Discurso durante a 225ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Reminiscências da terra natal de S.Exa. e votos de Feliz Natal.

Autor
Gilvam Borges (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/AP)
Nome completo: Gilvam Pinheiro Borges
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
SENADO.:
  • Reminiscências da terra natal de S.Exa. e votos de Feliz Natal.
Aparteantes
Arthur Virgílio.
Publicação
Publicação no DSF de 16/12/2005 - Página 45347
Assunto
Outros > SENADO.
Indexação
  • CUMPRIMENTO, SENADOR, FUNCIONARIOS, SENADO, ENCERRAMENTO, SESSÃO LEGISLATIVA, BALANÇO, TRABALHO, LEGISLATIVO, COMENTARIO, IMPORTANCIA, INVESTIMENTO, ATIVIDADE, CRIAÇÃO, EMPREGO, MELHORIA, SAUDE, EDUCAÇÃO, DIREITOS, MULHER.
  • EXPECTATIVA, CUMPRIMENTO, MANDATO PARLAMENTAR, DEFESA, INTERESSE PUBLICO, ESTADO DO AMAPA (AP).

O SR. GILVAM BORGES (PMDB - AP. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Agradeço a V. Exª.

Srª Presidente, excelentíssimos colegas, 180 milhões de brasileiros, os discursos e as retrospectivas proferidas nesta tribuna desta augusta Casa, onde as autoridades constituídas pelo voto soberano exercitam a democracia e, deste Parlamento, o verbo e as frases se compõem, vindo do coração e da mente. Os belos discursos, as trocas de gentilezas fazem desta augusta Casa um espelho dessa democracia que se estende pelo País afora.

Hoje, venho falar dos corações sofridos, daquelas pessoas humildes, dos brasileiros desempregados, do desencanto, do desapontamento, da queda de confiança da sociedade em si própria. Ora, os representantes do povo, portanto, precisam redobrar as suas atividades para que haja geração de emprego, a boa saúde volte aos hospitais, as boas escolas retornem e, pela educação, possamos fazer a grande revolução que este País tanto necessita.

Somente a educação, a qualificação, a estratégia de políticas públicas sérias podem realmente fazer com que o nosso País, a nossa Pátria encontre o seu verdadeiro destino. Mas essa revolução começa na mente, ou melhor, começa também no útero da mulher. Acredito que este País precisa investir muito nas mulheres pela educação. Impressionou-me uma pesquisa que diz que o fruto, os filhos gerados que são rejeitados, que não têm assistência devida e que já vêm para o mundo marginalizados necessitam realmente de uma atenção especial. Precisamos melhorar, e eu acredito no meu País.

Estou trazendo um abraço molhado do grande rio Amazonas, lá no extremo norte, no Amapá, da cidade do Oiapoque, cravada entre os rios e a floresta; estou trazendo lá de Pracuúba, de Macapá, de Calçoene, de Ferreira Gomes, de Porto Grande. Estou trazendo um abraço molhado do povo da floresta, dos lagos, dos rios. Quero estendê-lo a todos os brasileiros das mais distantes regiões do nosso País e dizer que o povo brasileiro é ímpar não só pela sua alegria e perseverança, mas pela sua criatividade.

Falta muito pouco para este País chegar ao desenvolvimento pleno, que só acontecerá a partir do momento em que o Estado brasileiro, os Poderes Públicos Municipais e Estaduais, as Casas Legislativas deste País estiverem ainda mais qualificados para poder implementar a expectativa de políticas públicas que o povo brasileiro necessita.

Gandhi, Buda, Confúcio, tantos outros homens que fizeram a história do mundo no aspecto do pensamento, da filosofia e da religião! Faz-se hoje uma homenagem - que está bem próxima, pois daqui a alguns dias chega o Natal - pelo encerramento do ano. O Brasil, nas esquinas, nos bares, nas vielas, nos departamentos, nas ruas, já está em confraternização.

Quero estender meus cumprimentos a todos os servidores desta Casa e fazer da Taquigrafia um exemplo a todos os outros servidores, porque deixaram de realizar a sua confraternização para dar continuidade a este trabalho. Lá na ponta, no barzinho, na igreja, na universidade, no meio da rua, no camelô, este País está brindando, confraternizando. É um povo feliz, cheio de vontade e de disposição. O Brasil é um berço de criatividade, Excelência. O Brasil é uma potência, e eu acredito que nós vamos fazê-lo bem melhor.

É verdade que este foi um ano de turbulências. Na imprensa, no rádio, na televisão, em todos os cantos, só se viam escândalos. As CPIs instaladas, sangrando por dentro do Congresso Nacional, na Câmara e no Senado. Lá fora, o povo se envergonha. Muitos dizem: “Pôxa, é preciso melhorar!” E eu acredito nisso! Nós temos excelentes líderes. Nós não podemos generalizar. Este é um Parlamento constituído de pessoas sérias. Não é só de troca de afagos, de apartes, de rasgações-de-seda que este Parlamento é constituído. Há grandes ideais na mente desses homens que compõem esta Casa. Há um conjunto de idéias, de disposição de defender a nossa Pátria.

Trago esse abraço do Estado do Amapá a todo o Brasil. Da cidade de Macapá, às margens do rio Amazonas, que desemboca no grande oceano Atlântico. Trago um abraço da cidade de Santana, que tem o maior porto da Amazônia. Trago um abraço de Laranjal do Jari, de Vitória do Jari, de Pedra Branca, de Serra do Navio. Trago um abraço ao Brasil!

E quero dizer à Senadora Heloísa Helena, que hoje esteve sensibilizada, não abatida, nem vulnerável. No entanto, aflorou em S. Exª o espírito total do povo brasileiro. S. Exª veio às lágrimas, manifestando toda a sua sensibilidade como representante de seu Estado. S. Exª traz, com sua palavra simples e bem construída, levada pela TV Senado e pela Rádio Senado, toda a disposição da mulher brasileira aguerrida. S. Exª é sensível, é uma brasileira. O povo brasileiro é assim: chora na despedida e na chegada, sensibiliza-se porque suas emoções afloram. São pessoas que têm sensibilidade. É um povo ímpar.

Quero dizer a você, brasileiro que está na ponta, no meio, no centro, exercendo qualquer atividade, principalmente a você que está desempregado, desesperançado, sem expectativa, sem condições, que acredite que o País vai melhorar. A economia está melhorando. Temos dificuldades, sim. A corrupção aflorou de tal forma que nos trouxe um lado positivo. Estamos limpando, agora, debaixo do tapete. E essa eleição que vem para o ano nos trará uma oxigenação. Teremos mantidos 50% do Congresso, mas 50% serão renovados. Vêm melhorias.

Quero dizer ao Senador Arthur Virgílio que o que mais vale num homem público não são somente as boas palavras. Nem sempre o homem de cultura pode ser aquele que representa o caráter e a dignidade. Muitas vezes, Senador Arthur Virgílio, a dignidade está justamente, como V. Exª disse aqui, em saber compreender, em saber reconhecer, em saber avançar, e nunca se apequenar, ou muito menos se acovardar. Líderes são feitos de valores, na ética, na seriedade.

Eu não trago no meu coração mágoas. Estive três anos fora deste Parlamento. Três anos! No meu Estado, houve uma disputa sobre um empate técnico de menos de 1%. Menos de 1%! Não venho aqui para dizer que fui injustiçado ou alguma outra coisa. Não! Estou cheio de disposição, de vontade. E penso que Jesus deu um grande ensinamento, que traz um equilíbrio fantástico à Humanidade: a condição do perdão, quando Ele disse: dá a face esquerda se te baterem a direita. Ele quer dizer assim que o ódio e o rancor intoxicam; o ódio e o rancor obstruem; o ódio e o rancor intoxicam, obstruem, matam, trazem o câncer, a trombose, impedem o desenvolvimento do homem. A compreensão é fundamental. Por isso, ele dizia que o amor é fundamental, é o elemento básico do desenvolvimento e do crescimento humano. Quem tem amor consegue desenvolver a sua atividade com beleza, com altivez, e vence. Por isso, digo a todos os meus colegas que estou aqui para somar com o meu País e defender o meu Estado. Sou um brasileiro que usa sandálias e tenho um comportamento de ser leal aos meus compromissos e ao meu País.

Não tive oportunidade de me defender, mas isso já passou, é página virada. Não pude dizer: está aqui, ganhei a eleição. Não pude fazer isso. Mas sou um homem de muita fé, Srª Presidente.

Senador Arthur Virgílio, senti nos seus olhos que V. Exª quer me pedir um aparte, que concedo, antes que seja tarde.

O Sr. Arthur Virgílio (PSDB - AM) - Pois não, Senador Gilvam Borges. V. Exª começou com um discurso muito bonito, muito poético - o Senador Magno Malta dizia isso para mim -, refletindo, com ares de poesia mesmo, o seu amor pelo seu Estado, que é bonito, não o conheço por inteiro, mas conheço a região como um todo. Ela é bonita, é mágica...

O SR. GILVAM BORGES (PMDB - AP) - Está convidado, daqui a três meses.

O Sr. Arthur Virgílio (PSDB - AM) - Com muita honra. Ela é telúrica, ela nos desperta sentimentos como esses que V. Exª retratou. Vi, certa vez, em Parintins, no rio Amazonas, a Lua, em um dos lados, nascendo e o Sol, no outro, se pondo, e eu vendo os dois, contemplando os dois, como pobre mortal, em um momento de rara felicidade, em um lago. E V. Exª fez algo mais relevante ainda, que foi se referir aos problemas todos que envolveram sua luta pelo seu mandato com sentimento de cordialidade, de virar a página, sentimento de olhar para frente, de mostrar um coração sem rancores. Isso tudo o vem credenciando, perante não os que já o conheciam, mas perante os seus novos colegas, aqueles que passaram a lidar com V. Exª, como tem sido meu caso, mais amiudadamente agora. Quero, mais uma vez, agradecer-lhe as palavras tão gentis, tão generosas dirigidas a meu respeito, e dizer-lhe também da enorme abertura que tenho para dialogarmos juntos aqui pelo bem do Amapá, pelo bem da Amazônia e pelo bem do País. Meus parabéns a V. Exª pelo belo pronunciamento que faz nesta data de encerramento do ano legislativo de 2005 no Senado Federal.

O SR. GILVAM BORGES (PMDB - AP) - Acato, com alegria, inserindo o aparte de V. Exª nesta minha manifestação de final de ano, de confraternização.

Eu nem ia fazer este pronunciamento porque estava realmente disposto a olhar simplesmente, a mostrar minha fisionomia ao Brasil e aos meus colegas e desejar feliz Natal e próspero Ano Novo. Mas eu poderia ser mal interpretado, já que estou chegando ao Senado, e fazer um discurso de apenas três palavras.

De qualquer maneira, vamos para o começo, como deveria ser: feliz Natal e próspero Ano Novo para todo o Brasil!

Muito obrigado.

 


Este texto não substitui o publicado no DSF de 16/12/2005 - Página 45347