Discurso durante a 224ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Exercício da legítima defesa da honra de S.Exa., em razão de ter sido citado em documento petista, sob suspeitas infundadas.

Autor
Antero Paes de Barros (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/MT)
Nome completo: Antero Paes de Barros Neto
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ATUAÇÃO PARLAMENTAR.:
  • Exercício da legítima defesa da honra de S.Exa., em razão de ter sido citado em documento petista, sob suspeitas infundadas.
Publicação
Publicação no DSF de 15/12/2005 - Página 44669
Assunto
Outros > ATUAÇÃO PARLAMENTAR.
Indexação
  • REPUDIO, RESOLUÇÃO, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT), ACUSAÇÃO, FRAUDE, TENTATIVA, DESVINCULAÇÃO, CORRUPÇÃO, GOVERNO FEDERAL, DEFESA, REFORMA POLITICA, CRITICA, ATUAÇÃO, BANCADA, OPOSIÇÃO, COMENTARIO, OFENSA, HONRA, ORADOR.
  • CONTESTAÇÃO, ARTIGO DE IMPRENSA, JORNAL, CORREIO BRAZILIENSE, DISTRITO FEDERAL (DF), ACUSAÇÃO, CORRUPÇÃO, ORADOR, ESCLARECIMENTOS, PERSEGUIÇÃO, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT).
  • SOLICITAÇÃO, TRANSCRIÇÃO, ANAIS DO SENADO, DOCUMENTO, COMPROVAÇÃO, ATUAÇÃO, ORADOR, COMBATE, CORRUPÇÃO.

O SR. ANTERO PAES DE BARROS (PSDB - MT. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs. e Srs. Senadores, venho à tribuna, hoje, para exercitar a legítima defesa da minha honra.

A Resolução do Diretório Nacional do PT, do último sábado, é canalha e mentirosa. Junta desculpas esfarrapadas pelo fracasso do Governo Lula, acusa todos os Governos do passado de erros que o PT não quer ou se mostra incapaz de corrigir e atribui ao Governo Lula vitórias que ele não teve, conquistas que se devem a ações de Presidentes anteriores. Documento farisaico, que não omite; mente, agride e ofende.

O PT tenta não se emporcalhar na lama do “mensalão” e da corrupção. Luta em vão para não se sujar no sangue de Celso Daniel, de Toninho do PT e de outros que tombaram por se opor ou prejudicar os planos políticos da quadrilha que tomou conta do PT e, infelizmente, do Palácio do Planalto.

A Resolução omite o que de fato pensa o Partido; mente quando diz que o PT defende a reforma política e, em especial, a fidelidade partidária. Quem defende a reforma política não teria praticado o “mensalão”, não teria transformado a Câmara dos Deputados numa Casa de compra e venda de mandatos, para se subordinar aos interesses do capitão do time, gerente do “mensalão”, o Sr. José Dirceu. Se defende a reforma política e a fidelidade partidária, por que não a apoiou? Por que não a aprovou? Por que não temos esses instrumentos aprovados na Legislação brasileira?

A Resolução agride a verdade e a inteligência brasileira: denuncia ataque das elites, golpismo da Oposição e uma ofensiva conservadora. Ora, todos sabem que as elites adoram o Governo do PT! Ninguém é mais elite, neste País, do que os banqueiros! Os bancos nunca lucraram tanto! O capitalismo internacional faz a festa no quintal do Lula. Golpismo da Oposição? Nunca o Brasil teve uma Oposição tão responsável e patriótica como a atual. A meu ver, somos uma Oposição educada até demais, tímida; já deveríamos ter proposto o impeachment de Lula, pois provas existem aos borbotões, desde a vinda à CPMI do Sr. Duda Mendonça. Deveríamos ter exigido também a demissão do Ministro Palocci.

Essa é a minha posição, em oposição a este Governo que aí está e, lamentavelmente, em oposição até a setores da Oposição brasileira.

Este Governo é corrupto; é incompetente; não merece a oposição que lhe fazemos. A Resolução do PT ofende a honra dos Partido e das pessoas.

Eu, pessoalmente, fui citado no documento petista por suspeitas - isso mesmo: suspeitas! -, de forma torpe, vil, covarde, calhorda, canalha.

O Diretório Nacional do PT defende investigações sobre o PSDB, o PFL, o Governo FHC e o Senador Eduardo Azeredo, citando: “Há conexões da organização criminosa do Comendador Arcanjo, que está preso no Uruguai, suspeito de ter repassado R$5,7 milhões para as campanhas eleitorais de Dante de Oliveira e do Senador Antero Paes de Barros”. Canalhas! Como se a Abin, desde o dia em que, aqui desta tribuna, eu denunciei a fita do Waldomiro Diniz, aparelhada por esse Partido e por este Governo, não tivesse investigado a fundo a minha vida! É mais fácil o PT fazer passar um camelo pelo buraco de uma agulha do que me ligar ao crime organizado. Quem participa do crime organizado é a turma do Palácio; quem participa do crime organizado é quem manchou as suas mãos com o sangue de Celso Daniel; quem participa do crime organizado é quem usou o jogo para matar o Toninho do PT. O crime organizado é do PT e deste Governo. Respeitem-me, vilões do PT e do Planalto! Respeitem-me! Com relação à minha honra, eles só têm duas opções: ou me respeitam, ou me respeitam! Não têm terceira opção! Mentirosos e canalhas!

Quero reafirmar aqui que não tive, não tenho, nunca terei ligação alguma com o Sr. João Arcanjo Ribeiro. Nunca recebi nada deles. Isso não existe. E o juiz petista que fala isso eu diria até que é um juiz petista fujão, porque, há dez dias, eu soube que ele iria à CPI dos Bingos ontem. Então, pedi ao Líder Arthur Virgílio que me indicasse para a CPI dos Bingos, porque eu queria, ontem, frente a frente com o juiz petista, dizer: “V. Exª é mentiroso, usa toga, é um petista de toga. V. Exª investigue esse inquérito, que tem toda a quebra do sigilo, desde 2002”. Se houvesse um segundo de ligação telefônica errada para mim, com certeza, eu seria hoje uma pessoa liquidada. Mas não há e não haverá.

Alguns me disseram: “Antero, contenha-se”. Contenha-se como? Não tenho honra “a” ou honra “b”. Tenho uma honra só. Disseram-me: “Mas nós podemos reparar”. Reparar o quê? Depois de o Partido colocar no site nacional notícia sobre minha ligação com uma organização criminosa? Esse Partido tem as mãos sujas de sangue provavelmente inocente, tem as mãos sujas da corrupção. Nunca se roubou tanto, desde a Carta de Pero Vaz de Caminha até hoje! Se somarmos tudo o que roubaram de lá até aqui, o Governo do PT roubou mais.

Ora, eu gostaria de dizer que, semana passada, aconteceu o seguinte: o jornal Correio Braziliense traz esta exata notícia: “Suspeita de ter repassado 5,7 milhões para o Antero, para o PSDB”. Fomos pesquisar e soubemos que essa notícia foi distribuída, por e-mail, para todos os Senadores. E percebemos que essa notícia, antes de ter saído no Correio Braziliense, estava postada no site do PT da Câmara dos Deputados. E desmontei um quadrilheiro na Câmara dos Deputados, que é esse Deputado José Mentor, do PT, que depois foi flagrado, na CPMI dos Correios, recebendo R$120 mil do Sr. Marcos Valério. 

Plantam a notícia lá; o juiz petista diz que vai mandar investigar; o Diretório Nacional coloca a notícia no site; informo que virei à tribuna para defender a minha honra; aí, falam: “Calma, não traga esse clima para o Senado”. Não há nenhuma chance! Petistas do mundo inteiro, uni-vos! Juntem todas as qualidades dos petistas, dos honestos, que existem e reconheço que existem - não generalizo isso para todo o Partido dos Trabalhadores -, juntem todas as qualidades dos honestos. O máximo que conseguirão é empatar comigo em honestidade. Jamais terão condições de vencer esse debate.

Estou apenas registrando isso porque é o modo petista de agir. O aparelhamento do Estado deu nisto que está aí: nenhum contrato legal na Petrobras, corrupção nos Correios, esse escândalo, esse mar de lama, essa areia movediça - que não é areia, é de “m” - em que o PT meteu o País. Além disso, há o aparelhamento também do Poder Judiciário, como é o caso desse juiz petista. Ontem, houve um levante no meu Estado, a Ordem dos Advogados do Brasil anunciou que estava fazendo uma representação contra ele. Os mais comezinhos princípios dos direitos e garantias individuais estão soterrados no meu Estado.

O que quero dizer, com muita clareza, Sr. Presidente Senador Paulo Paim, Srªs Senadoras e Srs. Senadores, e que gostaria que ficasse registrado nos Anais da Casa é o caso João Arcanjo Ribeiro, que apuramos na CPI do Banestado. Aqui estão todas as providências - que não foi nenhum petista que adotou, não, fui eu quem adotei - sobre esse caso na relação da CPI; aqui vamos verificar que pedi ao Governo do PT o fechamento da factoring, antes de ocorrer a CPI do Banestado, e que o Ministério da Fazenda e o Banco Central informaram que não queriam fazer e não tomaram providência alguma sobre factoring até hoje.

O ex-Senador José Fogaça, do Estado de V. Exª, Sr. Presidente, apresentou um projeto de factoring aqui, nós apresentamos outro. O Senado precisa deliberar sobre isso, porque ninguém fiscaliza factoring neste País, só Deus.

Aqui estão todas as providências adotadas, não fica pedra sobre pedra, para mostrar que não há na política brasileira quem tenha enfrentado mais o crime organizado do que eu.

Eu queria fazer esse registro, esse desabafo, e dizer, com muita clareza, que sou a favor da investigação. Investiguem tudo e todos. Vou esperar, com muita tranqüilidade, a vinda do juiz petista à CPI. Faremos um bom debate, e tenho certeza de que a verdade vencerá.

Peço a V. Exª que registre nos Anais da Casa esse documento que faz mal a minha honra, esse documento que mostra as providências que tomei e esse documento que deixa muito mal os detratores da minha honra.

Era isso, Sr. Presidente.

 

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DOCUMENTO A QUE SE REFERE O SR. SENADOR ANTERO PAES DE BARROS EM SEU PRONUNCIAMENTO.

(Inserido nos termos do art. 210, inciso I e § 2º, do Regimento Interno.)

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Matéria referida:

“Caso Arcanjo.”


Este texto não substitui o publicado no DSF de 15/12/2005 - Página 44669