Discurso durante a 208ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Programa SESI de Educação do Trabalhador.

Autor
Romero Jucá (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/RR)
Nome completo: Romero Jucá Filho
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA SOCIAL. EDUCAÇÃO.:
  • Programa SESI de Educação do Trabalhador.
Publicação
Publicação no DSF de 25/11/2005 - Página 41214
Assunto
Outros > POLITICA SOCIAL. EDUCAÇÃO.
Indexação
  • ANALISE, RELEVANCIA, ESTUDO, PSICOLOGO, PAIS ESTRANGEIRO, RUSSIA, MODERNIZAÇÃO, PEDAGOGIA.
  • COMENTARIO, RELATORIO, ANALISE, SISTEMA, AVALIAÇÃO, COMPETENCIA, PROGRAMA, SERVIÇO SOCIAL DA INDUSTRIA (SESI), EDUCAÇÃO, TRABALHADOR, CONGRATULAÇÕES, ENTIDADE, PARCERIA, ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS PARA A EDUCAÇÃO A CIENCIA E A CULTURA (UNESCO), IMPORTANCIA, ATUAÇÃO, EDUCAÇÃO DE ADULTOS.

O SR. ROMERO JUCÁ (PMDB - PR. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, as pesquisas em educação, especialmente as do século passado, trouxeram muita luz à compreensão do processo de desenvolvimento cognitivo humano.

Trabalhos, como o do biólogo francês Piaget ou do psicólogo russo Vygotsky, lançaram as bases para que a atividade pedagógica moderna ocorra de modo a permitir o desenvolvimento pleno das capacidades dos indivíduos, embora, como sabemos, muitas escolas e docentes ainda não tenham conseguido aplicar todo o potencial que as teorias pedagógicas modernas confinam.

Vygotsky foi um filho de família judia abastada, que entrou na fase adulta justamente no período subseqüente à Revolução Bolchevique de 1917. Sua vida foi curta. Morreu ainda jovem, aos 37 anos, mas não sem nos legar imensa contribuição em diversas áreas das ciências humanas, em especial na pedagogia.

O período de sua produção intelectual coincide com o período da Rússia pós-revolucionária e pré-stalinista. Naquela época, fervilhava um sentimento de libertação e de renovação de idéias. Stálin ainda não havia imposto a censura e o cerceamento que caracterizariam sua ditadura. Os cientistas eram vistos como a esperança intelectual para dar respostas aos problemas da sociedade russa. Assim, Vygotsky teve todo um contexto sócio-político-econômico a cercá-lo e a estimulá-lo em suas pesquisas. A profusão de seus quase 2 mil artigos científicos, produzidos em um curto período de cerca de 16 anos, foi uma resposta à altura da expectativa que o cercava.

Em linhas resumidas, a teoria de Vygotsky visa a caracterizar as funções superiores da inteligência (as tipicamente humanas, como a memorização voluntária, planejamento, imaginação, etc) e seu direto relacionamento com a história humana e com a interação sociocultural do indivíduo com a sociedade que o cerca.

Ele demonstrou, por meio de vários experimentos e observações, que o cérebro humano é dotado de grande plasticidade, mas, ao contrário do que pregavam algumas linhas pedagógicas vigentes até então, a mente humana e todo o seu potencial não se revelam, simplesmente, por um processo biológico ou mesmo pelo estímulo do meio-ambiente. Ela necessita do estímulo sócio-cultural para atingir o pleno desenvolvimento.

Um outro ponto marcante da teoria vygotskiana é a observação da dialética, onde o homem interage com o mundo por meio de instrumentos físicos, pelos quais modifica o espaço ao seu redor e por instrumentos psíquicos pelos quais trabalha sobre o universo cognitivo.

A obra vygotskyana foi essencial para o desenvolvimento da pedagogia moderna.

Hoje, não se prescinde da construção conjunta do saber. Nas palavras de Vygotsky, “o homem não consegue ser homem sozinho, ele necessita sempre de outros”.

A obra de Vygotsky ajudou os pedagogos atuais a chegarem ao conceito de competências.

Desenvolver competências nos alunos é a palavra de ordem da educação moderna.

Competência é mais que informação. É mais que habilidade, é mais que talento. Competência é a capacidade de mobilizar conhecimentos, valores e decisões para agir de modo pertinente numa determinada situação.

Pela metodologia pedagógica tradicional, o aluno acumulava saberes, passava nos exames, mas não conseguia usar o que aprendeu em situações reais. Essa concepção tem sido posta em xeque pela necessidade da sociedade moderna de profissionais qualificados, que saibam trabalhar em equipe, e que saibam tomar decisões num mundo em constante mudança.

Por isso, com grande satisfação tomo conhecimento do trabalho desenvolvido pelo SESI, em parceria com a Unesco, do qual resultou o relatório que me chegou às mãos.

São 223 páginas detalhando o Sistema de Avaliação de Competências do Programa SESI de Educação do Trabalhador. Nelas estão descritas as metodologias e os resultados obtidos no processo de avaliação de um trabalho pedagógico nada simples, pois visa ao desenvolvimento de competências.

E competências, Sr. Presidente, não são fáceis de serem desenvolvidas nos alunos. Muito mais difícil, porém, é aferir a eficácia de um trabalho que tenha por objetivo produzi-las.

De fato, é fácil constatar a eficácia de um processo educativo que vise a fazer um aluno memorizar algo, ou o adestramento em certa habilidade, como a resolução de um tipo de problema matemático. Basta a aplicação de uma prova escrita que verifique o conhecimento ou a habilidade adquirida e o professor terá noção da eficácia de seu intento.

Mas atestar o desenvolvimento de competências é algo muito mais complexo, pois as competências envolvem um conjunto de habilidades e sua efetiva aplicação, abrangendo desde o conhecimento cognitivo até o aspecto afetivo do aluno.

Em seu relatório, o SESI e a Unesco apresentam várias metodologias de avaliação que foram aplicadas em suas equipes de professores e alunos. O resultado é um material riquíssimo e que serve como referência para todo processo educativo que tenha por meta o desenvolvimento de competências no Brasil e no Mundo.

Por tudo isso, Sr. Presidente, congratulo-me com o Serviço Social da Indústria e com a Unesco pela brilhante atuação na área de educação de jovens e adultos para o desenvolvimento de competências.

            Muito obrigado.

 


Este texto não substitui o publicado no DSF de 25/11/2005 - Página 41214