O SR. ALBERTO SILVA (PMDB - PI. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, ocupo a tribuna nesta tarde com certa emoção porque, amanhã, a Escola Federal de Engenharia de Itajubá, onde me formei, com muita honra, como engenheiro, completará 92 anos de existência. Mas o que me emociona agora é saber que a escola resolveu instituir algo parecido com o Conselho da República - graças à proposta do Presidente José Sarney, fui condecorado por esta Casa, com votação maciça, como Conselheiro da República, substituindo o economista Celso Furtado. A Escola de Itajubá decidiu criar uma espécie de Conselho de Embaixadores para representá-la em qualquer parte do mundo, e escolheu, segundo fomos informados, pessoas que consideraram notáveis, tendo incluído o meu nome. Amanhã, devo viajar para lá. Nosso companheiro Senador Mão Santa demonstrou o desejo de estar presente, e eu, com muita honra, gostaria de ter a companhia de S. Exª, que é aquela pessoa que aqui fala em defesa dos interesses do povo brasileiro, da educação principalmente. S. Exª fez a Universidade do Piauí se espalhar por mais de trinta municípios. Para mim, será oportuna a presença do Senador Mão Santa na Universidade Federal de Itajubá, onde vou receber o título de Embaixador da Escola, representando, por conseguinte, aquela notável instituição de ensino no País e em qualquer parte do mundo.

Eu gostaria de falar um pouco sobre a Escola de Itajubá. A juventude de hoje bem estaria feliz se tivesse tido a chance que nós, da nossa geração, tivemos quando lá chegamos, há quantos anos! Os professores, a maioria, eram alemães. E nós éramos jovens que vínhamos de várias partes do País. Do Nordeste, apenas eu. Do Piauí, então!... Eram cariocas, paulistas, paranaenses, rio-grandenses, catarinenses, paraenses e amazonenses. Eu tinha 17 anos. Ao chegarmos à escola, tivemos a oportunidade de ouvir seu fundador, um homem notável, mineiro de escol, que era advogado e criou uma escola de engenharia. E foi buscar essa escola na Alemanha. Trouxe a escola com os laboratórios e os professores. Ao chegarmos ali escola, Teodomiro Santiago nos convidou para uma reunião em sua sala e disse: “Meus jovens, vocês vêm de todos os recantos do País. Vocês vão estudar aqui engenharia elétrica, engenharia mecânica e engenharia civil, mas vão aprender algo mais: vão aprender a amar este País, a dedicar a sua vida profissional ao desenvolvimento de nossa terra. O lema desta escola é: Revelemo-nos mais por atos do que por palavras para sermos dignos deste grande País”. Essa frase faz parte da vida de todos os engenheiros de Itajubá, daquele tempo até hoje. Se em uma reunião alguém disser: “Revelemo-nos mais por atos do que por palavras”, pode crer que é ex-aluno de Itajubá. Por fim, Teodomiro nos disse: “E vocês vão aprender mais alguma coisa. Vocês vão aprender a pensar”.

O Sr. Mão Santa (PMDB - PI) - V. Exª me permite um aparte, Senador Alberto Silva?

O SR. ALBERTO SILVA (PMDB - PI) - Pois não, Senador Mão Santa.

O Sr. Mão Santa (PMDB - PI) - Senador Alberto Silva, estou lendo um livro sobre Leonardo da Vinci, que foi uma personalidade como V. Exª. Foi o líder do Renascimento. Interessante que, além de pintor, era musicista, cantava, e era engenheiro militar. Foi ele quem praticamente construiu Milão e os aquedutos do rio Arno. Era engenheiro militar como V. Exª é engenheiro. Então ele é o líder maior do Renascimento da Itália, que levou progresso ao mundo: a bússola, a pólvora, a imprensa. Mas tem um ensinamento dele que não entendo - e eu pediria a participação de Heráclito Fortes. Ele, que foi o líder do Renascimento, contemporâneo de Rafael, Michelangelo, Dante Alighiere, Maquiavel - ele trabalhou com Maquiavel - dizia o seguinte: “Mau discípulo é o que não suplanta o mestre”. Eu e Heráclito somos maus discípulos porque jamais vamos suplantar o nome de V. Exª no Piauí, reconhecido no Brasil como conselheiro da República. E, agora, vai V. Exª àquela faculdade que deu ao País Aureliano Chaves, engenheiro político como V. Exª, para ser laureado. É mais um motivo de o Piauí estar aqui aplaudindo. Contestamos Leonardo da Vinci que disse que “mau discípulo é o que não suplanta o mestre”. Eu e Heráclito somos maus discípulos, jamais vamos superá-lo.

O SR. ALBERTO SILVA (PMDB - PI) - Muito obrigado, Senador Mão Santa. Cada vez V. Exª me faz sentir muito sensibilizado.

Concedo um aparte ao Senador Heráclito Fortes.

O Sr. Heráclito Fortes (PFL - PI) - Senador Alberto Silva, essas leituras do Senador Mão Santa têm feito muito bem a ele e principalmente ao Brasil. Ele vai buscar uma comparação e traça um perfil entre o que representou Leonardo da Vinci lá, no Renascimento, para a história da Itália e do mundo e o que V. Exª representa para o Piauí nos dias atuais com a mesma garra, a mesma luz, a mesma fibra e a mesma criatividade. Se houve por parte de Leonardo da Vinci um espírito criador, renascentista, com relação à Itália e ao mundo, a mesma coisa se pode dizer com relação a V. Exª e ao nosso querido Piauí. V. Exª assumiu o Governo do Piauí num momento de descrédito, de desesperança, em que o Piauí era levado no...

            O SR. ALBERTO SILVA (PMDB - PI) - No deboche.

            O Sr. Heráclito Fortes (PFL - PI) - ...deboche. V. Exª consegui, acima de tudo, com a credibilidade que implantou nas obras e com o otimismo que impôs aos piauienses, mudar a face e a vida de todos que fazem aquele Estado. Evidentemente que, para V. Exª e o outro, cada obra teve a sua importância. A PI-4, para os dias atuais, foi tão importante como as grandes obras que Leonardo fez em Milão e no resto da Itália. O Albertão despertou no brasileiro, depois da conquista do Tricampeonato, exatamente a vontade de difundir o futebol brasileiro. V. Exª teve a felicidade de lançar em nosso Estado a semente da infra-estrutura, que, ainda hoje, e aproveitada por aqueles que o sucederam. Assim, parabenizo V. Exª por isso. Presidente João Alberto, conheço o Senador Alberto Silva há muitos anos. Já o vi ser homenageado nos quadrantes do Brasil, mas tenho a impressão de que ser conselheiro da República ou outras consagrações não são os aspectos que mais o tocaram. O que penso toca mais no fundo de seu coração é o seu reencontro com Itajubá. Senador Alberto Silva, V. Exª nunca deixou Itajubá nos seus tempos de escola. Lá animava as noites, algumas vezes por deleite e outras por subsistência, tocando piano. Juntamente com seu grupo de amigos, fez história no Brasil, na engenharia. Esse reencontro deixa o nosso querido amigo Senador Alberto Silva lépido e fagueiro, aguardando essa homenagem que, tenho certeza, ele esperava há muito tempo. Finalmente é chegado o dia. Parabenizo V. Exª em nome dos piauienses, porque é uma conquista de mérito.

O SR. ALBERTO SILVA (PMDB - PI) - Muito obrigado, Senador Heráclito Fortes.

O SR. PRESIDENTE (João Alberto Souza. PMDB - MA) - Conclua, Senador.

O SR. ALBERTO SILVA (PMDB - PI) - Sr. Presidente, agradeço a todos a oportunidade, sobretudo aos que dirigem a Universidade Federal de Itajubá. Amanhã, com a graça de Deus, estaremos lá.

Sr. Presidente, concluo dizendo as palavras finais de Teodomiro Santiago: “Vocês vão aprender a pensar”. Realmente devemos pensar, e pensar certo, para não misturar problemas. O grande desafio para o engenheiro e para o homem público é não misturar problemas. Em outra oportunidade, voltarei à tribuna para dizer o que é misturar problemas e que soluções a escola de Itajubá colocou na alma de cada um de nós, seus ex-alunos.

Agradeço a Deus a oportunidade de estar aqui e a comenda que Ele me dá por meio daqueles que fazem uma das mais importantes escolas de engenharia deste País, a Universidade Federal de Itajubá.

Muito obrigado.