O SR. NEY SUASSUNA (PMDB - PB. Como Líder. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, mais uma vez, volto a esta tribuna para falar de um tema que me constrange: a seca nos Municípios do Nordeste. No meu Estado, hoje, a Paraíba, os jornais estampam em suas manchetes que a população de cem municípios não tem água para beber.

É constrangedor que, no Séc. XXI, século da tecnologia, Senador Mão Santa, o século de tantos milagres tecnológicos, os habitantes desses municípios não tenham água para beber. Alguns municípios pegam água a 70, 80 quilômetros de distância. Se é, Senadora Heloísa Helena, que podemos chamar “água” aquele caldo esverdeado, aquele fundo de açude que, com certeza, está trazendo parasitas e problemas gastrointestinais. Hoje fui ao Ministério da Integração Nacional pedir que comecem aquele tratamento rotineiro: carro-pipa, Bolsa-Família, frente de trabalho.

Eu não sei quando vamos parar, qual vai ser o dia em que vou ter a glória de chegar aqui e dizer que resolvemos o problema. A estiagem não acaba, é um fenômeno, sabemos, que não temos como eliminar, mas, pelo menos, podemos minorar os problemas e evitar a humilhação do brasileiro que mora no interior da Paraíba, no interior do Piauí, no interior de Alagoas ou no interior da Bahia de ter que tomar aquele caldo, que, na verdade, é um caldo para acabar com a saúde do cidadão, ainda que seja o que se pode fazer por enquanto.

Antes de vir para cá, a Senadora Heloísa Helena me proibiu de falar sobre transposição (ela está sorrindo!!!). Não vou falar de transposição, mas não resta dúvida de que seria uma solução. A verdade é que, lamentavelmente, voltamos à rotina. Eu queria registrar o meu protesto e a necessidade...

A Senadora Heloísa faz um aparte fora do microfone e, como não é permitido aparte em palavra de Líder, vou reverberar o que ela está falando: é sim, às margens do São Francisco, quilômetros adiante, e de novo está lá o povo morrendo de sede. Quer dizer, mesmo onde há água corrente, falta a ação para minorar o sofrimento das populações. Parece que nós, nordestinos, somos cidadãos de segunda categoria, parece que o tratamento é este: deixa lá, já estão acostumados, deixa sofrer, não faz mal. Isso nos revolta.

E é revoltado que ocupo esta tribuna neste momento para, mais uma vez, registrar a seca em inúmeros Municípios do Nordeste. Só no meu Estado, são cem Municípios.

Muito obrigado.