Fala da Presidência durante a Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Homenagem ao Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto.

Autor
Romeu Tuma (PFL - Partido da Frente Liberal/SP)
Nome completo: Romeu Tuma
Casa
Senado Federal
Tipo
Fala da Presidência
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Homenagem ao Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto.
Publicação
Publicação no DSF de 28/01/2006 - Página 2369
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • REGISTRO, DIA INTERNACIONAL, HOMENAGEM, VITIMA, GENOCIDIO, PERIODO, GOVERNO, NAZISMO, PAIS ESTRANGEIRO, ALEMANHA.
  • COMENTARIO, EXISTENCIA, DOCUMENTO, MEDICO, PAIS ESTRANGEIRO, ALEMANHA, DEFESA, IMPORTANCIA, ESTUDO.

O SR. PRESIDENTE (Romeu Tuma. PFL - SP) - Sob a proteção de Deus, iniciamos nossos trabalhos.

Declaro aberta a Sessão Especial do Senado Federal que se destina a lembrar o dia Internacional em memória das vítimas do Holocausto, de acordo com o Requerimento nº 48, de 2006, do Sr. Senador Luiz Otávio e outros Srs. Senadores.

Hoje, provavelmente, é um dia de tristeza para a memória, que volta a algumas décadas nas quais infelizmente o Nazismo trouxe atrocidade ao povo judeu.

Quando na chefia da Polícia Federal, em São Paulo, Senadora Serys Slhessarenko que nos honra com sua presença, tive a oportunidade de conhecer alguns dos tipos de experiência praticada. A investigação do Caso Mengele, conhecido como o médico-monstro, nos permitiu o acesso àquela documentação, apreendida à época em que ele foi localizado morto por afogamento. Ou seja, recebeu o castigo de Deus sem que os homens pudessem condená-lo pelas atrocidades que praticou.

É claro que há um inconformismo daqueles que sobreviveram ao massacre no interior dos campos de concentração e que têm, até hoje, a amargura de não ter podido julgá-lo pelos crimes que praticou.

A atrocidade foi revelada em alguns documentos apreendidos, que se encontram no processo já julgado na Alemanha, para onde foram transferidos todos os dados necessários ao prosseguimento do processo que havia sido aberto naquele País.

O objetivo desta sessão especial de lembrança é evitar que hoje, num mundo tão conturbado, com tantas guerras envolvendo religião, poder econômico, petróleo, possa continuar na cabeça de meia dúzia de pessoas malformadas a possibilidade de se repetirem fatos como esse.

Mengele tinha em seu poder um trabalho filosófico sobre as experiências que fez, mas já em um campo espiritual. Infelizmente, escrito em alemão, tivemos a tradução apenas de alguns trechos. São documentos que se encontram no processo, inclusive nos arquivos, provavelmente do museu da escola de polícia, que deveriam ser consultados por filósofos para que fosse analisado o interior desse monstro que era um médico e que achava que, por meio das suas experiências, poderia saber o limite da dor de um ser humano. Além disso, houve a eliminação sumária de pessoas, por meio das câmaras de gás que hoje servem de demonstração a turistas nos pontos onde os alemães as instalaram. Alemães que eu digo, os nazistas. Temos que respeitar o povo alemão que, cumprindo sua obrigação, processou aqueles que desvirtuaram o comportamento humano, no sentido de ter um poder sobre-humano, em que Hitler queria substituir Deus.

É com muita emoção que tenho a oportunidade de presidir esta sessão, no seu início, e passar a palavra à Senadora Serys Slhessarenko pelo Bloco de apoio ao Governo.

Antes, eu gostaria de dar as boas-vindas ao Prot von Kunow, Embaixador da Alemanha, a quem agradecemos, sensibilizados, pela presença; a Pedro Laurindo, Presidente da Haverimbril; ao Sr. William Soto Santiago, Diretor Internacional da Amisrael (Palmas); às demais autoridades que nos honram; e ao Jornalista Ben Abraham que é meu amigo - é um prazer recebê-lo aqui. Ben Abraham é um escritor que tem, permanentemente, investigado vários fatos ligados ao Holocausto. Agradeço muito ao Embaixador da Alemanha, aqui presente, por respeitar e reconhecer a reconstituição da memória. E hoje a Alemanha é respeitada porque cuida dos direitos humanos permanentemente na administração.

Ben Abraham, é um prazer poder recebê-lo entre nós. As nossas discussões - se eram ou não Mengele - já terminaram ao longo desse período.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 28/01/2006 - Página 2369