O SR. PAPALÉO PAES (PSDB - AP. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, já tive oportunidade de elogiar, nesta mesma Tribuna, no ano passado, o magnífico trabalho desenvolvido pela Embrapa em favor da agricultura, da pecuária, do agronegócio e, por que não dizer, em favor do desenvolvimento brasileiro. Lembro-me de ter comentado, na ocasião, a dificuldade de fazer, à altura do seu merecimento, um reconhecimento público da utilidade e do grau de excelência dos serviços prestados ao País pela Embrapa, tal é a amplitude de suas ações, tal é o êxito de suas pesquisas, colocadas à disposição do nosso setor produtivo.

            Agora, mais uma vez, a Embrapa nos surpreende. Aliás, surpreende até mesmo aqueles que acompanham de perto suas atividades, mas que, obviamente, não descortinam todo o alcance das pesquisas ali desenvolvidas. Refiro-me às experiências na produção de superalimentos. Embora a Embrapa já venha investindo há algum tempo nessa promissora área de produção de vegetais com benefício nutricional superior ao dos legumes, das frutas e das verduras tradicionalmente cultivados, a empresa se prepara, no momento, para a produção desses alimentos em larga escala.

É comum, Sr. Presidente, o povo brasileiro demonstrar desapreço ou descrédito por seus feitos e por suas instituições. A Embrapa, com o seu verdadeiro espetáculo de tecnologia e de competência, tem constantemente desautorizado essa atitude, a exemplo do que ocorre também com nossa indústria aeronáutica, com a eficiência de nossa automação bancária e eleitoral, com o modelar programa de prevenção e de combate à AIDS, entre tantas outras iniciativas bem sucedidas.

No caso da Embrapa, que é o nosso tema de hoje, seu reconhecimento ultrapassou nossas fronteiras, bastando lembrar que ela mantém quase trezentos acordos de cooperação técnica com instituições de 56 países. Seu êxito se explica pela extrema dedicação de seus funcionários e também pela qualificação de seus 2.200 pesquisadores, dos quais 45% têm mestrado, 53% doutorado e 7% pós-doutorado.

Sua importância para a agropecuária brasileira pode ser comprovada com um raciocínio simples, porém incontestável: a produção brasileira de grãos cresceu quase 130% nos últimos 15 anos, embora a área plantada tenha sido ampliada em apenas 25%. A explicação está na produtividade do setor agrícola, que aumentou nada menos que 85% no mesmo período, graças às pesquisas da Embrapa. Além de aumentar a produtividade nas áreas tradicionais de cultivo, a Embrapa também possibilitou a incorporação de áreas originalmente desprezadas para a atividade agrícola. Tendo contribuído de forma extraordinária para melhorar a produtividade do cerrado brasileiro, a Embrapa tem gerado tecnologias também para a região do semi-árido, onde já viabilizou culturas anteriormente inimagináveis, notadamente a fruticultura. Além disso, a empresa tem desenvolvido tecnologias para a pecuária, especialmente no que concerne à reprodução animal e ao aumento de eficiência na produção de carne e de leite. Tudo isso, Senhor Presidente, com a preocupação de não causar danos ao meio ambiente e, em alguns casos, até de promover sua recuperação.

            Em relação aos chamados superalimentos, as pesquisas da Embrapa colocam o Brasil no rumo de nações como o Japão, a Alemanha, o Reino Unido e os Estados Unidos. Na realidade, essas pesquisas já vêm sendo desenvolvidas há alguns anos. O desafio, agora, é produzir os superalimentos em grande escala e viabilizar o seu preço, para que todos os consumidores a eles tenham acesso.

Em reportagem sobre o assunto, no dia 2 de outubro, o jornal Correio Braziliense enfatiza: “Com a ajuda da ciência, o brasileiro terá na mesa cenouras mais nutritivas, tomates com características anticâncer e folhagens que previnem doenças oculares”. E acrescenta: “Os alimentos do futuro, até então restritos às bancadas dos laboratórios, chegarão aos mercados em breve. Os preços não devem ser baixos no início, mas a aposta dos pesquisadores é que os produtos compensem o consumidor com mais saúde e qualidade de vida”.

            Alguns desses superalimentos, que em breve chegarão ao mercado, de acordo com a reportagem, são a cenoura esplanada, enriquecida com pró-vitamina A, que protege contra doenças do coração e determinados tipos de câncer; o tomate laranja, também com pró-vitamina A, que pode ajudar a prevenir infecções; a melancia colorida, com mais açúcares e com maior poder imunológico; a abobrinha verde-e-amarela, com betacaroteno, que pode combater radicais livres e prevenir doenças do coração; a alface com pró-vitamina A, indicada para prevenir doenças oculares; a batata doce cor-de-rosa, com betacaroteno, que estimula a pigmentação da pele; e a cebola doce, com menos ácido pirúvico, que não provoca ardência nos olhos ao ser descascada e não causa mau hálito. A lista cita ainda dois tipos de grão que não são de uso comum entre nós, mas encontrados nos empórios de comida natural, que são a quinoa e o amaranto. Esses grãos, indicados para pessoas que têm restrição alimentar por não conterem glúten, podem conferir maior energia ao metabolismo, graças às suas proteínas, ao mesmo tempo em que fortalecem os músculos e combatem o colesterol.

As pesquisas da Embrapa visam não só tornar esses alimentos mais nutritivos, mas, também, tornar essas espécies mais resistentes às pragas. “Colocamos uma característica nova sem mexer no modo de produção”, explicou o pesquisador Leonardo Boiteux ao Correio Braziliense. Por sua vez, a geneticista Maria Esther Fonseca, também ouvida pela reportagem, disse não haver dúvida de que os novos produtos irão suprir carências alimentares dos brasileiros.

Como vimos, a Embrapa, mais uma vez, põe sua tecnologia a serviço dos brasileiros, sejam eles consumidores ou produtores rurais. Simultaneamente, a empresa continua expandindo suas pesquisas em outras áreas. Com o objetivo de ampliar rapidamente o desenvolvimento de novas tecnologias, a empresa está viabilizando uma parceria público-privada por meio da Embrapa Instrumentação Agropecuária, criada para facilitar a captação dos recursos necessários. Nos próximos anos, a Embrapa desenvolverá também outros projetos de grande relevância, um na área de nanotecnologia e outro na área de bioenergia, com programas para seleção genética da mamona.

Por tudo isso, Senhor Presidente, Senhoras e Senhores Senadores, pela contribuição ao setor produtivo, pelas ações em favor do desenvolvimento, e também pelas ações em prol da saúde da população brasileira, quero, mais uma vez, parabenizar os dirigentes, pesquisadores e demais funcionários dessa empresa que é um dos motivos de orgulho do nosso País.

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, o segundo assunto é para registrar o editorial intitulado “Enfim, as origens”, publicado no jornal Folha de S.Paulo do último dia 5 de novembro do corrente.

O editorial afirma que, tão importante como identificar o modus operandi da corrupção sob governo petista é esclarecer como pessoas físicas e empresas privadas eventualmente contribuíram para alimentar os recursos “não contabilizados” que foram para os cofres do Partido dos Trabalhadores.

            Sr. Presidente, para que conste dos Anais do Senado, requeiro que o editorial acima citado seja considerado como parte integrante deste pronunciamento.

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DOCUMENTO A QUE SE REFERE O SR. SENADOR PAPALÉO PAES EM SEU PRONUNCIAMENTO.

(Inserido nos termos do art. 210, inciso I e § 2º, do Regimento Interno.)

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Matéria referida:

“Enfim, as origens”.