

Em suas aparições, João Paulo II lembrava um santo, com sua postura singela, com a voz segura e suave, com o olhar penetrante, sincero e cativante. Nos encontros pastorais gigantescos que comandou, ele transmitia força, segurança, tranqüilidade e confiança. Passou a ser chamado de João de Deus pelos católicos brasileiros.

Apesar dessa atividade estafante que exigia grande resistência física, não descuidava do plano intelectual. Redigiu 14 encíclicas, 11 constituições, 15 exortações e 45 cartas apostólicas. Vale destacar que as encíclicas são redigidas originalmente em latim, assim como todos os outros documentos do Vaticano. São textos papais extensos, que exigem grande erudição e reflexão sobre os temas abordados.

A última imagem do Papa João Paulo II, registrada poucos dias antes de sua morte, foi muito pungente, capaz de arrancar lágrimas no mais frio dos homens. Da janela do seu apartamento privado, com uma expressão de dor, o velho Pontífice fazia um esforço enorme para se comunicar com a multidão que lotava a Praça de São Pedro. Poucas vezes um silêncio tão grande tomou conta de tantas pessoas.

Enfim, o fundamental a se dizer de João Paulo II é que ele foi o homem público mais importante do Século XX e do início deste século. Seguramente, ele será incluído na galeria dos grandes Líderes pacifistas, como Mahatma Gandhi, e na das figuras religiosas de maior grandeza, como Madre Teresa de Calcutá ou João XXIII.

Era o que tinha a dizer com relação a esse santo.

Muito obrigado, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 26/10/2005 - Página 36082