Discurso durante a 225ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Cumprimentos aos parlamentares pelo trabalho realizado no ano de 2005 e votos de Feliz Natal. Manifestação de gratidão ao jornalista Rogério Medeiros.

Autor
Magno Malta (PL - Partido Liberal/ES)
Nome completo: Magno Pereira Malta
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
SENADO. ELEIÇÕES.:
  • Cumprimentos aos parlamentares pelo trabalho realizado no ano de 2005 e votos de Feliz Natal. Manifestação de gratidão ao jornalista Rogério Medeiros.
Aparteantes
Arthur Virgílio, João Batista Motta.
Publicação
Publicação no DSF de 16/12/2005 - Página 45348
Assunto
Outros > SENADO. ELEIÇÕES.
Indexação
  • ENCERRAMENTO, SESSÃO LEGISLATIVA, AGRADECIMENTO, SERVIDOR, SENADO, MESA DIRETORA, SENADOR, CUMPRIMENTO, FESTA NATALINA, REITERAÇÃO, VALORES, RELIGIÃO.
  • APOIO, GILVAM BORGES, SENADOR, POSSE, POSTERIORIDADE, AFASTAMENTO, JUSTIÇA ELEITORAL, JOÃO CAPIBERIBE, EX SENADOR.
  • AGRADECIMENTO, ELEITOR, ESTADO DO ESPIRITO SANTO (ES), MANDATO PARLAMENTAR, ORADOR, REGISTRO, ATUAÇÃO PARLAMENTAR, SAUDAÇÃO, DESENVOLVIMENTO REGIONAL, ESPECIFICAÇÃO, TURISMO.
  • HOMENAGEM, JORNALISTA, POLITICO, ESTADO DO ESPIRITO SANTO (ES), PRESENÇA, SENADO, AGRADECIMENTO, AUXILIO, ORADOR.
  • SAUDAÇÃO, PRESENÇA, SUPLENTE, ORADOR.
  • APOIO, CANDIDATURA, PRESIDENCIA DA REPUBLICA, HELOISA HELENA, SENADOR.

O SR. MAGNO MALTA (Bloco/PL - ES. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Srª Presidente, Srªs e Srs. Senadores, Brasil que nos vê, assessores, Taquigrafia - já começo pedindo perdão à Taquigrafia e prometendo não me alongar para que os taquígrafos possam desfrutar um pouco mais de sua festa de confraternização de fim de ano. Dirijo-me também à segurança da Casa, aos técnicos, aos assessores da Mesa, à rapaziada do som, da televisão - espero não estar esquecendo ninguém -, aos garçons, que tão bem nos atendem lá no recinto e aqui dentro do plenário. O Zezinho, que está no plenário agora, representa todos eles. Eu gostaria até que cortassem uma imagem do Zezinho ali.

Veja o sorriso, Srª Presidente, no rosto dos nossos seguranças, das taquígrafas - embora na esperança de que encerremos rapidamente a sessão, a fim de confraternizarem um pouco mais. Elas estão sorridentes também. Nem estranhamos o fato de elas estarem bem vestidas porque haverá festa, já que se vestem bem todos os dias.

Este é um dia de extremo significado, porque, em sendo o último dia de 2005 em que realizamos sessão ordinária, reveste-se de um dia ímpar, porque jamais se repetirá em 2005.

Tenho a felicidade, Srª Presidente, de desfrutar um momento significativo, porque a Bíblia diz que os últimos serão os primeiros. E, ficando aqui, pude ouvir o Senador Arthur Virgílio e o Senador João Batista Motta. Quanto ao Senador Gilvam Borges, que vai saindo - não o aparteei, porque S. Exª fazia uma poesia aqui na tribuna, em seu pronunciamento -, quero dizer-lhe que não o conhecia. Espero, na convivência, conhecê-lo. Digo-lhe que o carinho, a sinceridade e o calor que dedicamos aqui a João Capiberibe, no exercício da nossa convivência, a S. Exª também dedicaremos.

Se há algo em mim de que procuro todos os dias tratar é do senso apurado de justiça. Por isso, recebo seu pronunciamento poético e faço-lhe uma garantia: esse senso apurado de justiça foi que me levou a ser cordial e fraterno - assim como os Senadores Arthur Virgílio, Heloísa Helena, todos nós - no momento difícil por que passou o Senador João Capiberibe nesta Casa.

Senador Gilvam Borges, V. Exª não terá menos que isto: fraternidade, exercício de justiça e amizade nesta Casa. Por isso, seja bem-vindo, embora já tenha passado por aqui tantos outros anos. Mas seja bem-vindo, porque V. Exª acabou de dizer que passou três anos fora da Casa, e três anos passamos aqui sem sua presença. Receba de mim o abraço fraterno de quem certamente está consciente de que vai desfrutar da boa amizade de V. Exª.

Srª Presidente Senadora Heloísa Helena, gostaria de ter cumprimentado o Carreiro, mas o Carreiro colocou uma gravata bonita, do Flamengo, neste último dia. Quero dizer que eu sofri tanto com o Flamengo este ano, Senador João Batista Motta, que decidi que sou ex-torcedor do Flamengo. Ouviu, Senadora Heloísa Helena? Se quiser o meu apoio para Presidente, tem que prestar atenção ao meu pronunciamento. Sou ex-torcedor do Flamengo, porque não tenho alegria nenhuma. Decidi torcer para o Vasco perder, porque eu tenho mais alegria. Eu torço para o Vasco perder, porque aí eu tenho alegria toda a semana, e torcendo para o Flamengo ganhar eu não tenho, Senador Arthur Virgílio.

            O Sr. Arthur Virgílio (PSDB - AM) - Senador, na verdade, depois de termos trocado todas as demonstrações de amizade recíproca, eu queria falar agora como flamenguista. Ele foi o campeão dos últimos nove jogos. Dos 27 pontos em jogo, fizemos 21. Invictos nos nove jogos. Tínhamos 11% de possibilidade de irmos para o descenso, mas fomos subindo, subindo e terminamos nos classificando antes. Ou seja, eu sempre digo que o Flamengo tem que dar um jeito de vencer. Desta vez eu digo o seguinte: se houvesse um terceiro turno, nós seríamos campeões brasileiros. Agora, como não fomos, porque não houve terceiro turno, nós fomos campeões dos últimos 11 jogos. Ou seja: uma vez Flamengo, sempre Flamengo!

O SR. MAGNO MALTA (Bloco/PL - ES) - É verdade. Eu sou flamenguista também, quero reiterar que sou flamenguista para que amanhã minha caixa de e-mails não fique repleta de mensagens, para que o meu computador não pare com tantos protestos que chegarão à minha caixa. Quero reiterar que sou flamenguista, mas me alegro muito com a derrota do Vasco.

O SR. MAGNO MALTA (Bloco/PL - ES) - Não, eu quero, natalinamente, abraçá-los.

O Natal traz para nós uma das oportunidades mais lindas, porque é o Natal que nos dá a possibilidade de refletirmos e também nos dá a oportunidade da mudança. O Natal é uma festa em que as pessoas têm a possibilidade de exercer a hipocrisia com veemência ou têm a possibilidade de, na reflexão, mudar o comportamento hipócrita, e isso só é possível quando o Natal acontece todos os dias na nossa vida.

No Natal comemora-se o nascimento de Jesus, aquele que dividiu a História, que marcou a História, que é a própria História, o Pão da Vida, a Vida, o Leão da Tribo de Judá, a Rosa de Sharom, a Estrela da Manhã, Emanuel, Deus conosco, o Filho de Deus.

O Natal todos os dias na nossa vida quer dizer que Jesus nasce todos os dias em nós e que todos os dias esse nascimento produz mudança do ponto de vista comportamental, do exercício das melhores coisas, ou seja, do exercício da misericórdia, do amor, da capacidade do perdão. O Natal tem esse significado, que é perdido quando ele vira tão-somente uma oportunidade para a comilança, a bebedeira e o exercício de hipocrisia. As pessoas se digladiam o ano inteiro, não se gostam. Algumas exalam veneno o ano inteiro e não têm um mínimo gesto de misericórdia para com seu irmão. A capacidade do perdão lhes falta, e quem não tem capacidade de perdoar é doente, é como se tivesse uma grande ferida por dentro, que o faz mal-humorado, que o faz ter uma língua ferina, da qual saem palavras ríspidas e até ofensas desnecessárias, atingindo as pessoas, sem ter capacidade de debater.

No Natal, as pessoas mandam cartões e, no nosso caso, mala-direta, e nós nem sabemos quem elas são. Muita gente até estranha que determinada pessoa lhe tenha mandado um cartão. E no dia 26 de dezembro as coisas continuam exatamente como eram antes, sem que tenha havido qualquer tipo de mudança.

O Natal vira uma festa em que as pessoas têm a possibilidade de colocar em prática a sua hipocrisia, mostrar o seu luxo, colocar o seu dinheiro sobre a mesa, numa grande festa, num país de mais de 50 milhões de miseráveis.

Alguns têm um surto de bondade nesta época e compram algumas cestas básicas e distribuem, como se estivessem dando uma descarga na consciência. Outros vão à periferia, num gesto único, como se estivessem dando satisfação a eles mesmos pelo que não fizeram durante o ano inteiro. A Bíblia diz que aquilo que a tua mão esquerda faz que a mão direita não veja. Além de não cheirar bem às narinas de Deus, não faz bem ao dono do gesto, porque, no fundo, ele sabe que o gesto dele é puramente hipócrita num momento em que precisa dar descarga na sua consciência.

Mas, num momento como esse, temos também a possibilidade da mudança, da reflexão, de olhar para trás e convidar o Filho de Deus para entrar de uma forma definitiva na nossa vida.

Alguém escreveu - não sei quem, porque não tenho tanto conhecimento como o Senador Arthur Virgílio ou o Senador Mão Santa - que só os tolos não mudam. Só os tolos não mudam, Senador Motta. Se só os tolos não mudam, qualquer ser humano tem a oportunidade da mudança, Senadora Heloisa Helena.

Que este Natal seja para todos nós um momento de reflexão e de oportunidade de mudança, porque nos permite renovar o sentimento familiar. A Santa Ceia feita por Jesus antes de ser crucificado, o grande gesto daquele momento foi Jesus tê-los em volta da mesa, como família. E o Natal permite que estejamos em volta da mesa como família, para produzir perdão entre irmãos, entre pai e mãe, entre mãe e pai, para o pai perdoar o filho, para o filho perdoar o pai, para a mãe perdoar o filho, por, quem sabe, desavenças que acontecem por conta das intempéries impostas pela própria vida.

Mas nesta noite, Senadora Heloisa Helena, agradeço a Deus pelo privilégio de estar nesta tribuna dirigindo-me aos milhões de brasileiros que vêem televisão, graças ao privilégio que me foi dado pelo povo do Estado do Espírito Santo, que nos vê neste momento, um Estado vigoroso, que nunca se curvou, que resistiu, que não quis cair, que não quis ficar de quatro diante da avassaladora ganância do crime organizado que durante doze anos tentou colocar o Espírito Santo ajoelhado.

O Espírito Santo tem uma posição geográfica privilegiada e um litoral dos mais lindos deste País. Naquele Estado, pode-se estar na praia num instante e quarenta minutos depois subir as montanhas, como se estivesse na Suíça, com grandes e belos hotéis e um clima maravilhoso.

Senador João Batista Motta, nosso Estado tem um complexo portuário dos mais significativos para este País. As rodovias que cortam o Espírito Santo são importantes para o esquema viário do País. Deus nos agraciou com um café maravilhoso. Somos o grande produtor de café. Nosso granito é a riqueza extraída do solo do povo do Espírito Santo.

            Falando disso, reporto-me a Cachoeiro do Itapemirim, terra onde nasceram Rubem Braga e Roberto Carlos, onde tive a oportunidade de ser Vereador nos meus primeiros dois anos de vida pública. Imagino que em Cachoeiro há algo que todos queriam ter em seu município. Cachoeiro tem a possibilidade de ser o Município mais vigoroso do Estado do Espírito Santo. Não é porque há serrarias de mármore e granito lá, mas porque lá nasceu Roberto Carlos.

O turismo pode ser a maior indústria daquele Município. Um projeto direito poderia ser feito com o Ministério do Turismo, que tem à sua frente o competente e preparado Ministro Walfrido dos Mares Guia, e com as operadoras de turismo deste País. Levaríamos para Cachoeiro milhares de pessoas, centenas de ônibus, para verem onde Roberto Carlos nasceu, onde estudou, a rádio em que ele cantou, seu primeiro conjunto, o rio Itapemirim. Uma grande indústria. Até os piratas ficariam ricos lá, pirateando os CDs de Roberto Carlos, os DVDs de Roberto Carlos. Um vendedor de picolé.

Por isso, Senadora Heloísa Helena, quero cumprimentar, falando de Cachoeiro, dois ilustres capixabas: o jornalista Rogério Medeiros, marcado pela sua luta contra a ditadura, fundador do PT, como V. Exª. Foi Vice-Prefeito de Vitória, está ali assentado, conduziu o PT ao Governo do Estado, mas há nove anos deixou o PT, quem sabe pelas mesmas razões que tantos deixaram. E tem um site famosíssimo, com visitas diárias de mais de 300 mil pessoas, um jornal eletrônico dos mais lidos e apreciados no Espírito Santo. Rogério Medeiros, Senadora Heloísa Helena, está aqui, no espírito de Natal.

Quando eu me elegi Deputado Estadual no Espírito Santo, eu era Vereador em Cachoeiro e era um imortal, Senador Arthur. Eu era imortal quando me elegi Vereador porque não tinha onde cair morto. Minha mãe estava com câncer, no Hospital Santa Rita, com três tumores no cérebro, uma mulher com 57 anos de idade que não fez outra coisa na vida senão amar a Deus. Minha mãe estava se esvaindo, indo embora, sumindo entre os meus dedos sem que nada eu pudesse fazer. Deus começou a tirar aquela que foi o grande amor da minha vida. Eu não podia comprar os remédios da minha mãe, pois só era um Vereador que tinha sido eleito Deputado Estadual.

Fiz amizade com Rogério Medeiros porque apoiei o Vítor Buaiz no segundo turno. Lembro-me de que, nos encontros que tivemos, eu estava muito cabisbaixo e choroso. Indagado por que, eu disse: “Minha mãe está internada, morrendo, e convivo com duas tristezas. Primeiro, estou perdendo o grande amor da minha vida; segundo, minha mãe sabia que eu ia ser Senador da República desde que eu tinha 13 anos de idade, mas ela não ia ver a minha posse como Deputado Estadual”. Mas eu precisava comprar os remédios dela e não tinha dinheiro. Lembro que o jornalista Rogério Medeiros me deu, aquele dia, a aposentadoria dele. Pude, aquele dia, ir à farmácia e comprar a receita da minha mãe.

Refiro-me a esse assunto da tribuna do Senado porque a Bíblia, a palavra de Deus, diz que não devemos esquecer os dias dos pequenos começos. A minha referência ocorre porque não consigo conviver com ingratidão. Penso que o traço mais significativo do caráter de um ser humano é a gratidão.

Por isso, sou grato, Srª Presidente, ao jornalista Rogério Medeiros, que, quando precisa, não poupa crítica a mim em seus artigos, mas quis Deus que hoje fosse um dia em que ele pudesse aqui estar e eu pudesse agradecer.

Quero registrar a presença do Nilis Castberg, meu suplente, menino simples, lá de São Mateus, onde o procurei, em 1991. Falei de política e dos meus sonhos. Ele disse: “O senhor é candidato a quê?” Eu disse: “Sou candidato a Vereador em Cachoeiro do Itapemirim”. Ele me disse: “Mas eu moro em São Mateus. Como é que vou fazer alguma coisa pelo senhor?” Eu disse: “Você vai disseminar as minhas idéias, porque vou ser Vereador, depois vou ser Deputado Estadual, depois vou ser Federal e vou ser Senador da República, e você vai ser Vereador depois”.

Eu me elegi Vereador. Ele me ajudou a ser Deputado Estadual; elegeu-se Vereador. Eu me elegi Deputado Federal e o coloquei como meu Suplente de Senador da República. Hoje o vejo sentado ali, neste dia tão significativo e, mais uma vez, me reporto às palavras de Deus: “Não devemos desprezar os dias dos pequenos começos”.

Por isso, Senador Motta, este dia marca todos nós, porque é ímpar; 2005, nunca mais teremos. Teremos 2006 e 2007, mas nunca mais 2005. E foi uma experiência para mim, ao longo deste ano, ao final do terceiro ano, conviver com V. Exª, Senador Motta. Aparteei V. Exª para abraçá-lo, porque sou um homem extremamente emocional e afetivo. Ligo-me às pessoas por afetividade; não busco nelas nenhum tipo de interesse, a não ser amizade pela afetividade.

Senadora Heloísa Helena, já havíamos convivido desde a CPI do Narcotráfico. Quando vínhamos ao Senado, V. Exª comparecia para ajudar o Tião Viana; e, junto com Marina Silva, na busca da resolução do problema do Acre, começamos a conviver. Nesta Casa, muito mais do que admirar seu conteúdo, sua capacidade de raciocínio, sua valentia, o que mais me chama a atenção é a sua sensibilidade, a mãe e a amiga que V. Exª é. Por trás desse vulcão de idéias, por trás desse turbilhão ideológico, dessa confiança no que pensa e no que fala, sem abrir mão das suas convicções, existe uma criatura frágil, sensível, decente, que tem temor a Deus acima de todas as coisas.

            Por isso, a mim orgulha-me muito conviver com V. Exª. A mim orgulha-me muito dirigir-me à Nação e, de uma forma individual, à minha casa, porque minha família é fã de V. Exª; aos meus amigos, aos milhares de pessoas com quem convivo neste País, fazendo referência a V. Exª e respondendo indagações sobre V. Exª. Alagoas, quando elegeu V. Exª, deu um presente dos mais bonitos para o Brasil; a menina de Palmeira dos Índios, de Arapiraca, daquela área por ali.

Em Arapiraca, seu irmão médico está na militância, no exercício, no sacerdócio da medicina; em Palmeira dos Índios, está meu tio, bem pertinho, Pastor Manoel Nascimento, que espero esteja me ouvindo. Esse homem me levou para a sua casa aos 17 anos de idade. Eu era viciado em drogas, Senadora Heloísa Helena. Colocou-me à sua frente e disse: “Meu filho, tenho muita pouca coisa para lhe dar, mas uma coisa quero lhe dizer e guarde em seu coração: O homem é aquilo que ele decide ser”. E eu decidi ser quem sou. Tomei o caminho do bom comportamento, de olhar os bons gestos e os bons movimentos. Fiz da Bíblia a minha regra de fé e prática; do compromisso com Deus e com a oração o alimento da minha vida. E cumpriu-se o que disse a minha mãe, Dona Dadá: eu vim para esta Casa.

Ao longo de todo este ano, tentei dar o melhor para este País. Sofri, paguei um preço, sou autor da CPI dos Bingos, as minhas posições nem sempre satisfazem; elas contrariam. Não nasci para a subserviência, não tenho vocação para ser subserviente. Gosto de pensar com a minha própria cabeça, de pensar com os meus próprios pensamentos. Falo isso não com vaidade, porque os meus pensamentos não são os pensamentos de Deus e nem os meus caminhos, o dele. Mas não fui preparado para abrir mão de princípios e ser subserviente às vontades daqueles que abrem mão de princípios e que negam sua própria história. Isso custa um preço muito alto, mas estou disposto a pagá-lo. Existem dois caminhos na vida, Senadora Heloísa Helena: o caminho da hipocrisia e o caminho da autenticidade. Você escolhe. O da autenticidade é duro, você apanha demais, mas dorme em paz, porque você é você mesmo. O caminho da hipocrisia, quem sabe, gera noites indormidas, porque o hipócrita sabe que ele é fingido, que vive mascarado, e vive uma vida que não lhe pertence. E a Bíblia diz que tudo que é feito nas trevas ou no escuro um dia virá à luz.

Sou grato a Deus e a minha família pelo privilégio deste ano. Dirijo-me à minha esposa querida - que deve estar me vendo - e às minhas três filhas: Magna, Carla Magda e minha filhinha no coração, Jaisline.

Obrigado, Senadora. Obrigado, Senador Arthur Virgílio pelo seu carinho, pela atenção em ter ficado até este momento na sessão para ouvir o meu pronunciamento. Obrigado pelos milhares de e-mails que recebo, que recebi durante este ano, de milhares de pessoas que assistem a TV Senado e me enviam mensagens. A minha gratidão e o meu desejo de um Natal feliz e um 2006 de vitória para aqueles que me enviaram e-mails discordando de minhas posições. Muito obrigado a vocês, a quem respondi com muito carinho, até porque quem sou eu para agradar a todos? E, se assim acontecesse, quem sabe não estaria aqui e já teria sido tragado pela minha vaidade, porque Salomão escreveu em um provérbio que a arrogância precede a ruína. A arrogância não faz parte da minha vida. Obrigado aos que ligaram para dizer: “Eu oro, eu torço, eu te acompanho”. Parabéns aos que disseram: “Não concordo! Você errou! Sua posição não está boa”. Foram milhares de pessoas ao longo deste ano. Ao Presidente desta Casa, Renan Calheiros, meu amigo, aos 81 Senadores que fazem esta Casa, a todos os servidores com quem tenho a oportunidade de conviver, de repartir o calor do dia-a-dia, desfrutando do mais alto de todos os privilégios. E quem desfruta de privilégios tem de fazer direito. Porque a Bíblia diz, Senador José Batista Motta, que a quem muito é dado, muito será cobrado.

O Sr. João Batista Motta (PSDB - ES) - Senador Magno Malta, gostaria de agradecer suas palavras quando se referiu à minha pessoa e dizer que a recíproca é verdadeira: aprendi a admirá-lo, sobretudo pelo seu passado, pela sua luta. Também sou filho adotivo, fui criado na casa de uma pessoa que teve a coragem de enfrentar a criação de um filho de outra pessoa, de dois lavradores do interior, de Acioli, no Município de Ibiraçu. Estudei em uma escola técnica federal porque o Governo me dava camisa, calça e alimentação, senão não teria estudado, não teria cursado a Universidade Federal do Espírito Santo. Em razão disso, aprendi a admirá-lo, porque sei que, pelo seu passado e sua origem, temos mais ou menos a mesma identidade. E gostaria de lhe fazer um alerta, porque V. Exª elogiou muito a Presidente da Casa neste momento, mas, infelizmente, não declarou o voto para Presidente da República.

O SR. MAGNO MALTA (Bloco/PL - ES) - Ela será a Presidente da República, e eu serei seu maior cabo eleitoral. Já me coloquei à sua disposição para fazer show - só não o farei se ela não quiser. Aliás, não votaram a reforma eleitoral ainda, e posso continuar fazendo shows. Eu me coloco à disposição de V. Exª para que possamos enfrentar, no processo eleitoral, o Senador Arthur Virgílio, no primeiro turno.

O Sr. João Batista Motta (PSDB - ES) - Gostaria de registrar também, Senador Magno Malta, que viajei muitas e muitas vezes em meu Estado, em um carinho velho, para ver o Flamengo jogar. Desde o tempo em que era formado por Garcia, Tomires, Pavão, Jadir, Dequinha, Jordan, Joel, Rubens, Índio, Benício e Esquerdinha. Também sou Flamengo, Senador Magno Malta, como V. Exª e como o Senador Arthur Virgílio. Lá no Espírito Santo, temos dois clubes que nos honram muito. Um deles é o Rio Branco, que em tempos passados tivemos a oportunidade de ver derrotar o Fluminense por várias vezes, com os gols fantásticos do famoso Gabiru. E também temos um clube que honra o nosso Estado: é o Serra, do Espírito Santo. É o Serra de José Maria Ferrosa, de Aldarir Nunes, do Eurídice Guimarães, do Mota, do Vidigal, do Aldifas. Enfim, o Serra de todo serrano. Hoje, é o Serra do Espírito Santo, do Brasil. Muito obrigado pelo aparte.

O SR. MAGNO MALTA (Bloco/PL - ES) - É verdade, Senador João Batista Motta. Foi uma boa lembrança.

Disse à Senadora Heloísa Helena que meu candidato no primeiro turno é o Garotinho. Se o Garotinho for inviabilizado pelo PMDB - e espero que não cometam uma bobagem tão grande com um candidato de tanto potencial -, se a bobagem for cometida, não tenha dúvida de que V. Exª será minha candidata no primeiro turno. Vou vibrar demais vendo V. Exª nos debates na televisão, porque sei que os candidatos vão sofrer muito com V. Exª. V. Exª nunca mudou de posição, quando bate, fecha a mão, não bate de mão aberta nunca, só de mão fechada; V. Exª, apesar de franzina, agüenta, não corre do debate. Se houver uma cruzada feminina neste País, vamos ter uma surpresa muito grande nesse processo eleitoral. Aí, no momento da composição, porque não vai dar para governar sozinha, o Senador Arthur Virgílio pode ser seu líder. Eu quero ser seu líder no Congresso, e tenho certeza de que lhe seremos fiéis e leais para dar governabilidade. Entendendo as suas convicções ideológicas, e sei que a Presidente respeitará as convicções ideológicas do Parlamento. Não é, Senador Arthur Virgílio? O Senador não quer usar o microfone para não agourar a candidatura do PSDB.

Nesse clima festivo, muito obrigado por tudo, obrigado meu Deus, obrigado à minha família, obrigado aos funcionários da Casa, desculpem ter atrasado a festa de vocês, mas acho que chegou a hora de começar a festa.

Que Deus abençoe a todos nós.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 16/12/2005 - Página 45348