Discurso durante a 209ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Atuação dos professores na formação de crianças e adultos. Defesa de melhores condições de trabalho e de salário aos docentes brasileiros.

Autor
Edison Lobão (PFL - Partido da Frente Liberal/MA)
Nome completo: Edison Lobão
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
EDUCAÇÃO.:
  • Atuação dos professores na formação de crianças e adultos. Defesa de melhores condições de trabalho e de salário aos docentes brasileiros.
Publicação
Publicação no DSF de 26/11/2005 - Página 41284
Assunto
Outros > EDUCAÇÃO.
Indexação
  • ANALISE, IMPORTANCIA, INVESTIMENTO, EDUCAÇÃO, INCENTIVO, DESENVOLVIMENTO NACIONAL, ELOGIO, EXERCICIO PROFISSIONAL, PROFESSOR, DEFESA, AUMENTO, SALARIO.

O SR. EDISON LOBÃO (PFL - MA. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, nesta Casa, já se falou amplamente sobre as crianças e os professores, aos quais foi dedicada uma sessão especial do próprio Senado.

Em que pesem os brilhantes pronunciamentos sobre tais temas, que honram este Plenário, nunca serão demais os que voltem a ressaltar o respeito e a admiração merecidos pelos abnegados homens e mulheres vocacionados para a difícil arte de ensinar.

Sempre é oportuno, Sr. Presidente, que continuemos a refletir sobre a importância fundamental da figura do professor. A eles, os da nossa geração, devemos a base da nossa formação cultural, como lhes devemos a competência com que cuidaram ou cuidam de nossos filhos e netos, adequando e moldando construtivamente as inteligências que desabrocham. Cabe-lhes soldar os ensinamentos que guiam os jovens para o mundo do conhecimento, abrindo-lhes o universo das opções que cada um fixará como sua vocação profissional futura.

Dentre as tantas frases que procuram sintetizar o significado da educação, sempre me detive na opinião de que, na escola de qualquer grau, a principal contribuição que se dá ao aluno é fazê-lo “aprender a estudar”, despertando-lhe a curiosidade para as coisas que vivenciará no correr de sua própria existência. Na escola, toma gosto pela leitura e pela pesquisa; desenvolve o raciocínio e a capacidade de absorver e interpretar o que lê e o que aprende.

E por trás dessa tarefa está o professor, desde a mais tenra idade do aluno que se entrega a sua responsabilidade.

Missão, como se vê, da maior gravidade, cheia de sacrifícios e de fundamental importância para toda a Nação brasileira.

No entanto, os poderes públicos não têm incluído os professores como uma prioridade verdadeira. Com essa omissão, desestimulam a carreira, não lhes proporcionam, na medida adequada, maiores oportunidades para aprimoramento e, o que é pior, não lhes oferecem retribuições salariais que compensem os enormes esforços daqueles que se dedicam à docência. Os vencimentos dos professores deste País, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, estão abaixo daquilo que se pode imaginar deva ser a retribuição de um profissional qualquer. Para obterem ínfimas vantagens para sua sobrevivência, os professores, volta e meia, têm de enfrentar greves que jamais poderiam ocorrer no seu ambiente de paz e de estudos.

Muitas reportagens têm sido divulgadas sobre países que valorizam o ensino, como a Irlanda, a Espanha, a Coréia do Sul e o Chile. Nelas, comprova-se, como se a comprovação fosse necessária, o notável e extraordinário desenvolvimento conquistado por esses países após os investimentos maciços feitos na educação.

No Chile, em quinze anos, o investimento em educação triplicou. Os professores tiveram os maiores aumentos do setor público: 140% acima da inflação. Na Coréia do Sul, onde se diz estarem os melhores alunos do mundo, a maioria dos professores tem mestrado em educação e ganha o equivalente a R$10.500,00. Eles precisam ter curso superior e são atualizados e avaliados a cada dois anos.

Já abordei desta tribuna, por mais de uma vez, o problema educacional. No último, referi-me ao sucesso de países asiáticos que souberam investir em educação. Nessas nações, o professor ocupa lugar de honra no estamento social. Não precisa lecionar em mais de uma escola, estressando-se à exaustão, para assegurar renda condizente com a sua qualificação. Exigem-se do professor o máximo de dedicação e constantes aprimoramentos, mas lhe são garantidos salários para uma existência com dignidade.

Srªs e Srs. Senadores, nesses tempos em que surgem estarrecedores dados estatísticos que dão conta das nossas escandalosas deficiências educacionais, convém que voltemos a pedir a atenção governamental, nos seus três níveis, para a política educacional brasileira, e entendê-la como a indispensável alavanca para o desenvolvimento. É preciso elevar ao topo a preocupação, que se deve generalizar, de que nosso País deve encontrar os meios que assegurem sejam nossos estudantes bem preparados, tanto na escola privada quanto na pública. Entre as prioridades está a de devolver ao magistério a sua grave importância social, seja por meio das retribuições que façam justiça ao professor, seja por via de cursos especiais que aperfeiçoem e atualizem as inteligências vocacionadas para a missão de ensinar em nosso País.

O Manifesto dos Senadores pela Educação é um documento de relevante importância, seus termos deviam ser decorados e repetidos a cada dia pelas autoridades responsáveis. Nele se indicam as soluções para os saltos que devem ser arremetidos para que recuperemos, no futuro, o tempo perdido com as últimas gerações.

Esta, a minha esperança, Sr. Presidente.

O Brasil há de encontrar o momento para demonstrar às professoras e professores quão profunda é a nossa gratidão pelo trabalho a que se dedicam com tanta seriedade e amor.

Era o que eu tinha a dizer.

Obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 26/11/2005 - Página 41284