O SR. ANTONIO CARLOS MAGALHÃES (PFL - BA. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Srª Presidente, Srªs e Srs Senadores, o candidato Ciro Gomes perdeu-se bastante na sua campanha para a Presidência por não saber usar a linguagem apropriada a um candidato. Em todos os lugares, ele, às vezes, se saía bem, mas deixava uma frase que destruía todo o seu trabalho. Agora vem me atacar, bem como ao Bispo Cappio, e ainda mente, quando diz que teve o apoio da CNBB. Dom Geraldo Majella, Arcebispo Primaz da minha terra, figura respeitável no clero brasileiro e internacional, se diz decepcionado com o Ministro e com o Governo Lula principalmente.

Logo se vê outra manchete: “Planalto acha que Ciro atrapalha sua relação com a Igreja”. E eu disse aqui ontem que o Lula não estava satisfeito, por mais que ele fizesse o tratamento bajulatório.

Ora, chegou o momento, Sr. Presidente, de o Dr. Ciro Gomes, que não é um homem idoso - quem sou eu para falar dos idosos? -, mas tem idade suficiente para fazer o bem em vez de fazer o mal, não falar impropérios, podendo usar uma linguagem adequada. O Dr. Ciro Gomes deve à opinião pública brasileira explicações melhores.

Um outro jornal, de ontem, traz a matéria intitulada: “Ciro desagrada o Planalto ao falar sobre o rio São Francisco”. O Bispo do Município de Barra, Dom Cappio, já declarou que quem deve conversar com ele é o Presidente da República e não Jaques Wagner ou Ciro Gomes. É preciso dar a dimensão devida.

Este Governo não quer tomar jeito. Ainda ontem, infelizmente, o Sr. Gilberto Carvalho se saiu muito mal na acareação. Isso está prejudicando inclusive os seus integrantes. Hoje todos sabem que, quando o Palácio do Planalto participa de alguma ação, é algo errado, é algo que a moralidade condena, é algo do tipo Ciro Gomes.

Ele disse que me interpelou no Supremo. Confesso que ainda não recebi a interpelação, se ela realmente foi feita, mas é muito fácil responder a qualquer interpelação do Ministro Ciro Gomes sobre o problema do rio São Francisco. A transposição é criminosa contra o País, como criminosa têm sido algumas atitudes do Governo.

Desse modo, advirto o Ministro Ciro Gomes: modifique a sua linguagem. Seu temperamento não é fácil de ser modificado, mas não queira que tragam para cá problemas, como não quero trazer, em consideração à sua ex-esposa, que merece todo o nosso respeito.

Trato deste assunto só porque ele disse que a CNBB ficou ao lado dele, contra o Bispo. É mentira! E tenho aqui o jornal em que o Presidente da CNBB, o Arcebispo da Bahia, D. Geraldo Majella, talvez um dos prelados de maior credibilidade, em todos os tempos, no Brasil, fala sobre isso.

Sr. Presidente, a interpelação, se vier, será muito bem aceita por mim, porque nenhum Ministro do Supremo deveria sequer aceitá-la preliminarmente. Mas, se aceitá-la, quem vai sair decepcionado é o Sr. Ciro Gomes. Nos termos da licitação do projeto, ele realmente não demonstra pelo menos propriedade, para não dizer, falta de seriedade na sua consecução.

Sr. Presidente, reajo a essas palavras do Sr. Ciro Gomes e espero, na segunda ou terça-feira, voltar a esta tribuna para mostrar o ponto de vista de um dos brilhantes Procuradores, Lucas Furtado, sobre a atual situação brasileira.

Concedo o aparte ao Senador Arthur Virgílio.

O Sr. Arthur Virgílio (PSDB - AM) - Senador Antonio Carlos, o Ministro Ciro Gomes é um homem inteligente, mas, muitas vezes, beira a leviandade ao falar. Solidarizo-me com V. Exª, porque seus desarranjos verbais estão ficando exagerados. Se depois ele não os confirma, isso termina maculando até a imagem de homem bravo do Ministro da Integração Nacional, que tem que cuidar dos assuntos afetos à sua Pasta e, a meu ver, procurar menos atrito com o Congresso Nacional. E, quando procurar atrito, deve procurar de vez, daqueles em que se vai até o final.

O SR. ANTONIO CARLOS MAGALHÃES (PFL - BA) - Agradeço a V. Exª o aparte, que é um bom fecho para o meu discurso, demonstrando mais uma vez a incompetência, a intolerância deste Governo.