Discurso durante a 216ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Visita realizada ao município de Laranja da Terra, no interior do Espírito Santo e destaque para o trabalho do Ministério Público naquele local. Posicionamento sobre o assassinato do prefeito de Santo André, Celso Daniel. (como Líder)

Autor
Magno Malta (PL - Partido Liberal/ES)
Nome completo: Magno Pereira Malta
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ESTADO DO ESPIRITO SANTO (ES), GOVERNO MUNICIPAL. COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), BINGO.:
  • Visita realizada ao município de Laranja da Terra, no interior do Espírito Santo e destaque para o trabalho do Ministério Público naquele local. Posicionamento sobre o assassinato do prefeito de Santo André, Celso Daniel. (como Líder)
Publicação
Publicação no DSF de 07/12/2005 - Página 42955
Assunto
Outros > ESTADO DO ESPIRITO SANTO (ES), GOVERNO MUNICIPAL. COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), BINGO.
Indexação
  • COMENTARIO, VISITA, ORADOR, MUNICIPIO, ESTADO DO ESPIRITO SANTO (ES), ELOGIO, ATUAÇÃO, MINISTERIO PUBLICO, CONGRATULAÇÕES, JUIZ, PROMOTOR, SARGENTO, TRABALHO, COMBATE, VIOLENCIA.
  • COMENTARIO, ANALISE, DOCUMENTO, COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), BINGO, HOMICIDIO, EX PREFEITO, MUNICIPIO, SANTO ANDRE (SP), ESTADO DE SÃO PAULO (SP), ACUSAÇÃO, ORADOR, EXISTENCIA, COMPROVAÇÃO, CRIME, PERSEGUIÇÃO, NATUREZA POLITICA.

O SR. MAGNO MALTA (Bloco/PL - ES. Pela Liderança do PL. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, dois assuntos me trazem à tribuna hoje. O primeiro é que, nesse final de semana, visitei um pequeno e simples Município do interior do meu Estado, chamado Laranja da Terra.

Num esforço da Bancada federal, estamos vivendo agora o sonho de vermos terminada a estrada que liga Laranja da Terra aos outros Municípios. Porém, o que mais me encantou em Laranja da Terra, Sr. Presidente, foi o trabalho que está sendo feito pelo Ministério Público, pela Juíza do Município, como também pela Sargento, duas jovens.

Senadora Heloísa Helena, dou daqueles que defendem que, nos pontos cruciais, críticos e mais importantes da sociedade, a Constituição deveria vetar a presença de homens. Somente mulheres. Juízas deveriam ser mulheres, desembargadoras, juízas de Tribunal Superior, delegadas, todos esses deveriam ser cargos femininos. Parece que, nas mulheres, o senso de justiça é mais apurado. Em cada caso grave de corrupção que aparece neste País e no mundo, há mil homens para meia mulher envolvida. Se fôssemos aqui relatar o que este País já se beneficiou com a força das mulheres, passaríamos a tarde nesta tribuna.

No meu Estado, há uma delegada chamada Fabiana Maioral. E ela é maioral mesmo. Ela suplanta, está acima das expectativas e é uma jovem delegada. Sem me esquecer da ação de Denise Frossard contra os bicheiros, sem me esquecer daquelas que estão nos tribunais e das jovens promotoras nos Ministérios Públicos espalhados por aí. Se alguém quiser encampar a minha luta, defendo isso com unhas e dentes, porque acredito nisso. É só ver a força da nossa candidata à Presidência da República, Senadora Heloísa Helena. Cresceu bem nas últimas pesquisas. Foi a 5,5% e, dependendo da simulação, 6%. Está de parabéns a Senadora, que teve um resultado muito bom para quem não tem mídia, que tem apenas a mídia do Senado. Mas isso é porque o povo acredita na sua força, na sua determinação, no seu conteúdo.

Quero aqui, Sr. Presidente, parabenizar a juíza do Município, uma jovem juíza com 25 anos de idade, que está fazendo um belo trabalho em Laranja da Terra, e o promotor público, que já tem história de combate à corrupção, por fazer enfrentamentos.

Liguei para o Presidente do Ministério Público do meu Estado e falei com seu assessor mais próximo, que o Ministério Público de Laranja da Terra deve ser fortalecido e que não deve haver interferência política para que o promotor saia de lá. E vou ficar de olho.

As mortes, as cachaçadas, os tiros fora de hora que aconteciam nos bares, os roubos de bombas e de canos das irrigações acabaram, depois que essa sargento foi para lá tomar conta do destacamento. Tudo mudou. Os homens bêbados que batiam em mulher estão caladinhos, de bola murcha, porque a sargento está fazendo o papel que os outros que passaram por lá - perdoem-me - não fizeram.

Então, tomei esta liberdade de falar em nome deles, que me elegeram e me trouxeram para cá. Meu Estado teve 1,17 milhão de votos válidos; eu tive 900 mil. Recebi o voto de quase todo mundo, então tenho obrigação. E o povo de Laranja da Terra me mandou para cá. Visitei comunidades e distritos de Laranja da Terra, tomei café e almocei com aquele povo, e foi um dos finais de semana mais significativos da minha vida. Muito obrigado ao povo querido.

Registro a sessão solene em que recebi o título de cidadão de Laranja da Terra, uma sessão bonita. Agradeço ao Deputado Neucimar Fraga. Parabéns ao Presidente e ao Vice-Presidente da Câmara, meu amigo Mira Seibel, ex-Deputado no Estado, e ao seu filho, Vereador Judazio. Um grande abraço a todos vocês. Muito obrigado pelo carinho a mim dedicado.

Sr. Presidente, na segunda parte da minha fala - gostaria que V. Exª fosse complacente comigo e me desse pelo menos um minuto -, gostaria de falar sobre o problema de Santo André. Eu tenho me debruçado sobre ele. No último final de semana, debrucei-me sobre toda a documentação que chegou às minhas mãos, cinco pastas entregue à CPI pela Drª Rosângela Gabrilli, que foi a denunciante do esquema ao Ministério Público. Hoje nós tivemos a oportunidade de ter sua irmã na Comissão, Mara Gabrilli, uma moça bonita, tetraplégica, que quebrou o pescoço, perdendo os movimentos, há alguns anos - acho que em 94. Ela é Secretária de Esportes e Integração para as Pessoas Portadoras de Deficiência. Trata-se de uma moça aguerrida, valente, corajosa, que ama a vida, e que aqui veio testemunhar, que aqui veio convidada pela CPI para prestar esclarecimentos, porque teve um encontro com o Presidente Lula.

Com relação a esse encontro, eu acho que o fato de ela ter falado com ele é de muito relevância, mas as atitudes... Não quero entrar no mérito dessa questão, porque não sei se foi tomada alguma atitude. Parece que não. Não houve nenhum ofício ou documento que comprove qualquer atitude tomada. Embora se tenha dito que sim, não há nenhum documento que comprove isso, absolutamente nada.

Senadora Heloísa Helena, tendo me debruçado sobre esses documentos - o que comprova o Senador Jefferson Peres -, percebi que Celso Daniel foi vítima de uma armação, de parte de pessoas gananciosas, ávidas pelo poder e por dinheiro. Elas colocaram Celso Daniel numa bandeja, levaram-no para o seqüestro e para a morte. Qualquer tipo de argumento pela tese de que Celso foi assassinado em crime comum é extremamente frágil e constitui um atentado contra a inteligência do povo de Santo André, de São Paulo e do Brasil. Foi um crime estudado. Foram três carros com armamento pesado, descaracterizados. Se pretendiam tão-somente matar Celso, por que não deram um tiro na cara dele e o deixaram morto dentro do carro? Por que não levaram o carro e as duas pessoas? Por que não levaram os dois e soltaram na rodovia? Levaram apenas o Celso, deixaram um sem nada, mas deixaram o outro com tudo. Quanto a esse que ficou com tudo, há uma tese que só vai se cumprir na volta de Jesus. Diz a Bíblia: “Um será levado, e o outro será deixado”. Em seqüestro, os dois são levados, e o carro, e a arma, e o celular. “Estarão dois no campo, um será levado, e o outro será deixado” - apenas no Arrebatamento, na volta de Jesus, como diz a Bíblia; mas em seqüestro?

No seqüestro de Celso Daniel, puseram na bandeja uma quadrilha de avarentos. A minha visão, a consciência que tenho, Sr. Presidente, é que o Celso já atrapalhava. O Celso já estava incomodando; por isso, era preciso dar fim à vida dele.

Quero ir fundo nesse crime, e agradeço a Mara por ter vindo hoje corroborar com documentos e pela atitude de quem denunciou. E existem documentos fartos. É necessário que quem é alvo dessa denúncia procure provar sua inocência. O que quero nesta CPI, com esta Sub-Relatoria, Senadora Heloísa Helena e Senador Mão Santa, é oferecer subsídios à Justiça para que julguem com justiça o crime de Celso Daniel, a fim de que os criminosos não fiquem impunes, pois isso caracteriza um completo desrespeito para com a sociedade de São Paulo e do Brasil.

Muito obrigado, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 07/12/2005 - Página 42955