Discurso durante a 208ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

A necessidade de mais investimentos e do descontingenciamento de recursos por parte do Governo Federal. (como Líder)

Autor
Aelton Freitas (PL - Partido Liberal/MG)
Nome completo: Aelton José de Freitas
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO. ORÇAMENTO. POLITICA ECONOMICO FINANCEIRA.:
  • A necessidade de mais investimentos e do descontingenciamento de recursos por parte do Governo Federal. (como Líder)
Publicação
Publicação no DSF de 25/11/2005 - Página 41063
Assunto
Outros > GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO. ORÇAMENTO. POLITICA ECONOMICO FINANCEIRA.
Indexação
  • ACUSAÇÃO, GOVERNO FEDERAL, AUMENTO, RETENÇÃO, RECURSOS FINANCEIROS, ORÇAMENTO, UNIÃO FEDERAL, AUSENCIA, ATENDIMENTO, INTERESSE, POPULAÇÃO, ADVERTENCIA, POSSIBILIDADE, AMPLIAÇÃO, PROBLEMAS BRASILEIROS, PREJUIZO, CRESCIMENTO ECONOMICO, PAIS.
  • COMENTARIO, ARTIGO DE IMPRENSA, JORNAL, CORREIO BRAZILIENSE, DISTRITO FEDERAL (DF), ANALISE, DADOS, INSTITUIÇÃO DE PESQUISA, COMPROVAÇÃO, REDUÇÃO, GASTOS PUBLICOS, GOVERNO FEDERAL, INVESTIMENTO, POLITICA SOCIAL, INFRAESTRUTURA, SANEAMENTO BASICO, EDUCAÇÃO, SAUDE, HABITAÇÃO, SEGURANÇA PUBLICA, AGRICULTURA.
  • CRITICA, RECUSA, GOVERNO FEDERAL, EXECUÇÃO, ORÇAMENTO, OBJETIVO, AUMENTO, SUPERAVIT, SETOR PRIMARIO.

O SR. AELTON FREITAS (Bloco/PL - MG. Pela Liderança do Bloco/PL. Sem revisão do orador.) - Srª Presidente, Senadora Iris, Srª Senadora Lúcia Vânia, Srs. Senadores, gostaria de destacar um assunto fundamental e que deve ser discutido neste momento: a necessidade de mais investimentos e o descontigenciamento de recursos por parte do Governo Federal, apesar de todas as limitações financeiras anunciadas.

Se desde o começo do ano o ritmo de investimentos do Governo Federal seguia lento, atualmente, é preciso reconhecer, encontra-se quase estagnado. O Poder Público não caminha com a velocidade necessária, tendo em vista as dificuldades que o País enfrenta, principalmente nas áreas sociais e de infra-estrutura.

Recentemente o jornal Correio Braziliense publicou um levantamento feito pelo Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc) que demonstra que, a praticamente um mês para o término do ano, o Governo Federal só gastou 30% dos R$71 bilhões de que dispõe para investir principalmente em setores que atendem às necessidades básicas da sociedade, como saúde, educação, segurança pública, urbanismo, saneamento, entre outros.

Srª Presidente, não é de hoje que esse tema ocupa a atenção de diversos Parlamentares desta Casa. Desde o começo do ano, eu mesmo tive a oportunidade de trazer a esta tribuna diversos assuntos ligados ao descontingenciamento de recursos federais. No entanto, infelizmente, o quadro continua praticamente o mesmo.

Os valores pagos até agora são pequenos perto do que foi assegurado no Orçamento da União. Ainda segundo o levantamento feito pelo Inesc, na área de urbanismo, por exemplo, a verba orçamentária chegou a R$2,7 bilhões, mas apenas 16% desse valor foi efetivamente liquidado. No setor de habitação, pouco mais de 14% dos R$720 milhões foram executados. O saneamento rural e urbano recebeu apenas R$13 milhões dos R$199 previstos.

Os números mostram que se esses recursos não forem efetivamente executados ou pelo menos grande parte deles, o País poderá continuar a pagar caro por não investir em determinadas áreas.

O caso mais recente foi a falta de dinheiro para aplicar em fiscalização, o que culminou em focos da febre aftosa, por exemplo. O valor orçamentário para defesa agropecuária era inicialmente de R$169 milhões. Com o contingenciamento de recursos, esse valor caiu para apenas R$37 milhões. Após o surgimento do primeiro foco de febre aftosa, o Ministério da Agricultura conseguiu recuperar outros R$54 milhões.

Isso demonstra, Sr. Presidente, que se a equipe econômica continuar apertando o cinto, problemas como o que enfrentamos com a contaminação de nossa carne, infelizmente, poderão se tornar mais comuns em outros setores.

A Comissão Mista de Orçamento, por exemplo, aponta que os investimentos empenhados no primeiro semestre somam 22,4% do total aprovado pelo Congresso, enquanto que no mesmo período de 2004 esse percentual foi de 43,1% do valor aprovado e empenhado pelos ministérios.

Entendo que a política econômica precisa ser encarada com seriedade e cautela pela equipe econômica do Governo. É válida a constante vigília no controle da inflação e das despesas públicas. No entanto, é preciso esclarecer uma coisa: sem investimentos o País não cresce. De nada adianta, ano após ano, batermos recordes na balança comercial, alcançarmos índices nunca vistos no superávit primário e a população brasileira continuar enfrentando os mesmos problemas históricos de fome, falta de saneamento básico e subdesenvolvimento.

Não foi à toa que o País alcançou a meta prevista para o superávit primário três meses antes do previsto. Os cortes de orçamento dos ministérios têm ajudado o Governo a fazer uma economia recorde para o pagamento de juros, mas as áreas fundamentais para o desenvolvimento econômico do País e seu crescimento, como transporte, agricultura, segurança pública e reforma agrária, seguem praticamente sem recurso algum para atender projetos prioritários, como a recuperação de rodovias do Ministério dos Transportes.

Srª Presidente, Srªs e Srs. Senadores, como membro da base do Governo, trago esses números para alertar, mais uma vez, a equipe econômica da necessidade de fazer com que os recursos do Orçamento sejam efetivamente executados, de modo a não paralisar mais o nosso País. Assim como o Governo, também considero os programas sociais e de infra-estrutura fundamentais, mas de nada adianta aprovarmos os recursos no Orçamento se eles permanecerem contingenciados.

Nossa população quer e precisa de maiores investimentos que resultem em benefícios concretos em sua vida. É nossa obrigação, como Parlamentar, defender essa bandeira, de maneira sóbria e responsável, pois o Orçamento aprovado pelo Congresso não pode ser peça de ficção; deve, sim, ser executado da maneira que foi aprovado nesta Casa. Era o que tinha a dizer, Srª. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 25/11/2005 - Página 41063