Pronunciamento de Eduardo Siqueira Campos em 06/12/2005
Discurso durante a 216ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal
Repúdio veemente à vinculação de S.Exa. e a do ex-Governador Siqueira Campos, ao candidato a prefeito de Tupiratins, em 2004, Misilvan Chavier dos Santos, preso pela Polícia Federal por tráfico de cocaína.
- Autor
- Eduardo Siqueira Campos (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/TO)
- Nome completo: José Eduardo Siqueira Campos
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Discurso
- Resumo por assunto
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EXPLICAÇÃO PESSOAL.:
- Repúdio veemente à vinculação de S.Exa. e a do ex-Governador Siqueira Campos, ao candidato a prefeito de Tupiratins, em 2004, Misilvan Chavier dos Santos, preso pela Polícia Federal por tráfico de cocaína.
- Publicação
- Publicação no DSF de 07/12/2005 - Página 42965
- Assunto
- Outros > EXPLICAÇÃO PESSOAL.
- Indexação
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- ESCLARECIMENTOS, DIVULGAÇÃO, IMPRENSA, FALSIDADE, TENTATIVA, VINCULAÇÃO, ORADOR, SIQUEIRA CAMPOS, EX GOVERNADOR, ESTADO DO TOCANTINS (TO), CRIMINOSO, PRESO, TRAFICO, DROGA, MOTIVO, CANDIDATURA, ELEIÇÕES, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DA SOCIAL DEMOCRACIA BRASILEIRA (PSDB), INFORMAÇÃO, QUALIDADE, PRESIDENTE, DIRETORIO REGIONAL, EXPULSÃO.
O SR. EDUARDO SIQUEIRA CAMPOS (PSDB - TO. Para uma explicação pessoal. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente Renan Calheiros, meus nobres Pares, meu nobre Líder Arthur Virgilio, Líderes de todos os partidos, integrantes desta Casa e meu querido e respeitado povo brasileiro e tocantinense, quero, sem pretender transformar esta minha fala em busca de qualquer solidariedade, trazer com muita firmeza, clareza e convicção, esclarecimentos e medidas que adotei, enquanto Presidente do PSDB no Estado do Tocantins, relativos à prisão de criminoso que se tornou nacionalmente conhecido a partir de fatos que vieram a público recentemente, fatos relativos à prisão desse cidadão e ao seu envolvimento com o narcotráfico.
Sr. Presidente, desde a sua atuação no norte de Goiás, passando pela criação de Tocantins e chegando aos dias de hoje, meu pai tem 40 anos de vida pública. Como alguns noticiosos quiseram, de uma forma bastante desonesta, vincular a figura desse cidadão à de meu pai, quero fazer um primeiro esclarecimento.
Nesses 40 anos de vida pública, essa figura, presa pela competência e pelas investigações da Polícia Federal, jamais esteve num palanque em que meu pai estivesse como candidato. Ele surgiu na vida pública do Tocantins, como candidato, em 2002. Neste ano, era candidato ao Governo do Estado de Tocantins o Sr. Marcelo de Carvalho Miranda, em uma coligação na qual não fui candidato, assim como não o foi meu pai. Nem por isso, porém, eu seria leviano a ponto de dizer que aqueles que estavam naquele palanque teriam qualquer responsabilidade pela atividade criminosa desconhecida de um cidadão, que desconhecido é também em meu Estado.
O fato é, Sr. Presidente, que ele veio a filiar-se ao PSDB e disputou a prefeitura de um Município. E aí alguém, num blog - e posso citar o jornalista Ricardo Noblat, com quem ontem mantive contato telefônico; ele publicou na íntegra a minha nota -, disse que eu teria dado apoio a sua campanha. Entendo até, Sr. Presidente, que não haveria nada de anormal em dar apoio à candidatura de uma pessoa que pleiteia uma prefeitura por seu partido.
Por ter ele realizado uma coligação com o PT e com o PMDB para o pleito municipal de 2004, não só não estive com ele como não fui a palanque e não participei de nenhuma das atividades de sua campanha. Não o fiz por um entendimento pessoal, político, tendo em vista que, se foi registrado como candidato, a Justiça Eleitoral não tinha conhecimento de nenhum fato criminoso. Ele apresentou as certidões negativas necessárias que qualquer cidadão tem de apresentar para ser candidato a algum cargo.
Venho à tribuna desta Casa para dizer que, tendo surgido na vida pública em 2002, ele pediu votos e foi apoiado por várias pessoas, mas não por mim nem por meu pai. Insisto em dizer que não vou atirar lama naqueles que estiveram no palanque desse cidadão, que se encontra preso e que foi expulso do meu partido, pelo fato de terem participado de um palanque de uma pessoa cujas atividades criminosas eram desconhecidas. Mas quero repelir, com veemência, algo que a mim se procura atribuir. Tendo sido ele candidato por uma coligação que não aprovei - dela discordei e da campanha não participei -, não aceito que quem quer que seja venha, utilizando-se de um oportunismo criminoso, tentar vincular a figura de meu pai ou a minha figura a um criminoso comum que está devidamente preso. A propósito, o PSDB do Tocantins, ao saber dos fatos, fez a única coisa que poderíamos fazer: expulsá-lo.
Hoje, Sr. Presidente, tive notícia de que algumas agências de publicidade do meu Estado, como agentes políticos do Sr. Governador, buscavam, desesperadamente, uma foto minha com esse cidadão. Não encontrarão, Sr. Presidente. Seria até normal haver registro em palanque, tendo sido ele candidato a deputado estadual de uma eleição na qual não fui candidato. Mas o curioso é que o palanque utilizado foi o do atual Governador. Não é preciso vasculhar para encontrar fotos dele com o atual Governador nas redações das agências publicitárias, porque as encontrarão fácil e em fartura. Mas repito, Sr. Presidente: não atirarei lama ao atual Governador, pela coligação que os juntou num mesmo palanque, nem atirarei lama a qualquer pessoa que tenha, politicamente, com ele convivido, porque tenho a mais plena convicção de que jamais, em meu Estado, nenhuma figura com mandato, meu adversário ou meu aliado, teve o seu nome associado ao narcotráfico, ao roubo de cargas ou a qualquer outra atividade criminosa.
Por isso, de antemão, quero deixar claro e avisar aqui aos navegantes, àqueles que estão buscando, neste momento em que essa figura se transforma em assunto nacional, qualquer vinculação: não encontrarão, porque, com toda a certeza, a Polícia Federal dispõe de todas as gravações, de todas as vinculações que esse cidadão possa ter com o mundo criminoso, e, com toda a certeza, Sr. Presidente, sem nenhuma preocupação e sem a necessidade de solidariedade de qualquer sorte, não poderia fazer outra coisa, sendo Presidente do PSDB, a não ser expulsá-lo.
Repito, Sr. Presidente: a coligação da qual participou o PT e o PMDB na sua campanha municipal... Quero deixar claro também que o PT do meu Estado, que o PMDB do meu Estado, com toda a certeza, igualmente ao próprio PSDB, não tinham conhecimento das atividades criminosas desse cidadão.
É somente por isso, Sr. Presidente, por alguém ter dito que eu o teria apoiado para Prefeito, numa campanha na qual eu não estive, num Município ao qual eu não fui, num palanque em que eu não subi, mas não subi por razões políticas, porque, se fosse por razões criminosas, candidato ele não seria não apenas por mim, mas pela própria Justiça Eleitoral.
Então, é oportunismo de certas pessoas que sei que têm dificuldades de me combater politicamente no meu Estado e que estão divulgando notas dizendo que, tendo sido preso esse rapaz, poderiam ou intentariam envolver a minha imagem e a do meu pai, que não teve a oportunidade sequer de conhecer tal figura, porque, ao longo dos quarenta anos de vida pública em que meu pai foi candidato, esse rapaz não estava no cenário político do Tocantins. Esteve a partir de 2002, quando não fui candidato, nem o meu pai.
Quero deixar isso muito claro, Sr. Presidente. Eu não poderia fazer diferente ao ver uma notícia ser veiculada num jornal, ou num blog, ainda que a Imprensa nacional tenha dado o tratamento mais correto que eu entendo o fato mereça. Eu não poderia deixar de trazer estes esclarecimentos, que vêm acompanhados do aviso de que não aceitarei isso e terei todas as condições de deixar muito claro que essa figura de atividades criminosas que está hoje entregue aos cuidados das autoridades judiciárias e policiais não tem, no mundo político, qualquer vínculo que possa atingir a minha honra ou a de pessoas que estiveram com ele no palanque.
Sei que quem esteve no palanque com ele só podia desconhecer que se tratava de um criminoso, senão não o teria feito. Refiro-me aos meus adversários de hoje, que dividiram o palanque com ele em 2002, em campanha e em comícios em que eu não estive. Mas digo a eles que não me utilizarei dessa metodologia para combatê-los. Essa é uma forma criminosa de fazer política, tão criminosa quanto as ações daquele que preso está, merecidamente, e que expulso foi do meu Partido, assim que tivemos a primeira notícia de suas ações, das quais não tínhamos conhecimento.
Era o que eu tinha a dizer, Sr. Presidente.