Discurso durante a 191ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Homenagem aos servidores públicos. Comentários sobre matéria publicada no jornal Folha de S.Paulo a respeito da acareação realizada na CPI dos Bingos entre irmãos do ex-prefeito Celso Daniel e o Sr. Gilberto Carvalho.

Autor
Tião Viana (PT - Partido dos Trabalhadores/AC)
Nome completo: Sebastião Afonso Viana Macedo Neves
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM. COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), BINGO.:
  • Homenagem aos servidores públicos. Comentários sobre matéria publicada no jornal Folha de S.Paulo a respeito da acareação realizada na CPI dos Bingos entre irmãos do ex-prefeito Celso Daniel e o Sr. Gilberto Carvalho.
Publicação
Publicação no DSF de 29/10/2005 - Página 37519
Assunto
Outros > HOMENAGEM. COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), BINGO.
Indexação
  • HOMENAGEM, DIA NACIONAL, SERVIDOR.
  • LEITURA, TRECHO, ARTIGO DE IMPRENSA, JORNAL, FOLHA DE S.PAULO, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), REGISTRO, RESULTADO, PROGRAMA, COMPUTADOR, ANALISE, VERACIDADE, DEPOIMENTO, CHEFE DE GABINETE, PRESIDENTE DA REPUBLICA, ACAREAÇÃO, IRMÃO, EX PREFEITO, MUNICIPIO, SANTO ANDRE (SP), COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), BINGO, CONFIRMAÇÃO, VERDADE, DECLARAÇÃO, INEXISTENCIA, PAGAMENTO, PROPINA.
  • COMENTARIO, NECESSIDADE, REVISÃO, TRABALHO, INVESTIGAÇÃO, COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), BINGO, BUSCA, APOIO, POLICIA FEDERAL, MEMBROS, MINISTERIO PUBLICO, POLICIA CIVIL, SOLUÇÃO, HOMICIDIO, EX PREFEITO, ESTADO DE SÃO PAULO (SP).
  • ANUNCIO, REMESSA, MATERIA, PUBLICAÇÃO, RESULTADO, PROGRAMA, COMPUTADOR, PRESIDENTE, COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), BINGO, DEMONSTRAÇÃO, NECESSIDADE, RESPONSABILIDADE, INVESTIGAÇÃO, PRESERVAÇÃO, DIGNIDADE, PARTICIPANTE, FALTA, COMPROVAÇÃO, CRIME.

O SR. TIÃO VIANA (Bloco/PT - AC. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Senador Alvaro Dias, Senadora Heloísa Helena, inicialmente, manifesto minha solidariedade e homenagem, pelo dia de hoje, aos servidores públicos, uma atividade de Estado que nos orgulha a todos da vida pública, pela responsabilidade com o País, pelo desafio que tem sido, ao longo da história, assegurar o funcionamento das instituições e assegurar oportunidades de inclusão social pelo resultado das políticas públicas.

Temos enorme responsabilidade em recuperar as justas e dignas condições de trabalho dessas atividades de Estado e espero que os governos municipais e estaduais e o Governo Federal possam refletir de maneira muito sensibilizada sobre esse desafio de homenagear, restituindo a dignidade e atividade do servidor público brasileiro.

Mas, meu caro Presidente Alvaro Dias, o que me traz à tribuna é um assunto que julgo da maior importância, que foi posto hoje no jornal Folha de S.Paulo.

O jornal Folha de S.Paulo, no seu Caderno A, na página 13, mostra um quadro com o seguinte título: “Analise diz que assessor não mentiu”. Diz respeito à acareação entre o Dr. Gilberto Carvalho e os irmãos João Francisco Daniel e Bruno Daniel, irmãos do Prefeito assassinado de Santo André, Celso Daniel.

Vejam o que diz a matéria do jornal Folha de S.Paulo, um jornal que é insuspeito no que diz respeito à tentativa de elucidar esse dramático e trágico episódio que todo o Brasil tem acompanhado porque tem se mostrado imparcial, tem se mostrado sempre em busca de uma investigação mais conclusiva e que permita a devida elucidação de tal episódio sem deixar dúvida para quem quer que seja.

Com o subtítulo “Detector de mentira examinou fala de Carvalho sobre suposta propina dada ao PT”, diz o teor da matéria:

Uma análise por um detector de mentiras das falas do Chefe de Gabinete do Presidente Lula, Gilberto Carvalho, concluiu que ele falou a verdade ao negar o episódio relatado por Bruno Daniel, sobre transporte de dinheiro ilegal para José Dirceu.

A pedido da Folha, a análise foi feita pelo programa de computador LVA, que usa tecnologia AVM, desenvolvida pela empresa israelense Nemesysco. Segundo o laudo final, assinado pelo perito da Truster Brasil (www.truster.com.br), Mauro Nadvorny, “o Sr. Gilberto Carvalho não disse aos irmãos de Celso Daniel que transportava dinheiro. É verdade que ele não entregou dinheiro a José Dirceu”.

Na acareação entre Carvalho, Bruno Daniel e João Francisco Daniel, anteontem, foi repetida uma história contada pelos irmãos de Celso Daniel, ex-Prefeito petista de Santo André morto em 2002. Bruno disse que o assessor havia relatado a existência de um esquema de arrecadação de propina na cidade, para campanhas do PT. E que parte dos recursos arrecadados era encaminhada para Dirceu.

Segundo o programa de detecção de mentira, não é verdade que tenha sido comentada a propina e provavelmente não é verdade o envio de dinheiro.

O programa de computador que analisa as variações vocais classificou como “verdade” a citação específica a Dirceu (“Eu não falei que levei dinheiro ao senhor, ao Deputado, ao José Dirceu”). “Em relação a esse fato específico ele estava falando a verdade. Mas é importante saber que o LVA analisa frases específicas. É apenas sobre esse trecho que a análise foi feita”, diz o perito Mauro.

Sr. Presidente, o que me traz à tribuna, neste dia, é a necessária divulgação dessa matéria, porque vimos um espetáculo constrangedor, através da televisão brasileira, com aquela acareação. Aí insisto naquela pergunta que venho fazendo na CPI: será que não poderíamos, na atribuição justa da serenidade, no zelo com a serenidade, com a prudência, e na responsabilidade de investigar, sem qualquer tipo de dúvida, esse episódio trágico que se abateu sob o Prefeito Celso Daniel, ter a tranqüilidade de fazer um pedido de revisão de toda a investigação da mais alta qualidade e insuspeição, por parte da Polícia Federal, mais membros do Ministério Público, mais membros da Polícia Civil, de especialistas de onde achássemos que fosse necessária uma força-tarefa, para avançar nessas investigações, ao invés de a CPI se achar capaz de ela elucidar um crime? Não é essa a atribuição de uma Comissão Parlamentar de Inquérito, não é esse o caminho.

Em nenhum momento, procuramos desqualificar os irmãos de Celso Daniel, que, no justo sentimento da dor e da perda de uma pessoa da família, têm o direito de pedir que a investigação seja levada adiante, de pedir que sejam revistos pontos sobre os quais eles têm dúvidas. Mas também não é justo que tenham colocado quase que num caminho de criminalização o Dr. Gilberto Carvalho, que, reitero tantas e tantas vezes quantas forem necessárias, é um dos grandes exemplos de cristão que conheço. Entendo que essa matéria traz à tona uma reflexão por parte da CPI.

Como vi manifestações de dúvidas facilmente sendo colocadas ali, sem o devido zelo, sem a devida proteção à integridade moral de uma pessoa! Como eu vi dúvidas e, abre aspas, inverossimilhanças apresentadas ali contra o Dr. Gilberto Carvalho!

A única coisa que estamos pedindo é uma investigação absolutamente prudente, isenta, profissional para esse episódio de Santo André. Pessoalmente, em nenhum momento descarto a possibilidade de ter havido algum foco de corrupção instalado ali. Acho que isso precisa ser apurado, que a morte do Prefeito Celso Daniel precisa ser investigada quantas e quantas vezes forem necessárias, para que não paire nenhuma dúvida para a família. Mas não me parece correto que, com facilidade, se possa colocar em dúvida a dignidade de alguém, que se possa picotá-la e jogá-la ao vento para que ela nunca mais se recomponha.

Assim, esta matéria deve servir como instrumento de impacto e reflexão por parte dos membros da CPI. Ela não inocenta, ela não incrimina, mas ela traz um alerta à CPI no sentido de que é preciso haver prudência.

Eu vi, por exemplo, o jornal Folha de S.Paulo, citado pela revista Veja de domingo, se referir às supostas fitas gravadas e apresentadas à sociedade brasileira dizendo, pelo que se ouve no conjunto das fitas, que não se pode incriminar o Sr. Gilberto Carvalho. Não se pode dizer que há um envolvimento criminoso dele nesse processo.

Alguns podem ter a intenção de ver veiculados trechos de fitas que possam causar desgaste e desonra à imagem de uma pessoa que merece, primeiro, a consideração da inocência até provem em contrário.

Faço um apelo aos membros da CPI. Enviarei essa matéria ao Presidente Efraim Morais, que tem procurado fazer seu trabalho de acordo com o que acredita ser o melhor para a CPI e para os procedimentos regimentais e constitucionais da CPI. Não vou criticá-lo. Tenho procurado construir uma relação de respeito com S. Exª, para que a CPI, diante dessa matéria, possa, mais uma vez, analisar o melhor caminho que devemos dar ao Brasil na nossa função constitucional. Não quero criticar. Isso não me interessa. Quero apenas chamar à reflexão os membros da CPI e aqueles que estão acompanhando, com justa razão, esse caso, que precisa de elucidação.

Os irmãos de Celso Daniel merecem respeito. Com esse tipo de manifestação, não quero afirmar nada contra a sua honra e dignidade. É justo que aqui fique o sinal de alerta sobre a responsabilidade que temos na preservação da dignidade de quem quer que seja.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 29/10/2005 - Página 37519