Discurso durante a 225ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Os 100 dias de greve dos professores das universidades federais. Olimpíada Brasileira de Matemática para as escolas públicas. Situação do Baixo Araguaia e o Programa Luz para Todos.

Autor
Serys Slhessarenko (PT - Partido dos Trabalhadores/MT)
Nome completo: Serys Marly Slhessarenko
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
MOVIMENTO TRABALHISTA. EDUCAÇÃO. POLITICA ENERGETICA. SENADO.:
  • Os 100 dias de greve dos professores das universidades federais. Olimpíada Brasileira de Matemática para as escolas públicas. Situação do Baixo Araguaia e o Programa Luz para Todos.
Aparteantes
José Jorge, Sibá Machado.
Publicação
Publicação no DSF de 16/12/2005 - Página 45067
Assunto
Outros > MOVIMENTO TRABALHISTA. EDUCAÇÃO. POLITICA ENERGETICA. SENADO.
Indexação
  • AVALIAÇÃO, GREVE, PROFESSOR UNIVERSITARIO, UNIVERSIDADE FEDERAL, VITORIA, REAJUSTE, SALARIO, RECONHECIMENTO, GOVERNO, PARIDADE, APOSENTADO, CRIAÇÃO, CATEGORIA, ASSOCIADO, ELOGIO, ATUAÇÃO, MOVIMENTO TRABALHISTA.
  • REGISTRO, INICIATIVA, MINISTERIO DA EDUCAÇÃO (MEC), MINISTERIO DA CIENCIA E TECNOLOGIA (MCT), NECESSIDADE, AUMENTO, DIVULGAÇÃO, IMPRENSA, CONCURSO, MATEMATICA, ALUNO, ESCOLA PUBLICA, AMBITO NACIONAL, IMPORTANCIA, INCENTIVO, APRENDIZAGEM, ELOGIO, ATUAÇÃO, PROFESSOR, UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO (UFMT).
  • APREENSÃO, REDUÇÃO, NUMERO, FORMAÇÃO, PROFESSOR, ESPECIFICAÇÃO, AREA, CIENCIAS EXATAS.
  • DETALHAMENTO, RESULTADO, ESTADO DE MATO GROSSO (MT), PROGRAMA, AMPLIAÇÃO, ACESSO, ENERGIA ELETRICA, EXPECTATIVA, ATENDIMENTO, REGIÃO, RIO ARAGUAIA.
  • APOIO, CONVOCAÇÃO EXTRAORDINARIA, CONGRESSO NACIONAL, OPINIÃO, DESNECESSIDADE, REMUNERAÇÃO, CONGRESSISTA.

A SRª SERYS SLHESSARENKO (Bloco/PT - MT. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão da oradora.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, tenho vários temas para tratar e vou tentar ser muito breve a respeito de cada um deles.

Os cem dias de greve dos professores das nossas universidades federais foi um assunto tratado muitas vezes neste plenário, praticamente por todos os Senadores e Senadoras. Falou-se da necessidade de avanço nas negociações da greve dos trabalhadores, especialmente dos professores das universidades federais, até porque os servidores voltaram ao trabalho um pouco antes.

Aconteceu, por pressão dos professores em greve, um merecido, embora pequeno, reajuste salarial - enfim, um acúmulo de pontos em defesa da universidade pública brasileira.

Dentro dessa lógica, acrescente-se o avanço que se configura no reconhecimento, pelo Governo, da justeza da paridade entre os professores aposentados e os da ativa. Mais ainda, a criação da categoria de professor associado, antiga reivindicação da categoria, também consta no projeto de lei enviado nestes dias pelo Governo ao Congresso Nacional.

Muito ainda, Srªs e Srs. Senadores, há de ser feito pela melhoria da nossa universidade pública, mas devemos registrar, com todas as letras: essa greve dos professores federais é um acontecimento positivo e promissor na longa luta pela emancipação da classe trabalhadora e soma-se às lutas dos sindicatos, movimentos e organizações populares.

Queremos parabenizar os professores, as entidades, os partidos políticos, as organizações, os Parlamentares e tantas outras pessoas anônimas que participaram desse movimento e o apoiaram, como também as autoridades governamentais que tiveram a sensibilidade de compreender a justeza das reivindicações e a dignidade do movimento docente. No entanto, ainda precisamos de mais, com certeza.

Também quero fazer um merecido registro a respeito da Olimpíada Brasileira de Matemática para as Escolas Públicas do Brasil.

Trata-se de uma iniciativa apoiada pelo MEC e pelo Ministério da Ciência e Tecnologia, de alto mérito, que tem passado despercebida pela grande imprensa, pelas emissoras de rádio e TV, que não têm dado, no meu ponto de vista, o destaque devido a iniciativas como essa.

Essa Olimpíada é um importante evento, que necessita ter continuidade em 2006. A iniciativa foi recuperada e resgatada por estudiosos e educadores da área de Matemática, no Brasil, com o objetivo de incentivar e tornar mais fácil, enfim, menos espinhoso, o aprendizado dessa importante e essencial ciência do conhecimento humano, tendo como público-alvo os estudantes da quinta à oitava série das escolas públicas brasileiras.

O estudo da Matemática precisa ser incentivado no Brasil, já que é decrescente o número de professores que se formam. A profissão de professor, de uma maneira geral, tem sido desvalorizada com o passar dos tempos, o que nos mostra uma das faces mais cruéis deste País, tomado por tantos Big Brothers, por tanta gente se virando nos trinta, quando o que deveríamos perseguir era uma formação educacional e tecnológica mais consistente.

Quero parabenizar os idealizadores e organizadores desse evento: o IMPA (Instituto de Matemática Pura e Aplicada), a SBM (Sociedade Brasileira de Matemática) e também os apoiadores, o Ministério da Educação e o Ministério da Ciência e Tecnologia.

Já foi cumprida grande parte das etapas dessa Olimpíada em 2005, em todo o Brasil, e está programado um estágio para os professores premiados, em janeiro de 2006; e, em março do mesmo ano, com a presença do Presidente Lula, a premiação dos melhores estudantes, juntamente com a cerimônia de lançamento da Olimpíada de Matemática de 2006.

Quero destacar o trabalho quase anônimo, mas incansável, do Professor Martinho Araújo, do Instituto de Ciências Exatas e da Terra, do Departamento de Matemática da nossa querida Universidade Federal de Mato Grosso, que é o coordenador das Olimpíadas de Matemática de 2005 em Mato Grosso, que está preocupado com a continuidade dessa importante iniciativa, enfim, com a sua realização também em 2006 e em anos subseqüentes. O mencionado professor enviou-me correios eletrônicos solicitando apoio e a nossa intervenção para garantir a continuidade das Olimpíadas de Matemática em 2006.

Neste ano de 2005, o evento contou com o patrocínio da Petrobras, do Banco do Brasil, dos Correios, da Eletronorte e de outras importantes estatais.

É fundamental que essa importante iniciativa continue também em 2006 e nos anos subseqüentes, porque o aprendizado e o rendimento proporcionados aos nossos estudantes, aos nossos jovens, são, realmente, da maior relevância.

Essas iniciativas devem ser estimuladas, porque dessa maneira é que o Brasil vai encontrar estudantes competentes e ajudar a formar grandes pesquisadores, ou seja, pessoas que, realmente, venham a intervir no processo de desenvolvimento científico e tecnológico deste País. Temos tantos programas!

E, aqui, conclamo a imprensa brasileira e todos os setores de comunicação: rádio, televisão, jornais...

O Sr. José Jorge (PFL - PE) - Senadora Serys Slhessarenko, concede-me V. Exª um aparte?

A SRª SERYS SLHESSARENKO (Bloco/PT - MT) - Concedo um aparte ao Senador José Jorge.

O Sr. José Jorge (PFL - PE) - Senadora Serys Slhessarenko, no Brasil, há vários problemas na área da educação, mas me preocupo um pouco com os professores de Matemática e muito com os de Física, Química e Biologia. Hoje em dia, há cada vez menos professores atuando nessas áreas; portanto, é preciso haver um programa, um projeto especial para prepará-los. Imagine V. Exª que, daqui a dez ou vinte anos teremos um País sem professor de Ciências. Certamente, este é um País fadado ao desastre. Na realidade, essa é uma área fundamental de aprendizado do aluno na escola, porque, todos os dias querem colocar uma matéria nova na escola. No entanto, não temos professor para as matérias que só se aprende na escola: Física, Química e Biologia. Então, ao me solidarizar com V. Exª, também quero me lembrar desse outro aspecto, que acho muito importante.

A SRª SERYS SLHESSARENKO (Bloco/PT - MT) - Obrigada, Senador José Jorge.

Concedo o aparte ao Senador Sibá Machado.

O Sr. Sibá Machado (Bloco/PT - AC) - Senadora Serys Slhessarenko, transformei esse tema em um dos mais importantes do meu mandato de Senador. Pelas minhas andanças, a cada dia fico mais envolvido por ele. Quero dizer a V. Exª que inteligência independente de escolaridade, embora ache que escolaridade depende da inteligência. Aliás, recentemente apresentei projeto para acabar com o vestibular, fiz esse desafio. Deixa o debate rolar. O que vem no lugar? Não sei, só Deus sabe, fizemos até a proposta de um sorteio. Inclusive conversava com uma pessoa que é autoridade na área, que me dizia que na Argentina não há vestibular. Todo aluno, após ter cursado um bom Ensino Médio e o Fundamental, de imediato, tem acesso ao Ensino Superior. Esse tema que V. Exª traz chama-me a atenção. Na verdade, quantas pessoas por este Brasil afora não são verdadeiramente cientistas, quem sabe guardados nos rincões do País, sem terem a oportunidade de aflorar sua vibrante inteligência? Portanto, todos os mecanismos que pudermos utilizar para fazer com que essas pessoas tenham oportunidade de vida vamos utilizar. Assim sendo, penso que V. Exª devia falar mais vezes sobre esse tema, já que V. Exª tem um grande vínculo com a área, mais do que eu. Portanto, comprometo-me a, aqui, permanecer como um bom aluno de V.Exª.

A SRª SERYS SLHESSARENKO (Bloco/PT - MT) - Muito obrigada, Senador Sibá Machado e Senador José Jorge, ambos os apartes estão cobertos de razão. Trata-se de um sério problema que envolve as áreas de Matemática, Química, Física e Biologia. Eu, que fui professora da Universidade Federal do Estado de Mato Grosso durante 26 anos, sei que essas quatro áreas realmente são problemáticas. Precisamos ter formação permanente destes profissionais para que nossos alunos tenham um bom aprendizado em nossas escolas.

            Sr. Presidente, gostaria de brevemente falar sobre uma questão séria que envolve o Estado de Mato Grosso. Refiro-me à região do Baixo Araguaia. A nossa BR-158 está tendo seu asfalto retomado, mas lá temos um problema com o Programa Luz para Todos.

            No dia 11 de abril de 2005, na sala da presidência da Eletronorte, com a presença de técnicos daquela instituição, do Ministério de Minas e Energia, das Centrais Elétricas Mato-grossenses S/A (Cemat) e de representantes da classe política de meu Estado de Mato Grosso - a Deputada Vera Araújo, do PT, o Deputado José Carlos do Pátio, do PMDB, e a minha pessoa - discutimos a questão de como levar luz para todos no baixo Araguaia, já que lá temos muitas dificuldades, porque não temos o linhão. Neste caso, teríamos que ter um projeto, um programa especial. Sabemos que, lá, temos grandes avanços, mas, mesmo assim, o Programa Luz para Todos, em Mato Grosso, tem dado passos de gigante.

            Infelizmente, meu tempo esta terminando, terei apenas mais dois minutos e meio e sei que há outros oradores inscritos. Vou, então, resumir os avanços do Programa Luz para Todos, que é um sucesso no Brasil inteiro.

O SR. PRESIDENTE (Romeu Tuma. PFL - SP) - Vou prorrogar o tempo de V. Exª por dois minutos.

A SRª SERYS SLHESSARENKO (Bloco/PT - MT) - Obrigada, Sr. Presidente.

Dentro dos nove Estados da área de atuação da Eletronorte, o Estado que alcançou melhor desempenho até o momento foi Mato Grosso;

- dentro das ações integradas, nenhum Estado desenvolveu um Programa tão espetacular de apoio às famílias que recebem energia como é o caso do Projeto Biodiesel, no assentamento de Guariba, no Município de Colniza;

- o Estado de Mato Grosso foi o único a assinar aditivo ao Termo de Compromisso, aumentando a meta inicial de 40 mil domicílios para 80 mil domicílios.

Fiz questão de ler esses dados para mostrar a competência da maior parte da equipe da Eletronorte no Estado de Mato Grosso. Estamos envidando esforços, juntamente com o nosso querido Ministro de Minas Energia, Silas Rondeau, e a nossa querida Ministra Chefe da Casa Civil por conta deste Programa, que é um dos principais programas do nosso Governo Lula. Quero dizer que foi sob o comando da Ministra Dilma Rousseff que este Programa teve início, e, agora, tem sua continuidade sob o comando competente do Ministro Silas Rondeau. Portanto, precisamos prosseguir na implantação deste Programa também na região do baixo Araguaia, o mais rápido possível, principalmente com efetivação e execução do linhão de Paranatinga, via Querência, alçando, com os seus tentáculos, todo o baixo Araguaia.

Por fim, desejo um feliz Natal e um Ano de 2006 melhor do que todos os outros anos da vida para todos aqueles que nos ouvem, nos vêem, Senadores e Senadoras, especialmente às trabalhadoras e trabalhadores do Senado da República que, durante o ano, contribuíram bastante com as nossas representações, no sentido de cumprirmos, com a melhor qualidade possível, os trabalhos executados durante todo este ano.

Finalmente, quero dizer que sou favorável à convocação extraordinária. Se houver necessidade, que se convoque, que se autoconvoque o Congresso Nacional. Se houver necessidade, se existirem projetos importantes, que se autoconvoque, mas que seja sem remuneração. Tenho 15 anos de mandato, 12 como Deputada Estadual, e nunca recebi convocação extraordinária. Isso também para o meu mandato no Senado da República. Sou favorável à convocação, mas quero deixar claro: se há necessidade, que se convoque extraordinariamente, mas sem remuneração, porque não há necessidade, já temos o salário do mês e, por conta dele, podemos ficar trabalhando.

Muito obrigada.

 


Este texto não substitui o publicado no DSF de 16/12/2005 - Página 45067