Discurso durante a 192ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Considerações ao pronunciamento do Senador Antonio Carlos Magalhães de repúdio as críticas dirigidas a S.Exa.

Autor
Ideli Salvatti (PT - Partido dos Trabalhadores/SC)
Nome completo: Ideli Salvatti
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
EXPLICAÇÃO PESSOAL.:
  • Considerações ao pronunciamento do Senador Antonio Carlos Magalhães de repúdio as críticas dirigidas a S.Exa.
Publicação
Publicação no DSF de 01/11/2005 - Página 37738
Assunto
Outros > EXPLICAÇÃO PESSOAL.
Indexação
  • RESPOSTA, DISCURSO, SENADOR, DESVALORIZAÇÃO, CONDUTA, ORADOR, REITERAÇÃO, COMPROMISSO, REPRESENTAÇÃO, ESTADO DE SANTA CATARINA (SC), BRASIL, DEFESA, RESPONSABILIDADE, INVESTIGAÇÃO, DENUNCIA, CORRUPÇÃO.

A SRª IDELI SALVATTI (Bloco/PT - SC. Para contraditar. Sem revisão da oradora.) - Srª Presidente, Srªs e Srs. Senadores, a palavra “agradável”, ou “agradar”, é muito relativa. Desconheço pessoas que têm a capacidade de agradar a todos. É muito difícil agradar a todos. E a tarefa que nos traz ao Senado da República não é a de ser agradável nem suportável; é a tarefa de representar nossos Estados, defender nossas visões, as maneiras de ver a realidade do País, apresentar propostas e lutar para que as mudanças e o que é necessário ao País possa ser implementado.

É por isso que os 81 Senadores e Senadoras desta Casa têm a mesma responsabilidade. Aqui não existe quem é mais ou quem é menos. Não existe nenhum melhor, nem outro pior. Todos foram trazidos a esta Casa pelo voto de seus conterrâneos. Alguns com mais, outros com menos votos, mas todos com votos suficientes para representar o interesse de seu Estado, o interesse do País. Portanto, se algo não agrada ou se não é suportável, faz parte do trabalho que cada um tem que desenvolver.

Eu não fujo de minhas responsabilidades. Quando sou questionada, respondo; quando sou indagada, afirmo e comprovo. Já fui, inclusive, chamada de mentirosa, e tive a capacidade não apenas de provar o que disse, com notas taquigráficas, a ponto de quem me chamou de mentirosa - está certo que não foi muito fácil; teve que ser meio sacudido - reconhecer o erro, pedir desculpas e retirar a acusação. Não tenho qualquer problema. Quando fui acusada pelo Sr. Roberto Jefferson, respondi à altura, levei-o até o Supremo Tribunal Federal, onde está sendo processado pela acusação sem provas e pelas insinuações feitas à minha pessoa. Portanto, não tenho qualquer problema em responder a nada. Assumo tudo o que faço, como faço e respeito a todos que assim agem no exercício de seu mandato. Também não renuncio às minhas tarefas. Tenho tarefas como vice-Líder do Governo, como representante do meu Partido nas CPIs, como membro efetivo na CPI dos Correios e, suplente, na CPI dos Bingos. Tenho buscado desempenhar minhas tarefas porque entendo que o momento político exige de todos nós essa responsabilidade. O que o País exige de cada um de nós é que tenhamos a capacidade de investigar a corrupção, aconteça onde acontecer, no período em que acontecer, na época em que acontecer. É isso que a população espera de todos nós.

Portanto, quando fiz o pronunciamento que trouxe à tribuna, uma série de tarefas investigativas que estão expostas pela imprensa, mencionei que temos que dar conta de fazer todas essas investigações, sim, as investigações com as responsabilidades que todos esses fatos, com mais ou menos gravidade, com mais ou menos provas levantadas pelos meios de comunicação, exigem de todos nós. Também digo, de forma muito clara, que, se assim não o fizermos, não estaremos respondendo àquilo que a população exige de cada um de nós.

Portanto, se paira qualquer dúvida, que se oficialize a denúncia e se efetive a investigação. Todos nós temos a responsabilidade de dar conta de tudo aquilo que precisa ser investigado no País, seja de quem for, seja do período que for.

E digo mais: nesta Casa, conseguimos, durante um bom tempo, manter a crise sob controle, manter a crise em um nível que permitiu termos condições de efetivar votações e diálogos produtivos para o País, como tivemos a oportunidade de fazer em várias matérias que aprovamos. Portanto, apesar da tarefa da investigação, vou na mesma linha do Senador Tião Viana: que todos nós façamos as investigações necessárias, mas tenhamos a responsabilidade de não transformar esta crise na crise da terra arrasada, na crise do extermínio da representação política, na crise do quanto pior melhor, porque não há salvação para ninguém na crise do quanto pior melhor.

Por isso, venho à tribuna e respondo, Senadora Serys Slhessarenko, com a tranqüilidade com que já respondi em tantas outras oportunidades, não com o objetivo de ser agradável - eu até me esforço para ser simpática muitas vezes; se não sou, não posso fazer diferente -, mas com a consciência tranqüila de estar exercendo o meu mandato honrando o povo de Santa Catarina, que me colocou aqui, assim como os outros 80 Senadores e Senadoras.

Muito obrigada, Srª Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 01/11/2005 - Página 37738