Discurso durante a Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Comentários ao pronunciamento do Senador Aloizio Mercadante sobre o novo valor do salário mínimo.

Autor
Arthur Virgílio (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/AM)
Nome completo: Arthur Virgílio do Carmo Ribeiro Neto
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
EXPLICAÇÃO PESSOAL. POLITICA SALARIAL.:
  • Comentários ao pronunciamento do Senador Aloizio Mercadante sobre o novo valor do salário mínimo.
Publicação
Publicação no DSF de 26/01/2006 - Página 1880
Assunto
Outros > EXPLICAÇÃO PESSOAL. POLITICA SALARIAL.
Indexação
  • REITERAÇÃO, DEBATE, SALARIO MINIMO, PROMESSA, CAMPANHA ELEITORAL, PRESIDENTE DA REPUBLICA, CRITICA, LIDER, GOVERNO, TENTATIVA, JUSTIFICAÇÃO, VALOR, REAJUSTE, CONTESTAÇÃO, DADOS.
  • SOLICITAÇÃO, TRANSCRIÇÃO, ANAIS DO SENADO, EDITORIAL, JORNAL, ESTADO DE S.PAULO, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), JORNAL DO BRASIL, ESTADO DO RIO DE JANEIRO (RJ), COMENTARIO, DEPOIMENTO, COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), BINGO, DOCUMENTO, DESVIO, RECURSOS, COMBATE, POBREZA, PROVA, AUDITOR, RECEITA FEDERAL, FRAUDE, CONTABILIDADE, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT), DECLARAÇÃO, DIRIGENTE, REPRESENTAÇÃO PARTIDARIA.

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM. Para uma explicação pessoal. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, como diz muito bem o Senador Heráclito Fortes, agora o Governo inventou outra forma de alimentação: a sopa de cimento.

O fato é que fui bem claro nas duas intervenções anteriores. Não estou dizendo que se pudesse ter ido muito mais além, mas estou frisando e refrisando que o Presidente Lula ganhou votos de maneira leviana, porque prometeu dobrar o valor real de compra do salário mínimo, e não o fez; prometeu dez milhões de empregos, e não cumpriu; prometeu mundos e fundos para o servidor público civil e militar, e não honrou. Foi basicamente isso.

Com relação ao salário mínimo, ele está terminando o seu mandato com mais ou menos o que José Serra prometera oferecer ao trabalhador ao longo dos seus quatro anos de Governo, se eleito tivesse sido. Venceu a eleição quem? Aquele que faltou com a verdade. Perdeu a eleição quem? Aquele que foi sincero e expôs com responsabilidade um projeto exeqüível de salário mínimo para o povo.

Do mesmo modo, o Senador teve o cuidado de acabar com essa história da relação do salário mínimo com o dólar, porque o jogo cambial pode jogar o salário mínimo, em relação ao dólar, para cima ou para baixo, o que seria um argumento muito pobre para levarmos em conta. Mas ele saiu com outros argumentos.

Estou, portanto, dizendo, de maneira muito tranqüila, primeiro, que não é verdadeiro que centrais sindicais sejam sempre de oposição. Cito, por exemplo, a CUT. A CUT, no Governo passado, urrava como um leão; hoje, ela mia como um gatinho angorá. Essa é a verdade. A CUT hoje é um gatinho angorá. Não é o leão, não é a onça, não é o tigre, não é a pantera que parecia; é um gatinho angorá. E não é a primeira central sindical que, diante de governos, porta-se como gatinho angorá. Esse é o fato.

Não é, portanto, uma condição sine qua de uma central sindical ser ela de oposição. Volto a dizer: não estou dizendo que se tenha que mexer nesse valor do salário mínimo; estou dizendo que alguns reparos têm que ser feitos. Era de 1,43 a capacidade de comprar cestas básicas e passou para 1,92, algo assim. Então, aí não houve sequer duplicação. Não houve duplicação sequer do valor nominal.

Estou, portanto, dirigindo-me muito fortemente ao povo brasileiro, para que o povo brasileiro preste atenção e, na hora de fazer as suas opções eleitorais, meça bem, pense bem, porque é muito fácil fazer promessas mirabolantes e depois dizer que não deu; é muito fácil prometer mundos e fundos e depois não cumprir; é muito fácil ser grandiloqüente na hora do jogo eleitoreiro e ser medíocre na hora da realização.

            Eu tenho muito orgulho do candidato que perdeu a eleição em 2002. Perdeu a eleição falando a verdade. O outro ganhou a eleição faltando, inclusive, com seu compromisso mais fundamental. Se eu tivesse que dizer com que o Presidente Lula faltou mais, eu não diria, Sr. Presidente, que foi sequer com o salário mínimo - falhou também aí -, não diria que foi sequer com o desemprego, com a questão dos dez milhões de empregos - falhou também aí -, ou que foi sequer com a questão do Imposto de Renda da Pessoa Física - falhou também aí; mas prometeu ética, e falhou aí sobremaneira.

Por isso, Sr. Presidente, encerro pedindo que se insiram nos Anais da Casa o editorial de O Estado de S.Paulo sob o título “Nitroglicerina pura”, referindo-se ao depoimento recente do ex-petista Paulo de Tarso Venceslau à CPI dos Bingos; um outro documento que mostra que o dinheiro de combate à pobreza tem sido desviado para despesas indevidas - essa é uma forma de traição outra vez; um outro documento que mostra que auditores da Receita detectam fraude na escrituração contábil do Partido dos Trabalhadores; por fim, que se insira nos Anais declaração, para mim relevante, do ex-dirigente do PT César Benjamin, publicada recentemente, no dia 8 deste mês, no Jornal do Brasil. Com isso, quero dizer que falhou no salário mínimo, falhou no Imposto de Renda da Pessoa Física, falhou no emprego e falhou na ética.

Portanto, esses quatro documentos passam a fazer parte, pela determinação do Sr. Presidente da Casa, dos Anais do Senado Federal.

            Era o que eu tinha a dizer por hora, Sr. Presidente.

 

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DOCUMENTOS A QUE SE REFERE O SR. SENADOR ARTHUR VIRGÍLIO EM SEU PRONUNCIAMENTO.

(Inseridos nos termos do art. 210, inciso I e § 2º, do Regimento Interno.)

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Matérias referidas:

Pronunciamentos do Senador Arthur Virgílio e artigos

 


Este texto não substitui o publicado no DSF de 26/01/2006 - Página 1880