Discurso durante a 12ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Comentários sobre a questão da liminar concedida pelo Ministro Nelson Jobim, relativa à quebra do sigilo bancário do Sr. Paulo Okamotto, presidente do Sebrae. (como Líder)

Autor
José Agripino (PFL - Partido da Frente Liberal/RN)
Nome completo: José Agripino Maia
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), BINGO.:
  • Comentários sobre a questão da liminar concedida pelo Ministro Nelson Jobim, relativa à quebra do sigilo bancário do Sr. Paulo Okamotto, presidente do Sebrae. (como Líder)
Aparteantes
Antonio Carlos Magalhães, Eduardo Suplicy, Jefferson Peres.
Publicação
Publicação no DSF de 02/02/2006 - Página 2710
Assunto
Outros > COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), BINGO.
Indexação
  • COMENTARIO, IMPORTANCIA, SOLICITAÇÃO, COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), BINGO, QUEBRA, SIGILO BANCARIO, PRESIDENTE, SERVIÇO BRASILEIRO DE APOIO AS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS (SEBRAE), OBJETIVO, CONHECIMENTO, ORIGEM, DINHEIRO, PAGAMENTO, EMPRESTIMO, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT), PRESIDENTE DA REPUBLICA.
  • ANUNCIO, AUDIENCIA, PRESIDENTE, RELATOR, COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), BINGO, QUESTIONAMENTO, LIMINAR, SUSPENSÃO, QUEBRA, SIGILO BANCARIO, ACUSADO.

            O SR. JOSÉ AGRIPINO (PFL - RN. Como Líder. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, serei muito breve. Quero fazer um comentário que envolve a posição do meu Partido, que envolve o Presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito dos Bingos. Penso que é preciso que o Partido se posicione em relação a isso.

            Quando eu saí, há pouco, para dar entrevista, perguntaram-me muito sobre declarações de S. Exª o Presidente do Supremo, sobre declarações do Presidente da Câmara dos Deputados, sobre declarações do Presidente da República, colocando o conflito entre eles e me perguntando se eu achava que estava havendo desarmonia entre os Poderes. Dei a minha opinião, e a pergunta inevitável veio em seguida, sobre a questão da liminar concedida pelo Ministro Nelson Jobim relativa à quebra do sigilo bancário, fiscal e telefônico do Sr. Paulo Okamotto, petista, amigo fraterno do Presidente da República e que disse ter pago contas pessoais de Sua Excelência.

            Ora, o Sr. Paulo Okamotto disse isso na Comissão. Disse e repetiu. Respondendo a perguntas minhas, Senador Suplicy, disse que havia pago realmente em dinheiro, em São Paulo, e que tirou parte do dinheiro em São Paulo e parte em Brasília.

            Quem paga contas com a carteira de identidade de outro - no caso, a identidade do Presidente Lula - e não paga com cheque ou com documento que comprove a origem do dinheiro, no mínimo, tem explicações a dar, explicações que S. Sª nunca deu.

            Muito bem, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores. O que se discute hoje é a concessão da liminar pelo Presidente do Supremo Tribunal Federal, suspendendo a quebra do sigilo bancário, que é uma peça fundamental. O que a CPI deseja não é perseguir ninguém; o que deseja é esclarecer fatos que estarrecem a opinião pública do Brasil, Senador Jefferson Péres. O brasileiro comum está dizendo: “Bom, o PT está emprestando dinheiro ao Presidente, mas partido político não pode emprestar dinheiro a ninguém, muito menos ao Presidente da República, que é filiado ao PT”.

            Chega alguém e diz que pagou as contas do Presidente, e o Presidente diz que não devia. Lula disse que não devia. Paulo Okamotto disse que pagou as contas do Presidente, com a identidade dele, pagou em dinheiro, sacando parte do dinheiro em Brasília, parte em São Paulo. O que estamos querendo descobrir? De onde veio o dinheiro do pagamento, Senador Antonio Carlos! De onde veio o dinheiro do pagamento! Daí a quebra do sigilo.

            O Presidente Nelson Jobim deve ter tido razões para conceder a liminar. O Presidente Efraim, acompanhado do Relator - estou informado -, pretende pedir uma audiência ao Ministro Jobim, não para desafiar S. Exª. O que nós esperamos do Poder Judiciário é colaboração. O objetivo da CPI é investigar para chegar a conclusões que a sociedade exige de nós. O que queremos do Poder Judiciário? Colaboração! Que facilite nossa vida, que nos ajude. Na medida em que a liminar coloca o impeditivo definitivo numa peça que é importantíssima para se chegar a conclusões, é claro que temos que estrebuchar.

            O Presidente e o Relator vão lá não para desafiar o Presidente do Supremo; vão perguntar a S. Exª onde é que o requerimento errou, onde é que ele tem que ser reparado, para que se possa fazer um novo requerimento à imagem e semelhança do que se pretenda legal, para que o objetivo, que tem que ser de todos, possa ser atendido ou atingido, que é chegar à origem do dinheiro que pagou as contas de Lula, Presidente da República.

            O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - V. Exª me permite um aparte, Senador?

            O Sr. Jefferson Péres (PDT - AM) - V. Exª me permite um aparte também?

            O SR. JOSÉ AGRIPINO (PFL - RN) - O Senador Jefferson Péres tem a prioridade, pois já havia pedido, e, em seguida, o Senador Suplicy, com o maior prazer.

            O Sr. Jefferson Péres (PDT - AM) - Senador José Agripino, o Sr. Okamotto contou uma história que nem criança acredita. Ele sacou dinheiro vivo daqui e mandou para São Paulo. Não sei por quê. Não em cheque, ordem de pagamento.

            O SR. JOSÉ AGRIPINO (PFL - RN) - Ele levou. A pergunta foi minha.

            O Sr. Jefferson Péres (PDT - AM) - Levou para São Paulo dinheiro vivo, para pagar a dívida do Presidente Lula com o PT.

            O SR. JOSÉ AGRIPINO (PFL - RN) - Eu quero saber de onde ele sacou esse dinheiro.

            O Sr. Jefferson Péres (PDT - AM) - Todo o Brasil, creio eu.

            O SR. JOSÉ AGRIPINO (PFL - RN) - O Brasil todo.

            O Sr. Jefferson Péres (PDT - AM) - E o Ministro Nelson Jobim quer impedir que o Senado Federal apure isso em uma Comissão Parlamentar de Inquérito. O Ministro Nelson Jobim realmente está passando dos limites. Aliás, passou dos limites há muito tempo. Parabéns pelo seu pronunciamento.

            O SR. JOSÉ AGRIPINO (PFL - RN) - O Presidente Efraim é um sujeito de atitudes firmes, mas de boa cabeça. Tenho certeza absoluta de que vai lá, com muito bons modos, perguntar ao Ministro Jobim o que é preciso fazer para embasar o requerimento de quebra de sigilo bancário desse cidadão, para que o Brasil saiba de onde veio esse dinheiro. A pergunta que ele vai fazer é essa, porque a ilação de jogo do bicho com Paulo Okamotto, com Roberto Teixeira, com o cidadão que vai depor ainda e com quem se supõem íntimas ligações, é claríssima. Então, o que estamos fazendo não é a disputa entre Poderes, é a disputa pelo direito de chegar às conclusões que o Brasil quer. E disso nós não vamos abrir mão.

            Senador Eduardo Suplicy, ouço V. Exª com muito prazer.

            O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - Senador José Agripino, em primeiro lugar, conforme a Senadora Ideli Salvatti há pouco destacou, quando o Supremo Tribunal Federal - e o próprio Ministro Nelson Jobim - decidiu que deveria se assegurar o direito de pelo menos um terço de Senadores ou de Deputados constituírem uma CPI, isso foi saudado por V. Exª e por muitos. Registro esse fato para que consideremos que o Ministro Nelson Jobim tem isenção do ponto de vista da história das suas decisões. Porque houve momentos aqui em que a sua decisão não foi, digamos, aquela que mais pudesse agradar o governo. Falo isso só para registrar um ponto importante. As considerações de V. Exª estão levando em conta o seu respeito pelo Presidente do Supremo Tribunal Federal. É perfeitamente válido que o Presidente da CPI dos Bingos, Senador Efraim Morais, acompanhado do Relator, Senador Garibaldi Alves Filho, faça uma visita ao Ministro e dialogue com S. Exª. Eu me lembro - eu estava presente - de quando V. Exª perguntou ao Sr. Paulo Okamotto, Presidente do Sebrae hoje, a respeito daquele pagamento que ele tomou a iniciativa de, conforme disse com muita sinceridade, realizar para cobrir uma dívida do Presidente Lula.

            O SR. JOSÉ AGRIPINO (PFL - RN) - Levando a carteira de Luiz Inácio Lula da Silva, como se ele tivesse pagando.

            O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - Então, o que quero ressaltar é que percebi, naquele dia, que o Sr. Paulo Okamotto falou as coisas como elas aconteceram, com espontaneidade e tudo. Portanto, V. Exª, o Senado, teve a oportunidade de perguntar a ele, e ele esclarecer. É possível que surjam ainda algumas dúvidas. Se há alguma dúvida ou alguma questão que, naquele dia, V. Exª gostaria de ter inteiramente esclarecida e que não o foi, quem sabe possam V. Exª e os demais Senadores que tenham dúvidas colocá-las. Certamente, o próprio Presidente da CPI pode encaminhá-las ao Sr. Paulo Okamotto para que ele, então, esclareça-as com maior profundidade. Oportunidade houve. Lembro que se consideraram praticamente respondidas as perguntas feitas naquele dia. Os Senadores tiveram a oportunidade de perguntar. Eu mesmo fui um dos que fizeram perguntas ao Sr. Paulo Okamotto. Aliás, naquele dia, dei meu testemunho sobre o conhecimento que tenho da pessoa dele. Não vi nenhum procedimento que fosse inadequado. Faço essa consideração como um possível caminho que...

            O SR. PRESIDENTE (João Alberto Souza. PMDB - MA) - Senador Eduardo Suplicy, o tempo do orador já se encerrou.

(O Sr. Presidente faz soar a campainha.)

            O SR. JOSÉ AGRIPINO (PFL - RN) - Senador Eduardo Suplicy, o Sr. Paulo Okamotto deixou várias perguntas sem resposta, inclusive minhas. Ele ficou estatelado em alguns momentos, sem responder as perguntas. A grande pergunta que foi feita ou que está para ser feita e que está para ser respondida é: de onde veio o danado do dinheiro que pagou os R$29,4 mil reais que foram parar no bolso de Lula e que foram pagos pelo Sr. Paulo Okamotto? Por que ele pagou em dinheiro? Eu e o Brasil todo temos o direito de supor. Se ele não quer entregar seu sigilo bancário é porque teme. Se recorreu ao Supremo, é porque teme. Teme o quê? Posso supor que o dinheiro com que ele pagou as contas de Lula veio do “valerioduto”. Abrindo-se o sigilo bancário dele, ele dará a resposta definitiva a esse assunto: sim ou não. É só isto que eu quero: o direito de chegar a conclusões cirurgicamente precisas.

(O Sr. Presidente faz soar a campainha.)

            O SR. ANTONIO CARLOS MAGALHÃES (PFL - BA) - Sr. Presidente, serei breve. Acho apenas que o PT deveria solicitar ao Okamotto que desse seu sigilo bancário. Se não há nada de mais... Se quiserem o meu, eu dou. Então, que dê seu sigilo bancário. O Senador Pedro Simon tem uma procuração minha e de minha mulher para ver qualquer conta bancária minha, dada aos gerentes dos bancos onde nós temos qualquer recurso. Por que o PT não diz: “kamotto vai atender aos reclamos da CPI e vai mostrar todo o seu sigilo bancário?

            O SR. JOSÉ AGRIPINO MAIS (PFL - RN) - Teminaria herói nacional, Senador Antonio Carlos Magalhães. Ao invés disso, ele está se transformando num vilão, de quem nós queremos conhecer as contas bancárias.

            Obrigado, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 02/02/2006 - Página 2710