O SR. PAPALÉO PAES (PMDB - AP. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, um dos mais graves problemas atuais na área de Saúde Pública é a epidemia de diabetes que vem se alastrando e se agravando a cada ano, com novos casos, com grande intensidade, atingindo todas as faixas etárias de nossa população.

A obesidade, o sedentarismo, a falta de exercícios físicos e os elevados níveis de estresse da vida moderna são fatores responsáveis pelo crescimento do número de diabéticos, no Brasil e em muitos outros países.

As estimativas hoje existentes indicam que cerca de 13 milhões de brasileiros (7% da população) sofrem de diabetes e que metade dessas pessoas (7 milhões de brasileiros) nem sabem que contraíram a doença, não tomam qualquer providência e passam a correr até mesmo risco de morte.

Esses 7 milhões de brasileiros que sofrem de diabetes e desconhecem tal condição representam uma situação grave e que requer atenção especial das autoridades públicas, pois essas pessoas nem sabem que estão correndo riscos de sofrer graves problemas cardiocirculatórios.

Este meu pronunciamento se destina principalmente a esses 7 milhões de brasileiros que são diabéticos e desconhecem o fato.

Como médico, e político com responsabilidade social, sinto-me no dever de chamar a atenção de todas as autoridades da área de Saúde Pública para que tomemos as providências urgentes que podem salvar as vidas de muitos brasileiros.

Se adotarmos os cuidados médicos necessários, precauções e medidas aparentemente simples, poderemos salvar muitas vidas humanas, vidas de brasileiros, irmãos nossos.

Isso pode ser feito sem grandes investimentos, sem grandes despesas: é relativamente barato, principalmente quando se considera que o benefício é salvar vidas humanas.

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, para entendermos o problema, precisamos analisar suas causas e conseqüências: o diabetes mellitus é uma doença do metabolismo da glicose causada pela falta ou má absorção da insulina, um hormônio produzido pelo pâncreas.

Em termos bastante simples e resumidos, a função básica da insulina é contribuir para a transformação do açúcar em proteínas, músculos e gorduras, fenômeno essencial para a saúde e para o desenvolvimento do indivíduo.

Infelizmente, o diabetes não é uma doença única, mas um conjunto de doenças, em que a característica comum é o aumento da concentração de glicose no sangue.

O diabetes tipo I é doença mais típica da infância e adolescência: o paciente é insulinodependente, obrigado a injeções diárias de insulina.

O diabetes tipo II é doença característica de pessoas com mais idade (geralmente após 40 anos), em que pode não ocorrer a insulinodependência.

Os sintomas mais comuns do diabetes são poliúria (a pessoa urina e sente sede em demasia); aumento do apetite; alterações visuais; impotência sexual; infecções na pele e nas unhas; feridas que demoram a cicatrizar; neuropatias diabéticas provocadas pelo comprometimento das terminações nervosas; e distúrbios renais.

Os principais fatores de risco são: obesidade, hereditariedade, sedentarismo (falta de exercício físico regular), hipertensão, níveis altos de colesterol e triglicérides; uso de cortisona; idade acima de 40 anos e estresse emocional.

A recomendação principal no tratamento do diabetes é o acompanhamento médico especializado e, se possível, os cuidados de equipe multidisciplinar, em que se cuide tanto da dieta alimentar adequada como dos exercícios físicos mais apropriados para cada paciente, individualmente.

Nunca é demais lembrar um ponto essencial, tanto para o diabetes como em relação a outras doenças: o perigo do fumo, o tabagismo, pois o fumo provoca estreitamento das artérias e veias, compromete a circulação dos vasos sangüíneos e pode acelerar o aparecimento de complicações cardiovasculares.

O diagnóstico precoce do diabetes é essencial para que o tratamento tenha êxito e para que o paciente possa ter uma vida quase normal, sem excessos nem proibições exageradas.

Pesquisas médicas recentes estão abrindo novos horizontes para os pacientes que sofrem de diabetes, com uma nova geração de medicamentos e tratamentos especializados, utilizando novas tecnologias e conhecimentos que se encontram na fronteira do desenvolvimento científico.

O implante de células-tronco ainda se encontra em fase experimental, mas já descortina um novo panorama principalmente para aqueles crônicos, os que sofrem de diabetes tipo I, que são obrigados a diariamente tomar uma ou mais injeções de insulina.

Precisamos também estimular os pacientes a seguir com perseverança as recomendações médicas e divulgar as novas boas notícias na área da pesquisa e desenvolvimento tecnológico, bem como as novas descobertas na área de fármacos.

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, o direito à saúde - em sentido amplo do bem-estar do corpo, do espírito e da mente humana, sem qualquer discriminação de raça, sexo, cor, idade ou origem social - é um dos direitos essenciais da cidadania, direito consagrado em Constituição.

Sabemos que na prática esse direito ainda está muito longe de se tornar realidade, ainda estamos no campo das boas intenções.

Como médico e Senador da República, sinto-me na obrigação de chamar a atenção desta Casa e de todo o País para a gravidade dessa epidemia de diabetes e a necessidade de providências urgentes na área da Saúde Pública.

A TV Senado, que teve um crescimento de mais de mil por cento em sua audiência, nos últimos meses, pode desempenhar um papel fundamental divulgando informações importantes sobre diabetes e outras enfermidades, e cumprindo a verdadeira missão de serviço de utilidade pública.

Deixo aqui um apelo para que as autoridades da área de Saúde Pública voltem sua atenção para a gravidade do problema do diabetes no Brasil e para que a TV Senado continue sua missão de divulgar com fidelidade informações necessárias ao fortalecimento da cidadania.

Muito obrigado.