Discurso durante a 215ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Justificativas a requerimento de autoria de S.Exa. de homenagens póstumas ao Monsenhor Murilo de Sá Barreto.

Autor
Heloísa Helena (PSOL - Partido Socialismo e Liberdade/AL)
Nome completo: Heloísa Helena Lima de Moraes Carvalho
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Justificativas a requerimento de autoria de S.Exa. de homenagens póstumas ao Monsenhor Murilo de Sá Barreto.
Publicação
Publicação no DSF de 06/12/2005 - Página 42873
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM POSTUMA, SACERDOTE, MUNICIPIO, JUAZEIRO DO NORTE (CE), ESTADO DO CEARA (CE), ELOGIO, VIDA PUBLICA, INTEGRAÇÃO, RELIGIÃO, IGREJA CATOLICA, TRADIÇÃO, CICERO ROMÃO BATISTA, SANTO PADROEIRO, REGIÃO NORDESTE.

A SRª HELOÍSA HELENA (P-SOL - AL. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão da oradora.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, eu teria dois assuntos muito importantes para falar, mas os deixarei para amanhã. Trata-se do PIB, da política econômica, e também do aniversário, no dia de hoje, da minha querida e lindíssima cidade, Maceió. Realmente, é uma coisa linda. Aliás, todo o Estado de Alagoas é muito lindo! Muito lindo! Além de ter um povo generoso, trabalhador, maravilhoso, é um Estado lindo. O rio São Francisco e o Complexo Estuarino Lagunar, com certeza, são os mais belos espelhos da lua que existem. No nosso litoral, parece até que as praias combinam: uma é bem serena e a outra é bem danada, rebelde, quebrando as ondas na praia. É uma coisa muito linda!

Mas, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, eu não poderia deixar - embora saiba que V. Exª já encaminhou a votação do requerimento, o que agradeço - de apresentar condolências à família do Monsenhor Murilo de Sá Barreto, pároco de Juazeiro do Norte, falecido ontem, 4 de dezembro de 2005, no Estado do Ceará.

Hoje em dia, chamamos o Monsenhor de Padre Murilo. É uma perda, Senador Mão Santa, porque ele era uma pessoa maravilhosa. O Padre Murilo promoveu, de forma essencial, o reencontro dos romeiros de Padre Cícero com a Igreja Católica. Claro que, agora, tendo como Bispo o Monsenhor Fernando, isso também ajuda muito, mas foi uma história de resistência.

É algo belíssimo vermos todas essas romarias, todos esses momentos de celebração da esperança e da fé. No Nordeste, a figura do Padre Cícero sempre teve um significado muito maior. As estruturas das Igrejas tentaram, ao longo da historia recente, esmagar a fé do povo, e este, todos os anos, estava lá, abraçando e continuando a celebrar a fé em Padre Cícero. Uma pessoa essencial e fundamental para essa celebração sempre foi o Padre Murilo e, depois, Monsenhor Murilo.

Monsenhor Francisco Murilo Corrêa de Sá Barreto nasceu no dia 31 de outubro de 1930, na cidade de Barbalha, filho do casal José Pácifer de Sá Barreto e Laudelina Corrêa de Sá Barreto.

Fez seus estudos primários no Grupo Escolar Martiniano de Alencar, na sua cidade natal, entre 1940 a 1945. Fez o Curso de Admissão, Ginasial e Colegial no Seminário São José de Crato, de 1945 a 1952. No Seminário Arquiepiscopal de Fortaleza, cursou Filosofia e Teologia de 1952 a 1957.

Foi ordenado sacerdote por Dom Francisco de Assis Pires, em 15 de dezembro de 1957, na Igreja Matriz de Barbalha. Em 1958, foi designado para Vigário Paroquial da Paróquia de Nossa Senhora das Dores e, em 1966, passou a Pároco, cargo no qual permaneceu até semana passada.

Monsenhor Murilo era sócio da Associação Juazeirense de Imprensa, era radialista, escritor e pesquisador, bem como Sócio Emérito do Instituto Cultural do Vale Caririense. Por cerca de 30 anos, foi professor de Português da antiga Escola Normal Rural de Juazeiro do Norte. Escreveu três livros: De Juazeiro à Terra Santa, Testemunho de Serviço e Fidelidade e o último, publicado pelas Edições Loyola, com o título de Padre Cícero.

Pela efetiva contribuição desse sacerdote na formação educacional, cultural e religiosa do povo daquela região, além do seu trabalho na divulgação do Cariri, tornando-se uma das mais conhecidas, respeitadas e queridas figuras humanas do Cariri, Monsenhor Francisco Murilo de Sá Barreto foi - há 48 anos - pároco do Santuário Diocesano de Nossa Senhora das Dores de Juazeiro do Norte, paróquia cujo espaço de influência não se restringe aos limites geográficos dessa cidade, tendo ressonância pelas vastidões do Sertão, Agreste e Zona da Mata do Nordeste brasileiro.

À frente daquela paróquia, a ação pastoral de Monsenhor Murilo, o nosso Padre Murilo, ampliou-se também por cidades, povoados, vilas e sítios, onde habitava sem dúvida um fiel da nação romeira nordestina. Por tudo isso, Monsenhor Murilo sempre foi conhecido como o Vigário do Nordeste e sempre contribuiu, de forma significativa, para a divulgação e valorização do que se convencionou chamar de nordestinidade, auxiliando de forma fundamental, essencial, no reencontro dos romeiros de Padre Cícero com a Igreja Católica.

Pela perda irreparável desse ser humano exemplar, requeiro a este Plenário a apresentação de condolências à família, encaminhando-as também à paróquia.

Senador Mão Santa, eu, romeiros de várias cidades de Alagoas - Murici, Rio Largo, Pão de Açúcar, Água Branca - e vários padres: Padre Manoel Henrique, Padre Guimarães, Padre Eraldo -, todos os anos, no dia de Padre Cícero ou no dia de Nossa Senhora das Dores, estivemos lá com o Padre Murilo. Certamente, a imagem que ficará nos nossos corações e nas nossas mentes é ele sorrindo, o tempo todo, andando pelas ruas com os romeiros, celebrando missa desde as 5 horas da manhã, ao meio-dia, abraçando os romeiros na chegada à cidade, fazendo a benção dos chapéus. Sem dúvida, uma das imagens mais lindas que ficam é a do Padre Murilo, hoje Monsenhor Murilo, abanando com seu chapeuzinho de romeiro. Infelizmente eu não estava com meu chapeuzinho de romeira aqui, que eu até traria para celebrar também de uma forma mais delicada e preciosa.

É claro que nós sabemos que o Monsenhor Murilo está lá e, certamente, está feliz porque sempre foi uma pessoa muito tranqüila, muito solidária, muito generosa.

Existe uma tristeza muito grande, muito grande, em todos os romeiros de Padre Cícero, em todos os romeiros que sempre vão a Juazeiro do Norte que, com certeza, hoje choram a dor da perda do nosso Padre Murilo, do nosso Monsenhor Murilo.

Fica aqui, portanto, esse registro e agradeço a V. Exª, Sr. Presidente, Senador Mão Santa, a aprovação do requerimento para encaminhamento de votos de pesar tanto à paróquia, como a todas as pessoas que fazem a paróquia, às meninas que sempre estiveram com ele, cuidando dele e da casa. Quando chega a época de procissão, todos nós lá, aquela multidão na casa e ele sempre com o sorriso generoso, a Maria, a Rosa, todas as meninas na cozinha com a maior alegria de sempre.

Neste momento, sabemos que muitos romeiros estão chorando a dor da perda do nosso querido Padre Murilo, Monsenhor Murilo, que promoveu, de forma belíssima e essencial, o reencontro dos romeiros de Padre Cícero com a estrutura da Igreja Católica.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 06/12/2005 - Página 42873