Discurso durante a 208ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Críticas ao comportamento da Oposição que concordou com a transformação da convocação do Ministro Antonio Palocci em convite, para comparecimento à CPI dos Bingos.

Autor
Almeida Lima (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/SE)
Nome completo: José Almeida Lima
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA ECONOMICO FINANCEIRA. COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), BINGO. REFORMA POLITICA.:
  • Críticas ao comportamento da Oposição que concordou com a transformação da convocação do Ministro Antonio Palocci em convite, para comparecimento à CPI dos Bingos.
Publicação
Publicação no DSF de 25/11/2005 - Página 41198
Assunto
Outros > POLITICA ECONOMICO FINANCEIRA. COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), BINGO. REFORMA POLITICA.
Indexação
  • ANALISE, PERDA, REPUTAÇÃO, CLASSE POLITICA, PREVISÃO, RESPOSTA, OPINIÃO PUBLICA, ELEIÇÕES.
  • CRITICA, BANCADA, OPOSIÇÃO, ATUAÇÃO, INTERPELAÇÃO, MINISTRO DE ESTADO, MINISTERIO DA FAZENDA (MF), APROVAÇÃO, POLITICA ECONOMICO FINANCEIRA, REPUDIO, PROTEÇÃO, AUTORIDADE, INTIMAÇÃO, COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), BINGO.
  • PROTESTO, IMPUNIDADE, PRESIDENTE DA REPUBLICA, ACUSAÇÃO, CONHECIMENTO, CORRUPÇÃO.
  • CRITICA, INTERVENÇÃO, SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL (STF), LEGISLATIVO, AUSENCIA, MANIFESTAÇÃO, MESA DIRETORA.
  • DEFESA, REDUÇÃO, NUMERO, SENADOR, DEPUTADOS, VEREADOR, VICE CHEFE, EXECUTIVO.

O SR. ALMEIDA LIMA (PMDB - SE. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, venho à tribuna tratar de um assunto que considero tarefa difícil. Falar do óbvio, do ululante, daquilo que salta aos olhos, do que é evidente e inquestionável é muito difícil. Falar daquilo que todo mundo já sabe é a pior coisa, mas, por incrível que pareça, torna-se necessário falar, porque a maioria dos políticos brasileiros, aquela parcela expressiva - não todos -, a que constitui o conjunto majoritário da classe política, tem a cabeça muito dura, Sr. Presidente.

Acho que ainda não perceberam que povo brasileiro não acredita mais na grande maioria dos políticos. Acho que ainda não entenderam que a classe está no fundo do poço! É difícil acreditar que não tenham percebido. O mais grave é que continuam a não dar ouvidos à opinião pública.

Não esqueçam de que, no próximo ano, haverá eleições, que o povo está atento e que deixará em casa todos aqueles que se estão negando a representá-lo com o devido respeito.

Fiquei estarrecido com a Oposição nesta Casa quando da reunião com o Ministro Antonio Palocci, na CAE, na semana passada. A Oposição se comportou pior que o Governo. Em dado momento, procura aparecer como oposição, quem sabe, até prevendo a próxima eleição.

A Oposição, em quem reside a esperança do povo - já que o Governo o deixou desesperançado -, não se prestava a defendê-lo diante da abominável política econômica que se pratica hoje. Cheguei a ouvir o companheiro Senador da Oposição afirmar que aprovava a política econômica e que, diferentemente desta, só se fosse com demagogia. Mostrarei o contrário no próximo pronunciamento.

A Oposição se desvaloriza neste Parlamento. Falta à Oposição afirmação política diante do Governo e da sociedade. É preciso que ela se apresente de forma clara, com objetivos e posições claros. É Oposição para valer ou é Oposição consentida? A Oposição é só naquilo que é acordado? Para se fazer oposição é preciso pedir licença ao Governo? É uma Oposição que tem medo de investigação? Será que é isso?

Não admito que um Ministro, denunciado por ex-assessores e ex-companheiros ou companheiros de Partido, como o Ministro Antonio Palocci o foi, em envolvimentos de atos de corrupção, não seja intimado a comparecer a uma CPI para prestar depoimento e que a vinda do Ministro tenha de ser negociada para acontecer em forma de convite. Que Oposição é essa? Intima-se ou não? Caso a Oposição seja derrotada, em seu requerimento, que o Governo assuma a responsabilidade diante da Nação pelo seu gesto.

Uma CPI instalada chega ao seu final sequer sem um relatório parcial. É preciso que todos dêem exatamente razões plausíveis para esse tipo de omissão.

Provas chegam ao conhecimento da Nação de que o Presidente Lula sabia do mensalão. Roberto Jefferson foi muito claro em suas denúncias. O Governador Marconi Perillo, de Goiás, também foi muito claro ao afirmar que deu conhecimento ao Presidente Lula do mensalão. Na CPI dos Bingos, no dia de ontem, a depoente Rosângela Gabrilli informa que sua irmã - salvo engano de nome Mara -, empresária do ramo de transportes coletivos de Santo André, paraplégica, afirmou que deu conhecimento, pessoalmente, a Lula da corrupção naquele Município administrado pelo PT e que o Presidente não tomou nenhuma providência. Como fica isso? Do mesmo jeito! Não sei até onde V. Exªs desejam levar o nome da classe política com tanta omissão da grande maioria.

O Supremo Tribunal Federal insiste em intervir indevidamente no Poder Legislativo; e as duas Casas, pelas representações legítimas que são as suas mesas diretoras, não se manifestarem é um absurdo e leva o Parlamento à condição de um Poder subalterno ao Judiciário.

Vivemos uma situação de vexame em que a sociedade e a maioria do Parlamento desejam a punição dos seus membros. O Judiciário, fazendo o que sempre fez: procrastinar, expondo cada vez mais a classe política deste País, que fica imobilizada, sem uma reação à altura de seus desígnios.

Afinal, qual a contribuição que o conjunto majoritário, não toda a classe política, mas a sua maioria, está dando ao País?

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, estou convencido de que os problemas do País só serão resolvidos no dia em que a maioria dos políticos trabalhar pelo povo e não em seu próprio benefício.

Propus, no Senado, a diminuição do número de Senadores, Deputados e Vereadores, e que não haja vices. Serão mais de 30 mil mandatos políticos a menos no Brasil. Tenho certeza de que o povo aprova a minha proposta e, por isso, inúmeros políticos me condenam. Afinal, tenho certeza de que o povo deixará de pagar àqueles que não trabalham por ele.

Era o que eu tinha a dizer, Sr. Presidente.

Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 25/11/2005 - Página 41198