Discurso durante a Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Resposta ao pronunciamento do Senador Aloizio Mercadante sobre o novo valor do salário mínimo.

Autor
Arthur Virgílio (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/AM)
Nome completo: Arthur Virgílio do Carmo Ribeiro Neto
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM. POLITICA SALARIAL.:
  • Resposta ao pronunciamento do Senador Aloizio Mercadante sobre o novo valor do salário mínimo.
Publicação
Publicação no DSF de 26/01/2006 - Página 1877
Assunto
Outros > HOMENAGEM. POLITICA SALARIAL.
Indexação
  • HOMENAGEM, ANIVERSARIO DE FUNDAÇÃO, MUNICIPIO, SÃO PAULO (SP), ESTADO DE SÃO PAULO (SP).
  • REITERAÇÃO, DEBATE, SALARIO MINIMO, ESPECIFICAÇÃO, MANIPULAÇÃO, OPINIÃO PUBLICA, CAMPANHA ELEITORAL, PRESIDENTE DA REPUBLICA, PROMESSA, AMPLIAÇÃO, VALOR, IMPOSSIBILIDADE, CUMPRIMENTO, COMPARAÇÃO, IDONEIDADE, JOSE SERRA, CANDIDATO, REGISTRO, DADOS.

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM. Para contraditar. Sem revisão do orador.) - Associo-me, e assim o faz toda a Bancada, aos Senadores de São Paulo, Aloizio Mercadante, Eduardo Suplicy e Romeu Tuma, pelo aniversário da Cidade.

A Bancada do PSDB inteira está encaminhando à Mesa um voto de aplauso a São Paulo e pedindo a inserção, nos Anais da Casa, de artigo do Prefeito de São Paulo, José Serra, sobre o aniversário da cidade que dirige.

Mas volto à questão do salário mínimo. Em primeiro lugar, Sr. Presidente, de maneira bem tópica, eu não afirmo que o Governo pudesse ter ido mais além, não digo isso! Refiro-me e reporto-me ao fato de que o Presidente Lula, para ganhar votos, prometeu o que não podia cumprir: que iria dobrar, ao longo de quatro anos, o valor real de compra do salário mínimo. Isso ele não fez! Como resultado, o que ele conseguiu fazer foi mais ou menos o que Serra prometera fazer. Serra perdeu votos porque falou a verdade, e Lula ganhou votos porque faltou com o sentido da veracidade. Esse é o ponto essencial.

Dou alguns dados: Lula assumiu, em janeiro de 2003, com o salário mínimo de R$ 200,00 e o passou, ao final do seu Governo, para R$ 350,00. Quando ele se despedir do Aerolula, em 31 de dezembro deste ano, esse salário estará em R$ 350,00, se for esse o finalmente aprovado. Não conseguiu dobrar o valor, nem nominalmente. Ganhou votos prometendo algo que corresponderia a R$ 560,00.

Então, qual foi a diferença entre Serra e Lula àquela altura? Serra não queria quebrar a Previdência, não queria ser leviano com pequenos municípios, não queria ser, de jeito algum, leviano em relação a empresas que iriam para a informalidade se ele prometesse um salário mínimo maior.

            O Presidente Lula não estava nem aí, ele queria votos. Então, ele disse: vou dobrar o valor real de compra do salário mínimo. E o Serra disse: não, eu não vou dobrar o salário mínimo no seu valor real.

O que ganhou a eleição foi o da generosidade falsa. O que perdeu a eleição àquela altura foi o da sinceridade absoluta. Essa é a diferença que tem que ser posta.

Finalmente, quero aqui chamar a atenção para essa agonia marqueteira, mercadológica. O Presidente Lula sofre uma derrota, porque não conseguiu cumprir a sua palavra, e alardeia uma vitória.

Não estou dizendo que pudesse ir além, não estou dizendo que eu vá votar um tostão a mais do que isso. Estou dizendo apenas que um ganhou a eleição porque foi leviano e o outro perdeu a eleição porque foi sincero. Essa é a verdade que tem de ser proclamada para o País. O mais é propaganda, e nós não podemos viver de propaganda nem governar à base de propaganda.

Se o Presidente Lula tivesse dito que iria dar um salário mínimo parecido com o do Serra, por que votar nele, inexperiente como era, menos preparado como é? Mas ele tinha de prometer algo mais: prometeu mundos e fundos para servidores civis e militares; prometeu mundos e fundos no salário mínimo; prometeu mundos e fundos para as classes médias, no tocante ao Imposto de Renda da Pessoa Física; e não cumpriu nenhuma das suas promessas. Prometeu solenemente dez milhões de novos empregos e, vivendo um momento virtuoso da economia internacional, não cumpriu sua meta. Se tivesse dito algo diferente, teria tido menos votos; se tivesse dito algo menor, menos grandiloqüente, teria tido menos apoiamento do eleitorado. No entanto, ele resolveu exagerar, resolveu prometer felicidade geral, absoluta e irrestrita para todo mundo e ganhou as eleições. E o povo brasileiro hoje tem todo o direito de se declarar desiludido, frustrado, irritado, zangado, bastante enfadado com todos esses gestos de leviandade. Na eleição, mostra-se um candidato super-homem, depois, no Governo, mostra-se um Presidente limitado, incapaz sequer de gerenciar, com controle absoluto, a máquina administrativa.

Foi por isso, entre outras razões, que explodiu todo esse escândalo de corrupção que aí está. A máquina foi usurpada por um Partido e usurpada por Partidos aliados; a máquina foi posta a serviço de interesses privados, partidários e deixou de servir ao País. Por tudo isso, é um Governo que se proclama eficaz, mas é medíocre; é um Governo que não cumpre as suas promessas e que vive de propaganda, da qual percebo o povo brasileiro cada dia mais farto, cada dia mais cansado, cada dia mais enfadado, cada dia mais fatigado.

Era o que eu tinha a dizer, Sr. Presidente.

 

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DOCUMENTO A QUE SE REFERE O SR. SENADOR ARTHUR VIRGÍLIO EM SEU PRONUNCIAMENTO.

(Inserido nos termos do art. 210, inciso I e § 2º, do Regimento Interno.)

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Matéria referida:

“Paulicéia 452” - José Serra.

 


Este texto não substitui o publicado no DSF de 26/01/2006 - Página 1877