Discurso durante a 196ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Considerações sobre matéria intitulad "Uma 'surra' em Lula", de autoria do Sr. Aluízio Falcão Filho.

Autor
Arthur Virgílio (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/AM)
Nome completo: Arthur Virgílio do Carmo Ribeiro Neto
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
SEGURANÇA PUBLICA. GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.:
  • Considerações sobre matéria intitulad "Uma 'surra' em Lula", de autoria do Sr. Aluízio Falcão Filho.
Publicação
Publicação no DSF de 08/11/2005 - Página 38369
Assunto
Outros > SEGURANÇA PUBLICA. GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.
Indexação
  • SOLICITAÇÃO, TRANSCRIÇÃO, ANAIS DO SENADO, ARTIGO DE IMPRENSA, PERIODICO, EPOCA, ESTADO DO RIO DE JANEIRO (RJ), REGISTRO, NECESSIDADE, INVESTIGAÇÃO, GRAVIDADE, DENUNCIA, ORADOR, SUSPEIÇÃO, GOVERNO FEDERAL, PARTICIPAÇÃO, AMEAÇA, FAMILIA.
  • ESCLARECIMENTOS, IMPOSSIBILIDADE, APRESENTAÇÃO, PROVA, DENUNCIA, COMENTARIO, RESPONSABILIDADE, MINISTRO DE ESTADO, MINISTERIO DA JUSTIÇA (MJ), PROVIDENCIA, INVESTIGAÇÃO, SITUAÇÃO.
  • ANUNCIO, POSSIBILIDADE, ENCONTRO, SECRETARIO, SECRETARIA GERAL, PRESIDENCIA DA REPUBLICA, SUSPEIÇÃO, ORGANIZAÇÃO, INTIMIDAÇÃO, FAMILIA, ORADOR, REGISTRO, ALEGAÇÕES, INOCENCIA.
  • COMENTARIO, INTERESSE, ORADOR, PRATICA ESPORTIVA, ESCLARECIMENTOS, AUSENCIA, UTILIZAÇÃO, ESPORTE, LUTA, INTIMIDAÇÃO, PESSOAS.
  • CRITICA, MINISTRO DE ESTADO, AUSENCIA, RESPOSTA, GARANTIA, PROVIDENCIA, INVESTIGAÇÃO, PARTICIPAÇÃO, GOVERNO FEDERAL, TENTATIVA, INTIMIDAÇÃO, DIREITOS, LIDERANÇA, PARTIDO POLITICO, OPOSIÇÃO.

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM. Pela ordem. Com revisão do orador.) - Sr. Presidente, acompanhei todos os comentários a respeito desse episódio da surra no Presidente Lula, até, descontextualizando, o que não era, na verdade, a minha intenção. A minha intenção era - e é - contra quem quer que seja, contra qualquer um, incluindo o Presidente Lula, proteger, a qualquer preço, a qualquer custo, a integridade da minha família.

Muito bem! Mas não sou o tipo de Parlamentar ou de homem público que fica em Redação de jornal pedindo para alterar nota ou que fica na Taquigrafia pedindo para mexerem no que eu disse. Nada disso. O que eu disse está dito. Aceito as críticas, como democrata que sou. Só quero chamar a atenção da imprensa para um fato: a raiz disso tudo, que foi a ameaça aos meus filhos, não apareceu em charge nenhuma. Na verdade, tratava-se de um agredido contra agressores, e, em relação ao fato de os meus filhos terem sido ameaçados, nenhuma importância! Parece até que eles podiam estar ali, entre os chacinados de Vigário Geral, enfim. Portanto, não me arrependo nem um pouquinho.

Tenho, aqui, uma carta do ilustre Diretor de Redação da revista Época, Aluizio Falcão Filho, que diz coisas muito boas:

Entende-se até o motivo do Senador Arthur Virgílio, que acusa até agora sem provas [quero discutir isso] - o Governo Federal de grampeá-lo e constranger sua família. Acusações graves que merecem ser investigadas e apuradas. E, caso seja provado o envolvimento do governo neste e nos demais grampos levantados por outros parlamentares, a punição deve ser exemplar. Só para lembrar: no cerne da queda do governo de Richard Nixon, estava a invasão do escritório do Partido Democrata no Edifício Watergate, mas foram os grampos encomendados pelo então Presidente americano que colocaram mais molho no processo de impeachment.

            Tenho, aqui, alguns reparos a fazer: mais do que os grampos, foi o encobrimento, foi mais aquela seqüência de mentiras em que se envolveu o Presidente Nixon.

Não pude apresentar provas, Sr. Presidente. Se eu as tivesse, eu já teria falado com essas pessoas no tom que eu disse que ia fazer. Aliás, fiz isso num determinado dia, 24 horas depois, no dia 31. No dia 1º, o Senador Suplicy pede ao Ministro Thomaz Bastos que me ligue. O Ministro me liga e me diz que retornaria a ligação à noite com as respostas. Não retornou. Apareceu um Diretor da Força Sindical, Sr. Carlos Lacerda, dizendo que a responsabilidade do episódio seria do Sr. Wagner Caetano, que trabalha no 4º andar do Palácio do Planalto, sala 20, telefone tal, e-mail tal. Não quero acusar o Sr. Wagner Caetano. Não o conheço e não posso acusá-lo, mas o Ministro não voltou com a resposta para mim, nem me deu oportunidade de falar com ele sobre o nome do Sr. Wagner Caetano. 

O fato é que não posso apresentar provas quaisquer. Apresentei a denúncia, com testemunhas, de que a minha família estava ameaçada. Caberia ao Ministro ter tomado as providências; a ele, sim, depois de ter prometido, jurado, que não havia dedo federal nisso. Eu lhe disse: “Márcio, pelo amor de Deus, me jure que não há dedo federal nisso!” Ele disse: “Arthur, pode ficar tranqüilo que não há dedo federal nisso”. Depois, ele não me procura mais.

Passou o tempo. No mesmo dia, depois de me desiludir com o Ministro Márcio Thomaz Bastos, eu liguei, pessoalmente, para o Sr. Wagner Caetano. Disse a S. Sª o seguinte: “Sr. Wagner, o senhor é acusado de algo muito grave: de bisbilhotar a minha vida pessoal e de ameaçar a minha família”. Ele disse: “Eu acho que há um engano”. Eu lhe disse: “O senhor acha ou o senhor tem certeza de que há um engano? Porque eu saberia, com certeza, se fiz ou se não fiz alguma coisa”. Ele disse: “Não, Senador, tenho certeza de que há um engano”.

Ele disse que não era assim, que ele era uma pessoa que trabalhava. Ele é Secretário de Pesquisas e Estudos Político-Institucionais da Secretaria-Geral da Presidência da República. Liguei, então, para o meu ex-Colega de Câmara, Luiz Dulci, que, tampouco, me retornou a ligação. E o Sr. Caetano se disse disposto a falar comigo pessoalmente. Eu lhe disse, então: “Não tenha a menor ilusão de que o senhor vai falar comigo pessoalmente”.

Aliás, se o Ministro Márcio não me der uma resposta sobre isso hoje, ele vai falar comigo hoje, porque vou ao Palácio, daqui a pouco, e vou à sala do Sr. Caetano, olhar nos olhos dele. Vou sair daqui, a pé, e vou olhar nos olhos dele, lá, para saber. E, se eu tiver a convicção de que ele é uma pessoa séria, vou voltar aqui e dizer que conversei com uma pessoa séria.

Hoje, liga-me o Sr. Thomaz Bastos. Eu não estava em casa. Quando ligo de volta, já estava ele no salão - espero que não seja em um salão de dança e, sim, salão de alguma solenidade. Enfim, o fato é que, depois, não consegui, de novo, falar com o Ministro Márcio Thomaz Bastos. É uma pessoa muito rápida quando se trata de me procurar para amenizar as minhas críticas ao Governo Lula, mas não foi nada rápido, nem nada correto, quando se tratava de oferecer aquilo que é obrigação de um governo, a proteção à família de um Líder de Oposição, que tem o direito e o dever de fazer Oposição no tom que julgue necessário.

Diz, aqui, ainda, o Aluizio Falcão Filho, Sr. Presidente: “Se os parlamentes tiverem razão, e o governo for responsável por essa arapongagem desenfreada, estaríamos vivendo num estado policial, no qual as liberdades mínimas são desrespeitadas”.

Muito bem, Sr. Aluizio Falcão!

Continua o jornalista - e eu queria dizer-lhe que, nesse ponto, ele não está correto: “Por outro lado, se o Senador Virgílio e os colegas estiverem errados [...]” Primeiro, foram casos diferentes: a Senadora Heloísa falou de grampo, o Deputado Antonio Carlos Magalhães Neto falou de grampo, o Senador Delcídio já havia falado de grampo, o Sr. Serraglio falou de grampo, o Sr. Izar falou de grampo. Eu não falei de grampo! Eu não disse que alguém havia grampeado o meu telefone; eu disse que sicários estavam em Manaus, bisbilhotando a minha vida e ameaçando a minha família. E disse - isto eu falei para o Sr. Wagner Caetano - que o Diretor Nacional da Força Sindical, Sr. Carlos Lacerda, o acusava frontalmente de ser o responsável pelas ameaças.

Não falei em grampo. Quero apenas separar as coisas, porque diz ele: “[...] teremos dois problemas - se eu não provar, dois problemas. Se eu não provar que a minha família foi ameaçada, ou seja, se essas pessoas, que tiveram mais do que tempo, sumirem no mapa e se já estiverem, lá, na Patagônia; se essas pessoas não aparecerem, segundo o Aluizio Falcão Filho, sou leviano, porque, “no exterior, salvo raríssimas exceções, um parlamentar só vem a público acusar o Poder Executivo munido de dossiês e provas”.

É o que eu procuro fazer, como Parlamentar, e V. Exª, mais do que ninguém, é testemunha do comportamento que tenho nesta Casa.

Continua o Sr. Aluizio Falcão: “Aqui, não. Fala-se o que quer, mesmo que não se prove mais tarde”.

Não sei se o Sr. Aluizio Falcão tem filhos. Deve ter. Eu o admiro muito, ele me trata com muito respeito, como uma das vozes mais fortes do Senado.

Eu, mais do que nunca, me constranjo, porque não sou de reclamar de imprensa. Desde 1978 que estou na vida pública, Sr. Presidente, e nunca liguei para uma Redação para reclamar de uma notinha, nem quando eu era o poderoso Ministro político, Ministro-Chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República do Governo Fernando Henrique.

Das charges boas, rio delas; das charges ruins, rio delas. Sou um democrata mesmo. Estou apenas dizendo que não tenho de provar nada! Quem teria de ter investigado é quem não o fez. Alguém teria de ter tomado conta desse caso.

Não quero nenhuma babá da Polícia Federal atrás da minha família, não. Não preciso de babá. Meus filhos já não usam fralda faz tempo! Quero a prisão dos bandidos que ameaçaram a minha família e quero saber, sem nenhuma acusação prévia a ele, se o Sr. Wagner Caetano é ou não é o engenheiro disso tudo.

A situação está posta da seguinte forma: o Ministro Thomaz Bastos me liga, eu não estou - ele deve dar graças a Deus por eu não estar -; depois disso, ele desaparece no mundo e fica o tempo todo em reunião com o Presidente. Ele fica tanto em reunião com o Presidente que isso depõe contra ele. Parece que o Presidente não tem o que fazer, que é um desocupado e que passa o tempo todo conversando ou jogando biriba com o Sr. Márcio Thomaz Bastos. Fui Ministro da Casa e ficava vinte minutos, quinze minutos, meia hora, no máximo, com o Presidente. Não dava para ficar três ou quatro horas, porque o Presidente tem mais o que fazer.

Digo: se ele não tomar nenhuma providência, daqui a pouco - vou pedir inscrição, Sr. Presidente, como orador, e não abordarei mais este assunto; quero comunicar isto à Casa com muita tranqüilidade -, vou atravessar a rua e vou para o Palácio do Planalto. Vou à sala do Sr. Wagner Caetano falar com ele. Eu. Vou olhar nos olhos dele e fazer o que sei fazer: olhar.

Outra coisa que eu queria dizer é que, nesse festival todo, pratico esporte, sim. Faço Jiu-Jitsu, como V. Exª fez. Eu o faço desde criança. É um esporte. Nunca joguei futebol, nunca fui bom jogador de basquetebol. E qual é o problema em se fazer Jiu-Jitsu? Já usei o esporte para ameaçar alguém nesta Casa? Já usei isso para agredir alguém? Qual é o serventuário desta Casa que, alguma vez, me viu entrar no elevador sem cumprimentar a pessoa? Quem é que pode dizer de mim que eu tivesse feito um gesto covarde na minha vida?

Querem ligar o fato de eu fazer jiu-jitsu ao fato de eu dizer que defendo a minha família até a última instância,. Se eu fosse jogador de golfe, eu não teria brio. Se eu fosse jogador de xadrez, eu não teria brio. Se eu fosse jogador de basquete, eu não teria brio. Se eu fosse jogador de tênis de mesa, eu não teria brio. Ou seja, eu só defendo a minha família, Senadora Heloísa Helena, porque eu faço jiu-jitsu. Ou seja, ela não faz nada, outros não fazem nada, e eu acredito que todos aqui são tão corajosos quanto eu procuro ser. Alguns mais!

Nunca, na minha relação com meus colegas, eu trouxe o esporte que pratico, para meu deleite, como arma de intimidação até porque não me considero primário intelectualmente e até porque esta não é Casa para ser transformada em ringue de força física. De jeito algum!

Sou veemente porque sou. Sou veemente como veemente era Rui Barbosa. Sou veemente como veemente era Fulano de Tal. Sou veemente como veemente é o Senador Sibá Machado. Sou veemente como veemente é a franzina e doce Senadora Heloísa Helena. Sou veemente, Sr. Presidente. É o meu direito de ser! Não tem nada a ver com o esporte que pratico, que é um esporte saudável, que não incita ninguém à violência. Ou seja, vi-me alvo de uma seqüência de preconceitos.

Do meu gesto não retiro uma só letra, Sr. Presidente. Uma só letra! Eu não perdoaria alguém que eu soubesse mandante ou executante de algo que fizesse mal aos meus filhos.

Olhe que eu vim para cá e amigos meus ponderados... A coisa mais chata é amigo ponderado, aquele que diz: “Não fala mais nisso. Já apanhou demais” Não! Eu falo, sim. Estou falando de novo. Falo amanhã, depois de amanhã. Como já vi que não haverá recesso, vou falar durante o recesso. Vou falar a vida toda porque, primeiro, fui vítima de um preconceito. Tenho direito de fazer um esporte e tenho orgulho dele. Fui competidor nesse esporte. Ele não me fez violento. Ao contrário, ele me moderou, me ensinou a respeitar as pessoas mais fracas, ensinou-me a ser bastante humilde com os humildes. Eu, às vezes, procuro ser, como ensinava Daniel Krieger, que nunca fez jiu-jitsu, arrogante com os poderosos, mas, com os humildes, eu sempre fui muito humilde, o tempo inteiro humilde.

Então, fui vítima de preconceito, sim, Sr. Presidente.

Por outro lado, quero que vá para os Anais este belo artigo do Aluizio Falcão Filho, com esses senões que eu fiz. Eu não reclamei de grampo e, sinceramente, meu caro jornalista Aluizio Falcão Filho, eu não tenho de provar nada. O Governo é que tinha de tomar atitude e não tomou, o que me cheira duas coisas: ou uma brutal incompetência, junto com falta de respeito pela integridade da minha família, ou a conivência, no que não quero crer.

De qualquer maneira, vou hoje tirar dúvida. O Ministro não providencia, e eu vou atravessar a sala - como Parlamentar, não como lutador de jiu-jitsu -, vou atravessar a rua e falar com o Sr. Wagner Caetano.

Eu acredito que o oftalmologista pode ser corajoso. Acredito que o doente, em seu leito, morrendo, pode ser corajoso. Acredito que não dá para imaginar que é força física, porque, senão, seria o peso-pesado de todos os pesos e do vale-tudo que dirigiria o Brasil. Não é assim.

Eu não queria que confundissem o meu esporte. Fui chamado de casca-grossa, de... Pelo amor de Deus, pelo amor de Deus! Eu só peço que não esqueçam de uma coisa simples. Eu falo para quem é pai. Quem não é pai não sabe o que é ser pai; quem não é pai não sabe o que é. Não adianta. É tão difícil. Se o homem ou a mulher mais inteligente do mundo não é pai ou não é mãe - sobretudo mãe, porque mãe deve ser mais ainda -, não sabe o que se sente. Eu realmente saio do sério se algo de ruim acontecer, por qualquer razão, com um filho meu. Saio do sério mesmo.

Isso se aplica a todo mundo. Volto a dizer que não faço distinção aí. Aí, eu partiria para reagir contra o mais poderoso homem da Terra e aí - eu seria obrigado a fazer até o que eu não gosto -, até contra o mais humilde homem da Terra também.

Portanto, Sr. Presidente, fiz isso em tom de desabafo, mas denunciando que os dias estão se passando e não percebo nenhum gesto do Ministério da Justiça no sentido de mandar apurar o fato. A meu ver, se são pessoas de fora, já saíram de Manaus. Se são pessoas de fora, já não estão mais lá. Então, daqui a pouco, fica o dito pelo não dito. Talvez até parem com a palhaçada de investigar minha vida, parem com essa patacoada de investigar minha vida. Seria até bom que investigassem, não minha vida particular, mas minha vida pública e a mostrassem ao Delúbio, para que aprenda a ser decente comigo. Talvez valesse. Então, talvez fosse algo bom, mas esta sociedade democrática não permite arapongagem, não permite o grampo ilegal, não permite o desrespeito aos direitos da pessoa humana. E V. Exª, Sr. Presidente, que é uma das figuras a quem mais quero bem nesta Casa, sabe que, durante oito anos do Governo do Presidente Fernando Henrique Cardoso, havia briga ideológica, havia acusação de aqui e de acolá, mas desafio que me mostrem um oposicionista que tenha sido ameaçado por S. Exª, um só; que tenha havido um só gesto por meio do qual alguém foi cerceado pelo que disse da tribuna, um só gesto de intimidação a um oposicionista, um só gesto que significasse dizer: “Olha, está exagerando e, portanto, se você exagerar, lá virá sua família”.

Em primeiro lugar, comigo não funciona assim. Eu não sou de exagerar mesmo. Estou aqui para trabalhar como Senador responsável e respeitável deste País, pelo Estado do Amazonas. Não vou misturar licitações, não vou barrar uma matéria meritória porque houve isso tudo.

            V. Exª me conhece, Senador Tião Viana, mais do que muitos aqui na Casa. Portanto, digo a V. Exª que estou de novo indignado. Daquele dia para cá, não mudou coisa alguma. Podem transformar tudo em charge. Não há problema nenhum. Não há nenhum problema. Continuo dizendo que quem ousar fazer mal a um filho meu não é nem só uma pessoa má, mas uma pessoa louca, porque está avisada. E, se ainda assim faz, é porque é louca, porque não bate bem da cabeça. Estou pronto para repetir tudo que disse aqui. Cheguei a ver alguém do Distrito Federal, dizendo que deviam abrir um processo contra mim, contra a Senadora, contra o Deputado ACM Neto na Comissão de Ética. Estou pronto; estou pronto. Neste País de mensaleiros, neste País de políticos corruptos, neste País de gente que não tem coragem de defender com decência o seu povo, quero ver essa piada de salão que alguém me mandar... Estou aqui desafiando: que façam mesmo. Talvez neste País quem mereça ser punido é quem não é mensaleiro. Talvez, neste País, quem mereça ser punido é quem tem a hombridade de dizer abertamente as coisas que digo. Talvez seja assim.

            Então, é uma sugestão do PT do DF, que o Sr. Berzoini, tresloucado como é, devia ter coragem de aceitar e representar contra mim aqui, representar contra mim. Deveria absolver o Sr. Silvinho, nomeá-lo Ministro da Fazenda e me punir no Conselho de Ética, porque digo e repito: ninguém, impunemente agride meus filhos; ninguém impunemente ameaça a minha família e eu não aceito tentativa de intimidação ao meu dever e ao meu direito de Líder de um Partido de Oposição.

Estou aqui para, goste o Presidente Lula ou não, vigiar o Presidente Lula.

            Quando o Serra perdeu a eleição, eu não fui me pendurar em cargo de Petrobras, não. Não fui aderir, não. Quando voto com o Governo, voto para ajudar o Governo. E, nesse momento, eu livro o Governo dos seus mensalistas. Quando voto com o Governo, eu voto porque acredito que aquilo é uma proposta boa. Fiz aquilo que era o correto, era o republicano, era o democrático, era o anglo-saxônico. Quando perdi eleição, fui fiscalizar o vitorioso, Sr. Presidente, era o meu dever. Quando eu ganho, governo; quando perco, fiscalizo. Não fiz nada errado. A minha tribuna é inviolável e ilimitada. Aqui eu posso exagerar e tenho e já tive momentos assim, e depois pedi desculpas à pessoa por imaginar que tinha exagerado.

            Agora, imaginar alguém que vi com o meu coração pulsando, vou calar a boca? Pelo amor de Deus! Haja charge, haja o que for, porque não vou, porque não vou e porque não vou. Está tudo repetido, tudo que eu disse está valendo e mais ainda, Sr. Presidente, quero só que não esqueçam esse pormenor insignificante para uns, de que tudo começou com a ameaça a meus filhos, sem nenhuma importância, apenas meus filhos. Importante é passar a imagem de casca grossa, de truculento. Apenas meus filhos. Que significado têm meus filhos a não ser para mim? Para mim, tem todo e por eles eu vou além das últimas, das últimas, das ultimíssimas conseqüências.

            Estou estranhando o caráter de um Governo que, de lá para cá, não providenciou nada, e o Ministro está com esse jogo de esconde-esconde comigo. Não ligo mais para o Ministro Thomaz Bastos. Ele me ligou hoje e eu liguei de novo para ele. Daqui para frente, ou ele liga ou eu não ligo e, se ele não conhece o Wagner, eu daqui a pouco vou conhecer.

            Muito obrigado, Sr. Presidente, pela paciência.

 

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DOCUMENTO A QUE SE REFERE O SR. SENADOR ARTHUR VIRGÍLIO EM SEU PRONUNCIAMENTO.

(Inserido nos termos do art. 210, inciso I e § 2º, do Regimento Interno.)

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Matéria referida:

“Uma ‘surra’ em Lula, de Aluízio Falcão Filho”.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 08/11/2005 - Página 38369