Discurso durante a 202ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Considerações sobre o governo do presidente Lula e a audiência do Ministro Palocci na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado. (como Líder)

Autor
Antonio Carlos Magalhães (PFL - Partido da Frente Liberal/BA)
Nome completo: Antonio Carlos Peixoto de Magalhães
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
PRESIDENTE DA REPUBLICA, ATUAÇÃO. COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), MESADA.:
  • Considerações sobre o governo do presidente Lula e a audiência do Ministro Palocci na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado. (como Líder)
Publicação
Publicação no DSF de 18/11/2005 - Página 39927
Assunto
Outros > PRESIDENTE DA REPUBLICA, ATUAÇÃO. COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), MESADA.
Indexação
  • ANALISE, CRISE, POLITICA NACIONAL, DEMONSTRAÇÃO, CORRUPÇÃO, GOVERNO FEDERAL, PRESIDENTE DA REPUBLICA, CRITICA, FALTA, INTEGRAÇÃO, MEMBROS, ESPECIFICAÇÃO, MINISTRO DE ESTADO, CHEFE, CASA CIVIL, MINISTERIO DA FAZENDA (MF).
  • ACUSAÇÃO, RESPONSABILIDADE, PRESIDENTE DA REPUBLICA, PROPINA, MESADA, CONGRESSISTA, PREVISÃO, IMPUNIDADE, COMISSÃO PARLAMENTAR MISTA DE INQUERITO.
  • REITERAÇÃO, COBRANÇA, PRESIDENTE DA REPUBLICA, ESCLARECIMENTOS, DENUNCIA, IRREGULARIDADE, DINHEIRO, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT), TRAFICO DE INFLUENCIA, FAVORECIMENTO, FILHO.
  • CONCLAMAÇÃO, CONGRESSO NACIONAL, COMBATE, DESRESPEITO, LEGISLATIVO.

O SR. ANTONIO CARLOS MAGALHÃES (PFL - BA. Pela Liderança do PFL. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, a cada dia que passa, os escândalos se sucedem, demonstrando que a administração do Sr. Luiz Inácio Lula da Silva foi a mais corrupta de quantas já existiram neste País. E esse assunto já nos leva a um descrédito internacional, levando em conta que o Presidente, em seu “Aerolula”, visitava vários países como se fosse uma vestal, mas tudo está caindo por terra.

Ontem, ele queria o desastre do Ministro Palocci. Era o seu desejo, porque, se não, não seria a Srª Dilma Rousseff Chefe do seu Gabinete Civil. Hoje, a toda-poderosa, como se fosse o José Dirceu de ontem, queria criticar publicamente o Ministro Palocci, sem que houvesse uma palavra do Presidente em defesa do Ministro de Estado.

A situação é grave. Ontem, nós da Oposição demos sustentação ao Ministro Palocci. Mas isso foi ontem. Nossa sustentação não pode ser permanente na medida em que este Governo continue com os escândalos que se reproduzem a cada dia.

Acusei aqui o Presidente da República de ser o responsável pela distribuição do “mensalão”. “Mensalão” que alguns, como o ex-Ministro Ibrahim Abi-Ackel, não gostam da expressão, e chamam de “contribuições financeiras” que poderiam ser mensais ou bimensais ou até semestrais. Seja como for, era dinheiro roubado do povo que ia para o Partido dos Trabalhadores. Seja como for, a CPI do Mensalão, feita para não funcionar, evidentemente, não dará um relatório que diga que é “mensalão”, mas vai dar as evidências do roubo existente no País. Não chega a coisa melhor porque não quer. E ninguém poderia esperar que chegasse, dado a maneira com que fora escolhido o seu Presidente e o seu Relator.

Hoje, venho aqui para reclamar. Sempre pedi ao Presidente da República que respondesse três questões: quem pagou os R$29 mil que ele recebeu do PT e que o Sr. Jaques Wagner disse que ele não tomou, mas que o Sr. Paulo Okamotto, seu amigo particular e Presidente do Sebrae, uma das entidades que tem mais força política e financeira no País, pagou ao Banco do Brasil pelo Presidente.

Quem pagou os R$29 mil? Okamotto. E Okamotto disse isso, embora Jaques Wagner tenha dito que nunca o Presidente tomara os R$29 mil.

Eu perguntava também se ele era ou não responsável, se ele sabia ou não que esse dinheiro era distribuído fartamente aos membros do PT e a seus aliados. Várias provas já nos chegaram para corroborar essa tese. Só não acredita quem não quer; só acham que isso não é verdade aqueles que querem se iludir ou então passar a mão pela cabeça do Presidente Lula dizendo que ele é bonzinho, mas que não deixa roubar. Ele deixa roubar, sim, Sr. Presidente!

Apresentei requerimento de informações à Comissão de Valores Mobiliários, ao Ministério da Fazenda e ao Ministério das Comunicações - até hoje este último não deu resposta, embora lá esteja como Ministro um Senador - sobre a empresa Telemar, que deu cinco milhões para a empresa do filho do Presidente - isso não foi negado pelo Presidente: quando foi à televisão, disse que seu filho tinha direito de fazer negócios. Essa é a situação do País.

E como pôde a CVM, que, segundo ela própria informou, não teve acesso às informações da transação, considerar “ausentes indícios mínimos de irregularidades?”

(Interrupção do som.)

O SR. PRESIDENTE (João Alberto Souza. PMDB - MA) - Senador Antonio Carlos, concederei mais um minuto a V. Exª para que possa concluir.

O SR. ANTONIO CARLOS MAGALHÃES (PFL - BA) - Segundo informações que o Ministro Palocci me mandou, foi a Telemar para a Comissão de Valores Mobiliários. A Comissão de Valores Mobiliários tinha de mostrar essa transação irregular e absurda, comprometedora da honestidade da Comissão, da Telemar e do filho do Presidente da República; contudo, manda um ofício - ofício que me é encaminhado pelo Ministro da Fazenda com toda a gentileza que é própria de sua figura - sem dizer qualquer coisa a respeito, porque a Telemar, a toda-poderosa Telemar, nada informou à Comissão de Valores Mobiliários. Peço a V. Exª, Sr. Presidente, por meio do eminente Secretário-Geral da Mesa, que faça novo ofício à Telemar, diretamente, para que...

(Interrupção do som.)

O SR. ANTONIO CARLOS MAGALHÃES (PFL - BA) - (...) esses recursos e se ela poderia, como uma concessionária de serviço público, dar dinheiro ao filho do Presidente da República.

Como na fábula, vamos chegar a um ponto em que todos poderão ver o Presidente desfilando nu pelas ruas, mas, ainda assim, dirão: “Olhem que bonito o fraque do Presidente da República”. Não! Vamos reagir a isso! O Presidente tem usado e abusado do Congresso Nacional, mas nós vamos dar a resposta devida. Ninguém pode aprovar projetos deste Governo sem que antes tenhamos o respeito devido a esta Casa por parte do Presidente da República.

Muito obrigado, Exª.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 18/11/2005 - Página 39927