Pronunciamento de Demóstenes Torres em 25/01/2006
Discurso durante a 7ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal
Registro da posse do Engenheiro goiano Mauro Barbosa da Silva, na Presidência do DNIT. Protesto contra paralisação de obras rodoviárias e ferroviárias no Estado de Goiás.
- Autor
- Demóstenes Torres (PFL - Partido da Frente Liberal/GO)
- Nome completo: Demóstenes Lazaro Xavier Torres
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Discurso
- Resumo por assunto
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POLITICA DE TRANSPORTES.:
- Registro da posse do Engenheiro goiano Mauro Barbosa da Silva, na Presidência do DNIT. Protesto contra paralisação de obras rodoviárias e ferroviárias no Estado de Goiás.
- Publicação
- Publicação no DSF de 26/01/2006 - Página 1872
- Assunto
- Outros > POLITICA DE TRANSPORTES.
- Indexação
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- SAUDAÇÃO, POSSE, PRESIDENTE, DEPARTAMENTO NACIONAL DE INFRA-ESTRUTURA DOS TRANSPORTES (DNIT), EXPECTATIVA, ATUAÇÃO, RECUPERAÇÃO, RODOVIA, ESTADO DE GOIAS (GO), CONTINUAÇÃO, OBRAS, FERROVIA, REGIÃO NORTE.
- CRITICA, PRESIDENTE DA REPUBLICA, DISCRIMINAÇÃO, ESTADO DE GOIAS (GO), AUSENCIA, REPASSE, RECURSOS, DESCUMPRIMENTO, PROMESSA, PARALISAÇÃO, OBRAS, ALTERAÇÃO, TRECHO, FERROVIA, PREJUIZO, ESCOAMENTO, PRODUÇÃO.
O SR. DEMÓSTENES TORRES (PFL - GO. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs Senadores, o Governo empossou, no dia 18 de janeiro, o engenheiro civil Mauro Barbosa da Silva na Presidência do Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transporte, o Dnit. O Dr. Mauro é da minha terra, do Estado de Goiás, meu Goiás tão sofrido por causa das rodovias federais esburacadas e da paralisação da Ferrovia Norte-Sul. Tenho pelo Dr. Mauro Barbosa a maior consideração, assim como por aqueles que o indicaram.
Por amar tanto meu Estado e por gostar dessas pessoas, venho hoje, aqui da tribuna do Senado, pedir ao Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva: respeite o Estado de Goiás! Por suas atitudes e promessas não cumpridas, Vossa Excelência já demonstrou que odeia Goiás, mas pelo menos respeite o Estado!
Respeite o dinheiro que a União capta em Goiás todos os meses e não manda de volta! Respeite as cidades, já que Vossa Excelência tem verdadeiro pavor de prefeito, corta-lhes o Fundo de Participação dos Municípios, asfixia-os e coloca sua tropa de choque no Congresso e nos Ministérios para os empurrar com a barriga.
E, também, Senhor Presidente da República, já que Vossa Excelência não tem a menor consideração pelos opositores, ao menos respeite seus aliados em Goiás. O Dr. Mauro Barbosa não pode ficar feito rainha da Inglaterra, sem poder nem dinheiro, pilotando apenas poeira e buraqueira.
Até agora, o Senhor Presidente da República, no seu ódio mortal contra Goiás, tem dado a maior canseira nos próprios aliados. Ainda em campanha, o candidato Lula disse que faria o trecho goiano da Ferrovia Norte-Sul. O compromisso foi confirmado pelos governistas na posse de Juquinha das Neves na Valec, a companhia que seria responsável pela construção da ferrovia. Já se passaram mais de três anos e, até agora, o que se viu foi o exercício do ódio por Goiás. A Norte-Sul entrou na pauta de mil e uma conversações, mas o único dormente que se vê por ali é o Governo.
A Ferrovia Norte-Sul é uma aspiração do Brasil, um sonho que começou a ser realizado no governo do Presidente José Sarney. As administrações seguintes enrolaram, fizeram um pequeno trecho aqui e ali, mas sempre se esquecendo de que Goiás faz parte do mapa. Deveria ser o contrário.
Goiás ocupa lugar estratégico no País e é o ideal como corredor das exportações. Para o Brasil se destacar nas exportações, foi necessário Goiás vender para o exterior 1 bilhão e 400 milhões de dólares no ano passado e importar pouco mais de 600 milhões, ajudando o saldo da balança comercial. E por onde Goiás exporta? Pelas ferrovias que o Governo Federal não quer construir no Estado, pela rodovias em situação de lamúria.
O Governo do Presidente Lula deixou a Norte-Sul fora dos investimentos oficiais e a retirou até das PPPs, as parcerias público-privadas, porque a prática do ódio impede que qualquer recurso seja empregado em ferrovias no território goiano. É perseguição nítida, já que o Governo nem investe, nem deixa o particular investir na Ferrovia Norte-Sul.
Se Lula odeia Goiás, porque foi ali que ouviu a história do mensalão e não teve coragem de agir a tempo, antes de virar Comissão Parlamentar de Inquérito, é uma maldade do Presidente da República. O Estado, seu povo e suas necessidades nada têm a ver com essa história de mensalão, cuecão, gafanhoto, vampiro, Waldomiro e outras rimas pobres.
Por isso, reitero ao Senhor Presidente da República o meu pedido para que retire do seu coração o ódio pelo Estado de Goiás e coloque no seu orçamento recursos para que o Dr. Juquinha das Neves faça, de fato, o trecho goiano da Norte-Sul e o Dr. Mauro Barbosa mantenha transitáveis as BRs. Quem sabe, por um milagre, até sobre recurso para a duplicação da BR-153 entre Anápolis e Porangatu, porque só por uma bênção divina mesmo, já que até a duplicação entre Aparecida e Itumbiara o Governo paralisou diversas vezes e agora está tocando apenas um pequeno trecho.
Essa não é uma reivindicação apenas de Goiás; interessa ao Brasil todo, ao Sul e ao Sudeste porque seus produtos atravessam Goiás rumo ao norte do Estado e ao exterior. Grande parte dos caminhões, cujos motoristas sofrem na BR-153, vem de São Paulo, Minas Gerais, Santa Catarina, Paraná e Rio Grande do Sul. A duplicação da BR-153 seria ótima igualmente para os Estados do Norte, principalmente Amazonas e Pará.
Infelizmente, o Governo Federal tem passado raiva até na direção do Dnit, porque os recursos são insuficientes para o mínimo. Quando aparece algum dinheiro, resulta em escândalo, como nessa vergonhosa operação tapa-buraco sem licitação. Uma pequena parte da BR-153, próxima a Uruaçu, foi recuperada, mas as máquinas sumiram. A maior parte da rodovia está em condições de tráfego piores do que quando Bernardo Sayão a abriu, quase meio século atrás.
As rodovias federais que cortam o sudoeste goiano e o Alto Araguaia, próximas ao Mato Grosso, estão um buraco só. Se o Senhor Presidente da República descesse do AeroLula e andasse num RodoLula pela BR-158, teria ao menos piedade dos produtores. Mas o povo da região não precisa de piedade até porque o Governo é impiedoso na cobrança dos tributos. A região é uma das mais movimentadas do Brasil e bate sucessivos recordes de produção e produtividade agropecuária. Ou seja, ela sustenta a estabilidade econômica e põe no rosto da equipe de Lula aquele sorriso quando anuncia saldo positivo na balança comercial. Em troca, recebe buracos nas BRs.
O sudoeste e o sudeste goianos, que tanto produzem para o Brasil, ficaram sem o ramal da Ferronorte, vítimas de um erro colossal do Presidente Lula. A Ferronorte iria atravessar a região entre Alto Araguaia, no Mato Grosso, e Uberlândia, em Minas Gerais. Assim, seria feita a integração hidroferroviária do Porto de São Simão, em Goiás, ponto terminal da hidrovia Tietê-Paraná. Foi um equívoco tremendo, porque o transporte de cargas deveria ser direcionado ao Porto de Tubarão ou de Sepetiba, evitando o congestionamento em outros portos. Se o Presidente Lula quiser, ainda é possível reverter o erro.
Com a ferrovia Norte-Sul parada, a Ferronorte cortada e as BRs esburacadas, o novo presidente do Dnit vai ter muito o que fazer em Goiás, além da famigerada operação tapa-buraco, que, além de inútil, é suspeita. Se o Governo lhe der condições, ele conseguirá executar porque já demonstrou competência. Mauro Barbosa é servidor de carreira da Controladoria-Geral da União, foi Ministro interino de Esporte e Turismo no Governo do Presidente Fernando Henrique Cardoso. É considerado um técnico eficiente. Tendo dinheiro em caixa, vai cumprir as promessas de campanha de Lula.
O Presidente da República prometeu fazer a Norte-Sul em Goiás e construiu apenas um trecho, entre Anápolis e Ouro Verde, que é tão curto que dá para o Presidente ir a pé sem transpirar. Na Ferronorte, cometeu-se o erro que descrevi aqui. A duplicação da BR-153, entre Aparecida e Itumbiara, está a passos de tartaruga com dificuldade de locomoção, e entre Anápolis e Porangatu simplesmente acabou até a conversa, porque quem até agora não tinha dado conta nem de tapar buraco acha inviável duplicar.
Boa sorte ao Dr. Mauro Barbosa. Vamos torcer para que ele abra o coração do Presidente Lula e os cofres que há três anos estão lacrados pela incompetência, a ineficiência e a má vontade.
Muito obrigado.