Discurso durante a 192ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Refuta as críticas dirigidas a S.Exa. pelo Presidente do PT, Deputado Ricardo Berzoini e pela Senadora Ideli Salvatti.

Autor
Antonio Carlos Magalhães (PFL - Partido da Frente Liberal/BA)
Nome completo: Antonio Carlos Peixoto de Magalhães
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ATUAÇÃO PARLAMENTAR.:
  • Refuta as críticas dirigidas a S.Exa. pelo Presidente do PT, Deputado Ricardo Berzoini e pela Senadora Ideli Salvatti.
Publicação
Publicação no DSF de 01/11/2005 - Página 37733
Assunto
Outros > ATUAÇÃO PARLAMENTAR.
Indexação
  • AUSENCIA, RESPOSTA, ORADOR, DISCURSO, IDELI SALVATTI, SENADOR, REPUDIO, ATUAÇÃO PARLAMENTAR, FALTA, ESCLARECIMENTOS, IRREGULARIDADE, RECURSOS, RECEBIMENTO, PUBLICITARIO, CORRUPÇÃO.
  • CRITICA, INCOMPETENCIA, ATUAÇÃO, CORRUPÇÃO, PRESIDENTE, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT), EX MINISTRO DE ESTADO, MINISTERIO DA PREVIDENCIA SOCIAL (MPS), MINISTERIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE), REPUDIO, TENTATIVA, CONFLITO, ORADOR.

O SR. ANTONIO CARLOS MAGALHÃES (PFL - BA. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srs. Senadores, quero, em primeiro lugar, agradecer a V. Exª e ao Senador Presidente desta Casa José Sarney, cujo trabalho todos reconhecem e que muitas vezes é, nesta Casa, injustiçado. Mas a injustiça faz parte da política, sobretudo na vida de um homem tão experimentado como o Presidente José Sarney, que conhece bastante os caracteres humanos.

Quero dizer, Sr. Presidente, que não vou responder, embora tenha um discurso aqui em relação ao assunto tratado pela desagradável Senadora Ideli Salvatti, que não explicou ainda os 450 mil do Diretório de Santa Catarina, recebidos de Marcos Valério; que não explica os outdoors que pululam em Santa Catarina sobre sua atuação, até tratando inferiormente suas colegas. Os colegas, esses já esperavam, porque a conhecem bem da terra, que são o Senador Bornhausen e o Senador Leonel Pavan; mas as colegas também são vítimas dessa desagradável criatura, com que todos falam e conversam, mas que ninguém suporta.

Dito isso, quero dizer que o Sr. Ricardo Berzoini está tentando fazer confronto, pensando que agrada ao Presidente Lula, mas está levando o Presidente ao calvário. Berzoini, ao me atacar, tenta unir o que resta de frangalho do seu partido. Ele deve ter cuidado para que essa união não volte contra ele próprio. Ele conseguiu essa proeza quando foi Ministro e conseguiu indispor-se com as categorias de todos os trabalhadores, principalmente matando os velhinhos na fila por falta de atendimento médico. Não tem coração e conseqüentemente não tem moral para me atacar.

Fui Ministro de Estado, fui Governador do meu Estado três vezes, fui Prefeito da capital, fui Presidente da Eletrobrás e ninguém apontou na minha vida um fato que atacasse a minha moral. O que fizeram aqui comigo foi logo desfeito pelo Supremo Tribunal Federal. Conseqüentemente, não vai me intimidar com a sua voz agourenta, já marcando a tristeza que será o PT sob a sua presidência.

Aliás, parece ser a sua especialidade. A sua visão revanchista e equivocada de política previdenciária e trabalhista conseguiu reunir contra o Governo Lula todos os sindicatos e centrais de trabalhadores independentes do País. Lembro-me que, em vários Estados, o ex-ministro chegou a ser enterrado. Há varias fotos aqui do enterro dele - só Lula mesmo poderia ressuscitá-lo! - por contrariar o direito dos trabalhadores.

Como administrador público Berzoini se superou. Conseguiu passar por duas pastas ministeriais com a mesma incompetência e falta de sensibilidade, além de má-fé.

A bem da verdade, pode-se acusar Berzoini de muitas coisas, jamais de ser incoerente. É coerente porque é sempre incompetente. Portanto, ele é coerente na incompetência. Sua ação deletéria à frente dos Ministérios da Previdência e depois do Trabalho seguiu sempre uma conduta que a Unafisco já denunciava em 2003, juntamente com outros petistas encastelados na cúpula do Poder Federal, buscar meios, inclusive financiando campanhas, como ficou comprovado, para levar à frente um plano pernicioso e mal costurado de desmoralização da Previdência com o fim de privatizá-la, segundo seus inconfessáveis interesses, e dando espaço para a criação de inúmeros novos fundos de pensão - que ele conhece bem - por onde certamente recursos públicos e dos trabalhadores tomariam o rumo que agora a CPI aponta.

Esse plano começa a fazer água. Berzoini, seguindo sua sina de coveiro das instituições, foi administrar um semimorto PT: a massa falida do PT. Coveiro, sim! Ele é um coveiro.

Como bem resumiu o Jornal do Brasil esses dias, Ricardo Berzoini, quando Ministro da Previdência, desmoralizou a Pasta por onde passaram grandes administradores.

Berzoini saiu com a seguinte explicação para esse uso abusivo do dinheiro público, em uma frase que conseguiu ao mesmo tempo agredir a decência e a lógica.

A frase é dele:

Dada a circunstância da posse, politicamente, não há nada de irregular. E do ponto de vista legal, não há contradição, já que se tratava da família do Presidente eleito.

Vejam só! Estão entre aspas as palavras do Presidente do PT.

Ou seja, para a acusação de que o PT usou o Fundo Partidário com familiares do Presidente, o que é proibido totalmente, ele se defendeu afirmando que era legal, pois o gasto era feito com a família do Presidente eleito.

Vejam só a que ponto está chegando este País!

Estou na dúvida sobre que caminho adotar em relação a essa figura deletéria que agora me ataca.

Não sei se vou seguir, eu mesmo, o conselho que dei ao meu amigo e Presidente do meu Partido, Senador Jorge Bornhausen, quando foi, anônima e covardemente, atacado por essa corja de corruptos do PT. Na ocasião, eu o aconselhei a não se irritar com essas pessoas pequenas, apenas prosseguindo a irritá-las, seguindo o lema do velho político paulista Cirilo Júnior: “Meu filho, não se irrite. Irrite os outros”. Talvez eu deva fazer a mesma coisa: irritar os outros dizendo, por exemplo, que o Presidente Berzoini é colega de Delúbio, é colega do “Land Rover”, daquele do Palácio que ganhou o Land Rover. Esse é o seu meio, esse é o seu lugar.

Agradeço ao meu Líder, Senador José Agripino, que, com muita altivez, me defendeu mandando-o “lavar a boca” para falar meu nome, tais e tantos seriam os meus serviços prestados ao País e tais e tantas seriam as desgraças de Ricardo Berzoini ao Brasil.

Ele chega à Presidência do PT traindo Tarso Genro. O Presidente Tarso Genro pode dizer que não, mas ele usou o Campo Majoritário para retirar o Tarso Genro e utilizando determinadas pessoas cujo nome não desejo pronunciar para não agravar a situação do próprio.

Quero dizer ao Sr. Ricardo Berzoini que quem mata os velhinhos, quem faz a pior Previdência dos últimos tempos, tanto que foi logo deslocado, quem não tem competência e utiliza os “delúbios da vida” para ajudá-lo... Ao de Delúbio pode-se incorporar o nome de Berzoini. “Delúbio Berzoini” é a quem me refiro neste instante, certo de que em qualquer parte ou lugar estarei disposto a debater com ele ou com os seus correligionários que queiram defendê-lo. Se no PT existem pessoas decentes, e existem muitas sim, há outras que não têm essa decência, entre elas o Presidente Berzoini, que só porque não tem decência chegou ao lugar.

Srª Presidente, lamento que seja V. Exª a Presidente neste instante. Peço-lhe desculpas da minha parte, mas não posso calar-me diante de tanta injustiça, até para ser fiel ao meu amigo José Agripino, Líder do meu Partido.

Para aquele que tiver credibilidade para atacar, como aqui foi atacado o Governo da Bahia, eu já tenho a resposta escrita, mas às pessoas que não têm credibilidade e que não explicam o que ocorreu com o mensalão no diretório do seu partido eu não respondo, a não ser dizendo coisas que as pessoas às vezes merecem ouvir, mas outras nem tanto.

Daí por que, Srª Presidente, vim a esta tribuna. Já falei sobre o Sr. Berzoini, já falei sobre a Senadora desagradável que aqui sempre ataca as pessoas, e estou repetindo para que não diga que falei apenas na sua ausência. Estou falando aqui em sua presença, para que todos saibam que não tenho receio das calúnias, das infâmias dos petistas, porque vamos retirá-los, muitos, da vida pública.

Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 01/11/2005 - Página 37733