Pronunciamento de Arthur Virgílio em 09/02/2006
Discurso durante a 39ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal
Considerações sobre os gastos no Governo do Presidente Lula. Saudação à Ministra Ellen Gracie, a primeira mulher brasileira no comando da Suprema Corte.
- Autor
- Arthur Virgílio (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/AM)
- Nome completo: Arthur Virgílio do Carmo Ribeiro Neto
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Discurso
- Resumo por assunto
-
GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.
HOMENAGEM.:
- Considerações sobre os gastos no Governo do Presidente Lula. Saudação à Ministra Ellen Gracie, a primeira mulher brasileira no comando da Suprema Corte.
- Publicação
- Publicação no DSF de 10/02/2006 - Página 3842
- Assunto
- Outros > GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO. HOMENAGEM.
- Indexação
-
- ANALISE, DADOS, ARTIGO DE IMPRENSA, PERIODICO, VEJA, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), SUPERIORIDADE, DIVIDA PUBLICA, BRASIL, CRITICA, GOVERNO FEDERAL, AUMENTO, GASTOS PUBLICOS, ESPECIFICAÇÃO, CRIAÇÃO, CARGO PUBLICO, EMPRESA ESTATAL, EMPRESA SUBSIDIARIA, PETROLEO BRASILEIRO S/A (PETROBRAS), TENTATIVA, FAVORECIMENTO, REELEIÇÃO, DENUNCIA, VALOR, DESPESA, BUROCRACIA, COMPARAÇÃO, INVESTIMENTO, POLITICA SOCIAL.
- SOLICITAÇÃO, TRANSCRIÇÃO, ANAIS DO SENADO, ARTIGO DE IMPRENSA, JORNAL, CORREIO BRAZILIENSE, DISTRITO FEDERAL (DF), ENTREVISTA, ELLEN GRACIE NORTHFLEET, MINISTRO, SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL (STF), PIONEIRO, MULHER, POSSE, PRESIDENCIA.
O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM. Sem apanhamento taquigráfico.) -
Lula, O Mau Governo Que Gasta Mal
Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, o Governo petista do Presidente Lula já é detentor de um novo recorde: a dívida pública do País chegou a R$ 1 trilhão. Trilhão, sim.
O normal e o bom senso recomendariam ao menos a contenção dos gastos públicos. Não é o que se vê nesse Governo, a 319 dias do seu final.
Ao contrário, prevalem, em lugar do normal, o anormal, em lugar do bom senso, a farra dos gastos. Como diz a revista Veja, “o Governo torra cada vez mais.” A toda hora, uma novidade, ou a criação de dois, três mil novos cargos ou a criação de mais 10 mil empregos na Transpetro, a subsidiária da Petrobrás para a área de transporte. E por aí vai.
O bom senso a que me referi, e está na Veja, indica que só há um caminho para o País sair do atoleiro: cortar gastos e, ao mesmo tempo, preservar investimentos. Lula não faz nada disso.
No Governo passado, o de Fernando Henrique Cardoso, houve alguns avanços, como a privatização de estatais, que, como agora no caso da Transpetro, são um convite à gastança.
Aliás, ainda está na memória nacional, o Governo Lula iniciou seu desastrado mandato, ampliando loucamente o número de Ministérios. Se alguém sair por aí, indagando quantos são os Ministérios, pouca gente vai acertar.
Agora, no ano eleitoral, em vez de enfrentar o problema, Lula dá uma de bonzinho, pensando na reeleição. E parte para o desvario dos gastos públicos.
É claro, e ele sabe disso, se avançar muito a corda arrebenta e aí o que faz o Presidente: aumenta brutalmente a carga tributária, que subiu para 37% do PIB. Daqui a pouco, pode chegar ao empate, cravando firme nos 50%.
Pior de tudo é que Lula não enxuga a máquina, entra no festival desbragado de gastança e os resultados ficam lá embaixo.
Ontem, numa escola do interior do Paraná, segundo relato que me fizeram, o professor de um Universidade pediu aos alunos que colocassem no papel três, apenas três, realizações do atual Governo.
Segundo o relato, dos 25 alunos da classe, dois conseguiram apontar uma única obra. Um disse ser a refinaria de Pernambuco. O outro, a operação tapa-buracos.
Nenhuma nem outra saíram do papel. Houve muita festa, corte de fitas, mas de concreto, nem os buracos foram tapados. A refinaria é apenas projeto. O tapa-buracos começou com o Presidente lá no começo da BR-101, na Grande Natal. Era máquina à beça. Lula foi, falou, prometeu e, uma semana depois, nem máquinas nem os soldados do Batalhão Rodoviário estavam por ali. A estrada está assim: dez ou vinte metros retocados, depois uma depressão, mais adiante outro trechinho ajeitado e nada mais.
Volto à dívida do trilhão.
Se Lula fosse dado a leituras, o bom levantamento da Revista Veja poderia servir de manual. Como ele nada lê, fica tudo em brancas nuvens.
A matéria da revista mostra como fizeram alguns países para reduzir a dívida interna- Irlanda, Nova Zelândia, Espanha e Canadá.
Irlanda
Tinha uma dívida de 49,8% do PIB.
Reduziu-a para 33%.
Nova Zelândia
De 56,5% a dívida caiu para 26% do PIB
Canadá
Era de 52,8%
Reduziu-se para 22%
Espanha
De 47,6% caiu para 16% do PIB
Qual foi a receita, em todos esses países? Seriedade, vontade de trabalhar, determinação para bem governar.
No Brasil, é uma lástima. O Governo Lula - não sou a dizer, é a revista Veja - evita enfrentar problemas, leva as reformas na flauta e culpa os juros do Banco Central, como óbice ao crescimento.
Sigo na leitura e começo com uma boa frase:
O Governo culpa o termômetro pela febre do paciente.
E mais:
Em vez de tornar a máquina mais eficiente, o Governo Lula prefere inchá-la ainda mais.
Só no ano passado, o Governo Federal contratou 11 novos funcionários.
No lugar de melhorar a rede do ensino básico, Lula decidiu criar quatro novas universidades federais. Esse fato foi saudado até por líderes petistas, inclusive neste Plenário.
A boa análise da revista segue e estabelece o raciocínio de que se pode argumentar que o aumento dos gastos sociais, como os do Bolsa Família, seja justificável. Mais difícil é compreender por que se torra tanto dinheiro com itens menos essenciais.
E aí são citados exemplos de fazer chorar:
No ano passado, segundo a ONG Contas Abertas, o Governo Lula gastou mais dinheiro em fotocópias (xerografias) do que com investimentos feitos pelo Ministério do Desenvolvimento e Combate à fome.
As cópias consumiram R$ 88,6 milhões; os projetos do Ministério levaram R$ 87,4 milhões.
Como se vê, o Governo Lula não é Social.
Seria o Governo Xerox?
Vamos a mais gastos:
Despesas com carros oficiais no Governo petista do Presidente Lula: R$724 milhões
Nos três anos de Governo Lula, esses gastos com automóveis circulando para cima e para baixo foram 81% maiores do que nos três últimos anos do Governo Fernando Henrique.
Vale repetir:
Lula gastou quase o dobro das mesmas despesas
no Governo FHC: 81% a mais.
Diz a Veja, ainda no capítulo da gastança:
Quando o assunto é festa, Lula também
bate Fernando Henrique.
Lula gastou, nos três anos, R$ 22 milhões,
17% a mais que FHC.
Termino como termina a reportagem da revista:
O recorde de R$ 1 trilhão deveria soar como alarme
para que o Governo corte gastos.
Não é o que está acontecendo. Segundo conclui a Veja,
o Governo Lula gasta mal e cada vez mais.
E eu acrescento,
Lula gasta mal e continua sendo um
mau Governo.
Esse seria um bom slogan para definir o Governo Lula.
Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, outro assunto que eu gostaria de abordar é a respeito de uma reportagem publicada no jornal Correio Braziliense desse último domingo publica excelente entrevista com a Ministra Ellen Gracie, do Supremo Tribunal Federal.
Ellen vai assumir a Presidência da Corte em março próximo e será a primeira mulher a alçar o honroso posto, mas, desde logo, na entrevista, ela observa que vai preferir ser chamada de Presidente, que considera mais leve do que o feminino Presidenta.
A matéria foi produzida por Dad Squarisi, a jornalista de apurado senso informativo e cultora da língua portuguesa.
Encantam o leitor a entrevistada e a entrevistadora. Num texto leve e ao mesmo tempo profundo, Dad mostra aos leitores o perfil da magnífica jurista, única mulher no STF.
Pela leitura, é fácil constatar o que já sabe quem a conhece pessoalmente: Ellen consegue ser cordial no trato pessoal, mas nunca deixar o interlocutor esquecer que está falando com uma Ministra da Suprema Corte brasileira.
Para que conste dos Anais do Senado da República, estou anexando a entrevista da Ministra a este pronunciamento.
Muito obrigado.
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DOCUMENTOS A QUE SE REFERE O SR. SENADOR ARTHUR VIRGÍLIO EM SEU PRONUNCIAMENTO.
(Inseridos nos termos do art. 210, inciso I e § 2º, do Regimento Interno.)
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Matérias referidas:
“Vai doer, mas não tem jeito.”
“A receita para enxugar gastos.”
“Limites para CPIs.”