Discurso durante a 10ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Proposta de criação da Biobrás. Considerações sobre o depoimento do Ministro Palocci na CPI dos Bingos. Apelo para que o Governo libere recursos para o combate à dengue.

Autor
Alberto Silva (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/PI)
Nome completo: Alberto Tavares Silva
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA ENERGETICA. SAUDE.:
  • Proposta de criação da Biobrás. Considerações sobre o depoimento do Ministro Palocci na CPI dos Bingos. Apelo para que o Governo libere recursos para o combate à dengue.
Aparteantes
Mão Santa.
Publicação
Publicação no DSF de 31/01/2006 - Página 2486
Assunto
Outros > POLITICA ENERGETICA. SAUDE.
Indexação
  • ANALISE, POSSIBILIDADE, CRIAÇÃO, EMPRESA ESTATAL, AREA, Biodiesel, REGISTRO, EXPERIENCIA, ESTADO DO PIAUI (PI), ORGANIZAÇÃO, EMPRESA RURAL.
  • CRITICA, FABRICA, Biodiesel, INFERIORIDADE, PREÇO, PAGAMENTO, MAMONA, AGRICULTOR.
  • GRAVIDADE, ATUAÇÃO, MINISTRO DE ESTADO, MINISTERIO DA FAZENDA (MF), RETIRADA, RECURSOS ORÇAMENTARIOS, SAUDE PUBLICA, RISCOS, EPIDEMIA, DOENÇA TRANSMISSIVEL, NECESSIDADE, COMBATE, AEDES AEGYPTI, SOLICITAÇÃO, PROVIDENCIA, GOVERNO FEDERAL, SUGESTÃO, UTILIZAÇÃO, AERONAVE.

O SR. ALBERTO SILVA (PMDB - PI. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, tenho estado nesta tribuna, algumas vezes, tratando do assunto das estradas - que, de alguma forma, com tapa-buracos ou não, está andando - e do biodiesel, no qual há um erro fundamental, mas o Presidente está interessado realmente em criar uma empresa. Estamos estudando para mandar uma espécie de sugestão para que o Presidente crie a Biobrás, a exemplo da Petrobras, o que, naturalmente, marcará o Governo dele. Getúlio Vargas criou a Petrobrás, o regime militar criou o Proálcool, que é hoje uma potência; falta arrumar a questão do biodiesel.

Estamos fazendo algumas experiências no Piauí, que esperamos, em breve, mostrar como exemplo a ser seguido com relação à organização da sociedade rural.

Há um exemplo típico do que está errado: no Piauí, o Presidente me convidou e eu fui para juntos inaugurarmos uma fábrica de biodiesel, que compraria mamona de quem plantasse para fazer biodiesel; uma fábrica de um volume de noventa mil litros/dia. Isso é algo quase incompatível com a realidade não só do Piauí como do Nordeste. Resultado: criou-se aquela empresa e mandou-se que os lavradores plantassem mamona. Eles plantaram. Porém, quando chegaram à fábrica, eles ofereceram R$0,65 por quilo. Ora, se o lavrador colher uma tonelada em um hectare, a roça dele renderá R$650,00. No nosso projeto, essa tonelada rende 500 litros de óleo. Esse óleo é transformado em biodiesel, que é vendido a R$2,50 - não há acordo com a ANP, porque basta misturar 2% lá na frente e o preço da bomba não altera nada, pois R$0,02 não valem nada - e o lavrador ganhará na mamona R$1.250,00, ao invés dos R$650,00, como estava lá.

Depois, como é que os lavradores vão viver plantando mamona? Eles nunca mais vão largar o milho, a mandioca e o feijão. Então, fica tudo como está. O que está errado é a concepção. Por isso, proponho que se faça a Biobrás.

Hoje, vem-me à mente tratar de duas matérias que li, não sei se no O Estado de S. Paulo. Segundo alguns jornais, o Ministro Palocci, que esteve como convidado naquela CPI, saiu-se muito bem. Todos disseram que ele foi muito bem, inclusive o próprio Presidente. Mas o jornal disse que ele cometeu um erro médico ao tirar o dinheiro da saúde. O Senador Mão Santa, que é médico, vai entender o que ele disse. O jornal chamou de erro médico tirar o dinheiro da saúde para pagar ao FMI.

Falou-se em dengue. Há dengue ceifando vidas em Jacarepaguá. Outro dia, o Senador Amir Lando falou da dengue em seu Estado. Atualmente, estamos vendo casos de dengue no Rio de Janeiro e em outros lugares. Dengue é coisa séria. Aquele mosquitinho desafiou Oswaldo Cruz no início do século, mas foi vencido.

Portanto, acredito que está na hora de eu dizer ao Presidente Lula para chamar o seu Ministro que os jornais dizem ter cometido um erro médico e dizer a ele que, já que pagou ao FMI, reserve um bilhão do que não se precisa pagar mais para retomarmos aquele exército que, no tempo em que éramos meninos, era chamado de mata-mosquitos. Agora, porém, não vamos chamar esses homens de mata-mosquitos. Poderíamos usar essas expressões novas. Já falei isto aqui uma vez e vou repetir: quando os meus netos falam nos heróis da televisão, eles se referem aos rangers. Então, eu diria que são os rangers para matar os mosquitos. E não é difícil. Nesse exército, há aproximadamente cem mil rangers matadores de mosquito para cuidar dos mosquitos que estão dentro das casas.

Para os mosquitos que estão no quintal, vamos usar avião, vamos avançar com a tecnologia. Se, na agricultura, para matar as pragas, usa-se o avião, então, para matar os mosquitos, pode-se também usar o avião. Pedi a colaboração de uma grande empresa. Perguntei se, já que há mais de dois mil aviões no Brasil fazendo o combate às pragas, perguntei se não poderiam matar os mosquitos. Eles responderam que sim, que era a mesma coisa.

Eles têm tecnologia para isso. Trouxeram um filme e mostraram-me, mas disseram que era preciso autorização do Ministro da Saúde. Falei com o antigo Ministro da Saúde, que me mandou um relatório que deu pena. Eu vou lhe dizer: o Ministro Humberto Costa, da Saúde, nesse particular do avião, me deu pena. Faltava conhecimento a ele e aos seus técnicos. Nos Estados Unidos, em Nova Iorque, em Los Angeles, em San Francisco há um helicóptero no ar esperando para matar os mosquitos, porque eles não querem que aqueles que visitam os Estados Unidos sejam picados por mosquitos, o que já começou a acontecer no Rio de Janeiro e aqui em Brasília.

Então, o Ministro Palocci tem o dever, se não quiser ser responsabilizado por erro médico, por ter tirado dinheiro da saúde, de destinar R$1 bilhão para combater esse mosquitinho safado que está querendo vencer a Nação. Não vamos nos conformar com isso.

Os rangers mata-mosquitos são um exército. Não se pode combatê-los apenas pela televisão, com aquela história de derramar a água das garrafas e dos pneus. Quando amanhece, o desempregado quer saber é onde vai buscar o pão da família. Ele não vai derramar água de pneu ou de garrafa coisa nenhuma. Isso quem vai fazer é o ranger mata-mosquito.

Agora, o mosquito está no quintal da casa com água limpa também, e o nosso companheiro Mão Santa sabe disso. Teresina tem quantos cercados, quantos murados? Inúmeros. Quando cai uma chuva lá, a água é limpa. O mosquito da dengue está lá também, não está só dentro de casa. E isso aí é assunto para o avião.

Agora temos um Ministro, com quem já conversei, que concorda. Vamos fazer um teste, Senador Mão Santa. Vamos fazer um teste na nossa cidade de Parnaíba, que tem muito mosquito, assim como Teresina. Se provarmos, como tenho certeza que vamos provar, que o avião mata o mosquito - e essa dengue vai sair do Piauí, se Deus quiser -, vamos bater nele de frente com o nosso Ministro Saraiva, que vai concordar, seguramente, e vai nos arranjar o dinheiro na Funasa para fazermos esse combate necessário.

Chamo a atenção para isso porque acho inaceitável. Dengue mata! E agora há uma forma hemorrágica. Houve uma mutação do micróbio. Acho que está na hora de encararmos isso de frente.

No Brasil, houve dois grandes serviços: Serviço Nacional da Malária e Serviço Nacional da Febre Amarela. A malária está voltando. Então, temos o Serviço Nacional da Malária, Serviço Nacional do Dengue e Serviço Nacional, diria também, da Aids, essa praga que está tomando conta deste País.

Então, eu queria aproveitar este final para chamar a atenção do Governo. Já fez muita coisa, sim, e compreendemos. O Bolsa-Família é uma realidade. São oito milhões de pessoas que recebem o Bolsa-Família. Mas não vamos deixar que essa pessoa que recebe o Bolsa-Família, se for mordida pelo mosquito da dengue, se for uma pessoa idosa, corra o risco de morrer. Não vamos aceitar, de nenhuma maneira, que um mosquitinho que Oswaldo Cruz derrotou...

O Sr. Mão Santa (PMDB - PI) - Senador Alberto Silva...

O SR. ALBERTO SILVA (PMDB - PI) - Com todo prazer, Senador Mão Santa.

O Sr. Mão Santa (PMDB - PI) - Olha, eu queria dar o testemunho da inteligência de V. Exª. Todos sabemos que V. Exª afirma ser um engenheiro político. Quero lhe dizer que uma das obras de saúde do Piauí foi V. Exª quem fez. O serviço de água de Teresina é de V. Exª.

O SR. ALBERTO SILVA (PMDB - PI) - V. Exª fez o serviço de saneamento.

O Sr. Mão Santa (PMDB - PI) - Entrando na profundidade, o hospital de doença infecto-contagiosa foi um avanço extraordinário. Quero dar um testemunho. Andei no nosso médio Parnaíba e ainda na região de Canto do Buriti. Encontrei um grande líder, o Deputado Xavier Neto, que disse que não há quem faça no mundo ele deixar de votar em Alberto Silva. O mais interessante aconteceu em Canto do Buriti. Depois das reuniões, estávamos numa churrascaria e um empresário, desapontado com o desânimo que reina no Piauí e no Brasil, disse: Olha, Senador Mão Santa, só acredito neste País se ele tiver um Presidente arrojado, dinâmico e empreendedor como o Alberto Silva.

            O SR. ALBERTO SILVA (PMDB - PI) - Muito obrigado, Senador Mão Santa. Sei que V. Exª anda pelo interior do Estado e tem essa liderança que ninguém desconhece. Realmente, Implantei, realmente, um serviço de abastecimento de água para a capital que pode funcionar até o ano 2020. Logo em seguida veio V. Exª e fez o saneamento. Então, completamos o serviço de saúde pública de Teresina. Como disse V. Exª, há o Hospital de Doenças Contagiosas, o serviço de água, o serviço de saneamento. É, portanto, evidente que a capital, no que diz respeito à saúde pública, está bem. Agora, é necessário manter os hospitais funcionando, e eles reclamam que o Ministro da Saúde retirou dinheiro da área - segundo o jornal, não estou afirmando. O jornal diz: “...tirou o dinheiro da saúde para pagar o FMI”. Se assim for, que se devolva o dinheiro para os hospitais brasileiros, principalmente para o combate a essa praga que está querendo vencer a Nação. Não vamos nos conformar com isso.

Era o que podia levantar nesta tarde. Agradeço o aparte de V. Exª, Senador Mão Santa.

Muito obrigado.

 


Este texto não substitui o publicado no DSF de 31/01/2006 - Página 2486