Discurso durante a 196ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Apelo ao Ministério da Integração com relação à seca no Estado da Paraíba. Espanto com recente relatório do IBGE sobre a posição dos estados e regiões brasileiras, especialmente a Paraíba e o Nordeste. (como Líder)

Autor
Ney Suassuna (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/PB)
Nome completo: Ney Robinson Suassuna
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
CALAMIDADE PUBLICA. DESENVOLVIMENTO REGIONAL.:
  • Apelo ao Ministério da Integração com relação à seca no Estado da Paraíba. Espanto com recente relatório do IBGE sobre a posição dos estados e regiões brasileiras, especialmente a Paraíba e o Nordeste. (como Líder)
Publicação
Publicação no DSF de 08/11/2005 - Página 38418
Assunto
Outros > CALAMIDADE PUBLICA. DESENVOLVIMENTO REGIONAL.
Indexação
  • REGISTRO, GRAVIDADE, SECA, REGIÃO NORDESTE, REITERAÇÃO, SOLICITAÇÃO, MINISTERIO DA INTEGRAÇÃO NACIONAL, REMESSA, CAMINHÃO, ABASTECIMENTO DE AGUA, POPULAÇÃO, REGIÃO.
  • APRESENTAÇÃO, RELATORIO, INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATISTICA (IBGE), REGISTRO, INFERIORIDADE, ALTERAÇÃO, PERCENTAGEM, HISTORIA, PARTICIPAÇÃO, ESTADO DA PARAIBA (PB), REGIÃO NORDESTE, PRODUTO INTERNO BRUTO (PIB), COMPARAÇÃO, ESTADOS, COMENTARIO, CRESCIMENTO, POPULAÇÃO, DEMONSTRAÇÃO, EMPOBRECIMENTO, REGIÃO.
  • NECESSIDADE, GOVERNO FEDERAL, INVESTIMENTO, ESTADO DA PARAIBA (PB), EXPLORAÇÃO, PETROLEO, CONSTRUÇÃO, RODOVIA, INCENTIVO, UNIVERSIDADE, CRIAÇÃO, EMPREGO, DEFESA, REVIGORAÇÃO, SUPERINTENDENCIA DO DESENVOLVIMENTO DO NORDESTE (SUDENE).

O SR. NEY SUASSUNA (PMDB - PB. Como Líder. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, neste final de semana, na Paraíba, pude constatar que a área do Cariri e do Curimataú e muitas áreas do sertão estão realmente extremamente secas e enfrentando muitas dificuldades.

Já fizemos um apelo ao Ministério da Integração e reafirmo o meu pedido para que mande carros-pipa e estude outras possibilidades para ajudar os meus conterrâneos daquela área. Provavelmente, deve estar ocorrendo o mesmo no Rio Grande do Norte, de V. Exª, e Pernambuco e Ceará devem estar sofrendo as mesmas angústias.

Sr. Presidente, hoje, li o relatório do IBGE e me surpreendi. Portanto, quero fazer esse registro. Os Estados brasileiros tiveram sua posição divulgada na última sexta-feira, correspondente ao ano de 2003. São os dados mais atualizados que temos até agora. A Paraíba participa com 0,9% do PIB nacional, o mesmo percentual do Maranhão e do Rio Grande do Norte, e bem superior ao de Sergipe, de Alagoas e do Piauí. A contribuição do PIB da Paraíba com a soma das riquezas nacionais é exatamente a metade da do Ceará e ainda inferior a de Pernambuco e a da Bahia. Quer dizer, estamos iguais ao Maranhão e ao Rio Grande do Norte; superiores a Sergipe, Alagoas e Piauí e inferiores a Pernambuco, Bahia e Ceará.

Um dado curioso é que, em comparação com os dados do PIB de 1985, ou seja, há 18 anos, a participação da Paraíba é praticamente a mesma. Em 1985, era de 0,7%; em 2003, 0,9%. Se constatarmos o aumento da população, verificaremos que está mais ou menos igual.

O que me causou espécie é que, em 1983, a participação do Nordeste, como um todo, era de 14,1%. E hoje, Sr. Presidente, por esses dados agora divulgados, 13,8%. Caiu de 14,1% para 13,8%. Perdemos 0,3%.

Se considerarmos o crescimento da população, verificaremos que o Nordeste está mais pobre, bem mais pobre do que era em 1985. Por isso, é preciso que o Governo Federal faça as obras estruturais que prometeu. No caso do meu Estado, a Paraíba, que possamos avançar na exploração do petróleo lá existente; que avancemos em relação à elaboração, à feitura, à construção da BR-101; que tenhamos o apoio do Governo Federal para concluirmos a BR-230, entre Campina Grande e João Pessoa; e que haja - e penso que isto é o mais importante - maiores investimentos nas nossas universidades.

Na Paraíba, há três universidades públicas. Há algumas privadas, mas públicas são três. É preciso que o Governo invista nas áreas mais pobres para qualificar melhor o cidadão nordestino e, dessa forma, quebrar, pular esse gap, esse buraco, esse fosso que nos separa do Sul.

A Sudene faz falta. Ao verificarmos que, ao invés de crescermos, diminuímos, enquanto a Constituição diz que deveríamos ter tido mais investimentos, constatamos a falta que faz a Sudene. Não me refiro à Sudene, o fantasma que está aí, mas à Sudene como era: uma alavanca de progresso no Nordeste.

Não há mais verbas para serem investidas. Não há mais orientação para a industrialização. Enquanto o Centro-Oeste e outras regiões estão se organizando e avançando, o Nordeste está como cauda de cavalo: crescendo para baixo, diminuindo a distância entre o chão e a cauda do cavalo. É triste verificar isso.

O nosso Estado, todos os anos, por ter uma população de quase quatro milhões, precisa de 40 mil vagas de empregos. E não há empregos. Ao contrário, há evasão de indústrias que, na região, deixaram de ter os insumos necessários, como é o caso do algodão, do agave, do abacaxi, entre outros. Estamos perdendo nessas áreas porque esses insumos praticamente deixaram de ter importância econômica no Estado.

Portanto, faço este registro, dizendo da minha tristeza ao constatar que, segundo os dados do IBGE, nós, nordestinos, não progredimos. O que é pior, regredimos, quando a Constituição determina que essas regiões periféricas e com problemas econômicos maiores deveriam estar recebendo maior número de investimentos. Dentre esses, acabei de elencar alguns, mas insisto: o mais importante para nós, com toda a certeza, seria o investimento nas mentes dos paraibanos, dos nordestinos, para que pudéssemos superar essa queda que tivemos.

Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 08/11/2005 - Página 38418