Discurso durante a 202ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Registro da matéria intitulada "Cansamos da Montanha Russa", de autoria de S. Exa., publicada no O Jornal, edição de 15 de novembro do corrente. A atitude da Ministra do Meio Ambiente e do Governador do Mato Grosso do Sul sobre o pantanal.

Autor
Teotonio Vilela Filho (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/AL)
Nome completo: Teotonio Brandão Vilela Filho
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA PARTIDARIA. ORÇAMENTO. GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.:
  • Registro da matéria intitulada "Cansamos da Montanha Russa", de autoria de S. Exa., publicada no O Jornal, edição de 15 de novembro do corrente. A atitude da Ministra do Meio Ambiente e do Governador do Mato Grosso do Sul sobre o pantanal.
Publicação
Publicação no DSF de 18/11/2005 - Página 39990
Assunto
Outros > POLITICA PARTIDARIA. ORÇAMENTO. GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.
Indexação
  • REGISTRO, ARTIGO DE IMPRENSA, JORNAL, O JORNAL, ESTADO DE ALAGOAS (AL), AUTORIA, ORADOR, ANUNCIO, CONVENÇÃO NACIONAL, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DA SOCIAL DEMOCRACIA BRASILEIRA (PSDB), ELEIÇÃO, DIRETORIA EXECUTIVA, AMBITO NACIONAL, PRESIDENCIA, TASSO JEREISSATI, SENADOR.
  • COMENTARIO, ATUAÇÃO, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DA SOCIAL DEMOCRACIA BRASILEIRA (PSDB), MANUTENÇÃO, VIABILIDADE, GOVERNO, CRISE, NATUREZA POLITICA, DEMONSTRAÇÃO, RESPONSABILIDADE, COMPROMISSO, PAIS.
  • PROTESTO, ATUAÇÃO, PRESIDENTE DA REPUBLICA, DESCUMPRIMENTO, COMPROMISSO, VIAGEM, ESTADO DE ALAGOAS (AL), CRITICA, FALTA, INTERESSE, GOVERNO FEDERAL, LIBERAÇÃO, RECURSOS ORÇAMENTARIOS, ATENDIMENTO, EMENDA, ORÇAMENTO, ESPECIFICAÇÃO, DECISÃO, SECRETARIA DO TESOURO NACIONAL (STN), BLOQUEIO, REPASSE, FUNDO DE PARTICIPAÇÃO DOS ESTADOS E DO DISTRITO FEDERAL (FPE), REGIÃO.
  • ANALISE, DISCUSSÃO, MINISTRO DE ESTADO, CHEFE, CASA CIVIL, MINISTERIO DA FAZENDA (MF), MINISTERIO DO MEIO AMBIENTE (MMA), GOVERNADOR, ESTADO DO MATO GROSSO DO SUL (MS), DEMONSTRAÇÃO, FALTA, CONTROLE, GOVERNO FEDERAL.

O SR. TEOTONIO VILELA FILHO (PSDB - AL. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores: ocupo a tribuna do Senado na tarde de hoje, para destacar matéria publicada no O Jornal, de Maceió, edição de 15 de novembro último, intitulada “Cansamos de Montanha Russa”, de minha autoria, referente à Convenção Nacional do PSDB, a realizar-se amanhã, em Brasília, que elegerá sua nova executiva, que será presidida pelo Senador Tasso Jereissati, um ex-presidente que retorna ao cargo por consenso.

            O artigo é o seguinte, Sr. Presidente.

Cansamos de montanha russa.

O PSDB elege nessa sexta-feira, em convenção nacional, sua nova executiva, que será presidida pelo senador cearense Tasso Jereissati, um ex-presidente que retorna ao cargo por consenso. A convenção não deve ter surpresas - e nisso residirá sua maior importância, nessa época em que há partidos tão divididos que dois ou três membros já formam maioria absoluta.

O PSDB está unido em torno de sua Executiva Nacional e das premissas principais que nos guiarão nos próximos meses. O partido terá candidato próprio à Presidência no próximo ano, faz oposição ao governo Lula, mas não se afastará um milímetro sequer da linha de oposição responsável que tem seguido mesmo no auge da atual crise política. Somos oposição e contra-pontoa Lula, não ao Brasil. E nada do quanto pior, melhor.

Boa parte das reformas e iniciativas que estão viabilizando o governo Lula foi aprovada com votos do PSDB. Perdemos a eleição, não a coerência nem a responsabilidade. Qualquer petista isento reconhecerá que, se fosse o PT hoje na oposição, o grito de impeachment já estaria nas ruas.

É até possível que amanhã ou depois o PSDB venha a apoiar o impedimento do presidente. Aqui mesmo, vezes seguidas, já qualifiquei essa tese de absurda. Mas todo dia a gente leva novos sustos tanto da imprensa quanto das CPIs. E o que antes não se imaginava nem como perversidade de adversário, vai aparecendo como verdade nua e crua.

Dinheiro em malas, dólares na cueca, dólares em garrafas de rum, empréstimos fictícios, desvios de contas publicitárias, evasão de divisas, valeriodutos e outros dutos igualmente criminosos... Quem ousaria imaginar tudo isso seis meses atrás? Ninguém conhecia o jeito petista de governar.O PSDB cobra do governo os desvios éticos e equívocos administrativos, mas garante a governabilidade e a preservação das instituições.

Coerência e seriedade não rimam com sobressalto. Seria impensável, num governo do PSDB, ministros de peso como o da Fazenda e a Chefe da Casa Civil se envolverem em bate-boca de fundo de quintal sobre a política econômica, que aliás o PT combate sempre que pode. Mais absurdo, ainda, que o principal partido de sustentação do governo critique tanto as regras dos contratos de longo prazo ou dificulte ações essenciais como a construção de hidroelétricas. O resultado é a paralisação de parcerias público-privadas, investimento quase zero na geração de energia e a ameaça de colapso em nossa infra-estrutura.

A convenção do PSDB nesta sexta-feira, em Brasília, será, com certeza, uma das maiores que o partido já fez. Mas sem surpresas, sem divisões, sem sobressaltos, sem brigas internas, sem choques ou solavancos. O PSDB sempre soube o que quer, e todo mundo sabe sempre como o partido se comportará.

            O PSDB é muito previsível. Talvez por isso amplie dia-a-dia seus apoios. O Brasil cansou de montanha russa.

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, o segundo assunto é para dizer que a Imprensa alagoana registrou, com destaque, a viagem do presidente Lula a Maceió para a inauguração de um memorial da República, na terça-feira dessa semana. Mas Lula não foi. O Planalto confirmara a viagem, o governador Ronaldo Lessa mandou anunciá-la em outdoors pela cidade inteira, mas o presidente não foi.

Acho que o presidente se envergonhou duplamente da viagem e preferiu cancelá-la de última hora. Primeiro, ele deve ter imaginado o contrasenso de inaugurar um memorial à república, ele que chefia um governo com práticas nada republicanas. Segundo, o presidente por certo se envergonhou de ir à terra de aliados tão fiéis como o governador Ronaldo e o presidente do Congresso, Renan Calheiros, e chegar de mãos abanando. Pior ainda, desembarcar como o grande algoz do estado de Alagoas.

Com a exceção única do aeroporto, iniciado na gestão do presidente Fernando Henrique, todas as obras federais de Alagoas estão paralisadas. O governo Lula não liberou, até aqui, praticamente nenhuma das emendas ao orçamento nem de 2.003 nem de 2.004. Zero de liberação. Sabe-se, mais ainda, que na sexta-feira passada a Secretaria do Tesouro Nacional mandou bloquear os repasses do Fundo de Participação dos Estados para Alagoas. O presidente Lula tem mesmo do que se envergonhar.

Há quem diga, em defesa do presidente, que ele nada tem a ver com as práticas pouco republicanas de seu governo. A rigor, há quem jure que ele não sabia de nada. Devo dizer que, se não acredito de todo, acho plausível que o presidente de nada soubesse. Porque tenho a convicção mais viva de que o presidente não preside, não governa, não chefia, não lidera, não gosta de saber de problemas, como aliás o ex-ministro José Dirceu comenta na Imprensa essa semana. Zé Dirceu deve saber o que diz.

Ontem mesmo assistimos, de novo, ao fogo amigo de um governo de sinais trocados que, à falta de um presidente que presida, fica à deriva,ao sabor das crises e da afirmação de personalidades do governo. Quando o ministro da Fazenda aqui esteve, quem defendeu o ajuste e a responsabilidade fiscal foi a Oposição. Os governistas combatiam a política econômica. Solidariedade ao ministro da Fazenda, no bate-boca de fundo de quintal promovido pela chefe da Casa Civil quem, apresentou foi a oposição, enquanto os governistas tratavam de fortalecer a ministra e, indiretamente, as críticas à política econômica. O Presidente, esse mandou os ministros acabarem com a briga. Mas que briga, companheiro? O ministro da Fazenda e o do Planejamento são politicamente agredidos pela Chefe da Casa Civil, calam-se para evitar vexames e o presidente, em vez de desautorizar sua chefe da casa civil, manda que todos se calem.

Ainda ontem, o governador do Mato Grosso do Sul proclamou ao Brasil que a ministra do meio-ambiente, petista como ele, nada entende de pantanal, tem uma visão distorcida do meio-ambiente em sua região. O governador ficou transtornado porque o ministério e a ministra vetaram alguns de seus projetos, que, segundo eles, comprometeriam o meio-ambiente. Para usar os termos pouco protocolares do governador Zeca do PT, a ministra foi ao Mato Grosso do Sul falar besteiras e fazer média com ambientalistas.

Quem sabe os dois petistas têm razão... é grave que um governador de estado estratégico como o Mato Grosso do Sul patrocine projetos que comprometam seu meio-ambiente. É grave que a ministra do meio-ambiente nada entenda de um dos maiores e mais importantes ecossistemas do Brasil e do mundo... É grave que, em vez de defender os interesses do Brasil, a ministra queira fazer média com ambientalistas. É grave...

Mas o que é mais grave, o bate-boca de torcedor de futebol entre o governador e a ministra, ou a postura da base governista que critica a política econômica do governo que apóia?

O Senador Jefferson Péres observou, com muita precisão, que o governo claudica no pilar político, e no pilar ético, sustentando-se apenas no pilar da política econômica. Se esse ruir, o governo cai, porque não tem nada mais em que se apoiar. E o partido do governo bombardeia a política econômica... Mina o próprio ministro da Fazenda.

Talvez porque o ministro Palocci divirja do discurso petista, de que o Brasil foi descoberto em janeiro de 2.003 pelo metalúrgico Luís Inácio da Silva. O ministro, ao contrário, reconhece que os avanços da estabilidade econômica e do ajuste fiscal resultam de um processo que começou ainda no governo Sarney, avançou no Governo Itamar e, mais ainda, no governo Fernando Henrique.

Realmente o ministro da Fazenda tem pouco a ver com o governo que integra. Talvez por isso é que o Brasil tenha o que comemorar na economia.

Era o que eu tinha a dizer!

Muito obrigado!


Este texto não substitui o publicado no DSF de 18/11/2005 - Página 39990