Fala da Presidência durante a 187ª Sessão Especial, no Senado Federal

Reverência a memória de Sua Santidade o Papa João Paulo II.

Autor
Renan Calheiros (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/AL)
Nome completo: José Renan Vasconcelos Calheiros
Casa
Senado Federal
Tipo
Fala da Presidência
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Reverência a memória de Sua Santidade o Papa João Paulo II.
Publicação
Publicação no DSF de 26/10/2005 - Página 36078
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • SAUDAÇÃO, AUTORIDADE, SESSÃO ESPECIAL, HOMENAGEM POSTUMA, JOÃO PAULO II, PAPA, REGISTRO, BIOGRAFIA, ELOGIO, VIDA PUBLICA.

O SR. PRESIDENTE (Renan Calheiros. PMDB - AL) - Sob a proteção de Deus, iniciamos nossos trabalhos.

            Peço a todos que ocupem os seus lugares.

            A presente sessão especial destina-se a homenagear Sua Santidade o Papa Paulo II, de acordo com os Requerimentos nºs 225, 226 e 233, de 2005, dos Senadores Pedro Simon, Paulo Paim, Arthur Virgílio, Marco Maciel e outros Srs. Senadores.

            De acordo com a decisão desta Presidência, usarão da palavra os Srs. Líderes ou quem S. Exªs indicarem.

            Nesta sessão, excepcionalmente, a Presidência vai conceder a palavra também aos primeiros subscritores dos requerimentos.

            Convido para compor a Mesa D. João Braz de Aviz, Arcebispo Metropolitano de Brasília. (Pausa.)

Convido também para compor a Mesa Dom Lorenzo Baldisseri, Núncio Apostólico. (Pausa.)

Convido para compor a Mesa Dom Heitor Sales, Arcebispo Emérito de Natal. (Pausa.)

Convido também para compor a Mesa, com muita honra, Dom Eugênio de Araújo Sales, Arcebispo Emérito do Rio de Janeiro. (Pausa.)

Convido para compor a Mesa Dom José Freire Falcão, Arcebispo Emérito de Brasília. (Pausa.)

Convido para compor a Mesa Dom Odilo Pedro Scherer, Secretário- Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, CNBB, representando Dom Geraldo Magela Agnelo, Presidente da CNBB e Arcebispo de Salvador. (Pausa.)

Convido também para compor a Mesa o Embaixador da Polônia, Pawel Kulka Kulpiowski. (Pausa.)

Eminentíssimo Sr. Cardeal Dom José Freire Falcão, Eminentíssimo Sr. Dom Eugênio Sales, Reverendíssimo Sr. Arcebispo Dom Lorenzo Baldisseri, Reverendíssimo Sr. Dom Odilo Pedro, Reverendíssimo Sr. Dom João Braz de Aviz, Reverendíssimo Sr. Dom Heitor Sales, Excelentíssimo Sr. Embaixador da Polônia, Excelentíssimo Sr. Embaixador da República Libanesa, Excelentíssimo Sr. Embaixador da República Árabe da Síria, Excelentíssimo Sr. Embaixador da República da Guatemala, Reverendíssimo Sr. Dom Eugênio Sales, Arcebispo Emérito do Rio de Janeiro; Reverendíssimo Monsenhor José Leite Nogueira, Ilustríssimo Sr. Robson Lopes, Ilustríssimos Representantes de Embaixadas; Excelentíssimas senhoras e Excelentíssimos senhores, Srªs Senadoras, Srs. Senadores.

O Senado homenageia, de maneira especial, a memória de Sua Santidade o Papa João Paulo II.

Há quase sete meses, tive a oportunidade de participar da cerimônia de despedida do grande pontífice, no Vaticano, quando pude ver de perto a emoção do mundo inteiro diante de tão grande perda. Foi um momento que, sem dúvida, muito me marcou.

Superado o choque inicial pela perda de um dos maiores líderes humanitários que o mundo já teve, podemos refletir com maior clareza sobre o enorme legado de João Paulo II, em vinte e sete anos de pontificado. A fé inabalável e o espírito de oração impressionavam a todos que o cercavam.

Os biógrafos lembram a infância sofrida na Polônia, a orfandade e os horrores das guerras e do nazismo como elementos que despertaram e fortificaram a fé de Karol Wojtila. Uma história de vida que também ajuda a entender a garra com que o jovem polonês seguiu os desafios de uma vida destinada a evangelizar e a cuidar dos interesses da humanidade.

O pontificado de João Paulo II foi o quarto mais longo da história da Igreja. Sua grandeza não pode ser medida por números, mas é impossível não nos deixarmos impressionar com algumas dessas estatísticas.

Para visitar 129 países, em 102 viagens realizadas ao redor do mundo, o Papa peregrino percorreu 1 milhão e 700 mil quilômetros de avião, carro, navio e até ferry boat, o que corresponde a 31 voltas ao redor da Terra e a mais de três vezes a distância entre a Terra e a lua.

O Papa mais popular de todos os tempos foi visto por cerca de 400 milhões de pessoas, reuniu-se com 738 chefes de Estado e recebeu 246 primeiros-ministros.

Ele escreveu 14 encíclicas, proclamou 476 santos e 1.318 beatos, mas, acima de tudo, o Papa João Paulo II será lembrado como um Papa missionário, que fez questão de estar sempre no centro dos acontecimentos mundiais, lutando pelas liberdades democráticas e pela justiça social.

Natural de um país durante muitos anos dominado por ditaduras totalitárias, João de Deus abraçou com todas as forças a tarefa de ajudar a libertar seu povo e outros povos oprimidos pela falta de liberdade política e religiosa. Nesse papel duplo, de líder religioso e político, João Paulo II mostrou uma habilidade e uma capacidade de comunicação impressionantes, justificando o título de Papa pop.

Gestos como de beijar o solo dos países que visitava encantaram o mundo, assim como o trânsito que tinha entre outros líderes de outros credos religiosos e a facilidade com que dirigia aos fiéis mensagens em diversas línguas.

Fotógrafos disputavam espaços para registrá-los afagando crianças e acolhendo doentes e miseráveis.

Dizem que foi o homem mais registrado da História. Levava sempre 50 jornalistas a bordo do avião e com eles costumava conversar aberta ou reservadamente.

Da Era João Paulo II, guardaremos a lembrança do Papa pop, do Papa peregrino, do João de Deus, que a fé foi transformando aos poucos de missionário em Santo. Santidade que nasceu na fé e cresceu no martírio de seus últimos anos, quando sacrificou o que lhe restava de saúde para continuar pregando o Evangelho e protegendo o rebanho de Cristo.

Enquanto esperavam a decisão da Igreja sobre a canonização de João Paulo II, os fiéis que tanto o adoraram em vida seguem crendo na santidade de João de Deus.

Encerro minhas palavras neste momento em que o Senado presta tão relevante homenagem, lembrando a multidão reunida diante do caixão de João Paulo II na Basílica de São Pedro, ao erguer seus cartazes e ecoar: “Santo Súbito!” ou “Santo Já!”


Este texto não substitui o publicado no DSF de 26/10/2005 - Página 36078