Discurso durante a 219ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Realização da Campanha Nacional de Prevenção ao Câncer de Pele, pela Sociedade Brasileira de Dermatologia, no próximo dia 10.

Autor
Íris de Araújo (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/GO)
Nome completo: Íris de Araújo Rezende Machado
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
SAUDE.:
  • Realização da Campanha Nacional de Prevenção ao Câncer de Pele, pela Sociedade Brasileira de Dermatologia, no próximo dia 10.
Publicação
Publicação no DSF de 09/12/2005 - Página 43462
Assunto
Outros > SAUDE.
Indexação
  • ANUNCIO, CAMPANHA NACIONAL, PREVENÇÃO, CANCER, OBJETIVO, EXAME, PELE, ORIENTAÇÃO, DIAGNOSTICO, TRABALHO, VOLUNTARIO, MEDICO, DERMATOLOGIA, REGISTRO, DADOS, PREVISÃO, ATENDIMENTO, REALIZAÇÃO, PESQUISA.

A SRª IRIS DE ARAÚJO (PMDB - GO. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão da oradora.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, a Sociedade Brasileira de Dermatologia realizará depois de amanhã, dia 10 de dezembro, pelo sétimo ano consecutivo, a Campanha Nacional de Prevenção ao Câncer de Pele.

A ação tem como objetivo o exame completo da pele, a orientação sobre a prevenção e a detecção precoce da doença.

A edição 2004 do evento registrou 33.682 atendimentos, o que caracteriza a maior campanha da especialidade realizada no País. É um esforço nacional, em que cerca de 1.500 dermatologistas voluntários se unem por um mesmo objetivo: orientar a população.

Dessa forma, Sr. Presidente, assomo a esta tribuna para, também como voluntária, aliar-me à iniciativa e incentivar a participação de todos, por meio daquele que é o primeiro procedimento essencial na busca da saúde duradoura: a prevenção.

Nesta manhã, estou vestida com a camiseta da Campanha Nacional empreendida pela Sociedade Brasileira de Dermatologia, a SBD. E quero aqui destacar alguns aspectos fundamentais para evitar essa que é uma das doenças de maior incidência no País.

Inicialmente, eu gostaria de ressaltar que todos os exames realizados na campanha são registrados em um protocolo de atendimento que permite à SBD desenvolver estatísticas confiáveis sobre o perfil e as características dos brasileiros que poderão desenvolver, ou não, o câncer da pele. As pessoas examinadas recebem um panfleto com diversas orientações sobre exposição solar e esta camiseta oficial do evento.

No dia 10, serão ainda oferecidos, gratuitamente, exames completos da pele e orientações sobre cuidados com a exposição solar, prevenção e detecção precoce da doença. Além disso, casos de diagnóstico positivo serão imediatamente encaminhados para tratamento ou cirurgia, sem nenhum custo. Serão 160 postos de atendimento espalhados por 22 Estados brasileiros. A expectativa para este ano é atender cerca de 40 mil pessoas, sendo a maior campanha contra o câncer de pele já realizada no Brasil.

Segundo estimativas do Instituto Nacional do Câncer, a maior incidência no Brasil é o câncer de pele. Para este ano, estão previstos 118.840 novos casos.

Trata-se, portanto, de um grave problema de saúde pública que requer a atenção redobrada das autoridades no sentido de impedir a sua propagação. Para se ter uma idéia, basta dizer que a doença atinge mais homens que o câncer de próstata ou de pulmão em muitas capitais do País. Até mesmo as pessoas de pele negra, ao contrário do que se pensa, podem desenvolver o câncer de pele.

A campanha faz parte do Programa Nacional de Controle do Câncer de Pele. É a partir das informações coletadas durante os atendimentos que a SBD vai elaborar um novo mapa da doença no País, identificando as regiões de maior incidência, o fototipo (tipo de pele), o sexo e a idade das pessoas atingidas. As informações produzidas são referência para outras ações no combate ao câncer de pele no País. Na última pesquisa, realizada em 2004, detectou-se que cerca de 70% da população brasileira não usa nenhum tipo de proteção quando exposta ao sol.

Cada indivíduo tem uma “cota” de horas em que pode se expor ao sol antes de desenvolver um câncer de pele. Quem se expõe ao sol por lazer, mas sempre se queima muito, tem maior propensão ao melanoma, que é o tipo de câncer de pele mais fulminante.

A forma como a pessoa se expõe ao sol pode determinar que tipo de câncer de pele ela pode ter. Pessoas que têm 30 ou mais queimaduras ao longo da vida têm 11 vezes mais chances de desenvolver melanoma.

Especialistas advertem que quase 70% dos melanomas estão em áreas normalmente não expostas ao sol do dia-a-dia, como ombros, dorso, tórax anterior, pernas. Menos de 10% são de áreas expostas constantemente, como a face.

Observem que os sinais mais comuns são mudanças na pele aparentemente inocentes, como uma ferida que não sara, uma pequena lesão endurecida, brilhante ou avermelhada, e pintas, sinais e verrugas que crescem ou mudam de cor. A incidência da doença nos homens é maior no tronco, na cabeça ou no pescoço; nas mulheres, nos braços e nas pernas.

O câncer de pele costuma aparecer depois dos 35 anos de idade e acontece após uma vida inteira de exposição ao sol. Por isso, proteger a pele desde a infância é a sua melhor arma. O uso de protetor solar é medida básica. É preciso um cuidado ainda maior com pessoas com o biotipo de risco: pele e olhos claros, sardas e antecedentes de câncer de pele, inclusive na família.

Sr. Presidente, sabemos que as sucessivas agressões a que é submetida a natureza traz conseqüências danosas e, às vezes, irreversíveis em nossas vidas. A radiação ultravioleta é a principal responsável pelo desenvolvimento do câncer e pelo envelhecimento da pele.

Os aspectos de ordem comportamental também precisam ser ressaltados. Na nossa cultura, pele bronzeada é sinônimo de beleza e saúde. No entanto, a exposição de forma inadequada ao sol pode trazer inúmeros prejuízos à pele.

Senador Osmar Dias, não que V. Exª tenha alguma coisa a ver com isso, mas gostaria de fazer um comentário à parte. Os homens, em geral, não têm cuidado; pensam até, em certos casos, por questão de machismo, que é um cuidado excessivo usar protetor solar. Tenho encontrado vários que dizem: “Não vou passar isso em meu rosto; isso não é coisa de homem”. Hoje há essa necessidade, e principalmente para nós, políticos, que caminhamos ao sol e ficamos expostos durante muito tempo, são importantes as ponderações aqui feitas.

Este ano, a ação da SBD destaca, principalmente, os cuidados que os pais devem ter com as crianças. As chances de desenvolvimento da doença são reduzidas em até 85% se os cuidados com a pele forem adotados desde a infância.

A Sociedade Brasileira de Dermatologia recomenda que todas as medidas de proteção sejam adotadas quando houver exposição ao sol: uso de chapéus, camisetas e protetores solares. Também deve ser evitada a exposição solar entre 10 e 16 horas neste horário de verão.

Além da proteção solar, é importante fazer uma avaliação clínica da pele para prevenir o desenvolvimento da doença. É preciso deixar claro que o bronzeamento artificial para fins estéticos, além dos prejuízos à saúde, provocam também o envelhecimento precoce.

É claro, Sr. Presidente, que é impossível pensar que poderíamos passar nossas vidas sem nos expormos ao sol. Mas o importante é saber aproveitar os dias ensolarados, as férias na praia, as atividades ao ar livre ou a prática de esporte nos horários corretos, sem prejudicar nossa saúde.

Estudos recentes revelam que a proteção ao sol na infância e adolescência reduz significativamente os riscos de câncer de pele. Sabe-se que cerca de 80% de toda radiação solar que recebemos durante toda a vida se concentra nos primeiros 18 anos de idade.

(Interrupção do som.)

A SRª IRIS DE ARAÚJO (PMDB - GO) - Obrigada, Sr. Presidente.

            Assim, a proteção solar deve iniciar-se precocemente, desde os tempos de criança.

Encerrando a minha fala, gostaria de cumprimentar a Sociedade Brasileira de Dermatologia, que empreende esse trabalho por todo o País. E espero que, ao vestir esta camiseta, eu esteja contribuindo - por intermédio da TV Senado, que tem uma ampla audiência pelo País - para que a prevenção ocorra de maneira mais efetiva e que vidas sejam salvas.

Muito obrigada, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 09/12/2005 - Página 43462