Discurso durante a Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Comemora o registro da pré-candidatura de Germano Rigotto à Presidência da República e, defende candidatura própria do PMDB para as eleições presidenciais.

Autor
Pedro Simon (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/RS)
Nome completo: Pedro Jorge Simon
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA PARTIDARIA. ELEIÇÕES.:
  • Comemora o registro da pré-candidatura de Germano Rigotto à Presidência da República e, defende candidatura própria do PMDB para as eleições presidenciais.
Aparteantes
Almeida Lima, Leonel Pavan.
Publicação
Publicação no DSF de 20/01/2006 - Página 1118
Assunto
Outros > POLITICA PARTIDARIA. ELEIÇÕES.
Indexação
  • APOIO, CANDIDATURA, GOVERNADOR, ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL (RS), DISPUTA, ELEIÇÕES, PRESIDENCIA DA REPUBLICA, REPRESENTANTE, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DO MOVIMENTO DEMOCRATICO BRASILEIRO (PMDB).
  • ANALISE, SEMELHANÇA, GOVERNO, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DA SOCIAL DEMOCRACIA BRASILEIRA (PSDB), PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT), PERIODO, ATUAÇÃO, PRESIDENCIA DA REPUBLICA.
  • COMENTARIO, IMPORTANCIA, CANDIDATURA, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DO MOVIMENTO DEMOCRATICO BRASILEIRO (PMDB), ELEIÇÕES, PRESIDENTE DA REPUBLICA, DEFESA, CONFIRMAÇÃO, REUNIÃO, ESCOLHA, CANDIDATO.

O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, V. Exª é o Presidente predileto deste Plenário.

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, ontem foi um dia histórico para o PMDB. Já havíamos registrado a candidatura do grande companheiro nosso Antony Garotinho, ex-Governador do Rio de Janeiro, e ontem registramos a candidatura do Governador do Rio Grande do Sul, Germano Rigotto. Foi uma reunião muito concorrida em que mais de 60 Deputados da Bancada e quase 16 Senadores do PMDB estavam presentes.

É um momento histórico o que estamos vivendo. É um momento realmente muito importante e muito significativo.

Há quatro anos, o candidato era eu. Percorri o Brasil inteiro, consegui simpatia em praticamente todo o País, embora, naquela altura, eu mesmo reconhecesse que a vez era do Lula. Havia a grande expectativa, a grande esperança de que o Lula faria um Governo fantástico. Mesmo assim, eu achava que o MDB não podia deixar de ter candidato, para mostrar suas idéias, para definir seu pensamento.

Na hora da Convenção - tínhamos maioria tranqüila -, a Executiva, em vez de pôr em votação o candidato do Partido, Pedro Simon, colocou o companheiro Serra e a vice do PMDB. Levantados os protestos, eles responderam que, se perdesse essa chapa, votariam a outra. Já estava tudo comprometido.

Agora é diferente. Estamos vivendo um momento completamente novo na política brasileira. Tivemos oito anos de PSDB, Fernando Henrique Cardoso, que fez um Governo com altos e baixos. Foi a experiência da chamada social-democracia, experiência que, diga-se de passagem, se fez pelo mundo afora, na Europa e em vários países.

Oito anos depois, entrou o companheiro Lula, um Governo de Esquerda, homem que veio do povo, trabalhador, simples, honesto, competente, de um Partido com 25 anos de história de luta, de uma campanha pela ética e pelo social, e, agora, está completando o mandato.

A verdade é que, mais do que as comissões de inquérito, a sociedade brasileira está acompanhando e verificando que houve fatos muito graves no Governo do Fernando Henrique e no Governo do Sr. Lula, como, por exemplo, as privatizações. Até hoje não se entende como é que a Vale do Rio Doce foi privatizada por R$3 bilhões. Ela foi dada com o dinheiro do BNDES. Outro fato: a aprovação da emenda da reeleição, comprada escandalosamente. Foram fatos muito graves que ocorreram no Governo do Fernando Henrique. E o Governo do Lula é isso que nós estamos vendo.

Então, não pode haver uma eleição... Eu fico até com medo, porque, se houver uma eleição em que concorram PT/PSDB, Lula e Serra ou o Governador de São Paulo, o tom vai ser tão agressivo, a linguagem vai ser tão negativa que eu não sei para onde a gente vai caminhar. Essa é a hora do PSDB. E o PT tem os seus candidatos. Mas é hora também do PMDB apresentar o seu candidato. Candidato que fará a vez de uma terceira via. Eu até digo que nem é terceira via, mas segunda via, porque PSDB e PT, nesses doze anos, foram praticamente a mesma coisa. Mas, de qualquer maneira, é uma terceira via.

E nós apresentamos, que era o Garotinho. E o que é o nosso candidato, Rigotto, um homem tranqüilo, sereno, de bem, responsável, que tem uma biografia - o que é importante nessa hora com tantas interrogações sobre o que aconteceu -, não vai dizer: “Eu sou”. A vida dele diz: “ele é”.

Então, eu tenho o pressentimento de que a candidatura do PMDB vem numa hora tremendamente importante, numa hora em que o Brasil tanto dela precisa.

É interessante verificar as pesquisas de opinião pública. Por exemplo, no Rio Grande do Sul, o PMDB sempre foi o maior partido no Estado - é o maior partido no Rio Grande do Sul. Mas, nas pesquisas dos últimos tempos, pela vontade popular, dava PT. PT, 28 pontos; PMDB, 17; em terceiro lugar, 3 ou 4 pontos. Nas últimas pesquisas, o PT, de 28, baixa para 13, e o PMDB sobe para 20. Quer dizer, o PMDB recebeu o espólio, como percebemos por onde a gente anda.

É impressionante como tenho sido convidado para fazer palestras nas universidades. Há quatro anos, quando fazia essas palestras, alunos e professores me diziam: “Senador, nós gostamos muito do senhor. Mas olhe como o senhor fala do PT e do Lula, senão o senhor leva vaia”. Eu olhava e não podia nem dizer nada, porque estava todo mundo com bandeira do PT, todo mundo com camiseta do PT, todo mundo com bandeirinha do PT. Do meu lado, o reitor; do outro lado, o diretor da faculdade, com bandeirinha do PT. Hoje, você entra na universidade e não vê nada disso. Não é um ambiente contra o PT. E isso é muito interessante, pois não é como na época de Collor, em que o povo teve ódio dele. Collor disse: “Todo mundo venha de verde e amarelo” - e todo mundo foi de preto, de raiva. Hoje, não há esse ambiente. O ambiente não é de ódio, mas de desgosto, de tristeza, de mágoa. É como se dissessem: “Pôxa, mas nós perdemos o direito de ter esperança?”

Então, é esse sentimento que está aí, e, para fazermos uma campanha de alto nível, uma campanha séria, temos que ter uma candidatura com a credibilidade do MDB para fazer o confronto.

Por isso, peço ao nosso amigo Renan, ao nosso amigo Sarney, ao nosso amigo Suassuna - inclusive hoje haverá um jantar na casa do Senador Suassuna, com a presença do Presidente Lula - que entendam este momento. Não ficará bem para eles forçar uma posição que impeça o MDB de ter uma candidatura; de forçar um apoio do MDB ao Lula, de quem gosto, quero bem, de quem sou amigo e até hoje ainda defendo - não sou daqueles que atiram pedras no Lula -, mas acho que devemos ter o nosso candidato.

Não fica bem para o Senador Sarney, para o Lula dizerem que o MDB não tem condições, não tem candidato. Veja que o PT só tem o Lula. Tira o Lula, não tem mais ninguém. Veja que o PSDB, em rigor, só tem o Governador de São Paulo, porque o Serra, um grande candidato, cria um problema dos diabos para o PSDB: o Serra tem um compromisso, assinado em cartório, de permanecer quatro anos na Prefeitura de São Paulo. Quer dizer, se ele romper esse compromisso, vai fazer como o Tarso Genro, que rompeu o compromisso com a Prefeitura de Porto Alegre ao renunciar para ser candidato. Ele foi cobrado e não ganhou a eleição.

Então, em rigor, o candidato do PSDB - um grande candidato, diga-se de passagem - é o Governador Alckmin. O MDB? O MDB tem o Garotinho; o MDB tem o Rigotto; o MDB tem o Governador Jarbas Vasconcelos; o PMDB tem o Presidente Sarney, que foi Presidente da República; tem o Governador Itamar, que se colocou à disposição; tem o Presidente do Supremo Tribunal Federal, que está disposto a renunciar ao Supremo para ser candidato do PMDB.

O Sr. José Jorge (PFL - PE) - Tem V. Exª também.

O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - Mas o MDB não me aceita.

O Sr. José Jorge (PFL - PE) - Claro que aceita.

O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - Sou pessoa malvista no MDB, nem falo aqui.

O Sr. Leonel Pavan (PSDB - SC) - Permita-me um aparte, Senador Pedro Simon?

O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - Só um minutinho, Senador.

O MDB tem o ex-Governador Itamar Franco. O MDB tem candidatos de sobra. Não há nenhum outro partido que tenha um mar de candidatos como tem o MDB. Agora, virem o Dr. Sarney e o Sr. Presidente do Senado, Renan, dizer que não temos candidatos que se impõem à opinião pública?! Pelo amor de Deus!

E dizem: “São candidatos que ninguém une”. Claro! Vá ver se no PSDB isso acontece! Agora estamos falando em unir o Serra e o Alckmin. Estão debatendo, estão discutindo. Mas todo mundo sabe que um vai ganhar, e o outro o apoiará. É o mesmo que vai acontecer com o MDB: vamos fazer uma prévia, vamos nos reunir e, nessa reunião, vamos discutir. Quem ganhar, ganhou. Aliás, todos estão dizendo isso. Garotinho diz: “Quem ganhar, ganhou”; o Rigotto diz: “Quem ganhar, ganhou”; o Requião diz: “Quem ganhar, ganhou”; o Jarbas Vasconcelos diz: “Quem ganhar, ganhou”; o Quércia diz: “Quem ganhar, ganhou”.

Agora, fazer um jantar com o Presidente da República e dizer para a imprensa que vão adiar a reunião? Nós vamos ter uma reunião na terça-feira, porque que não fomos felizes na escolha da data da prévia. Escolhemos 5 de março. Mas quem marcou a data ou não tem competência, ou errou ou usou de má-fé, porque o dia 5, terça-feira, é carnaval. Terça-feira, carnaval; quarta-feira, Cinzas. Como é que eles vão fazer a campanha para dia 5, e, no domingo, a prévia?

Então, o que a gente quer na terça-feira é transferir a prévia: primeiro turno, 19 de março; segundo turno, 25 de março. Por que segundo turno? Porque pode ter mais de um candidato, pode ter três ou quatro candidatos, e aí haverá segundo turno. Eles querem marcar para abril ou maio. Por que querem fazer isso? É má-fé! Eles querem obrigar que o Rigotto retire a candidatura, que os governadores retirem a candidatura, porque eles não podem renunciar antes de sair o resultado da prévia. Fazer a prévia em maio é retirar as candidaturas.

O Sr. Almeida Lima (PMDB - SE) - Senador Pedro Simon?

O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - Isso não fica bem, isso absolutamente não fica bem.

Faço um apelo aqui à Executiva, que vai se reunir na terça-feira. Estarei lá, espero que não se faça coação, não se use o Governo Federal, o fulano de tal, membro da Executiva, o beltrano de tal, aqui de Brasília, que é membro da Executiva... Espero que não se use de coação nem de pressão, nem que se ofereçam favores para mudar os votos que já estão marcados e garantidos. A Executiva vai confirmar a prévia.

Com o maior prazer.

O Sr. Almeida Lima (PMDB - SE) - Senador Pedro Simon, quero, mais uma vez, me solidarizar com o pronunciamento de V. Exª e dizer que a tese que V. Exª esboça é a minha. Digo até mais, o meu PMDB é o de V. Exª, o norte do PMDB é o que V. Exª traça. Quero ratificar as palavras quando diz que ficará muito feio para as lideranças da estirpe, da magnitude do ex-Presidente Senador José Sarney, assumir, adotar uma postura, permita-me, desculpe-me, equivocada como essa anunciada há dois dias, sobretudo a tentativa de não se realizarem as prévias no mês de março. Por último, somando-me às palavras de V. Exª, é preciso se alertar que o PMDB oficialmente não é um Partido que dá sustentação ao Governo, o Partido fala pela sua convenção nacional, que desautorizou essa participação. Não cabe, portanto, nenhuma injunção do Executivo dentro do pensamento do PMDB, para que não venhamos a cair num novo escândalo. O PMDB deve se reunir na próxima semana, como V. Exª está a dizer, para alterar a data, com a qual concordamos, fixando outra dentro do mês de março, mas sem interferência e sem cooptação do Governo para que o Congresso Nacional, a classe política não seja mais uma vez envolvida em escândalos. Que o Governo do Presidente Lula fique de fora e que não pratique nenhuma injunção dentro das decisões, deliberações do PMDB. Este é o meu aparte e a minha solidariedade a V. Exª.

O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - Agradeço muito o aparte de V. Exª.

Mas quero dizer que, por parte do Governo Lula, ele está na jogada dele. Quer dizer, o Governo Lula está buscando companheiros, está buscando apoio, mostra...

O Sr. Leonel Pavan (PSDB - SC) - Senador Simon,...

O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - ... Mostra com muita simpatia que ele gostaria de ter o PMDB do lado dele. Eu acho que ele está no direito dele.

O que importa ao PMDB são os Líderes do PMDB. Os Líderes do PMDB devem receber a proposta do Lula, analisá-la, mas responder: “Olha Lula, podemos até estar juntos no segundo turno, se o PT for para o segundo turno e o PMDB não for para o segundo turno, poderemos apoiar o PT, mas nos respeite o direito de ter o nosso candidato no primeiro turno.

O Lula pode falar, mas a nossa gente é que tem que responder com altivez e não fazer um jogo interno negativo tentando dificultar as áreas do PMDB.

O Sr. Leonel Pavan (PSDB - SC) - Senador Pedro Simon, V. Exª não é apenas uma pessoa querida e um Líder dentro do PMDB; é uma pessoa admirada por todos os partidos políticos, pelo Brasil inteiro. Quando V. Exª diz que o PMDB tem candidato a, b ou c, até quero dizer o seguinte: tem V. Exª também. Poderia V. Exª ser também um candidato do PMDB.

O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - O comando do PMDB me tem como persona non grata. Por isso, nem entro com o meu nome, que é para não complicar.

O Sr. Leonel Pavan (PSDB - SC) - Esse é um pensamento nosso. Quanto ao José Serra ter uma assinatura em cartório, não quero desmentir, pelas informações que tenho não é verdade, em cartório não é verdade.

O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - Melhor. Tenho muito carinho pelo Serra, eu falei por falar, para alguém não dizer...

O Sr. Leonel Pavan (PSDB - SC) - Só para eu continuar, eu tenho...

O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - Eu retiro, retiro, não falei. Falei sem saber. Peço desculpas.

O Sr. Leonel Pavan (PSDB - SC) - Comenta-se isso.

O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - Peço desculpas.

O Sr. Leonel Pavan (PSDB - SC) - Não há necessidade, V. Exª não precisa pedir desculpas a ninguém.

O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - É que não foi intenção minha atingir o meu amigo Serra. Eu quis apenas dizer que se comenta...

O Sr. Leonel Pavan (PSDB - SC) - Claro, é isso aí.

O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) -...são candidaturas sobre as quais há comentários.

O Sr. Leonel Pavan (PSDB - SC) - Claro, eu quis apenas pedir este aparte para justificar.

O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - Eu concordo com V. Exª.

O Sr. Leonel Pavan (PSDB - SC) - Outra questão. Em política, o certo seria cumprir a assinatura de acordo político. O certo! Em Santa Catarina, o meu amigo Governador Luís Henrique tem um compromisso assinado comigo, com a Executiva inteira, com o PSDB, e não foi cumprido. No entanto, segue a sua carreira, o seu caminho, o qual respeito muito.

O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - Mas repare que ele vai renunciar ao Governo de Santa Catarina.

O Sr. Leonel Pavan (PSDB - SC) - E nós ouvimos...

O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - Mas ele vai renunciar ao Governo de Santa Catarina, ele vai concorrer.

O Sr. Leonel Pavan (PSDB - SC) - ...o compromisso político que tinha, caso vencesse as eleições, compromisso anterior, compromisso de coligação que tínhamos antes de sua candidatura, assinado por ele e por toda a executiva, que, a meu modo de ver, não foi cumprido. Ontem, eu estava lendo no jornal o Correio Braziliense uma matéria que dizia que o PMDB estaria se oferecendo ao Lula para concorrer a vice em troca de apoio em alguns Estados do Brasil. Eu li no jornal.

O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - Mas V. Exª leu mal. V. Exª leu que determinado Senador do MDB almoçou com o Presidente e fizeram essa proposta. Não é o MDB.

O Sr. Leonel Pavan (PSDB - SC) - Senador, eu só queria perguntar para V. Exª se isso é verdadeiro.

O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - É bom esclarecer que determinado Senador almoçou com o Presidente e colocou-se no jornal essa notícia. Não é o MDB.

O Sr. Leonel Pavan (PSDB - SC) - Certo. Se não existem outros caminhos entre pessoas tentando azedar a candidatura ou melar a candidatura do nosso querido Rigotto.

O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - Acho, Sr. Presidente, que temos aqui uma candidata, a Senadora Heloísa. É uma pena que as Esquerdas não se unam em torno da Heloísa. Se os Partidos de Esquerda se unissem em torno da Senadora Heloísa seria uma grande candidatura. Aliás, vai ser uma grande candidatura de qualquer jeito. O PT que meça porque os votos da Senadora Heloísa podem fazer muita falta para o PT. A Senadora Heloísa tem o meu carinho e o meu afeto quase que filial, com o seu jeito tão carinhoso, tão meigo. O que tenho que dizer para as pessoas quando me olham: “mas ela é isso?” Ela é a criatura mais meiga que conheço. “Mas ela é tão brava na televisão...” É exatamente. Eu acho que se o PMDB tiver uma candidatura, o candidato do PMDB, se as Esquerdas tiverem um pouco de competência e fecharem com a Heloísa, vamos ter o PT com o seu candidato, o PSDB com o seu candidato, as Esquerdas verdadeiras com a sua candidata e o MDB com o seu candidato. Vai ser uma grande campanha. Vai ser uma campanha de alto nível. E não como estão querendo. Porque se ficarem o PT e o PSDB brigando nas candidaturas, aí eu que conheço a Senadora Heloísa acho que ela vai entrar para brigar junto. E aí o ambiente não vai ser o que nós desejamos.

Por isso, meus irmãos...

O Sr. Leonel Pavan (PSDB-SC) - Está convidando a Senadora Heloísa Helena para ser vice do Sr. Germano Rigotto?

O SR. PEDRO SIMON (PMDB-RS) - Ela poderia aceitar, mas a gente dela não aceita. A gente dela é brava. Se ela falar isso, ela estará queimada com o Partido dela. Mas seria uma boa vice para qualquer Partido. Aliás, ela é boa candidata a Presidente, quanto mais a vice-Presidente.

Por isso eu digo que o PMDB vive o seu momento. Não podem o Dr. Renan Calheiros, o Dr. José Sarney, o nosso Líder, não podem ir de encontro à realidade. As coisas acontecem. Não fomos nós; não foi o PMDB o responsável por CPIs, pelo que aconteceu, pelos rumos que a política tomou. Por isso eu digo que nós temos que apresentar ao Brasil um leque de opções. Está lá o Lula, que irá mostrar o que fez de bom - e fez muita coisa de bom. Vai tentar provar que não sabia das coisas erradas. Deus o ajude. Lá está o PSDB, que fez muita coisa boa, mas vai ter que provar muita coisa errada que o Fernando Henrique Cardoso fez. Vai estar a Senadora Heloísa Helena mostrando que o mundo inteiro está errado, mas que tem muita coisa boa dentro do mundo, embora não esteja na política. E uma candidatura do PMDB que representa a nossa história, a nossa biografia, os nossos anos a favor da luta pelo Brasil. Muitos erros? Muitos erros. Muitos equívocos? Muitos equívocos. O MDB deve isso ao Brasil. O MDB tem um compromisso com o Brasil de responder ao carinho que o povo brasileiro sempre teve com o MDB.

Deixo aqui o meu apelo dramático ao meu amigo Presidente José Sarney, ao meu amigo Presidente Renan e ao meu amigo Líder da Bancada, Senador Suassuna: deixem correr em paz a reunião de terça-feira, deixem o Partido decidir, confirmem a prévia no dia 19 e no dia 25 de abril, primeiro e segundo turno, porque assim haverá um pleito tranqüilo e um PMDB altivo. Fora disso, a luta vai continuar, porque nós do PMDB estamos dispostos a ir até a convenção. Se não deixarem sair a prévia, vamos à convenção e pode acontecer fato novo como o de pessoa importante se desincompatibilizar, renunciar a governo para ser candidato ainda que fora da hora.

Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 20/01/2006 - Página 1118