Pronunciamento de Arthur Virgílio em 16/11/2005
Discurso durante a 201ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal
Relato das muitas histórias de Manaus.
- Autor
- Arthur Virgílio (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/AM)
- Nome completo: Arthur Virgílio do Carmo Ribeiro Neto
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Discurso
- Resumo por assunto
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DESENVOLVIMENTO REGIONAL.:
- Relato das muitas histórias de Manaus.
- Publicação
- Publicação no DSF de 17/11/2005 - Página 39789
- Assunto
- Outros > DESENVOLVIMENTO REGIONAL.
- Indexação
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- SOLICITAÇÃO, TRANSCRIÇÃO, ANAIS DO SENADO, ARTIGO DE IMPRENSA, JORNAL, DIARIO DO AMAZONAS, ESTADO DO AMAZONAS (AM), REGISTRO, HISTORIA, DIFICULDADE, ABASTECIMENTO, CAPITAL DE ESTADO, POSTERIORIDADE, PERIODO, SEGUNDA GUERRA MUNDIAL, ESPECIFICAÇÃO, PROBLEMA, COMERCIANTE, REGIÃO, BUSCA, ALTERNATIVA, ALIMENTAÇÃO.
- COMENTARIO, ARTIGO DE IMPRENSA, ANALISE, HISTORIA, LAZER, CAPITAL DE ESTADO, ESTADO DO AMAZONAS (AM), ESPECIFICAÇÃO, TRANSFORMAÇÃO, ACESSO, MUSICA, CINEMA.
O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs, Senadores, se alguém se dispuser a reunir em livro as muitas, pitorescas, inusitadas e até fantásticas histórias da vida e principalmente do lado humano de Manaus, assunto asseguro que não falta.
Os nossos jornais saem atrás desses assuntos e, um a um, ficam registrados para sempre em reportagens em que a parte humana é o destaque. Personagens são procurados, histórias relembradas e, para sorte do historiador do amanhã, haverá onde buscar as histórias de Manaus.
Quem ali vive sabe avaliar as dificuldades que, durante a segunda grande guerra mundial, a cidade enfrentou. Faltava de tudo e, pelas dificuldades de acesso, o desabastecimento em Manaus perdurou por até um pouco depois do fim da guerra. Disso todos se recordam. Alguns conviveram mais diretamente com o problema, como o comerciante Fuad José Seffair, que deixou Manacapuru para viver na Capital no ano de 1945. Para estudar no internato do Colégio São Francisco de Assis, que ficava na Avenida Municipal, que hoje é a Sete de Setembro.
Com 72 anos, Fuad contou ao Diário do Amazonas algumas das histórias de que se lembra como se tivessem ocorrido ontem. Muito curiosa é a história da gamela, na qual seu pai por muitos anos guardava o sal para consumo da família. Com a falta do produto, no período da guerra, os amigos pediram-lhe que cortasse a gamela, que era uma espécie de bacia, mas de madeira, por isso impregnadas de sal, absorvido ao longo de longos anos. Assim foi feito. Os pequenos pedaços serviam para salgar, na panela, as comidas em preparo.
Essa é apenas uma das histórias narradas pela prodigiosa memória de Fuad Seffair. Há outras, como a fantástica invenção de fazer café de caldo-de-cana, na falta do produto original.
Trago essas descrições, incluindo neste pronunciamento a íntegra da reportagem do Diário do Amazonas para, assim, registrar as histórias ali contadas, as quais passam a constar dos Anais do Senado da República, uma contribuição a mais para o trabalho dos historiadores e pesquisadores do futuro.
Dono de lembranças históricas valiosas, o personagem retratado, Fuad Seffair, é parte da memória viva de Manaus. Por isso, suas impressões são ricas para alguém que mais tarde quiser ajudar a compor a história da cidade.
Ele se recorda muito bem daqueles idos dos anos 40, em que Manaus era uma cidade de igarapés e cinemas. Uma época, diz ele, em que a moda, o gosto musical e informações eram ditadas por duas potentes emissoras, a Rádio Baré e a Rádio Difusora. As duas viviam em disputa para oferecer as melhores atrações musicais à população. Uma delas conseguiu levar a Manaus o cantor mais famoso do País, já nos anos 50, mais precisamente em 1952: Vicente Celestino, então conhecido como o cantor das multidões.
A preocupação justificava-se. Manaus era já uma pequena metrópole e o lazer principal eram os cinemas, na época o Cine Guarany, o Cine Polyteama, o Avenida, o Oden, o Éden e, também, um bem popular, o Cine Poeira, na Avenida Joaquim Nabuco.
Hoje, comenta o empresário, os cinemas perderam a importância, pelo menos como cinemas de rua. Agora, como em todo o País, localizam-se em shoppings.
O lado triste, também quem conta é Fuad, é o que aconteceu com os igarapés. Estão totalmente poluídos. Antes eram de águas cristalinas e neles as pessoas nadavam e se divertiam, pulando do alto das pontes de ferro.
Outro pormenor, que ele lamenta, é o descaso a que foi entregue a gaiola “Marapatá”, que, no passado, navegava pelo interior do Estado e que agora, infelizmente, define Fuad, está jogada ao relento na área que chamam de Manaus Moderna.
Ficam aí, Sr. Presidente, relatos de um tempo de Manaus. Tempo bom, de grandes transformações e que é revivido por esse empresário que faz parte da nossa história.
Era o que eu tinha a dizer.
Muito obrigado.
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DOCUMENTO A QUE SE REFERE O SR. SENADOR ARTHUR VIRGÍLIO EM SEU PRONUNCIAMENTO.
(Inserido nos termos do art. 210, inciso I e § 2º, do Regimento Interno.)
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Matéria referida:
“Recordações de uma cidade com cinemas e igarapés.”